Capítulo 70: Promete Não Surtar?
Na manhã seguinte, deixei o Bruno dormindo no andar de cima com as gêmeas e fui até a cozinha. Chegando naquele cômodo, abri a geladeira e vi que não tinha quase nada. Não era surpresa, não levando em conta os dias que essa casa passou vazia.
Depois de tomar só um pouco de água, peguei um papel e uma caneta que estavam na gaveta e deixei o seguinte recado:
"Vou passar na casa da Ângela para pegar nossos animais. Sim, o Alfredo também é seu. Não vou demorar porque ainda temos que passar no mercado. As meninas são suas essa manhã."
Deixei o papel colado na geladeira e caminhei em direção a saída. Mas antes de sair, peguei as chaves do carro do Bruno que estavam na mesinha da sala.
O caminho até a casa da Ângela foi feito de forma tranquila, e eu até coloquei uma música no rádio para me ajudar a encarar aquela manhã de bom humor.
Quando cheguei na casa da minha amiga, sai do carro e caminhei até a entrada. Parei na frente da porta e bati três vezes na madeira antes da dona da casa aparecer.
- Cheguei no momento errado? - perguntei, quando vi a situação da Ângela.
Ela usava uma blusa amarela e o tecido dela estava todo manchado de preto, assim como seus cabelos. Cabelos esses que dá última vez que vi estavam coloridos.
- Claro que não. Entra. - disse, e me deu espaço.
Entrei na casa e olhei em volta procurando a Beatriz.
- Não acha que é muito cedo para pintar o cabelo? - perguntei.
Nesse momento, Beatriz apareceu e eu vi que ela segurava um pote de tinta preto.
- É só que ela resolveu fazer merda no cabelo ontem e ele quase caiu. Estou tentando resolver. - contou, a ex-ruiva.
- Resolvendo pintando mais? - questionei, confusa.
- Eu falei pra gente ir no salão. - Ângela exclamou, depois de fechar a porta.
- Não é necessário. - Beatriz, garantiu. - Minha mãe é dona de salão, eu sei bem o que estou fazendo.
- Isso é discutível. - falei.
Ângela não pareceu se importar muito com meu comentário e sentou em uma cadeira que estava perto das escadas. Beatriz ficou atrás dela e voltou a passar tinha em seus cabelos.
- Está aqui para separar a mãe de um filho? - Ângela, perguntou.
- Alfredo pode ter alguma empatia por você, mas ele ainda é meu. - falei, fazendo ela rir.
- Conta isso pra ele. - disse, querendo me provocar.
Suspirei.
- Quero meus animais sim, mas primeiro quero a ajuda de vocês. Na verdade, o apoio mesmo pra ser exata. - revelei.
Beatriz parou de mexer no cabelo da Ângela e me olhou parecendo curiosa.
- Apoio no que?
- Bom, eu meio que quero "ameaçar" meu sogro para ele deixar meu marido em paz. - contei. - E não quero fazer isso sozinha.
Ângela sorriu e ergueu a cabeça para encarar a Beatriz.
- Ela falou "meu marido" isso é tão fofo, Bea. - disse, Ângela.
- A nossa menina cresceu. Criamos muito bem. - a outra entrou na brincadeira.
- Foca no meu plano, por favor. - pedi, para elas.
- Ok, qual é exatamente o plano? - perguntou, Beatriz.
- É ir até o Damon e conversar com ele. - exclamei.
- Isso não é bem um plano, é o objetivo. - Beatriz, esclareceu.
- Não me desmotiva. - falei, e cruzei os braços. - Vão comigo ou não?
- Claro que vamos, só espera eu lavar meu cabelo. - Ângela, respondeu. - Preciso de alguém mesmo para rezar comigo caso ele comece a cair.
Assenti, e sentei no sofá.
Nesse momento, Winnter saiu da cozinha e correu na minha direção. Peguei o filhote no colo e comecei a acariciar seus pelos.
