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Capítulo 83: Bom Humor

No dia seguinte, eu estava em frente ao espelho do banheiro da suite, tentando arrumar meu cabelo. Mas é complicado quando não se tem pente, ou uma escova. Suspirei, e resolvi fazer um coque. Minha única opção no momento.

- Não vai tomar banho comigo mesmo? - Bruno perguntou, e ouvi quando ele desligou o chuveiro.

- Não dá tempo, temos que voltar antes que comece a chover de novo. - falei, ainda encarando meu reflexo.

Não satisfeito, Bruno saiu do box e caminhou até parar atrás de mim. Pelado, e totalmente molhado, ele me abraçou.

- Me dá um argumento válido para não te jogar com roupa e tudo no chuveiro. - pediu, me olhando pelo espelho.

- Você não é doido. - exclamei.

Ele deu um passo para trás me levando junto com ele. Tentei bater em seu braço, mas ele segurou minha mão a tempo.

- Não bate que eu vou querer mais. - avisou, e andou um pouco mais, indo em direção ao chuveiro.

- Não faz isso. - pedi. - Dá última vez que você estragou minha roupa em uma suíte como essa, eu tive que andar até o carro usando seu paletó. E hoje você não está usando um paletó. - exclamei, lembrando do dia que eu pedi ele em casamento.

Mesmo contra sua vontade, meu marido me soltou.

- Você, minha vida, não é nada divertida. - acusou, e se afastou um pouco.

Virando em sua direção, reparei que ele não estava nada disposto em pegar uma toalha. Parecia bem confortável em ficar completamente pelado naquele banheiro gelado.

O que é uma ótima visão.

- Está de bom humor. - observei.

Ele sorriu.

- É porque eu amo a sua b...

Peguei uma toalha e joguei na direção dele fazendo o mesmo rir.

- Ama a minha o que? - perguntei, desafiando ele a continuar.

Ele voltou a se aproximar e segurou meu rosto.

- Eu te amo. O que mais eu pensaria em falar? - disse, e me deu um rápido beijo.

- Você vai molhar minha roupa. - avisei, mas não tentei afasta-lo.

- Que feio, já conseguiu o que queria de mim e agora está me desprezando. - disse, fingindo estar magoado. - Achei que você fosse diferente.

- Nossa, coitado de você. Um pobre cara indefeso.

Quando ele me beijou de novo, não me importei mais se ia molhar minha roupa.

- Vou ficar no quarto esperando enquanto você termina de se arrumar. - avisou.

- Só não dorme. Vamos sair daqui a pouco.

Ele me soltou, e saiu do banheiro me deixando sozinha.

- Vi o que fez com o cervo. - ouvi Bruno comentar um tempo depois.

- Pois é. - exclamei, soltando meu cabelo de novo. - Poupei ele de ver sua bunda.

Ouvindo sua risada do quarto, encarei meu reflexo no espelho. Decidindo que ia tentar desembaraçar meu cabelo, comecei a passar meus dedos entre os fios. O que me resultou em uma unha quebrada.

Alguns minutos depois, estranhei ao notar como o quarto estava silencioso.

Imagina minha surpresa quando vi meu marido deitado de bruços na cama. E, ainda sem roupa.

Me aproximei dele e toquei seu ombro.

- Eu falei que temos que ir antes que comece a chover de novo. - falei, tentando acorda-lo.

Ele resmungou alguma coisa, mas não pareceu muito disposto a levantar.

Nesse momento, alguém bateu na porta. Me afastando do Bruno, abri só um pouco a porta para a pessoa do outro lado, não ver meu companheiro na cama.

- Bom dia. - a mulher que conversei ontem, disse de forma até educada. - Eu trouxe o café da manhã.

O que estranhei mesmo foi seu sorriso absurdamente alegre. Nossa última conversa não foi nada agradável, e agora, estava ela me olhando como se fossemos melhores amigas.

- Bom dia. - falei, e franzi o cenho. - Desculpa, é que eu não pedi nada.

- Não se preocupe, é cortesia do hotel. - garantiu, ainda sorrindo. - Posso colocar o carrinho ai dentro?

- Eu faço isso. - respondi, e segurei o carrinho. - Obrigada.

A mulher assentiu e se afastou. Entrei com o carrinho e fechei a porta.

- Delícia, veneno no café da manhã. - exclamei, vendo pães e frutas na bandeja. - Aposto que ela cuspiu no suco.

Olhei o Bruno vendo que ele continua imóvel na cama.

- É sério, levanta. Não quero que você dirija na chuva. - tentei novamente, e dessa vez, quando me aproximei, mexi seu braço com mais força. - Que ódio de você.

- Sabe... - ele disse, de forma sonolenta. - Ódio e tesão andam lado, a lado.

Peguei um travesseiro e joguei nas costas dele.

- Pra falar esse tipo de coisa você está bem acordado, né? - exclamei, e ele abriu os olhos. - Adivinha quem vai ficar com o suco? Uma dica, não é a pessoa que está com roupa.

- Prefiro tomar café em casa. - ele disse.

- O que não vai acontecer se você não levantar. - falei. - Por favor.

Cedendo, Bruno sentou na cama e passou as mãos em seus cabelos deixando os fios ainda mais bagunçados.

- Tudo bem.

Olhando ele por alguns segundos, tive que segurar uma risada. Bruno percebeu, e pareceu confuso.

- O que foi? - perguntou.

- Nada. - falei. - É só que te olhando agora... Não parece mais tão bem dotado.

- Você está ferindo minha masculinidade. Eu estou ficando seriamente irritado. - falou, brincando.

- Nossa, que medo. - quando ele levantou, eu dei alguns passos para trás. - Não começa, a gente tem que ir pra casa. Eu faço o que você quiser depois.

Ele sorriu.

- O que eu quiser? - quis confirmar.

- Sim. - vi o momento que seus olhos ganharam um brilho diferente.

- Tudo bem, meu amor, vamos pra casa.

Meia hora depois, nós dois já estávamos arrumados. Saímos do quarto e quando passamos ao lado do balcão na recepção, a mulher atrás dele sorriu na nossa direção.

- Espero que tenham aproveitado o café da manhã. Preparei tudo com muito carinho. - ela disse.

- Estava uma delícia. - menti, e quando saímos do hotel, sussurrei para o Bruno: - Falei que ela tinha cuspido no suco.

- Sabe o que isso significa? - ele disse, de uma forma misteriosa, o que me deixou curiosa.

- O que?

- Que você devia ter feito ela chorar noite passada. - concluiu.

Rindo com sua resposta, eu segurei seu queixo e deixei um beijo na sua bochecha.

- Eu te amo. - falei.

Assim que entramos no carro, coloquei o cinto de segurança e observei enquanto o Bruno colocava o dele. Cinto preso, ele ligou o carro e dirigiu para fora do estacionamento do hotel. Indo em direção a nossa casa.

Voltei rapidinho.

Até.

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