Capítulo 43: Melhor Que Todo Mundo
Quando vi a Ângela entrar pela porta da lanchonete, suspirei aliviada. Hoje seria o dia que eu escolheria meu vestido de noiva, e por isso o nervosismo me consumia.
- Viu? Eu falei que ia aparecer. - ela exclamou, quando parou na frente da mesa que eu estava. - Me deixou preocupada no telefone.
Talvez eu tenha feito um leve drama quando pedi que ela me acompanhasse para ver o vestido. Mas era porque eu não queria enfrentar minha mãe e minha sogra sozinha.
- Desculpa. - falei, não me sentindo realmente culpada. - Quer comer alguma coisa?
Ela balançou a cabeça de forma negativa.
- Acabei de tomar café, então estou bem. - respondeu.
Acendi meu celular que estava em cima da mesa e fiquei frustrada quando vi que o Bruno não tinha enviado nenhuma mensagem. Hoje bem cedinho falei com ele e o mesmo contou que tinha duas reuniões marcadas no dia, então provavelmente ele estaria em uma, e por isso me entrou em contato comigo.
- Agora me fala porque aquele desespero todo na ligação. - pediu, cruzando os braços em cima da mesa.
- Daqui a pouco vou encontar minha mãe... e minha sogra.
As meninas ficaram em casa com a Crystal e ela estava a cada meia hora me atualizando sobre o que minhas filhas estavam fazendo.
Ângela assobiou.
- Que ideia maravilhosa foi essa? - ironizou.
- Olha, Bruno disse que ela estava vindo visitar as meninas e achei que seria bom usar isso para nos aproximar. - contei. - Ele quer ela na vida dele, e eu faço parte da vida dele.
- Ok, essa parte eu entendi. Mas e sua mãe? Ela vai entender?
- Provavelmente não, e por isso você está aqui. Não vai me deixar passar por isso sozinha.
Eu sorri nervosa.
- Ou eu poderia ir embora.
- Você não vai.
- Como sabe?
- Porque você é minha amiga e me ama.
Ela riu.
- É, eu não vou embora. Mas porque estou curiosa demais para saber no que isso vai dar. - disse. - Acho que comer alguma coisa não vai fazer mal nenhum.
Ela chamou a garçonete e pediu um sanduíche grande. Quando a funcionária se afastou reparei que do outro lado da lanchonete tinha dois homens olhando na nossa direção.
- Acho que tem alguém interessado. - exclamei, em um tom baixo.
- Como?
- Olha para o lado direito, mas seja discreta. - pedi.
Fazendo como pedi, Ângela virou o rosto olhando rapidamente para os dois homens.
- São bonitos, você está interessada? - perguntou.
Sorri chutando levemente seu pé por baixo da mesa. Ela resmungou, mas eu sabia que não tinha machucado.
- Sabe que tô falando de você.
- Eu tô bem.
Franzi o cenho notando um incomodo no seu tom de voz.
- Eu nunca te vi interessada em ninguém desde que a gente se conheceu. - comecei, querendo entender. - Não que eu ache que você precisa de alguém pra ser feliz, mas é bom ter uma pessoa do lado.
Ela tirou seus braços de cima da mesa e suspirou.
- Estou interessada em uma pessoa, mas é complicado.
No fundo, eu estava desconfiada de quem seria essa "pessoa", mas tinha que tocar com calma no assunto.
- Você não especificou muito bem quando disse "essa pessoa" então pode ser...
- Isso te incomoda? - ela me interrompeu já entendendo onde eu queria chegar. - Eu estar interessada nela?
E pronto, tive minha certeza.
- Óbvio que não, eu só quero que vocês sejam felizes.
- Sinto que ela trava um pouco quando tento tocar no assunto sobre a gente se encontrar de novo. - disse.
- Beatriz sofreu muito na última relação dela, talvez ela só precise de um tempo.
- Sim, pode ser... - disse, ainda desanimada. - Quando vocês conversam ela fala de mim? Só preciso saber.
