XLIII. Grande Família no Deserto
— Próxima parada, Arábia Saudita. Como se sente, habibti?
Amanda tinha um misto de preocupação porque conheceria outra fração da família de Luke e mais preocupação porque lidaria depois com os Nazari — o pior da viagem.
Sentando-se em sua poltrona, a moça aguardou Luke sentar ao seu lado para segurar sua mão e respirar fundo.
— Nervosa... — Ela finalmente o respondeu.
— Tudo ficará bem! — sorriu-lhe, acariciando sua mão. — Tenta tirar um cochilo... e cuida para não pensar besteira.
A moça assentiu com a cabeça. Luke beijou o canto de sua boca e ela só conseguiu responder com um sorriso amarelo.
Foi uma viagem longa onde conversaram pouco, focando em seu descanso. Chegaram ao aeroporto internacional de Riade por volta das seis horas da noite.
Amanda pegou um lenço em sua mala de mão para cobrir os ombros, antes mesmo de sair da aeronave. Um homem, muito parecido com Ibrahim, os aguardava.
Cumprimentou-lhes com um largo sorriso e deu um apertado abraço em Luke, que os apresentou:
— Meu tio... essa é minha esposa, Amanda. — Olhando para Amanda, ele lhe disse: — Habibti, meu tio... o mais novo: Yahya.
Felizmente, o árabe da moça estava bem afiado.
— É uma satisfação, senhor. — Ela lhe sorriu.
— Temos tantos presentes em casa quanto não dá para contar. — Yahya falou num tom animado. — Estamos todos reunidos, imagino que gostará do iftar.
— É uma das poucas coisas que sinto falta em casa... um iftar com toda a família. — Luke assentiu com a cabeça.
O sorriso em seu rosto tinha nítida saudade.
— É uma pena que meu irmão não veio...
— Precisamos organizar as coisas com nossa comitiva... enviá-los ao Irã... mas, assim que terminarmos, podemos seguir viagem. — Luke cumprimentou o tio.
O homem assentiu e os acompanhou.
Averiguaram os pertences da comitiva, composta por cerca de quinze pessoas. As mulheres da comitiva se adequaram para já chegarem em território iraniano com os devidos trajes.
Todas estavam prontas, mas a cobrança de cautela em dobro era uma regra naquela viagem, dado o quão sensível o território seria para eles — considerando Farhad e os seus.
Terminado o trabalho, seguiram até a casa de Luke.
A viagem foi agradável; Amanda pôde observar e conhecer algumas muitas histórias das paisagens que viu, Yahya tinha muito orgulho e falava de sua casa com muita paixão.
Todo um quarteirão era ocupado pela família de Luke.
Felizmente, o lugar estava próximo a uma comunidade brasileira, logo, a paisagem era bem familiar para Amanda.
A arquitetura não variava tanto entre as casas na família de Luke e muitos se reuniram para recebê-lo, exigindo um longo rito de chegada com cumprimentos e apresentações.
Já era o momento de quebrar o jejum quando chegaram e uma tia de Luke foi quem lhe serviu as tâmaras e a água. Com um sorriso acanhado, ele cessou o jejum.
— Gosta, habibti? — Ele a ofereceu uma das tâmaras.
Amanda assentiu com a cabeça e aceitou o mimo.
— Ficarão conosco ou irão à sua casa? — A tal tia arguiu.
— Gosto de acompanhá-los na refeição, mas será bem agradável descansar em nossa casa. — Luke olhou para Amanda, consultando-a em silêncio.
— Depende de ti, habib. — A moça lhe sorriu.
— É bom descansarem... seus tios querem conversar com você. — Ela levantou uma sobrancelha. — Ainda não cremos que Tariq fez o que fez... os ânimos estão muito agitados!
— Imagino... farei meu melhor para tentar oferecer alguma ajuda. — Luke respirou fundo. — Tenho muito para adicionar... a trama é muito pior do que imaginam...
— Ibrahim falou um pouco sobre, mas não quis elucidar tudo. — Ela soou preocupada. — Enfim, não falemos de negócios... Allah há de prover em Seu tempo.
— In sha' Allah! — Ele bem-disse.
Amanda não teve dificuldades em conversar com os familiares de Luke. Usar do árabe era mais eficiente, afinal, nem todos falavam o português fluentemente.
Caminhando por entre os cômodos da casa, Amanda lidou com muitos luxos. O salão de jantar era proposto para receber aquele monte de gente de forma confortável.
Após a refeição em família, Luke não se demorou para ir à sua casa. O local estava bem manutenido e havia um corpo de empregados que mantinha tudo em ordem.
Uma mulher foi quem os recebeu e guiou ao seu quarto enquanto dava sua série de relatórios, sobre itens recebidos, de Ibrahim ou sua mãe. A manutenção da casa não exigiu tantos gastos nos últimos meses, então foi um relatório breve.
Indo ao quarto, o cômodo já estava pronto para receber o rapaz e sua esposa — não sendo mais um quarto de solteiro.
Era um cômodo de cores claras com poucos detalhes metálicos, com exceção do armário de roupas que guardava todo o luxo que parecia faltar no cômodo.
— Esse é um quarto bonito... — Amanda passeou para observar os quadros e a seda da roupa de cama.
— Quem disse que não o conheceria? — brincou.
— 'Né!? — riu. — Acho que tirei conclusões precipitadas.
— Bem possível! — Luke sorriu-lhe, se aproximando às costas da moça para beijar seu pescoço. — Gostou do que viu?
— Ahh, habib... — A moça arfou. — A gente podia tomar um banho... e eu te faço relaxar no banho... — Ela se virou para olhá-lo. — Depois te faço relaxar na cama.
A fogosa empolgação estampada no sorriso de Amanda era quase contagiante. Provocativa, ela guiou Luke ao banho. Terminaram a relação, iniciada por ela no banheiro, na cama.
Abraçados na cama, dormiram em seguida.
Aquela já era a primeira semana do Ramadan e acordar cedo foi mais difícil que o normal, mas Luke conseguiu.
O fuso horário fora um grande obstáculo.
Com corpo e mente cansados, ele não estudou de imediato. Teve uma refeição reforçada no Sahur para lidar com a ausência de cafeína — que ele sentia muita falta.
Foi um início de dia agitado. Luke lidou com uma recepção formal para os seus tios, cuidou da refeição para Amanda e voltou ao quarto para beijá-la repetidamente.
Amanda acabou rindo ao ser acordada com beijos.
— Bom dia! — A moça cumprimentou, sorrindo largo.
— Bom dia, habibti... dormiu bem?
— Parece cansado. — A moça acariciou o rosto de Luke.
— O fuso horário é complexo, mas consigo lidar.
— Temos compromisso? — Ela o beijou.
— Sim, preparei tudo para receber os tios e preciso de ti.
Amanda sentou para ter sua refeição, franziu o cenho.
— Achei que teria com eles a sós.
— Não poderia, habibti! — riu. — Além de minha família, você e seu pai são os mais afetados. Na prática, a ambição mirava vocês! Só fui envolvido por ser seu Diretor Financeiro.
— Vocês também são parte do nosso negócio. — Amanda deu de ombros. — Mesmo se não fosse meu CFO, atingir você ainda funcionaria de qualquer forma... suas fazendas.
— É, tem isso... Enfim, preciso de ti igualmente — sorriu.
— Isso é executivo ou romântico?
— É um pouco de cada! Vou me arrumar enquanto come.
A moça assentiu e seguiu sua refeição enquanto observava o amigo caminhando pelo quarto para se preparar. Admirou a vaidade, como mel para seu café da manhã.
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