Capítulo 22: Lembrança Dolorosa
~ Bruno ON ~
Depois de entrar no hospital, fui em direção ao balcão enquanto sentia um frio na barriga.
Estava chegando em casa quando me telefonaram para contar que a Helena tinha sofrido um acidente de carro.
- Minha noiva, Helena Ferraz deu entrada agora a pouco. - falei, agora na frente da funcionária que estava atrás do balcão. - Eu quero saber como ela está.
- Só um momento. - a senhora pediu enquanto puxava o nome da minha mulher no computador.
Cada segundo parecia uma hora e a forma tranquila que ela apertava os botões no teclado não ajudou muito.
- Achei. Ela está sendo atendida nesse momento. - contou, finalmente.
- Posso vê-la?
- Sinto muito, Sr. Isso é com o médico.
- Obrigado.
Sabendo que eu só ia conseguir aquilo daquela mulher, me afastei do balcão e caminhei até a sala de espera. No entanto, a presença da Catherine me deixou mais tenso.
- O que está fazendo aqui? - perguntei, para a mãe da Helena.
Ela levantou do banco e caminhou calmamente na minha direção.
Seus saltos batendo no chão eram os únicos barulhos que davam para serem ouvidos naquela sala. O ar estava frio, como o sangue que corria em suas veias.
- Sou um dos contatos de emergência do celular da Helena e acabaram me ligando. - disse. - E ela é minha filha, Bruno, não é espanto nenhum me ver aqui.
Seu jeito sínico acabou me incomodando. Não tinha ideia de como meu pai aguentava ela.
Talvez, no fundo, ele é igual.
- Você realmente acha que me engana com esse teatro de mãe do ano? - questionei.
- Não quero enganar...
- Quer saber? Não importa. - falei, sabendo que Helena estar bem era o mais importante nesse momento. - Conseguiu falar com o médico pelo menos?
Ela fez uma careta.
- Tentei, mas até agora não consegui nada de útil. - contou.
Frustrado, sentei em um dos bancos apoiando meus cotovelos nos joelhos.
- Ela vai ficar bem. - Catherine exclamou, ainda de pé me observando. - Ela sempre fica.
O apoio dela era a última coisa que eu queria naquela momento, mas não reclamei de suas palavras. Ao contrário, reafirmei elas na minha cabeça.
Ela vai ficar bem.
Estávamos nos falando um pouco antes do acidente. Ela queria que eu ficasse em casa amanhã para passarmos o dia inteiro juntos. As coisas estavam indo bem de novo.
Por sorte nossas filhas eram muito novas para compreenderem todos esses problemas que nos cercavam. Era horrível pensar que não importava onde a gente ia, ou morava, as coisas ruins nos perseguiam.
Sentindo um toque no meu ombro, olhei em direção aos olhos castanhos da Catherine.
- O médico. - falou, e apontou para o homem de jaleco branco perto da entrada da sala de espera.
Levantando, caminhei até ele sentindo um déjavu. Eu já estive naquela situação quando a Helena passou mal um tempo antes de ter as nossas filhas. Aquela sensação de angustia era a mesma.
- Parentes da Helena Ferraz?
- Sim, sou noivo dela. Como ela está?
- Estável. - contou. - Apesar da forma que encontraram o carro ela não sofreu muitas lesões.
- Então ela está bem? - questionei, preocupado.
- Sim. Ela bateu a cabeça, mas não foi tão grave quanto pareceu quando ela deu entrada. - disse. - No entanto, a gravidez...
Franzindo o cenho, encarei ele confuso.
- Gravidez?
- Não sabia que ela estava grávida?
- Eram só suspeitas, não tinhamos nada confirmado. - falei, lembrando da nossa conversa no carro.
- Infelizmente a gravidez acabou sendo a mais prejudicada no acidente. Eu sinto muito.
Encostando minhas costas na parede, fiquei alguns segundos quieto enquanto processava suas palavras. Mesmo sabendo que a Helena não queria outro filho nesse momento, essa notícia ia acabar com ela. Como acabou comigo.
- Ela sabe? - perguntei.
- Não, achei que era melhor falar com algum parente antes. - exclamou. - Um de vocês já está autorizado a entrar no quarto.
Por alguns minutos esqueci que a Catherine estava parada ao meu lado.
- Eu vou. - falei.