- Jennifer uma vez me disse "o que se conversa entre amigos, fica entre amigos" e levei isso pra vida. Então o que converso com você fica entre a gente, e o que converso com a Beatriz fica entre eu e ela.
Ela fez uma careta.
- Por que você tem que ser tão fiel?
Sua pergunta me fez rir.
Nesse momento, a garçonete se aproximou com o lanche da Ângela. Quando minha amiga agradeceu a mulher se afastou.
- Dá tempo de comer ou a gente tem que ir agora para a loja?
- Pode comer, ainda temos um tempinho.
Assentindo, ela começou a comer seu sanduíche e eu peguei meu celular quando o mesmo tocou.
Era uma mensagem do Bruno.
"Meu amor, quando eu voltar para o hotel eu te ligo e a gente conversa melhor."
Respondi no mesmo segunda ficando feliz por ele estar dando notícias.
"Tudo bem."
Mandei uma mensagem para a Crystal e ela respondeu alguns minutos depois com uma foto das gêmeas. Sorri vendo que elas estavam comendo.
Depois de bloquear meu celular, olhei em direção a entrada da lanchonete no momento que a Rebecca, irmã da Charlotte entrou.
Ótimo.
Quando achei que ela fosse nos ignorar, Rebecca andou até nossa mesa assim que me viu.
- Meninas, que bom encontrar vocês por aqui. - Rebecca disse, com uma sorrido em seus lábios. - Ângela como sempre comendo mais que a boca.
Minha amiga terminou de mastigar e olhou na direção da irmã da Charlotte.
- E você como sempre reclamando daquilo que não vai pagar.
- Eu vim na paz. - disse, e me olhou. - Ficou sabendo que por culpa sua minha irmã foi embora?
- Culpa minha? - questionei. - Tem certeza que não foi por que ela é uma doida obcecada?
- O erro dela foi amar o Bruno.
- Você e sua irmã tem uma noção tão distorcida do amor. - falei, e levantei da cadeira. - Mas sinceramente, tenho mais o que fazer do que ficar aqui ouvindo suas lamentações.
- Você se acha melhor que todo mundo, né? - perguntou, não se afastando.
- Melhor que todo mundo não, melhor que sua irmã talvez sim. - respondi. - Vamos, Ângela.
- Que droga Rebecca você tinha que aparecer logo quando eu estava comendo? - ela disse, também levantando. - Inconveniente tinha que ser seu segundo nome.
- Pode continuar comendo como um animal, eu particularmente não fico surpreso por ainda estar solteira.
Angela sorriu.
- Olha, minha amiga é refinada demais para bater em você, mas eu não vou me importar nem um pouco de fazer essa sua carinha bonita ficar irreconhecível até para sua mãe. - falou, parecendo sincera. - Então cuidado para não começar uma briga que nós sabemos que você não tem a mínima chance de ganhar.
Recuando finalmente, Rebecca deu alguns passos para trás.
- Bom, já dei meu recado, a gente se vê por aí.
Quando ela se afastou, Ângela deixou o dinheiro do lanche em cima da mesa e nós saímos da lanchonete.
- Refinada demais? Ei, eu posso muito bem bater nela. - reclamei, quando paramos na calçada.
- Não me leve a mal, mas enquanto você prefere usar as palavras para atingir pessoas como a Rebecca, eu prefiro usar minhas mãos. - disse. - E modéstia a parte, eu sou muito boa com elas.
Foi minha vez de fazer uma careta quando entendi a maldade na sua frase.
- Detalhes demais.
- Helena, você já veio me pedir conselhos porque estava transando demais com o Bruno e eu que dou detalhes demais?
Ouvindo sua risada, percebi que senti falta de conversar com ela.
Sabendo que estávamos atrasadas, chamei um táxi e quando ele chegou, pedi para nos levar até a loja de noivas.
Tinha chegado a hora de enfrentar outra batalha.
CONTINUA.
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