Cap. I
Não lembrava muito bem qual foi a última vez que dormi tão tranquilamente, a meses que tinha somente cochilos durante a noite, alguns anos que eu vivia sozinho em São Paulo, vim para esta cidade logo após completar vinte anos, assim que me formei como Técnico Administrativo, para alguns não era muita coisa, mas agora mim era tudo, pois tinha uma profissão.
[...]
O que me motivou a sair do interior paulista, foi a promessa de um bom emprego e dinheiro para ter o que fosse meu, ainda mais do modo que acabei siando da casa dos meus pais.
Pelo menos está a verdade que eu queria acreditar cegamente, mas eu sabia que isso seria o melhor, não só para mim, mas não veria o semblante sofredor no rosto deles.
O emprego em questão existia, fiquei nele durante um ano, e foi graças a este meu primeiro emprego que eu consegui um rumo na minha vida, meu cargo inicial foi de Jovem Aprendiz, durante seis longos meses este dinheiro me serviu para comprar o básico que eu precisava para sobreviver, uma cama e um fogão.
Eu que até então eu morava com "minha Tia", ela era irmã de criação do meu pai, mas com passar do tempo a situação em sua casa se tornou uma grande dor de cabeça, o seu esposo e filhos me acusavam de roubar dinheiro, de ser um preguiçoso, sendo que desde o dia que cheguei naquela casa eu fazia de tudo, limpava a casa, lavava roupas, fazia comida e um monte de outras coisas, após chegar do meu emprego de meio período.
Aquela era minha vida, minha rotina, não conseguia nem arrumar um tempo para mim, não conseguia fazer amizades, ou ter um relacionamento, me achava um pouco acanhado, porém acabei me estourando, não aquentando mais ser acusado de roubo, ser humilhado e feito de escravo, peguei um dinheiro que havia juntado, e comecei a procurar por uma casa, não queria ficar morando próximo a eles, pois sabia que não teria nenhuma paz, porém por sorte um conhecido do trabalho me falou de uma casa, e ao invés de ir para minha "casa" passei no endereço que ele me disse, a dona do imóvel se chamava Saara, uma senhora na casa dos seus 65 anos, não havia placas de "Aluga-se" na faixada do imóvel, até achei estranho, pois aquele sobrado era "pequeno" a primeira vista.
Quando a dona da casa veio falar comigo, eu expliquei que estava atrás de um local para alugar, expliquei a ela toda minha situação, não sei porque mas ela me passava uma sensação tão boa e de segurança, que acabei falando um pouco de mais.
Dona Saara por sua vez me convidou para entra, assim ela me mostraria o local que estava alugando. Quando passei por aquele portão, vi um pequeno jardim bem cuidado na entrada, na lateral da casa havia um corredor que bem no seu início se dividia em dois, antes de mostrar o local ela disse que deveríamos tomar um cafezinho primeiro, tentei recusar mas ela insistiu dizendo que só me mostraria o lugar após eu a acompanhar.
A parte da casa onde ela morava era bem grande e arejada, ela me disse que ali antes morava seu esposo e seu filho, percebi uma tristeza em suas palavras, tentando não ser indelicado perguntei o que havia acontecido com eles, e ela me disse que ambos havia falecido a quase 1 ano atrás em um acidente de carro, e desde então ela estava morando sozinha naquela casa enorme, ela me confessou que de início um amigo do seu filho vinha visitá-la sempre, mas com passar do tempo ele simplesmente parou de vir.
Depois de um tempo ali conversando descemos, para o andar de baixo, onde era a parte que eles estava alugando, fiquei surpreso ao perceber que as casas daquele lado da rua ficavam em uma ribanceira, e ao pe dela era possível ver o Rodoanel, havia uma "área" até que grande.
Melhor dizendo, era um corredor bem largo com o dobro de tamanho do andar de cima, no final dele havia um tanque e algo que parecia uma churrasqueira, quando dona Saara abriu a porta que dava acesso a "casa", fiquei meio surpreso ao ver ele parcialmente mobiliado.
- Como te disse antes, está casa era de nós três, este era o quarto do meu filho.
Ela falou isso e sua voz estava um pouco embargada de tristeza, ali era um grade comodo, que na entrada se via um sofá dê dóis lugares e a frente dele um pequeno hack com uma televisão, a esquerda do cômodo havia um pequeno armário de parede, com pia, fogão e uma geladeira pequena, eu olhava aquilo e já imaginava que nunca iria conseguir pagar pelo aluguel, ainda mais em uma casa já mobiliada, o quarto estava igualmente mobiliado com uma cama de casal e guarda roupas.
- Olha rapaz, não precisa ficar com está cara de desesperado!
- Me desculpa dona Saara, e que, bem...
- Calma Eros!
Dona Saara falou isso e segurou minha mão e fez um leve carinho nela, era como se aquela senhora desejasse me dizer alguma coisa com aquele seu pequeno toque.