Assentindo, o médico então começou a andar me fazendo segui-lo. Me deixando na porta do quarto, ele se afastou.
Depois de abrir a porta, vi que minha noiva estava deitada na cama enquanto mexia em sua pulseira de internação. Percebendo minha presença, ela sorriu de forma fraca na minha direção.
- Já te falei que odeio hospitais? - exclamou.
Me aproximando da cama, toquei seu rosto vendo que tinha um curativo na sua testa.
- Tem que parar de me assustar assim. - consegui falar.
- Não posso prometer nada, você vai casar com a mulher mais azarada do mundo.
Encostando minha cabeça em seu ombro, senti o calor da sua pele. Quente e viva. Ela então começou a acariciar meus cabelos.
- Eu perdi ele, né?
Ouvindo sua pergunta, me afastei para encarar seus olhos.
- O médico falou com você?
- Nem precisou, eu notei que ele estava escondendo alguma coisa quando veio me ver. - suspirou. - O pior de tudo é que agora eu fico me perguntando: E se eu não tivesse perdido? E se ele tivesse nascido e crescido com as meninas? O que ele teria se tornado?
- Não precisamos falar disso agora. - exclamei, vendo que ela estava ficando nervosa.
- Talvez seja um sinal. - continuou, me ignorando.
- Sinal de que?
- De que não é para dar certo. - respondeu. - Sempre que a gente finalmente pensa que tudo vai ficar bem algo vai e acontece. Isso pode ser...
- A gente deu certo, Helena. Nossa família deu certo. Essas coisas que aconteceram não é nossa culpa. Muito menos sua. - exclamei, sabendo que ela estava sensível por ter perdido nosso filho.
Suspirando, ela passou a mão no rosto limpando as lágrimas.
- A forma que isso aconteceu... não é justo, Bruno.
Voltando a me aproximar, abracei ela fazendo a mesma encostar a cabeça no meu peito.
- Não é mon amour.
Ele seria nosso bebê, assim como as gêmeas. Uma parte nossa.
Sempre soube que não seria fácil. Que teríamos que passar por muitas coisas para ficarmos juntos. Mas eu estou disposto a arriscar tudo se no final ela estivesse comigo.
Uma hora depois, eu saí do quarto a contragosto para Catherine falar com a Helena. Não confiava na mulher do meu pai e tinha medo da mesma falar alguma coisa que fosse deixar minha noiva mais estressada. No entanto, Helena disse que queria conversar com a mãe então não tive escolha.
Estava indo até o lado de fora do hospital para ligar e saber das minhas filhas quando uma mulher esbarrou em mim.
- Me desculpa. - falei.
A mulher continuou andando, mas consegui ouvir quando ela exclamou:
- Tudo bem, mon ange.
Seu tom de voz me fez lembrar de uma parte dolorosa da minha infância. E isso fez um nó se formar na minha garganta.
"- Está tudo bem, mon ange. Eu te amo. - sentindo seu toque no meu rosto, fechei os olhos. - Mas eu não estou fazendo bem para vocês. Vai ser melhor assim."
Voltando para o presente, fiz menção de seguir aquela mulher, mas Sofia entrou na minha frente atrapalhando meus planos.
- Não é o momento. - falei, e vi quando a desconhecida sumiu depois de virar outro corredor.
Ainda sentia vontade de segui-la, mas para isso precisava me livrar da Sofia.
- Fiquei sabendo o que aconteceu. - ela disse. - Helena está bem?
- Está sim. - contei, finalmente encarando seus olhos. - Mas você não vai se aproximar mais dela. Nem para pedir desculpa pela palhaçada que fez na casa da Sarah.
Suas bochechas ficaram vermelhas como se ela tivesse envergonhada.
- Eu perdi o controle, não fiz por mal.
- Não importa mais. - até porque eu tinha outras coisas para me preocupar.
Comecei a me afastar já com meu celular na mão. Ia avisar a babá das gêmeas que não voltaríamos para casa hoje.
- Espera... - ela pediu, não desistindo.
- Adeus, Sofia.
A única mulher que eu quero é a Helena, e eu não perderia mais tempo com bobagens.
Ai está o Bruno como eu tinha prometido. Agora vou tentar fazer as narrações dele mais frequentes na história. Também vou marcar um dia na semana para postar um capítulo assim vocês não ficam ansiosas(o) me esperando atualizar.
Até a próxima.
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