No final, o cabelo da Ângela não caiu, e eu nem precisei rezar. A tinta pegou perfeitamente nos fios e ela ficou ainda mais bonita.
Enquanto ela se arrumava no andar de cima, segui Beatriz até a cozinha. Levei Winnter no meu colo, mas deixei o cachorro no chão quando me encostei no balcão.
- Eu preciso te falar uma coisa, mas você tem que prometer que não vai surtar. - Beatriz, disse e percebi a forma que ela pareceu envergonhada.
Franzi o cenho ficando curiosa.
- O que é? - perguntei.
- Primeiro promete que não vai surtar. - pediu.
- Se você não...
- Helena. - chamou, e eu vi que era sério.
- Ok, eu prometo não surtar, não importa o que seja.
Fiquei quieta enquanto esperava ela criar coragem.
- Então... a Ângela e eu...
E ela nem precisou terminar de falar porque eu já tinha entendido tudo.
- Ai meu Deus. - exclamei, fazendo ela parar de falar. - Ai meu Deus.
- Prometeu que não ia surtar. - me lembrou.
Respirei fundo tentando me controlar.
- Não estou surtando, estou feliz por você. Por vocês. - fui sincera. - O que mais quero é que sejam felizes. E se ela te machucar eu vou acabar com ela.
Beatriz sorriu.
- Ela também é sua amiga.
- Então se você machuca-la acabo com você. - falei.
Um tempo depois, Ângela desceu as escadas com roupas limpas e seu cabelo já estava seco.
- Amando esse novo visual. - Ângela, falou.
- Eu falei que daria um jeito. - Beatriz disse de forma orgulhosa.
- E ficou perfeito. - Ângela garantiu e tocou no rosto da minha amiga.
Desviei os olhos me sentindo uma intrusa no meio daquela intimidade.
- Que bom que gostou, a outra opção era cortar tudo.
- Eu ia amar mesmo se ele tivesse caído. - ouvi Ângela completar.
Voltei a olhar elas e fingi fazer uma careta.
- Desculpa atrapalhar o momento de vocês, é que vou precisar recolher meus dentes que estão no chão. Caíram depois de ouvir e presenciar tanta melação. - falei.
Ângela jogou uma almofada na minha direção me fazendo rir.
- Chega de enrolação, vamos intimidar um Renault.
- Eu também sou uma Renault agora. - falei, depois de estacionar o carro na frente de uma concessionária que sei que o Damon está.
Ele vai toda segunda-feira naquele lugar para ver como as vendas estão indo. Sei disso porque era função do Bruno, mas ele precisou se afastar por conta da nossa lua de mel.
- Você parou para pensar nisso agora? - Ângela, falou. - Falei isso meia hora atrás.
Ela estava sentada no banco da frente comigo, diferente da Beatriz que estava atrás.
- Olha ele ali. - Beatriz disse, me fazendo olhar para a entrada da concessionária.
Vi quando Damon parou na entrada e ajeitou o primeiro botão de seu paletó. Depois ele olhou às horas em seu relógio no pulso.
- Você está realmente planejamento intimidar aquele cara? Boa sorte. - Ângela, disse.
Encostei minhas costas no banco e suspirei.
- Não é intimidar. - exclamei. - Só vou conversar mesmo.
Confesso que exagerei quando falei que ia ameaça-lo.
Não que ele não merecesse.
- Vamos esperar no carro? - Beatriz perguntou, quando me viu tirando o cinto.
- É melhor mesmo. - respondi.
- Você disse que queria nosso apoio. - Ângela estava confusa.
- Apoio a distância também serve. - falei.
Sai do carro e respirei fundo antes de atravessar a rua. Quando ia entrar na concessionária, ouvi uma buzina e logo em seguida uma voz:
- Pega ele... - Ângela gritou. - Quer dizer, não de verdade que ele é seu sogro. Você entendeu.
É, eu entendi.
Entrei na concessionária e fui atrás do Damon.
Vocês pediram tanto uma interação dessas duas, talvez eu até solte um capítulo sobre elas.
Até.
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