IX. Casar!?
Suaves batidas à porta soaram e Luke foi quem atendeu.
Do outro lado, Mariana arregalou os olhos ao vê-lo, quase derrubou a xícara de café que levava consigo para Amanda.
— B-bom dia! — cumprimentou sem jeito. — D-desculpa...
Constrangido, Luke a cumprimentou silenciosamente.
— E-eu vim- vim- Tem café! — sorriu amarelo.
— Calma! — riu. — Eu já pedi a refeição e logo acordarei Amanda. Pedi aspirinas para a tal ressaca, acertei? — arguiu.
— S-sim... ela sempre toma... Ehrr... eu- — Não sabia o que falar. — Hm... pode entregar o café para ela? Nem trouxe outro... — repreendeu-se, meneando a cabeça.
Era muito comum correrem rumores pelos corredores da empresa sobre um suposto caso da CEO com o CFO, contudo era uma surpresa para Mariana confirmar dessa forma.
— Eu a entrego. — Luke pegou o café. — Também agradeço por ela... infelizmente, precisamos conversar e isso exige privacidade, então não a convidarei. Perdão! — justificou-se.
Mariana assentiu com a cabeça, dispondo, e saiu o mais rápido possível, fugindo da cena constrangedora. Mantendo a sobriedade, Luke a cumprimentou e fechou a porta.
Deixou o café na mesa de cabeceira e foi ao divã perto da cama para sentar com as pernas cruzadas; olhou para a cama enquanto tentava organizar seus pensamentos.
A refeição chegou e ele foi até Amanda. Tocou o rosto da moça que inevitavelmente despertou com o quente toque.
— Bom dia, habibti...
Amanda se assustou ao ouvi-lo e sentou, olhando ao redor. Observou o próprio corpo para garantir estar vestida. As memórias da última noite não eram muitas.
— L-Luke? — Franziu o cenho. — O q-q-
— Sim, sou eu. — Ele a interrompeu. — O café está na mesa; pedi aspirinas para ti e me desculpo se errei — riu.
— O q-quê-
— Primeiro, seu asseio... depois, conversamos — falou.
O rapaz já tinha o semblante bem sério àquela hora.
Amanda assentiu e foi ao banheiro. Sua cabeça estava explodindo e lembrar do estranho sonho onde pedia Luke em casamento tirou risadas da moça em alguns momentos.
Passado o banho, ela voltou ao quarto sem maquiagem.
— Sonhei que te pedi em casamento — riu, se juntando à mesa. — O trabalho está mexendo muito comigo! — suspirou. — Imagina, de repente, pedir meu melhor amigo em casamento!
— Esse é o assunto, habibti... você realmente pediu.
Amanda arregalou os olhos, meneando a cabeça. As maçãs do rosto imediatamente esquentaram e ela não fazia ideia de como se esconder do olhar preocupado de Luke.
— Você só chorou ao falar da reunião... e, de repente, resolve me pedir em casamento enquanto bêbada. — Luke quase parecia repreendê-la com o olhar. — Conversa comigo.
— Droga! — A moça brigou consigo.
Ele cruzou as pernas e apenas fitou Amanda.
Pior que a vergonha do vexame era tê-lo encarando-a.
— Então... — Luke insistiu. — O que houve nessa reunião? Se realmente me entende como seu melhor amigo, não creio que será um problema tão grande conversar comigo.
— Podemos perder os contratos com o grupo Nazari... e isso não depende da decisão da Corte. Farhad quer ter um perfil diferente de pessoas no topo das cadeias.
— Isso é bem sério... drástico! — exclamou.
— Uma coisa que ele mencionou foi justamente o fato de eu ser solteira, sem filhos — chateou-se. — Estou com medo.
— Entendo — suspirou —, mas não deve sair por aí pedindo as pessoas em casamento, habibti... é algo sério e importante!
— Foi um lapso! — Tentou justificar.
— Um lapso!? — Ele a repreendeu com o olhar.
— Sim, um lapso... muito vinho — acanhou-se.
