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XXXIV. Formalizando o Compromisso

 A semana anterior ao noivado foi ainda mais distante para o casal. Isso acabou deixando ambos muito nervosos, mas Luke teve maior facilidade para lidar com aquilo.

Dormiu bastante no sábado que antecedeu o dia para acordar cedo no domingo, ainda em meio a madrugada.

Deixou um motorista pronto para buscar Roberto e Amanda; deu folga a todos os funcionários da casa e assumiu o serviço na cozinha bem cedo — sem nem acordar sua mãe.

Seguindo seu pedido, o imam chegou cedo.

A presença e um sermão não eram obrigatórios, mas o rapaz ansiava para que ocorresse daquela forma e o homem não podia estar mais orgulhoso do fiel.

Às cinco, a mesa de café da manhã já estava servida. Como mandava o costume, era uma mesa farta com tanta comida que não seria necessário cozinhar nos próximos dias.

Luke se juntou ao religioso para esperar seus pais, que acordaram por volta das cinco e não demoraram para descer.

— Isso é ansiedade!? — Luiza brincou.

— Não é só um dia para eu usufruir... mas, os senhores também devem ter um bom descanso. — Luke lhe sorriu.

In sha' Allah! — Ibrahim bem-disse.

Luiza se aproximou para abraçar o filho bem forte. Realizou seus muitos votos positivos e cumprimentou o líder religioso em seguida; Ibrahim também o fez, menos emotivo.

A refeição era de um ótimo gosto e Luiza elogiou o filho sem parar. Toda boba, a mãe se juntou ao rapaz no preparo do almoço, cuidando para cozinhar um de seus melhores pratos.

Misturando especiarias das nacionalidades da casa, Luke e Luiza cozinharam um kebab de frango. Ele não dispensou o cordeiro, mas variou com as carnes e legumes que estariam à mesa, apostando numa refeição muito diversa e colorida.

Amanda e Roberto chegaram por volta das onze.

Ela usava um vestido marrom longo e fluido até os pés.

O vestido tinha mangas três quartos bem bordadas e um decote modesto. Também bordado na bainha e no decote, o tecido chiffon acabava muito valorizado.

O salto ajudava para a bela postura da moça, que sorriu para Luke, ajeitando os rebeldes cachos que se aventuravam a frente de seu rosto dado o forte vento.

Salaam... aleikum... — Luke lhe sorriu ao recebê-la.

Essalam, habib... — A moça beijou seu rosto.

— Acho que errei no smoking — brincou, acanhado.

— Gosto dos fios! — elogiou, ajeitando a gravata, que nem estava desalinhada, mas era seu único pretexto para passear com a mão pelo peito do rapaz.

Roberto pigarreou, apenas brincando, mas foi suficiente para Luke retomar a seriedade e cumprimentá-lo, convidando-os a entrar na casa e se juntar.

— Sei que não são adeptos da minha fé... por isso, não escolhi por estar na mesquita nesse momento, mas não pude deixar de contar com a presença do imam... — Luke lhes disse.

O homem se levantou para cumprimentá-los.

— Não nos incomoda... poderíamos ir à mesquita! — Roberto disse. — Quantas vezes já não estive por lá!? — riu.

— Não há uma obrigatoriedade. — O sábio disse.

— Sim... é uma opção que Amanda me permitiu ter. — Luke sorriu. — Enfim, eu já tenho muito preparado e apenas preciso apresentar para que me ajudem a adequar a nós.

Luke se escusou para servir algo para beber e comer; foi ao seu quarto para pegar tudo que reuniu para o contrato de casamento nos dias anteriores e voltou.

Ao sentar, apresentou todos os pormenores a Roberto.

Grande parte do que estava naqueles papéis fora previamente conversado com Amanda e ela já concordava, então bastava que Roberto tivesse conhecimento.

Eram itens básicos indo consoante o casal.

Dada a independência financeira de Amanda, o dote seria poderia ser meramente simbólico, mas Luke optou pela escritura da casa onde viveriam, colocando-a à mesa.

— A c-casa não pode ser minha! — Amanda riu, surpresa.

— Precisa. O mahr deve simbolizar a responsabilidade financeira e capacidade de cuidar de ti. Nada melhor que a casa onde, pelos últimos dias, sonhei que meus filhos crescerão.

— E eu aqui... crente que a gente racharia a casa! — Amanda caiu na gargalhada, rindo de nervoso.

— Se não quiser, tenho alternativas. — Luke riu.

— Não, bobo... obrigada, eu acho! — Acanhou-se.

Luke já sabia como redigir o contrato de casamento, mas ainda contou com a ajuda de seu líder religioso para fazê-lo.

Conforme Roberto e Amanda assentiram, ele escreveu.

— Também precisamos escolher o dia do casamento. — Luke disse ao fim dos pormenores. — Isso dependerá de sua melhora... do nosso cenário profissional... preciso de ajuda.

O coração da moça chegou a acelerar e ela respirou fundo.

O frio na barriga a fez fechar os olhos, rindo de si.

— E-estou afastada do trabalho até a segunda ordem — deu de ombros. — A terapia ajuda! Antes de pensar no trabalho, quero continuar longe... não quero voltar a ser ávida... sabe!?

— Fico muito feliz que tenha entendido a necessidade de se cuidar, habibti... tenho certeza que, quando voltar à presidência, estará ainda mais afiada! — elogiou.

A moça retribuiu o sorriso e a troca de olhares silenciou ambos. O líder religioso pigarreou para chamar sua atenção e eles rapidamente desviaram os olhares.

— Bom... talvez dois meses seja adequado. — Amanda sugeriu. — Pensando em você conseguir se organizar... creio já ser tempo suficiente para eu conseguir focar naquela viagem que planejamos fazer... o que me diz?

— Junho... julho... agosto... quase setembro.

— O lado ruim é que será bem perto do seu aniversário — riu. — O lado bom é que poderei te dar um único presente de casamento e aniversário — brincou.

— Eu não me incomodo... sempre será um grande presente de aniversário — sorriu, novamente fugindo o olhar.

— Então... antes... dez de agosto! — A moça disse.

— Dez de agosto! Um dia antes do Ramadan — Luke sorriu largo. — Tem preferências quanto ao lugar? Não precisamos pensar nisso agora, mas dois meses passam rápido...

— Nós já tivemos algumas ideias... e eu tive tempo para pensar... quero casar em nossa casa... — A moça lhe sorriu. — Se ela já está comprada... é lá que deve ser!

Luke assentiu com a cabeça, sorrindo acanhadamente.

— Ótima escolha! — suspirou. — Pude falar com ambos separadamente, mas gostaria de receber sua benção para casar com sua filha — disse, olhando para Roberto e voltando o olhar a Amanda — e o seu assentimento é muito importante.

— Aceito quantas vezes forem necessárias! — Ela sorriu.

— Tem a minha benção, garoto. — Roberto assentiu.

— O relacionamento também conta com a nossa benção. — Luiza disse, pousando a mão no ombro do esposo que assentiu.

— O Clemente há de abençoá-los. — O sábio disse. — Entre Seus sinais está ter criado para vós, esposas de vossa espécie, para encontrares nela repouso, e ele colocou entre vós amor e piedade. Por certo, nisto há sinais para um povo que reflete.

Luke sorriu e o sábio iniciou o breve sermão onde lembrou dos valores e fundamentos de uma união; da importância da castidade até o casamento e da reciprocidade, sendo essencial que começassem a regá-la daquele ponto.

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