Item 1: Fugir de casa
Estacionei o carro em frente ao bar, o local era pouco iluminado pelo lado de fora e o chão era de terra, o que fazia com que a areia voasse com o vento da noite fria.
O local parecia estar movimentado, mesmo que não estivesse ninguém do lado de fora, haviam muitos carros e motos estacionados.
Saí do carro e fui em direção ao local, mas parei assim que vi alguém saindo de lá.
Era um rapaz, ele parecia estar com raiva. Batia com o pé na terra e passava as mãos no cabelo curto enquanto suspirava de modo pesado.
Ele não percebeu que eu estava ali parada. Ele só ficava andando para um lado e para o outro preocupado. Então fiquei ali o observando.
Ele era bonito. Chamaria atenção de qualquer pessoa. Não apenas pela sua visível beleza, mas também porque o seu corpo, pelo o que estava aparente, era coberto por tatuagens, tinha nas mãos, no pescoço, nos braços.
— Perdeu alguma coisa? — ele perguntou de forma rude. Ele me olhava com raiva.
Tomei um susto com a sua fala, não tinha percebido que havia ficado tanto tempo parada ali, mas ele também não precisava ter falado assim.
Ele ficou aguardando a minha resposta. E quando não dei de imediato, ele levantou a sobrancelha parecendo irritado.
—Você não precisa falar assim comigo.— rebati.
—É você que está parada aí me olhando.
— Você sabe se alguém aqui tem um pouco de gasolina para me dar ou sabe de um posto aqui próximo?— mudei de assunto, melhor do que ficar discutindo com um estranho.
—Acho que alguém tem lá dentro. — respondeu acendendo um cigarro. —Mas ninguém vai te ajudar.- continuou quando me viu andando em direção ao bar.
—Você não sabe.
—Eu sei. — disse com um meio sorriso presunçoso no rosto enquanto se apoiava no meu carro.
Não liguei muito para o que ele estava dizendo. Entrei no bar.
Me arrependi logo em seguida.
Era um bar de motoqueiros. Estavam todos sentados nas cadeiras com copos de cerveja e jaquetas pretas. Eles riam e conversavam entre si que nem perceberam a minha entrada.
Fui em direção ao balcão em que se encontrava o barman.
— Oi. Tudo bem? Você sabe se alguém aqui tem um pouco de gasolina para de dar?— perguntei com a minha melhor voz e cara de garota simpática e um sorriso forçado.
Ele só me olhou com tédio e apontou para uma mesa com alguns homens.
Será que todo mundo aqui é assim? Meio sem educação?
Me dirigi para a mesa indicada.
— Oi.
Ninguém respondeu, continuaram a conversa. Acho que não me escutaram. Tentei falar mais um pouco mais alto.
— Oi!
Não deu certo.
— Ei!!!
Eles se viraram para mim. Eles eram homens que acho que deviam ter 50 e pouco anos, mas pareceram mais velhos quando as rugas de expressão se intensificaram quando eles me olharam. Acho que interrompi uma parte importante da conversa.
— Vocês têm gasolina? É que eu estou fazendo uma viagem e o meu... — estava explicando a minha situação, mas o mais sério entre eles, que estava com uma mulher em seu colo perguntou para alguém atrás de mim:
— Ela é sua namorada, Miguel?
Me virei. Era o cara de poucos minutos atrás. Ele estava com os braços cruzados e me olhava com uma expressão nada boa.
Olhando com mais atenção agora, ele estava vestido igual as outras pessoas. Camisa preta, uma calça jeans escura e uma jaqueta de couro.
— É só uma garota que apareceu do nada. — respondeu simplesmente.
— Então, a bonequinha está disponível? — perguntou um homem com cabelos grisalhos de forma maliciosa com um sorriso que me deixou enjoada.
— Na verdade, não. — Miguel deixou todos da mesa surpresos, inclusive a mim, principalmente quando colocou os braços sobre os meus ombros. — Nós já estamos indo. E Santiago, eu me demito. — disse para o moço que falou comigo e me guiou para fora do bar, com o braço ainda em mim.
Quando chegamos no lado de fora, ele se afastou e se virou para mim.