— Não pode ter esse tipo de lapso por aí, nem beber tanto vinho. Se alguém aceita, pode acordar casada... e, de repente!
— Ai, Luke! — Amanda riu, meneando a cabeça. — Que Deus me livre dessa má hora — bem-disse, rindo de nervoso.
— Nesse caso, depende do seu juízo! Não de Deus.
— D-desculpa... e-eu...
— Não se desculpe, tudo bem? Só se cuide, por favor! — pediu. — Fico preocupado... devia tirar férias... parar um pouco.
— Não preciso de férias — suspirou. — S-se eu... precisar casar... você casaria comigo? — Ela o indagou, virando o rosto para não fitá-lo enquanto recebesse a resposta.
— Com toda minha franqueza... eu não sei. É muito sério para mim... não sei se poderia, principalmente com você!
— Ai, Luke... poderia fingir que eu não sou uma péssima opção! — brigou, franzindo o cenho. — Assim, me faz sentir como a última escolha de qualquer um.
— Não é sobre isso, habibti... Você é encantadora! Muito inteligente, aplica essa inteligência com toda sua garra para ser a mulher independente que é. Reconheço seu tamanho... e você é muito maior do que provavelmente enxerga!
Mais acanhada, Amanda nem conseguiu responder.
— Entendo que estou a um passo de ser casado com uma desconhecida qualquer e odeio essa ideia! — suspirou. — Por isso, eu não saberia te responder agora...
— Se a gente tentar... o que me diz? — Amanda voltou a olhá-lo e ele já não tinha o semblante tão sério. — Saímos para beber algo... conversamos e vemos se dá... o que acha?
— Tenho tempo para pensar? — pediu, tendendo a aceitar.
— Todo tempo que quiser... ou puder — riu.
— Antes de sairmos juntos, tenho que ir à mesquita... é bem inadequado pernoitar com você — riu. — Astaghfirullah!
— Tenho certeza que Allah te perdoa. — A moça riu. — Não tenho como agradecer seu cuidado... desde sempre, eu acho.
— Sou seu melhor amigo, eu sei — brincou, confiante.
Ambos riram, mas abraçaram o silêncio para terem sua refeição. Guardando-se da própria mente, Luke desviou toda sua atenção para a refeição, desviando o olhar de Amanda.
A moça não pôde evitar olhá-lo algumas vezes.
A ideia de tentar casar lhe era apavorante e, mesmo cogitando um amigo, não era assim tão confortável.
Com casamento viriam filhos e a maior dúvida era: "Se eu realmente fizer isso, eu terei filhos com o Luke?"
A resposta era um misto de tristeza por ter frutos de um negócio e euforia por conseguir imaginar o quanto seria uma infância infinitamente melhor que a infância na rua.
Claro, a resposta se encerrava com vergonha por estar olhando para o amigo e tendo aquele tipo de pensamento — se sentiu completamente despudorada por um instante.
Ao fim da refeição, ambos seguiram ao seu asseio. O olhar de Luke parou de fugir quando estavam saindo.
— Mari veio de manhã — avisou Luke. — Provavelmente seremos assunto pelos próximos dias. Peço perdão por isso.
— É incrível... — Amanda riu. — Não precisa se desculpar... eu que bebi demais e te dei trabalho. Agradeço e não me incomodarei com nenhum ruído... até porque não é de hoje que o povo está nos casando por aí — deu de ombros.
Ele apenas assentiu com a cabeça e a indagou:
— Hoje tem o segundo e último dia da feira, temos algo programado ou apenas lidaremos como visitantes?
— Só a comitiva trabalha hoje, mas podemos estar. Não sei se sabe do quanto gosto disso! — Ela brincou, rindo.
— Você não gosta de trabalho, é viciada em trabalho... isso é bem diferente! — repreendeu, meneando a cabeça. — Gosto de trabalho, mas tenho folgas e não vivo pernoitando na empresa!
Amanda silenciou. Não poderia debater contra um fato.
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