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Capítulo 69: Voltar Pra Casa

Quando finalmente pousamos na França, guardamos nossas coisas em casa e depois de um banho rápido, fomos buscar nossas filhas. Assim que meu marido estacionou o carro em frente a mansão de nossos pais, saímos do automóvel e caminhamos até a entrada. No entanto, Lúcia, que estava na cozinha, avisou que minha mãe tinha saído com as gêmeas.

- Sério? Mas eu avisei para ela que estávamos vindo. - falei, lembrando da nossa ligação depois que desci do avião.

- Sabe se ela vai voltar rápido? - Bruno perguntou, e eu sabia que ele queria voltar para casa o mais rápido possível.

Assim como eu.

- Sinto muito, ela nem me falou para onde estava indo com as meninas. - contou, Lúcia.

Suspirei, me sentindo cansada.

- Minha mãe não muda nunca. - exclamei.

Meu marido se aproximou e depois de me dar um rápido beijo, se afastou para ir atrás do Damon.

Quando fiquei sozinha com a Lúcia na cozinha, meu celular começou a tocar.

- Já chegaram? - Ângela perguntou, do outro lado da linha.

- Chegamos sim. - respondi, e me encostei no balcão. - Como estão meus bichinhos?

- Estão vivos. - respondeu, me fazendo sorrir. - Na verdade, juro que ontem ouvi o Alfredo me chamando de mamãe.

- Joga mais na minha cara o quanto esse gato me odeia, e te ama. - murmurei, de forma amarga. - E o Winnter?

- Bem também, e você está me devendo três pares de sapatos e uma blusa novinha.

Franzi o cenho.

- Por que?

- Seu cachorro acha que minhas coisas são muito comestíveis.

Ouvi no fundo da ligação Winnter latir, e eu podia apostar que ele estava correndo atrás do Alfredo.

Meu lado vingativa sorriu sabendo que ele merecia ser perturbado.

- Como foi a surra na lua de mel? - Ângela voltou a falar, mas eu ainda conseguia ouvir a bagunça que meus animais estavam fazendo.

- Surra? - perguntei, no momento que a Lúcia tirou uma torta com um cheiro maravilhoso do forno.

- Surra de pic...

- Pelo amor, Ângela.

- O que foi? Você mesmo que estava falando sobre não tirar o consagrado da boca. - exclamou. - Mas responde, foi legal?

Me afastei do balcão e caminhei até a sala com medo da Lúcia ouvir o que minha amiga estava falando.

- Foi maravilhoso. - falei, sincera. - E, eu tenho um presente para você. Como prometi.

A manta que comprei naquela barraca nas Maldivas, vai ganhar uma nova dona.

- Você lembrou mesmo então. - falou, e ouvi dessa vez uma segunda voz no fundo da ligação.

- Beatriz ainda está com você? - perguntei, feliz com a ideia de conversar sobre a viagem com as duas.

- Está sim. - disse.

Nesse momento, a porta da frente abriu e minha mãe entrou com minhas filhas na sala. As duas estavam no carrinho e assim que me viram, ficaram agitadas.

- Eu ligo depois. - avisei, antes de encerrar a ligação.

Guardei meu celular no bolso da minha calça e me aproximei das minhas filhas. Me agachei na frente do carrinho e tentei dar atenção para as duas ao mesmo tempo.

Elas estavam tão arrumadas que foi impossível não sorrir.

- Eu também senti falta de vocês. - murmurei, com um nó na garganta.

Sophie segurou minha mão e Alexia tentou pegar meu cabelo.

- Onde você estava? - perguntei, para minha mãe, mas minha atenção ainda se mantinha nas minhas filhas.

- Tive que resolver umas coisas e não achei legal deixá-las sozinhas. Sem falar que o Damon estava ocupado naquele momento. - respondeu.

Bruno entrou na sala e caminhou na nossa direção. Assim que as meninas viram ele, elas realmente ficaram animadas.

Ótimo.

- Vocês vão ficar para o jantar? - minha mãe perguntou.

- Não. - Bruno respondeu, e pegou Alexia no colo.

Notando seu tom rude, encarei minha mãe notando que ela também percebeu.

- Estamos cansados. - tentei amenizar. - E as meninas precisam voltar para casa.

Minha mãe assentiu.

- Tudo bem. - exclamou, e depois de olhar uma última vez para suas netas, ela caminhou em direção a cozinha.

Peguei Sophie e segui o Bruno até a saída.

Quando chegamos perto do carro, ele colocou Alexia na cadeirinha, e depois fez o mesmo com a Sophie.

Com as meninas seguras, entramos no carro.

Meu marido dirigiu para fora da propriedade de nossos pais. Enquanto ele dirigia, percebi sua tensão só pela forma que o mesmo segurava com força o volante.

- O que foi? - perguntei, ficando incomodada.

- Nada demais. - respondeu.

Olhei as meninas no banco de trás e depois de ver que elas estavam calmas, voltei minha atenção para o Bruno.

- Nada demais? Eu posso sentir sua raiva. - falei, não desistindo. - Você ficou assim depois de falar com seu pai. O que o Damon te falou? Vocês faliram?

Ele olhou rapidamente na minha direção com um pequeno sorriso em seus lábios.

- Não é isso. - respondeu.

Suspirei, de forma dramática.

- Que bom, acabei de ficar rica. Imagina se perco tudo tão rápido? Seria como ganhar na loteria e perder o bilhete premiado. - falei, e fiquei satisfeita quando ele sorriu de verdade.

Bruno ficou calado por quase um minuto e eu só esperei ouvindo minhas filhas no banco de trás.

- Eu só odeio como meu pai ainda quer controlar minha vida. - ele finalmente, falou. - Disse que as meninas vão crescer com mais conforto na mansão.

- Como assim? Ele quer que a gente volte a morar com eles? - a ideia disso me deixava assustada.

- Sim. - disse, e passou a mão rapidamente em seu cabelo jogando os fios para trás. - Mas neguei, obviamente.

Fazia um tempo que ele não cortava o cabelo, e agora os fios estavam grandes o suficiente para fazer uma franja.

Quando finalmente chegamos em casa, entramos com nossas filhas e dessa vez, eu estava segurando a Alexia.

- Será que elas já comeram? - perguntei, depois de ter entrado na cozinha.

- Esquecemos de perguntar. - Bruno, respondeu da sala.

Coloquei Alexia na cadeirinha e sorri na sua direção.

- Você já comeu meu amor? Vou preparar alguma coisa. - falei, e fui até a geladeira. - Espero que sua avó não tenha mimado seu paladar.

Enquanto procurava alguma coisa para fazer, comecei a pensar no que o Bruno tinha me falado no carro.

Nunca que eu ia voltar a viver sob o mesmo teto que minha mãe.

Voltei povo. Só demorei alguns dias, talvez semanas.

Já está acabando.

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