CAP. IV
Do mesmo modo que ele havia surgido sumiu nos dias seguintes, porém o que me irritava as vezes aquele homem grosso que vinha todas as quartas aqui na agência, ele sempre me encarava e resmungava alguma coisa que não dava para entender por conta da máscara.
Porém era bem nítido que ele não gostava muito de mim, mas não me importava ele não era o primeiro e talvez não seria o último, sabia que muitos me olhavam torto, mas aprendi a ser forte, aprendi a não mais baixar minha cabeça para ninguém, já havia me humilhado muito desde que sai da casa dos meus pais, desde aquele dia, mas jurei a mim mesmo que não iria aceitar ninguém me olhando torto.
Minha rotina não havia mudado muita coisa nas últimas semanas, era trabalho-casa, casa-trabalho, as vezes em casa eu tocava violino para passar o tempo, principalmente para ver um sorriso no rosto da senhora Saara, ela havia se tornado uma grande amiga.
Olhava a tela do celular é vi aquela data, estava se aproximando o aniversário do dia que sai da casa dos meus pais, do dia que deixei tudo para trás, não aguentava ver aquele olhar deles sobre mim, não aguentava mais a dor que se consumia em meu peito, não aquentava mais todo aquele clima dentro de casa, talvez se a culpa não me consumisse, talvez se eu podesse voltar atrás naquele dia.
Respirei fundo conforme tocava aquela melodia, havia errado novamente aquela nota, respirei fundo e coloquei meu preciso dentro de seu estojo, fui até o banheiro onde joguei um pouco de água em meu rosto, andava distraído, e foi quase por um impulso que peguei meu celular do bolso é passei a escrever um e-mail.
Bom dia, tudo bem?
Não sei quando você vai poder ler mas saiba que sinto falta de você, de sua voz e seu sorriso.
Você tem visto eles?
"Que pergunta idiota Eros"
Certeza que você disse isso encarando a tela do seu Pc ou celular, de início sempre achei que fosse um erro eu ter saído de casa, mas você sabe que não foi. Eu não aquentava mais os olhares sobre mim, não digo com toda a certeza do mundo que tirei um peso de minhas costas ao sair daí, mas fiquei um pouco aliviado.
Mas deixe as notícias ruins de lado, deixa te atualizar um pouco dos últimos seis meses;
Finalmente sai da lista dos desempregados, uma vitória na vida, dei muita sorte o salário e benefícios oferecidos são muito bons, bem acima da média do mercado de trabalho.
Segui seu conselho e sempre que posso estou indo na Paulista tocar, dona Saara e a pessoa que mais me incentiva a fazer isso, da última vez consegui arrecadar um bom dinheiro, doei ele para Casa 1, voce sabia que ela ajuda pessoas LGBTQ que foram expulsa de casa ou em situação de rua?
Estou tentando marcar de fazer uma visita no local, mas fico pensando que seria muito melhor eu ajudar com algum dinheiro, então passo parte dos meus Domingos tocando na Av. Paulista.
Já estou imaginando sua cara de surpresa, para quem tinha medo de tocar fora da igreja se apresentando todo domingo, a primeira vez que fiz isso confesso que morri de medo, mas quando comecei a tocar, parecia de uma barreira estava em volta de mim e nada poderia me machucar.
Por tempo acho que e isso, quando tiver um tempo me responde ☺️
Pensei, um pouco antes de enviar aquele pequeno texto, havia tempos que não tinha notícias de ninguém, é escrever as vezes me ajudava a manter o meu foco, me manter dentro de mim mesmo.
[...]
Droga logo hoje eu acordei atrasado, aquele cara chato estaria na agência hoje, já se havia passado mais de um mês é ninguém ali comentava nada sobre o Lui. De início algumas línguas malvadas diziam que o "surdinho" não havia aguentado a pressão e por conta disso saiu da empresa, ouvir aquele tipo de conversa me deixava extremamente irritado, mas com as visitas semanais do entojado as conversas haviam diminuído, pelo menos para isso ele presta.
Olhei para o relógio na parede que ficava na minha pequena cozinha é vi que faltava menos de quarenta minutos para meu horário de trabalho, me dei uma bronca por não ter lembrado da droga do despertador do celular, corri até meu guarda roupas e peguei alguns trocados que guardava em casa, não tinha jeito ou eu gastava com Uber ou dava adeus ao meu emprego.
Quase chorei de raiva quando vi o valor de R$37,80 que iria dar aquela corrida, além de ser cara iria me deixa no serviço se eu tivesse sorte dez minutos antes do meu horário, não tive muita escolha é solicitei um motorista, antes de sair de casa bebi um pouco de café gelado mesmo.
