XLI. O Mundo Segue Girando
Mais do que uma mera feira de empreendedorismo, a grande construção onde ocorrera o evento da tal ONG era toda voltada para as mulheres que a organização ajudava.
Luke nunca foi tão longe, resumindo sua participação ou contato meramente àquele momento, sempre preocupado em "invadir" o que era um óbvio lugar seguro das vítimas.
Amanda foi quem o tirou da zona de conforto, passeando com ele por todo o evento; onde puderam ver tudo que o local dispunha para as moças, desde um espaço às que conseguiram construir o próprio negócio para exibi-lo a um salão de beleza.
Ele ficou satisfeito com sua participação naquele dia. Ainda mais satisfeito quando Amanda aceitou se juntar e tomar a palavra para conversar com as moças novas.
Leila era o nome da tal prima. Era belíssima, parecia ter trinta anos e tinha muita energia, não parando de trabalhar em momento algum do dia.
Um palco maior era o espaço dedicado aos maiores colaboradores do evento, contudo poucos realmente aceitavam subir naquele lugar para serem prestigiados.
Luke prestigiou o discurso da prima, aplaudiu de pé — como sempre — e, ao fim, Leila se aproximou para abraçá-lo.
— Obrigada por vir de novo! — Ela o abraçou bem forte com um largo sorriso. — Soube que casou, meus parabéns!
— Sim, essa é Amanda, minha esposa.
Amanda a cumprimentou, muito acanhada. Felizmente, a moça lhe foi muito simpática, contornando sua timidez.
— As moças ficarão chateadas... — Leila brincou.
— Entendo. — Amanda riu. — Ele é tão doce que provavelmente conquistou alguns corações por aí... sei como é.
— Já está aprovada pelo bom humor! — Leila riu. — Seja bem-vinda à família. Precisando de qualquer coisa, eu estou onde a ONG está... não é tão difícil me achar.
— Obrigada... — Amanda lhe sorriu.
— É tarde, podemos ir ao hotel? — Luke indagou Amanda.
— Sim... logo, seu jejum quebra, não!?
Ele assentiu com a cabeça; cumprimentou sua familiar e eles voltaram ao hotel; ele lidou com suas preces antes e depois do pôr do sol para quebrar seu jejum.
— Já devo ter algo... — pensou alto após comerem.
Amanda franziu o cenho, olhando-o.
— Vou pedir um pouco de discrição ao começar a ler, entendeu!? — Luke pediu à moça. — Posso fazer uma breve introdução para entender tudo que sabemos até agora.
— Começo a ficar preocupada.
— Não sei da motivação de Farhad, mas tudo aponta sua culpa na acusação que enfrentei... Ele está associado a Isabel, aquela golpista da construção civil, e sua horda de políticos... ou uma horda de políticos e sua Isabel, não sei — deu de ombros.
— Que desgraçado! — A moça suspirou.
— Ele está no Irã e, no momento, é a causa de uma grande tribulação entre os Nazari... estão rachando, vamos lá falar com Muhammad e, se possível, colaborar para ele não cair.
— Entendo... as coisas aqui... essa tal golpista ainda deve estar por aqui, não!? — Franziu o cenho.
— É improvável que saia... e, convenhamos, alguém como ela não sobreviveria à convivência com um grupo tão conservador... se estiver lá, será mais digno salvá-la deles — riu.
— Nossa, meu amor... você é um anjo! — Amanda riu. — E as coisas com a moça que te acusou? Sabe onde ela está?
— Desde que tive notícias dela em casa, isso não mudou e não fui notificado sobre nada mais. Não espero ter nenhum problema e, agora, mais que nunca, ninguém me causará nada!
— Posso dizer que isso foi sexy? — A moça brincou.
— Sim... pode! — Luke riu.
— Em suma, se lidarmos com Farhad, lidaremos com quase todo o problema... isto é, senão lidarmos com todo ele!
— Sim, nossas auditorias continuam mobilizadas... estamos observando cada mês com lupa para garantir não termos problema algum e está funcionando bem — sorriu.
— Você é ótimo! — riu. — Ainda não foi possível acionar a Polícia Federal? Falta de substancialidade, sei lá? — Ela o arguiu.
— A culpa de Farhad está mais que provada; contudo, não dá para incluir Isabel nessa apenas com a insinuação que ela fez e só acionaremos a PF em caso de suspeita de fraude fiscal.
— Entendo... então, esse é o campo minado? — A moça indagou retórica, assentindo com a cabeça. — Como está nosso corpo jurídico? Mobilizados... quietos...
— Formalizamos um acordo para lidar pontualmente com a calamidade Farhad. Nesse acordo, nossos jurídicos trabalham em conjunto para lidar com essa situação.
— Inteligente, porém perigoso. Confio muito no pessoal do Jurídico, mas isso não aumenta o trânsito de dados? Esse aumento pode acabar colaborando para uma sabotagem.
— Sei disso, mas concordei com seu pai quando ele disse que a melhor forma de lidar era aquela; precisamos conseguir trocar informações entre nós sem a sombra da ilegalidade.
— Não seria necessariamente ilegal, não!?
— Pareceria... o que é mais que suficiente!
— É... um ruído desnecessário — assentiu, pensativa.
— Temos um modo halal de negociar... nada há para maquiar ou esconder. Vazamentos são ruins, claro, mas só descobrirão que somos corretos e ocasionalmente perseguidos.
— Imagino que não tenha maiores detalhes dos outros setores... — Amanda suspirou, meneando a cabeça.
— Infelizmente, sou diretor financeiro... apesar de transitar por entre eles, realmente não tenho muitos dados e nem gosto de manter dados da presidência comigo.
— Pedirei para o pai me encaminhar tudo. Assim, já podemos dar uma observada em tudo na viagem de volta.
— Esse é o pedaço em que você vai me acompanhar no escritório? — Luke sorriu-lhe.
— Ah, não sorri assim... senão eu me desmancho — riu.
Eles seguiram ao seu asseio e voltaram à cama, resumiram-se a meras trocas de carícias; ocasionalmente, falando dos negócios e expectativas para os próximos dias.
Novamente, Luke madrugou. Dessa vez não pôde paparicar a moça cozinhando, mas já deixou tudo organizado para partirem — considerando poupá-la do trabalho.
Usou o telefone para programar um pequeno passeio para ambos na cidade; poderia ser uma boa sugestão, já que partiriam apenas na manhã do dia seguinte.
— Não dorme, Luke? — Ela o repreendeu ao acordar.
Luke estava ao seu lado na cama; sentado, parecia muito focado em seus escritos. A moça observou e eram as tais anotações de seu estudo religioso.
O caderno já tinha as páginas amareladas e era possível ver a mudança na caligrafia dele no decorrer dos anos.
— Sim, eu durmo... mas, acorda-se antes do sol no Ramadan. — Ele a beijou. — Bom dia, habibti. Dormiu bem?
— Sinto que durmo muito assim — gargalhou.
— Se acorda, sorrindo... então, eu me sinto um pouco vitorioso. — Ele sorriu-lhe, beijando sua testa. — Já arrumei tudo para partirmos... sim, sei que não partiremos hoje.
— Nossa! Você é muito produtivo — riu.
— Quer passear hoje ou só ficar trancada no quarto?
A moça suspirou, pensativa.
— Podemos passear... o tal evento ainda continua, não?
— Sim.
— Podemos voltar lá... talvez contratar — sugeriu.
— Gosto da ideia. Só precisaremos investir na formação de algumas... posso ajudar — ofereceu, sorrindo.
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