Estava vivendo um dos melhores momentos da minha vida quando a minha ex-mulher resolveu me ligar e atrapalhar tudo, parecia até que estava adivinhando que eu estava muito bem acompanhado e queria de todo jeito me tirar dos braços da minha Elisa, pois quando atendi a ligação, me encheu de perguntas, querendo saber onde eu estava e quando eu voltaria para casa.

Não perdi tempo, dispensando-a rapidamente, pois não queria que Elisa presenciasse a nossa conversa, tanto que desliguei a ligação e coloquei um lembrete em meu celular, teria que ligar para a maluca mais tarde e saber o que de fato queria, pois julgou ser importante.

— Desculpe, era... — Tentei dizer, mas a mesma levantou a mão, me impedindo.

— Sua ex-mulher, eu entendi, vocês têm assuntos pendentes que precisam ser resolvidos. — Falou, recolhendo suas coisas e caminhando em direção a porta, pois a mesma havia me seguido quando entrei e com toda a certeza me ouviu discutindo com Vanessa.

Tentei impedi-la, mas sabia que não era o certo, eu realmente tinha coisas a acertar com a minha ex-mulher e precisava me livrar de vez dessa situação que só ocorreu por conta de uma gravidez que nem sequer conseguiu ir adiante.

Eu não sabia mais o que fazer, estava vendo a hora de me tornar meu próprio advogado, pois o que eu contratei não estava dando conta da situação ou já teria me dado um retorno positivo sobre o andamento da separação.

Eu não iria deixa-la sem nada, se era o que estava pensando, apenas com o apartamento em que vivíamos e uma boa quantia em dinheiro para que sobreviva até arrumar um trabalho, já que enquanto estava comigo, vivia feito dondoca dentro de casa e não se esforçava para procurar emprego e me ajudar com as despesas, como todo casal.

Senti um vazio percorrer o meu corpo assim que Elisa se despediu e passou pela porta, saindo da minha suíte.

Queria muito que tivesse ficado e passado a noite, quem sabe assim nós não teríamos nos entendido de vez e reataríamos o nosso romance.

Mas eu entendia o seu lado, eu ainda era casado e teria que resolver as minhas pendencias antes de procura-la, mas o amor que eu sentia por ela era forte demais para esperar que o meu divorcio saísse, então resolvi ir atrás dela e implorar que me ouvisse, até que conversamos e chegamos a ter um momento nosso, onde ela havia baixado a guarda e me dado um pouco de carinho.

Estava distraído olhando para um ponto fixo do quarto quando meu celular tocou novamente, era Vanessa, na certa ficou com raiva por eu ter desligado o telefone em sua cara, como fiz diversas vezes depois que soube de sua traição.

— O que você quer? — Perguntei, assim que atendi, pois sabia que era uma sem paciência e não iria esperar que eu lhe retornasse, na certa ficou com medo que eu não fizesse.

— Não deveria ter desligado, eu tenho um assunto importante para falar com você — Contou, e aquilo chamou a minha atenção novamente.

— Não pode esperar que eu retorne a Nova York. — Comentei, deixando escapar que estava fora do país.

— Não, é muito urgente, teria como eu ir ao seu encontro — Indagou, com certa cautela, deveria estar com medo que eu negasse sua visita, coisa que eu faria sem pestanejar.

— Vanessa, se for mais uma de suas armações para fazer com que eu desista do divórcio, eu juro que nossa separação não vai ser nem um pouco justa. — Ameacei-a, deixando claro as provas que eu tinha sobre sua traição e que ainda não tinha usado.

— O assunto é sobre a sua mãe! — Exclamou, fazendo-me retesar.

O que era de tão urgente que tinha para falar sobre a minha mãe, se fosse um caso realmente sério a própria Lúcia teria me ligado e conversado comigo, mas poderia ser alguma coisa que eu ainda não soubesse.

A curiosidade começou a me corroer, tanto que no calor do momento, acabei aceitando que viesse até aqui apenas para me dizer o que queria me contar sobre a minha mãe.

E dependendo do que ela me dissesse, eu iria conversar com a dona Lúcia, pois a mesma teria que me esclarecer certas coisas sobre tudo o que aconteceu ao longo desses anos, pois Elisa afirmou que em nenhum momento, minha mãe a procurou para dizer que eu havia me casado e isso está me intrigando desde aquele momento.

