Capítulo 71: Me Expulsar Daqui
Só que antes que eu tivesse a chance de entrar na concessionária, meu celular começou a tocar no meu bolso. Não reconhecendo o número que estava na tela, atendi para saber quem era.
- Alô? - foi a primeira coisa que falei.
- Você saiu sem se despedir. - reconheci a voz do Bruno.
- Está ligando de qual celular? - perguntei, lembrando que deixei o celular dele cair na piscina.
- Do celular da empresa. - contou.
- Está gastando os créditos da sua empresa?
- Eu sou o dono, ninguém vai reclamar. - respondeu. - Como eu estava dizendo, você saiu sem se despedir e deixou duas garotinhas bem irritadas.
Sorri sabendo que não era sério.
- Deixei?
- Sim... Alexia, mostra como você está indignada com sua mãe. - comecei a ouvir o som da risada da minha filha. - Alexia, não foi isso que a gente combinou.
- Ela não parece indignada. - exclamei.
- Mas a Sophie está, por isso que ela está tão quieta.
Fui para o meio da calçada e olhei em direção ao carro que estacionei do outro lado da rua. Com certeza minhas amigas estão se perguntando porque não entrei na concessionária ainda.
- Acredito. - falei, imaginando a cena dele conversando com as gêmeas. - Já tomaram café?
- As meninas sim, mas eu não. Vamos ter que realmente passar no supermercado. - falou, me relevando que leu meu bilhete. - Que horas vai sair da casa da sua amiga para irmos?
- É...
Fiquei pensando se seria bom dizer o que eu estava prestes a fazer. No fim, resolvi só contar depois.
- Daqui a pouco. - completei.
- Tudo bem, me liga quando estiver saindo.
Encerrei a ligação e guardei o celular de volta no bolso da minha calça. Entrei finalmente na concessionária e depois de passar por vários carros que valiam mais que um apartamento de luxo, fui até um balcão.
Um homem estava atrás dele e em seu crachá estava escrito: "Pierre".
- Bom dia, eu estou procurando o Damon. - falei.
- Ele está em seu escritório, quer que eu o chame? - ele não perguntou quem eu sou porque o mesmo já tinha me visto com o Bruno.
- Não é necessário, mas obrigado. - respondi, e me afastei no balcão.
Andei novamente pela concessionária e depois de parar em frente ao escritório, bati na porta de vidro.
- Entra. - Damon respondeu.
Abri a porta e encontrei meu sogro sentado atrás da mesa lendo alguns papéis. Ele não ergueu o rosto na minha direção talvez achando que fosse um de seus funcionários.
- Não estou entendendo porque esses números não fecham com o faturamento que tivemos no fim do mês. - falou, parecendo confuso.
- Se você não entende, imagina eu. - falei.
Damon finalmente ergueu a cabeça para me olhar.
- Helena... - parecia agora curioso. - Por que dá honra?
Fechei a porta e me aproximei da mesa.
- Precisamos conversar.
- Precisamos? - franziu o cenho. - Qual é exatamente o assunto?
- O jeito irritante que você sempre tenta se intrometer na vida do Bruno. - fui direta. - Sabe, quando você estressa ele, eu fico estressada, e então as meninas ficam estressadas. É isso que você quer?
Damon ficou quieto me olhando como se tivesse me avaliando.
O que foi bem desconfortável.
- Senta. - apontou para a cadeira na minha frente.
- Falei para o Bruno que não ia demorar.
- Você não quer conversar comigo? Senta que a gente conversa. - exclamou.
Suspirei, e sentei na cadeira para acabar com aquilo.
- Quer comer alguma coisa? - perguntou, sem pressa nenhuma.
- Obrigado, mas eu realmente não posso demorar. - falei, mesmo sentindo muita fome. - Quero que você deixe o Bruno viver a vida dele.
- Eu me importo com as minhas netas.
- Esse é o problema, o que você quer vem sempre como prioridade. Só que essa é a vida do Bruno, nossas vidas, nossas filhas. Por que é tão difícil você entender isso?
- A ideia de voltar a viver na mansão te assusta tanto? Contraditório já que você aproveitou bem os dias que passou lá. - falou, agora sério. - E a proposta das meninas viverem na mansão foi da sua mãe. Só passei a informação.
- Por que minha mãe propôs uma coisa dessas?
- Isso é algo que você vai ter que perguntar para ela. - disse, sem se importar. - Tem algo mais para dizer?
- Hum... não.
- Então, vamos fazer assim. Se você não está aqui para trabalhar e nem para comprar um carro, conhece a saída.
- Meu deus, seu ego é tão grande que chegou em um momento que você não consegue enxergar nada além de si mesmo. Por um momento cheguei a acreditar que você tinha mudado, mas você nem sequer chegou a tentar de verdade, né?
- Eu falei pra você que a ideia não foi minha.
- Não, mas você adorou ela. Adorou pensar que todos estariam novamente sob seu controle. Mas acontece que o Bruno e nem minhas filhas são marionetes nesse seu teatro de merda.
Levantei da cadeira querendo sair dali o mais rápido possível.
Foi realmente um erro ter vindo.
- Está enganada ao meu respeito. Tudo que faço é pensando na família. - ele afirmou.
- Temos algo em comum então. - exclamei. - Vai funcionar assim, você deixa o Bruno em paz, ou eu pego ele, pego minhas filhas e vou para longe de tudo isso. Tão longe que a única maneira de você ver suas netas será por chamada de vídeo.
- Não pode fazer isso.
- Ah, eu posso. Posso tanto quanto você pode me expulsar daqui. - falei. - Tenha um bom dia, Damon.
Ficou tanto tempo nos rascunhos que eu finalmente tive coragem de posta-lo.
Até.
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