Capítulo 03: Uma Boa Ideia
Apesar de já ter passado bastante tempo na casa da Sarah com as mulheres do condomínio, eu ainda me surpreendia quando o assunto delas passavam de "comprar sapatos" para "do que meu marido gosta na cama"
Eu, costumava ficar calada ouvindo tudo, mas, como a Camila veio comigo dessa vez, foi impossível não participar da conversa para frear algumas coisas que minha madrasta ia falar.
Meu pai ficou em casa com o Jonh e eu sabia que os dois estavam aproveitando a casa sem mulheres.
Sem regras.
- Ele tem que fazer tudo que eu... - Camila estava dizendo quando toquei em seu braço chamando sua atenção.
- O que? - perguntou.
- Para de falar essas coisas. - pedi, ou melhor, implorei. - Não quero saber o que você e meu pai fazem no quarto.
Ela riu.
- Ah, por favor, Helena. Como você acha que foi feita? Ou até mesmo fez suas filhas? - disse, com a sobrancelha erguida.
Olhei em volta da sala e percebi que as mulheres estavam tentando disfarçar o fato de conseguirem ouvir nossa conversa.
- Pelo menos não seja tão detalhista. - falei, sabendo que não adiantava pedir para ela ter filtro. - É constrangedor ouvir essas coisas do meu pai.
Ela suspirou finalmente entendendo.
- Ok. - murmurou.
Então a conversa continuou e eu aproveitei e levantei para ir até o cômodo que estavam as crianças. Minhas filhas estavam brincando no chão junto com as outras crianças enquanto uma mulher olhava eles. Ela trabalhava para a Sarah e parecia confiável. Depois de garantir que tudo estava bem, eu voltei para a sala e sentei ao lado da Camila.
- E você, Helena? - Sam, mãe da Ângela, perguntou. - Não casou ainda, né?
Então lembrei do comercial de hoje mais cedo e da aliança que eu achei que fosse ganhar do Bruno.
- Não. Ainda não... - exclamei.
- Você quer? - perguntou, novamente.
Eu me perguntei mentalmente e a resposta não demorou para aparecer.
- Quero. - respondi, e dei ombros. - Mas o Bruno nunca tocou no assunto...
- Então pede você mesma. - Alisson, a ex dona do Fofo, falou dessa vez. - Homens costumam ser moles mesmo.
A ideia não era ruim e isso me fez sorrir.
O assunto mudou de novo e dessa vez eu também não escapei.
- Tem alguma coisa para compartilhar com a gente, Helena? Você sempre fica calada. - uma garota que tinha quase a mesma idade que a minha falou. - Parece que tem vergonha.
- Se caso for vergonha nós estamos entre mulheres. O que se fala aqui, morre aqui. - Sarah, disse.
Olhei a Camila e vi que a mesma estava ocupada demais bebendo vinho e comendo os doces que estavam na mesa para se importar comigo.
- Eu gosto mais de observar. - falei, e não era mentira. - E vocês tem ótimas histórias.
- Conta alguma história sua com o Bruno. - pediu, a garota que tinha quase a minha idade. - Onde aconteceu a primeira vez de vocês?
A lembrança me bateu e eu quis dar risada. Rápido demais, mas eu não me arrependia.
- Bom... Nós dois estávamos bêbados e foi no quarto que eu tinha na mansão. - falei, e todos sabiam que a mansão era a casa da minha mãe. - A gente se odiava na época.
- Deve ter sido bom então. Tenho certeza que o fato de se odiarem deixou o ato mais intenso. - Alisson, disse.
Pode até ter sido, mas eu não lembrava de muita coisa. Agora das outras vezes. eu lembrava. Cada toque, cada beijo e até cada palavra dita entre suspiros.
Eram lembranças boas. E foram esses sentimentos que nos trouxeram aqui.
Outra mulher começou a falar e duas horas depois, Camila e eu fomos embora.
- Elas são legais. - Camila, falou quando estacionei o carro na frente da minha casa. - Quando você me convidou eu achei que seria chato.
Eu saí do carro e abri a porta para pegar minhas filhas no banco de trás.
- Viu? Não foi uma tortura ter ido. - falei.
Tirei a Sophie da cadeirinha e entreguei para a Camila. Peguei a Alexia com mais cuidado porque a mesma estava dormindo. Entramos na minha casa e como eu esperava, meu pai estava sentado no sofá ao lado do Jonh comendo sorvete.
- Pedro, já falei para não dar sorvete para ele. - Camila exclamou. - Ele vai passar mal a noite toda.
Levei a Alexia para o segundo andar enquanto Camila ainda discutia com meu pai.
Depois de colocar Alexia no berço, apaguei a luz do quarto e no corredor, me encostei na parede ficando pensativa.
Pedir o Bruno em casamento.
Era exatamente o que eu ia fazer.
Mais tarde, eu estava arrumando a cama para dormir quando o Bruno chegou. Ele me abraçou por trás me fazendo largar as cobertas e deitar a cabeça em seu ombro.
- Como você está? - perguntou, com seus braços me cercando.
- Cansada. - respondi. - E você?
- Cansado. - falou, me fazendo sorrir. - As meninas dormiram cedo?
- Depois de quase me enlouquecem sim, elas dormiram cedo. - contei.
Bruno se afastou e eu me virei para encarar seu rosto.
- Te comprei um presente. - avisou, e dessa vez tirou uma caixa pequena do seu paletó.
Eu peguei a caixinha e assim que abri, vi um colar brilhante. Era tão lindo que quase me deixou sem palavras.
- Bruno... - falei, maravilhada. - É lindo. Não precisava.
- Eu vi como você ficou hoje de manhã e achei que gostaria de ganhar um presente de verdade. - falou.
Sorri e encarei seus olhos.
- Obrigada. - falei, com um nó na garganta. - Vou usar ele amanhã no nosso jantar.
Ele ergueu uma sobrancelha.
- Que jantar? - estava interessado.
- Não sabe? Vamos jantar amanhã no melhor restaurante da cidade. - falei, e tirei o colar da caixinha. - Eu não te contei? - brinquei.
Ele segurou meu rosto e me puxou em sua direção.
- Será um prazer jantar com você. - falou.
E, assim que seus lábios tocaram os meus, a ideia de pedir ele em casamento se intensificou ainda mais na minha cabeça.
Eu só não sabia como ainda, mas o jantar seria um começo.
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