Dois jovens olhavam o mar bravio

Ondas arremessavam-se como punhos de um titã

O rugido ecoava, um dragão enlouquecido.

"Que perigo, assustador" – disse um

" Veja que glória, que poder. Nada somos frente a isso" –disse o outro

"Como pode exaltar essa fúria? Não há nada belo, não há nada de magnifico"

"Claro que há, meu caro. A fúria do mar nos coloca no devido lugar nesse mundo.

Deixamos de achar que somos deuses, nos desnuda de nosso orgulho. "

"Sua visão é mais do que louca, pense em quanta destruição e perdas de vida.

Quantos navios agora estão lutando contra as convulsões das águas?

Quantos ficarão para sempre nas profundezas? "

" Não ignoro o perigo, o sofrimento que a força das águas pode gerar.

Mas apenas comprova o quanto devemos temer e se deslumbrar com

o que é maior do que nós. Jamais esquecer que somos tão pequenos. "

Um velho sábio por ali passava. O jovem temeroso o interpelou:

" Responda-nos, mestre, quem de nós está certo? Estou a avisar meu amigo

sobre o quão terrível é o mar, todavia, ele só vê sua glória e o exalta."

O sábio olhou para o oceano, inspirou fundo e disse:

"Nem você, nem seu amigo estão certos ou errados. "

O jovem entusiasmado indagou:

" Como pode ser isso? "

" Não é uma questão de certo ou errado, meus jovens e sim de perspectiva.

Cada um tem um modo de ver o mar . Da mesma forma é a vida.

A diferença está em como vai encará-la : com cautela ou deslumbre.

Só vocês saberão se valeu a pena pensar do seu jeito ou não."