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Capítulo 12

— Eu sinto muito, não sei como sabe meu nome. Mas não vou dar explicações! — Digo cruzando os braços e encostando na carteira na frente de Júlio, que permanecia encostado na mesa com o rosto fechado.

       Esse homem não parece ter múltiplas expressões. Apenas duas ou três.

— Eu sei, não quero que me trate como um professor chato, porque não sou um!

— Então por que estamos aqui?— Pergunto arqueando as sobrancelhas.

— Porque mentiu, é uma coisa que não admito, nem em minha vida pessoal, nem na escola! — Continua indiferente e encostado na mesa confortável.

— Ah é? Sinto muito por te magoar então!— Digo me levantando e indo até a porta.

— Espera! — Paro e me viro para ele.

— Sim? — Cruzo os braços.

— Sou novato aqui, ainda estou fazendo curso de geologia.. — Começou. — Oque eu quero dizer é que, não me trás problemas em meu primeiro dia de trabalho. Por mais que seja temporário, é pelo meu pai!— Ele diz rápido levantando a voz autoritária.

       A única coisa que ouvi de verdade, foi o curso de geologia.

— Faz geologia? — Pergunto baixando os braços e o encarando com emoção.

— É o melhor futuro que consigo imaginar para uma pessoa! — Pela primeira vez o vi dando um sorriso largo. Onde percebi suas covinhas e seus dentes brancos alinhados.

       Até que enfim achei uma pessoa com os mesmos sonhos que eu, tenho tantas perguntas.

— Porque? Porque Geologia?

— Não dá pra falar disso agora, tenho uma aula chata pra dá, como vocês alunos dizem. Vamos?— Ele diz erguendo o braço a porta.

— Podemos conversar depois?— Pergunto calma a ele. O mesmo me encara curioso.

— Como aluna e professor?

Oque mais seria?

— Só quero saber mais detalhes do que faz! — Digo indo até a porta e ele me segue.

       Alguns segundos depois entramos na sala de experiência.

       Todos conversavam alto. Ele pediu silêncio e sentei do lado de Judy.

— Vamos para o primeiro! — Ele sussurra.

— O que ele queria? — Judy pergunta logo atrás de mim.

       Júlio nos encara e eu fecho o rosto.

— Depois te falo! — Sussurro cautelosa.

— Já duvidaram quando um professor disse que alguma coisa seria divertida "e" educativa na escola? — Ele pergunta para os alunos. Todos permanecem calados.

— Sim! — Alguém sussurra no fundo da sala.

— Se você escolher o projeto certo, experimentos científicos podem de fato cumprir essa promessa, não acham?— Júlio pergunta. Parecia entusiasmado.

       Todos concordam e eu o olhei curiosa.

— Talvez isso seja classificado o auge das chatices! — Digo o encarando e mexendo o lápis na mesa.

Tédio, prefiro o Sr Shon.

— Talvez alguns alunos gostam de ser inteligentes, outros vem para a escola porque é mimado e não quer magoar a mamãe e o papai! — Ele diz fazendo um sorriso de canto. Todos sussurram e, riem.

Que indireta, professor.

— Existem alunos que querem ganhar o futuro com isso, que não querem depender de ninguém pra realizar seus sonhos! — Digo parando de mexer no lápis e o encarando.

— Talvez, talvez não. Pode ser que esses tipos de alunos querem um futuro diferente apenas para descontrariar os pais!

— Tá querendo dizer que é apenas para diversão? — Pergunto o fitando.

— Vamos continuar a aula! — Ele diz me ignorando.

       Franzi a testa para ouvi-lo. Foi quase uma hora e meia aquela aula.

       Se foi legal? Talvez. Na maioria dos minutos, ele me encarava curioso.

— Tchau, Mel! — Judy diz piscando um olho para mim e subindo na moto do Mathew.

— Até amanhã! — Jackson diz beijando minha bochecha.

— OI! — Uma voz me grita dentro do carro. Desço os degraus e chego perto.

O que ele faz aqui?

— O que faz aqui? — Pergunto o fixando.




Até o próximo capítulo...

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