XXXVI. Infeliz Ruptura, Feliz União
— Nazari está enfrentando um problema enorme! — dizia Roberto ao genro. — Dissidência à vista... A boa notícia disso é que Farhad está no Irã... e a má notícia também é essa — riu.
— Nossa! O grupo conservador dentre eles sempre foi numeroso... se essa for a divisão, Muhammad tem um problema. — Luke ficou imediatamente preocupado.
— Um problemão! — Roberto assentiu com a cabeça. — Felizmente, pela idade... derrubá-lo não é tão simples.
— É... mas... é complexo. Reforçarei a segurança em nossa viagem — pensou alto. — Será um período agitado... vamos em casa... visitaremos Nazari no Irã — suspirou.
— Sábio, garoto! — sorriu-lhe. — Como estão os negócios com os seus? A tal Isabel não se moveu, mas a aproximação de um político local está me deixando estressado.
Luke franziu o cenho. Não ouvira sobre nada similar.
— É só um vereador, mas o suficiente para me deixar desconfiado — suspirou, ficando mal-humorado de imediato.
— Posso comunicar a família. — O jovem só tinha aquela sugestão para dar. — Felizmente, desde a infeliz visita de Isabel, não precisei ignorar muitos... além de jornalistas.
— Ainda!? — Roberto levantou uma sobrancelha.
— Nem devem parar tão cedo — suspirou. — Felizmente, com os poucos que falei, eles disseram que se esforçariam para não importunar tanto Amanda... o que já me é vantajoso — riu.
— Jovem... inteligente... com uma formação digna de um gênio... reduzido às colunas de fofoca!? — Ele meneou a cabeça.
Luke apenas deu de ombros, rindo do tom do sogro.
— Já lidei com hospedagem e passagens de ida, mas ainda não trabalhei na volta por não saber quanto tempo tomaremos. — Luke mudou o assunto para não aumentar o nítido desconforto que Roberto parecia sentir no momento.
— Imagino que possa lidar com eventuais mudanças da segurança... há algo que eu necessite fazer?
— Não, senhor. Mariana tomou a frente e me ajudou com a comitiva. Eles já estão comunicados, bastando apenas chegar o fatídico dia da viagem — sorriu, cumprimentando-o.
— Bom trabalho, garoto! — elogiou.
Luke deixou a presidência e seguiu ao próprio escritório.
Averiguando sua agenda, a maioria do trabalho que tinha dizia respeito apenas à sua vida pessoal. A exportadora e o grupo da família estavam numa situação estável.
Muito valorizados pelo anúncio da união entre ambos os herdeiros, mas os corpos executivos mantiveram o pé no chão, optando por não se animar com a maré alta.
O tipo de sucesso que "quem viveu, viu" e muitas mentes inteligentes souberam se aproveitar daquele período de bonança para inflar as próprias carteiras.
Passado o primeiro mês de extrema agitação, ambos tiveram o segundo mês como um preparo às núpcias. Tudo muito halal, mas com pouco trabalho, o que possibilitou a Luke e Amanda construírem cada detalhe do casamento.
***
No final de julho, lidaram com a tal mudança.
Luiza ajudou, justamente por saber ser quem ficaria na casa com Amanda e Fatima, a wali — ou prima, segundo Luke.
Apesar de mãe, Luiza não era convertida, logo, a presença de uma wali era necessária e Fatima nem se incomodou.
Amanda sorriu, saudosa, quando viu o próprio escritório.
— Ainda não consegue voltar ao trabalho? — Luiza a assustou. Acabou rindo com a reação. — Calma... sou apenas eu!
— Devagar... — A moça respirou fundo.
Estremeceu com o susto e o corpo ainda ficou levemente trêmulo. Luiza a guiou até a cadeira da escrivaninha.
— Posso pegar um copo d'água — sugeriu, ajeitando o cabelo da moça com um cuidado maternal.
— Está tudo bem. — Amanda lhe sorriu.
— Não se sinta melhor mentirosa por ser kafir... eu também sou! — Luiza riu. — O que há? — indagou, sentando sobre a escrivaninha, muito despreocupada.
— Estudei tanto... — O olhar da moça encheu de lágrimas. — Eu me esforcei diariamente para atender umas expectativas que estavam só na minha cabeça... A exportadora era como a vida do pai e... ele me salvou... eu só...
— A gratidão que tem por ele é maravilhosa... não é necessariamente ruim. — Luiza pousou a mão no ombro de Amanda. — O ponto é... você é muito mais importante.
— Continuo me acostumando com essa ideia — riu. — É muita estupidez achar que... depois do pai reafirmar por muitas vezes... achar que... a exportadora era mais importante.
— Não sou de mentir... concordo!
Ambas acabaram gargalhando. Luiza enxugou uma lágrima que correu no rosto da moça. Desceu da mesa para oferecê-la colo e a moça se deixou chorar.
Apesar da pouca melancolia envolvida, não eram lágrimas pela melancolia, mas por um sentimento de satisfação que ela jamais poderia colocar em palavras.
Um sentimento que, por estar ligado a um capítulo de sua história, se misturava a todas as sensações que conhecia.
Era só felicidade, realização.
— É muito doce, pequena Amanda...
A moça apenas assentiu com a cabeça.
— Não tão doce quanto ele! — A moça franziu o cenho, olhando-a. — Ele sempre falou comigo sobre minha saúde... sempre insistiu... eu já briguei com o Luke por isso, acredita!?
— Olha, minha linda... sou a mãe dele e consigo me surpreender como esse menino é de outro mundo! — Luiza riu.
— Eu quase me sinto mal... não sei...
Subitamente, o sentimento que gritou foi o medo.
— E-eu não acho que consigo fazer ele feliz!
Um frio correu sua espinha e ela voltou a enterrar o rosto no colo da sogra — simplesmente apavorada! Luiza só fez rir da moça, o que lhe fazia sentir ainda mais boba.
— Acalme-se! — Em dado momento, a sogra reassumiu a seriedade e se colocou ajoelhada na frente de Amanda.
A moça escondeu o rosto rápido.
— Não se esconda... sei bem o que é isso que sente... chama pânico pré-nupcial... Acalme-se... passará... se está passando por isso, temos um bom sinal.
— Como é um bom sinal? Se eu estragar tudo?
— Significa que se importa... o que é mais que eu jamais poderia pedir a Deus... Se consegue se importar tanto, você já está no caminho certo... falta ajeitar uns dois graus na rota — brincou —, mas isso não significa que está tudo errado!
Amanda acabou rindo da brincadeira da sogra.
Chorando e rindo passou o resto do dia. Em dado momento deixou o escritório para se juntar a Luiza na cozinha.
— Só não pode salgar o jantar com lágrimas! — Luiza alertou. — Não que fique ruim... mas, Luke é observador como o pai... se salgar com algo além de sal mineral... ele saberá!
— Assim só me apavora! — Amanda meneou a cabeça.
— Tudo bem... vou parar com a brincadeira... cozinhamos e você tomará um banho quente... preparo seu banho... ajudará um pouco para seu relaxamento. Aprendi truques! — riu.
A moça apenas respirou fundo.
Elas seguiram à cozinha e o nervosismo de Amanda diluiu por entre as brincadeiras da sogra que mudou o assunto e apenas focou nas histórias engraçadas com o Roberto.
Eram muitas histórias, fácil de se distrair.
Chegando do trabalho, Luke não poderia lidar com um som melhor do que as risadas da mãe e da amada, acabou demorando para entrar só para apreciar aquele instante.
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