— Eu disse que ninguém ia te ajudar.
— Você nem me deixou tentar! — protestei.
— Aqueles caras não são confiáveis. Iriam te enganar. E se não eu tivesse chegado, provavelmente teriam tocado em você. — ele parecia tenso com a possibilidade.
Ficamos nos encarando, eu não queria admitir que ele poderia estar certo e ele não iria dizer que eu estava certa quando disse que não consegui nem tentar.
Dei um suspiro cansado. Era para eu estar voltando para casa nesse momento.
— Eu posso te ajudar. — Ele me pegou de surpresa. — Mas eu preciso que você faça uma coisa por mim também.
— Do que você está falando? — perguntei alarmada. O que eu poderia fazer para um cara que acabei de conhecer? Isso me deixou com medo.
— Não vou te pedir nada absurdo, doida. Não sou como aqueles caras.
— Não me chame de doida!
— Quer que eu te chame como? Florzinha? Lindinha? — disse com sarcasmo.
— Eu me chamo Lia, entendeu? É assim que você tem que me chamar. — sustentei o seu olhar para ele entender que eu não estava para brincadeira.
— Certo. Lia. — repetiu o meu nome devagar. — Eu sou o Miguel e como eu estava dizendo, posso te ajudar, mas também preciso da sua ajuda.
— O que você quer ? — fui direta.
— Preciso que você me deixe na cidade mais próxima.
— Você está falando de fazermos uma viagem juntos?
— Chame de como você quiser. Mas eu preciso chegar em um lugar. Acredito que vamos na mesma direção.
— Eu nem te conheço. Não posso fazer uma viagem com um estranho. Você pode ser um psicopata!
— Eu não sou um psicopata. — rebateu, mas o vi apertar os lábios para não rir da situação. O idiota estava achando tudo isso engraçado.
— Isso é o que um psicopata diria. E outra, com certeza um psicopata chegaria em alguém que nem conhece e perguntaria se pode viajar com essa pessoa.
— Olha, se você não quer a gasolina, é só falar. — ele foi se afastando enquanto falava.
— Espera!— exclamei segurando a sua mão.
Foi no impulso, eu nem me toquei. Vi que ele também percebeu, pois olhou para a minha mão na sua antes de voltar a sua atenção para o meu rosto, mas foi tão rápido que achei que tivesse criado esse momento.
Assim que percebi, afastei minha mão de imediato.
— Você me dá a gasolina e eu te deixo na cidade mais próxima. Apenas isso, depois não ficaremos nos devendo nada. Entendeu? Temos um acordo? — estendi a minha mão.
Ele tentou se manter firme, mas deu um pequeno sorriso e apertou a minha mão.
— Entra no carro. Vou pegar as minhas coisas e já estou indo.
Ele foi para a parte lateral do bar, onde tinha uma porta, acho que ali era onde os funcionários entravam.
Me encaminhei para o carro, entrei e fiquei aguardando o Miguel.
Não demorou muito para ele aparecer e colocar no banco de trás 3 galões de gasolina cheios e uma mochila.
Ele tinha mais um galão na mão, que ele utilizou para colocar a gasolina no carro.
Ouvi a porta do bar ser aberta e fechada. Depois foram gritos.
Um daqueles homens do bar estava gritando na nossa direção com raiva, ele entrou no bar novamente.
— Liga o carro!— Miguel gritou antes de jogar o garrafão no chão e entrar no carro.
Olhei para trás e vi os homens se aproximando do meu carro. Eu fiquei assustada, um deles tinha um taco de beisebol na mão.
— O que você está esperando? Liga logo esse carro!— repetiu quando viu que eu não me movi.
Liguei o carro, dei partida e entrei na estrada. Mas parei.
Eu deveria seguir em frente e continuar a viagem ou pegar o caminho contrário e voltar para a minha família?
Eu não tinha tempo para decidir isso agora. Os motoqueiros estavam se aproximando e eu não quero que o meu bebê, meu carro, seja destruído por aqueles brutamontes.
Só pisei no acelerador com toda a minha força e segui com velocidade pela estrada.
~♧~
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