XXII. Misteriosa Paixão
Amanda estava abismada por estar saindo com Luke para um ambiente onde jamais imaginara que conseguiria levá-lo.
Ele se comprometeu a dirigir e eles seguiram à mais famosa churrascaria local. O diferencial do ambiente era o fato de mesclar um restaurante com uma casa de show.
O local era conhecido por sua música ao vivo e por abrigar muitos dos solteiros que queriam sair para dançar, mas não queriam necessariamente parar em uma boate.
Chegando, o ambiente estava muito melhor iluminado e haviam muito mais pessoas para receber uma dupla sertaneja, afinal, eram mais famosos e carregavam seus fã-clubes.
Com muito esforço, Luke respirou fundo para esconder o desconforto de estar num local tão barulhento e agitado.
— Nunca imaginei isso! — Amanda finalmente disse, pegando-o pelo braço com um largo sorriso no rosto. — Seria muito haram eu te chamar para dançar comigo hoje?
— Ehrr... e-eu...
— Primeiro, achamos um lugar! — Ela nem o esperou falar, apenas se virou, também pegou no braço de Mariana e seguiu.
Era um lugar de odores demais para Luke. Dos bons, como os pratos com carne de boi ou legumes, cozidos na brasa; aos repugnantes, como o forte cheiro de cerveja e carne de porco.
Eram três andares, sendo apenas uma churrascaria no primeiro andar; a "casa de show" no segundo andar e uma área VIP no terceiro, onde se podia usufruir de ambos.
Cuidadosa, Amanda optou por ir ao terceiro andar. Geralmente ficava no segundo andar com a amiga, mas queria proporcionar um bom momento para Luke, longe da bagunça.
Foi realmente um alívio para o rapaz chegar à mesa.
O som já não incomodava tanto e não haviam tantas pessoas barulhentas. Claro, ainda era um ambiente festivo, mas o que ele considerava bagunça já não era possível de ver.
Ele ajudou a puxar a cadeira para ambas se sentarem.
— Vocês têm fome? — perguntou ao sentar.
— Bastante! — Amanda riu. — O bom de comer com alguém é que consigo comer direito... sozinha é horrível... Vocês me deixaram muito mal-acostumada.
— Isso é bom e ruim! — Mariana riu. — Eu também tenho um pouco de fome. Se puder recomendar, sei que ama comer cordeiro e eles são ótimos! — sugeriu para Luke.
— Vai gostar que eles têm pratos halal... — Amanda cantarolou. — Aposto que não esperava por essa! — riu.
— Realmente não esperava. — Luke assentiu com a cabeça.
Eles fizeram seu pedido e tiveram sua refeição.
— Então... o que achou? — Mariana o indagou.
— Uma boa refeição! — elogiou. — Não é tão bom quanto o cordeiro que a mãe cozinha, mas acho que nada nunca será.
As meninas reviraram os olhos e riram.
— É realmente ótimo... surpreendeu! — exclamou, rindo.
— Ótimo! Agora, vamos à primeira rodada.
Olhando para Mariana, ele apenas meneou a cabeça.
As meninas começaram sua bebedeira enquanto ele as acompanhou com água mineral. Elas nem precisavam beber para dançar, sua empolgação e animação pareciam não ter fim.
Sem resistir, Luke se permitiu sorrir quando quis; mas não conseguia ter vontade de dançar: primeiro por não estar habituado; segundo por nem saber por onde deveria começar.
A dupla sertaneja tocou parte do repertório agitado e migrou ao momento dos hits mais românticos.
As amigas ainda dançaram juntas, mas, como era parte do plano, em dado momento Mariana escusou-se para ir ao banheiro e deixou os dois sozinhos.
Amanda aproximou-se de Luke com um largo sorriso.
Os olhos já estavam levemente caídos pelo estado alterado, mas ela não chegava a estar tão embriagada quanto costumava ficar após tanto dançar — afinal, bebera menos.
— Dança comigo? — Ela o convidou.
— Eu nem sei, habibti... — Luke riu, acanhado.
— Ajudo. É uma música lenta... fácil.
Estendendo-o a mão, ela provocou a educação de Luke, que não a deixaria esperar por muito tempo. Eles se afastaram da mesa e Amanda se aproximou.
Pousou ambas as mãos nos ombros de Luke e suspirou.
Rapidamente, o coração disparou, mas um novo suspiro foi a ferramenta usada por ela para manter o foco.
Descendo as mãos pelos braços de Luke, ela segurou suas mãos para posicioná-las: uma das mãos em sua cintura e outra das mãos que ela segurou, um pouco afastada de seus corpos.
— Agora, deixamos a música nos embalar... — Ela falou, aproximando-se mais para deitar a cabeça no peito de Luke.
Segurando a mão de Amanda com maior rigidez, Luke abaixou a cabeça, quase recostando-a nos cachos de Amanda.
— E-eu... não sei mesmo! — riu.
— É só fechar os olhos e ouvir... e deixar o corpo ir. — A moça o instruiu, sem tirar a cabeça do peito dele.
Mesmo que não quisesse, o contato tão próximo acabou entregando calor a ambos. Luke suspirou e fechou os olhos, tentando não se ater ao perfume — simplesmente impossível!
A moça pôde sentir quando o coração do inexperiente dançarino disparou. Acabou sorrindo, mas nada comentou. Seu coração também estava agitado... agora, estavam quites!
Devagar, ele pegou o jeito e, mesmo quando longas pausas foram dadas entre uma música e outra, mantiveram o embalo.
Ela não percebeu quando pôs as mãos no peito de Luke, nem ele percebeu quando a envolveu com ambos os braços.
Estava próximo de uma mulher, como nunca esteve.
Contudo, por um instante que rápido passou, mas pareceu eterno, as frivolidades do corpo não chegaram a sua mente.
Foi como um vento gelado que correu a espinha de Luke e, subitamente, tornou-se uma onda morna. Arrepiado, ele conseguiu não temer aquela sensação... estranho sentimento.
— Dançar não é bom? — A moça riu.
— D-diferente, habibti... — Ele riu, se sentindo deslocado.
Levantando o rosto, Amanda procurou o âmbar olhar e, com o movimento, seus olhares se encontraram.
— Obrigada, habib. — Acanhou-se por chamá-lo daquele jeito pela primeira vez. — Acho que você tem muito jeito para dançar... e quero repetir muitas vezes.
O belo sorriso acanhado de Luke abriu, mas Amanda o interrompeu, buscando um beijo que ela se esforçou para não buscar; apesar de muito fantasiar... um beijo que ele não negou.
A moça pousou as mãos no rosto do inexperiente e foi quem o guiou, cuidando para não deixar que seu desejo, descoberto recentemente, vazasse para aquele momento.
Ao fim do beijo, soltando o pouco ar que restava em seus pulmões; Luke fitou o rosto de Amanda com espanto e um suave sorriso — que ele se repreendia por ter.
— E-eu- — Amanda queria se reparar, mas foi interrompida por uma carícia de Luke em seu rosto.
Uma carícia tão delicada que arrepiou a moça.
— Isso está começando a ficar difícil. — Luke suspirou.
— Perdão!
— Acho que não precisa... e-eu... — Acanhado em admitir que aceitaria outro beijo, Luke meneou a cabeça e riu de si, deixando o que falaria para lá.
— Está suando! — Amanda lhe falou, disfarçando. — Vamos à mesa e bebemos algo... o que me diz? — Ela se afastou.
Luke assentiu e ela pegou sua mão para ir à frente, puxando-o à mesa. Aproveitou que ele não estava olhando para se permitir arfar tão intensamente quanto queria fazer antes.
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