- Não sei porque mas... _ela parecia pensar nas palavras antes de me falar alguma coisa. - Como te disse antes, você tem um olhar igual do meu falecido filho.
- E que sendo sincero, se a senhora for me alugar este lugar já mobiliado, eu não terei dinheiro para pagar... Estou a procura de um lugar para morar, pois a situação de onde estou está complicada.
- Você me passa confiança, então r$600,00 reais para você está dentro do seu orçamento?
Ela me disse isso e olhou sorrindo, via uma esperança naquele olhar, mesmo recusando avisando que não queria me aproveitar daquela situação, dona Saara me garantiu que eu não estava me aproveitando de nada, que eu ali seria uma companhia perfeita para uma senhor idosa.
Todo o carinho que ela tinha comigo, me fez lembrar da minha relação com meus pais, de como eles me travam tão bem, mas depois de um tempo veio o choque de realidade e como eles poderiam mudaram comigo se caso soubessem o que eu carregava no peito, e eu não queria ver está tristeza no olhar deles, e agora já imaginava que não queria ver aquela senhor com este mesmo olhar triste.
Neste dia quando voltei para a casa da minha "Tia", ela me veio com um interrogatório gigantesco querendo saber porque demorei tanto para voltar, onde eu estava e com quem estava, dei uma desculpa qualquer, mas teve algo que ela me falou que me fez voltar no dia seguinte a casa da senhora Saara, eu iria ver com ela quando poderia me mudar, não iria mais aceitar aquelas humilhações, minha vida tinha prazo de validade, não iria aceitar aquelas palavras que somente me faziam me sentir mal.
[...]
A meses não me sentia tão bem comigo mesmo, não me sentia tão liberto, finalmente havia conseguido um novo emprego, ja estava ficando preocupado em ficar sem grana, já que o meu seguro desemprego havia recebido a última parcela semanas atrás, e minha economias dariam somente para mais uma três meses sendo otimista, e mesmo Dona Saara falando que poderia ficar sem pagar o aluguel, não achava justo abusar dela, ela me tratava tão bem.
Que ainda não acreditava na benção que foi ter encontrado uma pessoa como ela, que não me julgava e que simplesmente me aceitava, está tão bem comigo, e com a notícia de começar a trabalhar e com uma renda fixa, que fiz algo que amava desde criança.
Peguei meu violino que foi um presente dos meus pais quando fiz meus quinze anos, sempre fui apaixonado pela melodia daquele instrumento, amava ver ele sendo tocado no coral da igreja, e foi percebendo está minha paixão crescente que eles realizaram este meu sonho e passei a ter aulas duas vezes na semana, depois de um ano tendo aulas passei a arriscar melodias diferentes, pegava a cifra de alguma música que eu amava e arriscava tocar ela no violino, e o resultado sempre me era mágico.
Nunca pensei em tocar de modo profissional, em alguma grande orquestra sinfônica, meu sonho mesmo era poder sempre alegrar os corações das pessoas que eu amava com a minha música, pois era assim que me sentia quando ouvia aquelas notas durante minha infância.
Me lembro que quase à um mês atrás, se não fosse pelo destino e ajuda de algumas pessoas eu teria perdido o meu bem mais precioso, como não conseguia emprego por conta da crise é de problemas que o país passava por conta do Covid-19, tive a brilhante ideia de tocar na Av. Paulista, talvez assim conseguisse algum trocado extra.
No primeiro dia até que deu certo e consegui por volta de r$50,00 reais das pessoas que passavam, porém no dia seguinte, um domingo houve uma passeata é a polícia acabou intervindo, nesta tentativa de dispensar o aglomerado de pessoas foi um corre, corre gigantesco, eu já estava a caminho da estação quando me derrubaram no chão e meu estojo com violão saiu rolando e quase um carro passou por cima dele, o motorista é a mulher que estava com ele desceram e me ajudaram a me levantar, até me ofereçam uma carona para sair mais rápido, mas agradeci a eles e disse que estava indo para estação do Metrô é que tomaria mais cuidado.
Neste dia agradeci muito aos céus por ainda existir pessoas como aquele casal, que se preocupam com o próximo.
Eu estava tão centrado na melodia que não percebi que estava sendo observado pela minha amiga Saara, construimos uma amizade muito boa nestes anos, de início eu tinha medo de me abrir com ela, porém foi em uma noite de chuva que contei aquela senhora maravilhosa meu maior segredo.
- Vejo que você ainda não perdeu o amor pela música meu filho! E que seu coração não se endureceu.
Já sabem, comentem bastante sobre o que acham do livro.
É se ver algum erro me avisa por favor! 🥺🥺🥺
Antes de Prosseguir não esqueça de deixar aquela 🌟 para fortalecer 😜
Um beijo até o próximo capítulo
E uma ótima leitura!
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