Talvez a conversa que terei com Vanessa seja a chave para tudo o que ficou mal resolvido entre mim e Elisa no passado.

As semanas foram passando e finalmente, Vanessa estava hospedada em um hotel deferente do meu, era obvio que eu não iria bancar um lugar luxuoso para ela, pois estávamos em processo de separação e ela sabia muito bem que não teria mais nada de mim, a não ser a sua parte quando saísse o divórcio.

Estava quase na hora do almoço e marquei de me encontrar com ela na frente de um restaurante, que ficava aqui perto da empresa dos Antonelli's, pois eu ainda estava advogando para o Heitor e o Elvis ainda estava com a ideia maluca de casar a Elisa por contrato, coisa que jamais irei permitir e eu estava aproveitando a relutância de Heitor para adiar isso o quanto fosse possível, pois Joel estava todo ansioso para colocar as garras na minha mulher.

Então eu apenas engavetei os contratos em uma pasta e os deixei bem guardados, para que o todo poderoso Elvis esquecesse aquilo e deixasse as coisas como estavam.

Era quase 12:00 quando Vanessa passou pela porta do restaurante e veio até a mesa onde eu estava sentado a sua espera, queria saber o que era de tão urgente que iria me dizer sobre a minha mãe que não podia esperar que eu retornasse.

Ela mal se sentou na mesa e eu comecei a enche-la de perguntas, pois havia me prometido que me daria as respostas que eu tanto buscava.

— Vou te contar tudo do começo, para que entenda. — Falou, ajeitando-se na mesa.

— Sou todo ouvidos.

— Na época em que você foi fazer o intercambio, eu já te conhecia de vista, pois meu tio era um dos professores da universidade e eu acabei me matriculando lá por causa disso, mas o que eu tenho que te dizer é que de algum jeito sua mãe me contatou, querendo que eu fizesse um serviço para ela. — Contou, me deixando ainda mais horrorizado, pois nunca imaginei que além de mentirosa, a minha mãe era ainda mais cínica, pois fingiu muito bem que não a conhecia quando fui apresenta-la no dia que anunciei o noivado forçado.

— Que serviço foi esse que ela te pediu para fazer? — Perguntei, querendo saber de tudo, pois nada mais estava me surpreendendo.

— Ela queria que eu me aproximasse de você e fizesse com que se interessasse por mim e esquecesse a Elisa. — Contou, abaixando a cabeça.

Fechei os olhos, a raiva ameaçando me invadir, pois não imaginava que mamãe fosse capaz de tal coisa, mas eu já poderia esperar, pois havia mentido para mim uma vez e pelo visto tinha muitas coisas nessa história que eu ainda não sabia e só Vanessa poderia me dizer, então fiz um aceno para que a mesma continuasse e finalizasse o seu relato.

— Eu tentei, mas você estava tão focado nos estudos que nunca me notou, contei a sua mãe e ela me disse para investir pesado, até que meu amigo deu aquela festa e arrumei uma substância para colocar na sua bebida, não sabe o quanto me arrependi disso, você não merecia. — Revelou, me deixando extremamente chocado, pois eu suspeitava de que tinha algo naquela bebida, pois apenas um copo só não iria me deixar no estado em que fiquei.

— Em nenhum momento você pensou em mim, queria tanto assim me fazer mal? — Indaguei, pois não lembro de ter feito nada para que a instigasse a fazer o que fez, pois me prejudicou profundamente, mas uma coisa ela teria que me dizer, porque até hoje eu não tinha certeza de nada em relação aquela noite.

— Eu pensei, tanto que me arrependi, mas sua mãe me pagou e eu precisava do dinheiro, apenas por isso aceitei fazer o que fiz. — Contou, e aquilo me fez ter uma raiva absurda da minha mãe, pois ela teria que me explicar tudo isso que Vanessa estava contando.

— Quero te fazer uma pergunta e eu espero a verdade! — Exclamei, fazendo-a me olhar e balançar a cabeça em afirmativa.

— Eu prometo dizer a verdade.

— Nós realmente transamos aquela noite?

— Não!

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Beijos e até o próximo capítulo...