Meses Depois...

— Então quer dizer que você depois de todos esses anos, irá voltar para o Brasil. — Gabriel indagou, tomando um gole do seu café.

— Sim, é a trabalho, mas irei aproveitar para rever a minha família e reencontrar uma pessoa. — Digo, sendo um pouco evasivo em relação ao meu passado, pois essa parte da minha vida, eu preferi manter apenas para mim.

Estávamos tomando café da manhã no restaurante do hotel, pois fazia meses que eu praticamente estava morando aqui, apenas para não ter que conviver mais com Vanessa, que estava fazendo jogo duro para assinar o divórcio que eu resolvi dar entrada há 7 meses atrás quando descobri a traição.

Eu sabia que ela ia dá um certo trabalho em relação a isso, mas agora ela estava ciente de que eu tinha um fato muito importante para usar contra ela se por acaso fosse necessário.

Eu queria que tudo fosse resolvido amigavelmente, mas Vanessa não queria colaborar, inventando mentiras e alegando que nunca fui um bom marido.

Fiz tudo o que podia por essa mulher, desde o dia em que acordei nu em seu quarto e me contou que tínhamos passado a noite juntos e duas semanas depois me revelou que estava gravida e o filho só poderia ser meu porque não havia se envolvido com ninguém.

É claro que acreditei nela, tanto que quando desabafei com meu pai, ele me aconselhou e disse que filho não prendia homem, mas mamãe feminista como era, disse que eu teria que arcar com as minhas responsabilidades, apoiando a ideia do casamento.

Era obvio que essa notícia iria chegar aos ouvidos de uma certa pessoa e por conta disso nunca tive coragem de lhe procurar, pois sabia muito bem como reagiria se por um acaso eu tentasse me explicar, Elisa sempre foi durona e eu sofri muito para conquistar aquela mulher no passado, não sei o que aconteceria se por acaso nós nos reencontrássemos.

Talvez ela nem queira olhar na minha cara, mas nós precisávamos conversar, pois deve ter ficado muito chocada com a notícia do meu casamento repentino.

Depois de três meses de casados, Vanessa alegou ter perdido o bebe, até hoje eu nem sei como isso aconteceu, só lembro de chegar em casa e encontra-la chorando agarrada ao macacão pequeno que havíamos comprado.

Naquela noite, conversamos e decidimos não tocar mais no assunto, pois ela passou a me culpar, porque segundo ela, eu trabalhava demais e mal lhe dava atenção.

É claro que era mentira, ela me evitava mais que tudo e eu me acomodei, nunca a trai, mas sentia falta de sexo e aquilo realmente era uma coisa que as vezes me incomodava.

— Quem é o cliente que está te fazendo voltar às origens? — Gabriel perguntou, me tirando dos meus devaneios.

— Heitor Magalhães, ele quer fazer negócios com os Antonelli's. — Falei, tentando me manter impassível para que Gabriel não percebesse nada sobre o meu passado com essa família.

Depois de nos deliciarmos com o café da manhã do hotel, fomos para o escritório, pois teríamos uma reunião com o tal cliente e hoje seria acertado o dia e hora da nossa viajem.

Eu estava nervoso, pois fazia anos que não pisava no Brasil e estava um pouco receoso, mas eu precisava manter minha cabeça no lugar e focar apenas no trabalho porque eu iria apenas como advogado, pois o cara era cismado, não confiava muito nos que as empresas possuíam e como eu era considerado o melhor, acabou vindo me procurar.

Obviamente que me assustei quando comentou por telefone que queria fazer negócios com os Antonelli's, mas preferi me fazer de sonso e marquei uma reunião para daqui a alguns minutos, apenas para saber com mais detalhes o que realmente aquele cara queria.

Mas acabei tendo um desprazer assim que passei pela porta e encontrei Vanessa sentada na recepção, com toda a certeza havia vindo se humilhar e tentar uma nova reconciliação.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, parando em sua frente de braços cruzados.

— Eu vim para que tenhamos uma conversa civilizada. — Respondeu, se levantando e ajeitando o cabelo ruivo.

— Agora estou ocupado, peço que saia e me deixe trabalhar em paz.

— É sempre assim, você nunca quer conversar.

Deixo-a choramingando na recepção e entro no meu escritório, pois agora não é um bom momento para conversa apesar de que eu preferia que ela assinasse logo o divórcio e me deixasse livre para viver a minha vida, mas a mesma insisti em fazer esse drama e tentar salvar uma relação que não existe a muito tempo.

Passo as mãos nos cabelos e me sento em minha cadeira, queria relaxar um pouco antes de iniciar o trabalho, pois essa situação só estava me deixando ainda mais nervoso.

— Ela não sai do seu pé. — Gabriel disse, entrando e sentando na cadeira a minha frente.

— Pois é, ela não quer assinar o divórcio.

— Eu não entendo, estava te traindo na cara dura e ainda quer continuar casada? — Indaga, colocando a mão no queixo, como se estivesse pensando.

— No começo eu também me perguntava isso, mas depois comecei a investigar a vida do outro cara e sei muito bem o motivo dela querer continuar casada. — Conto, esperando que meu amigo entenda, pois agora não estou com cabeça para entrar em detalhes.

Ele parece entender e damos o assunto por encerrado, pois ele me conhece muito bem e sabe que sou meio evasivo quando se trata da minha vida pessoal, tanto que nos distraímos com alguns documentos que estavam pendentes e só paramos quando o celular dele tocou, era a sua secretaria avisando que havia clientes esperando por ele.

E assim que ele saiu da sala, minha secretaria entrou avisando que o tal Heitor Magalhães se encontrava na sala de espera, ansioso para acertarmos tudo sobre a viajem que faremos juntos ao Brasil.

❤❤❤

Beijos e até o próximo capítulo...