No aplicativo dizia que seria 25 minutos de corrida, mais levou 37 minutos travados, quando desci do carro na frente da Agência que trabalhava, meu olhos quase saltaram da órbita ao ver o Lui abraçado com aquele cretino tentei não prestar atenção naquela, mas era inevitável, ainda mais na demora do motorista em dar meu troca.
— Lui sabe que te amo, então vê se maneira no serviço.
Ouvir cada uma daquelas palavras me fez ficar com uma dor no peito, era como se um buraco tive se se abrindo nele, quando passou por mim aquele cretino fez questão de quase parar aquele carro e ficou me encarando, eu me segurava para não fazer um certo gesto a ele.
— Hey garoto, seu troco! _Motorista falou isso me encarando e olhou para mesma direção que eu.
— VAI SE FUDER!
Não era possível que ele disse isso, e não somente estas palavras mas o seu dedo do meio estava bem esticado na direção do Namorado do Lui, porra porque ele fez isso? Somente disse que não queria mais o troco e me virei de uma vez, é como na primeira que senti o toque de sua pele sobre a minha, trombei mais uma vez com o Lui, ele tentando se equilibrar para não cair acabou me levando ao chão junto a ele.
Não sei como isso foi possível, mas consegui a façanha de ficar por baixo dele, seu corpo era maior que o meu, seus olhos estavam tão próximos, se não fosse o uso de máscaras talvez, talvez nada certeza que eu teria tomado uma atitude, e teria selado nossos lábios.
Mas não demorou muito e ouvi aquela voz rouca gritando, olhamos juntos para a direção dela, o louco do namorado do Lui estava tirando satisfação com o motorista do Uber que havia me trazido.
Ele se levantou todo sem jeito e ainda tentou me ajudar, antes de ir para cima do grosso de seu namorado e o empurrando para próximo do seu carro que estava atravessado na rua, vi o Luís gesticular algumas coisas para ele, sua expressão de fodão logo deu lugar a de um gatinho indefeso, o que o Luis gesticulava a ele não dava para entender muito bem, mas pela sua agitação eu tinha certeza que era uma bronca gigantesca.
Vi o motorista do Uber sai de fininho e olhei para o meu relógio e vi que já estava atrasado quinze minutos para bater meu ponto, droga vou levar uma comida de rabo daquela do dono da Agência, dono este que eu nem sabia quem era ainda, a três meses trabalhando aqui é não fazia ideia de quem era o dono, e também não havia entendido porque o namorado do Lui estava vindo aqui uma vez na semana.
Quando entrei pedi mil desculpas ao Franciano o segurança noturno que me esperava para poder ir embora, ele disse que viu a cena cômica pelas câmeras.
— Eros você tem dois pés direito cara, como consegui derrubar o nosso chefe no chão, e deixar ele ainda lá fora brigando com o outro cara.
Eu senti uma falta de ar momentânea e só foi neste momento que minha ficha caiu, foi só agora que percebi que talvez tenha me metido em uma grande confusão.
— Você está bem? Ficou mais branco do que você já e garoto!
Ouvir aquelas suas palavras não me ajudou muito, quanto mais eu desejava puxar o ar, mais ele me faltava, tirei a masca do meu rosto em desespero, mesmo assim a dificuldade para conseguir respirar não ajuda muito.
Olhei para ele que me encarava, o seu rosto que até então tinha um sorriso de felicidade, deu lugar a uma expressão de medo.
— Garoto você está bem? Seu rosto está...
Tentei responder mais não consegui, não saia uma palavra se quer da minha boca, ao pouco sentia tudo rodar a minha volta e antes.
Eu já havia sentido aquela falta de ar antes, mas sempre passava, porém os últimos meses meu médico já tinha me avisado, que eu deveria aceitar o tratamento pois assim teria mais alguns meses de vida ou até sendo otimista poderia ter pouco mais de um ano.
Desde o dia que recebi meu primeiro diagnóstico tentar lutar de verdade, tentei seguir a riscada cada procedimento médico, tomava os remédios, tudo o que me era pedido eu fazia.
Mas agora estou eu aqui lutando para conseguir puxar o pouco de fosse de oxigênio para dentro dos pulmões, me lembrei da primeira vez que tive está crise e o desespero nós olhos dos meus pais, as lágrimas que minha mãe derramou. Foram longos três dias respirando com ajuda de aparelhos.
Quando finalmente consegui minha alta médica tomei uma decisão, não iria conseguir ver eles dois novamente chorando em desespero pelo filho que estava com o pé na sepultura.
Já sabem, comentem bastante sobre o que acham do livro.
É se ver algum erro nós Capítulos me avise por favor pessoal.
Antes de Prosseguir não esqueça de deixar aquela 🌟 para fortalecer 😜
Um beijo até o próximo capítulo
E uma ótima leitura!
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