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• • 2: gorjeta • •

Na segunda-feira, fui fazer meu turno usual no trabalho. Para pagar as contas, eu trabalhava como garçonete em uma lanchonete próxima ao campus de uma faculdade comunitária.

Eu era uma recém-contratada e desde então estive trabalhando naquele lugar fazia quase uma semana e meia. Meu antigo emprego era, também, servir mesas, mas depois que o estabelecimento fechou as portas, tive que procurar outro empregador.

Pode parecer que estou sendo vitimista, mas não tive muitas oportunidades na vida. Falo especificamente de educação pós-secundária, que é uma coisa cara no país. Enquanto centenas de jovens eram sustentados pelos pais ou se endividavam para obter um bacharelado, eu me preocupava em manter um teto sob a minha cabeça e a de Madison. Ingressar em uma faculdade fazia parte de sonhos impossíveis.

Ao contrário de mim, Liam, você fazia faculdade. Naquele ano você estava concluindo o programa de créditos obrigatórios e logo iniciaria a graduação.

Aquela segunda era para ter sido mais um dia ordinário e pacato na minha vida sem graça. Entretanto, mais uma vez o universo conspirou contra o equilíbrio do mundo nos colocando no mesmo ambiente.

Algo ou alguém te fez aparecer no meu caminho pela segunda vez.

Eu estava num canto do balcão abastecendo os porta-guardanapos. Não via quem entrava ou saía da lanchonete. Em algum momento, você chegou com seus amigos e todos se sentaram a uma mesa, aguardando serem atendidos.

Emily, uma colega de trabalho, de repente chegou perto de mim equilibrando uma bandeja com pratos de comida.

— Devlin, eu acabei me enrolando. Pode cobrir a mesa nove para mim?

Ela nem sequer me esperou responder e deu o fora, o que me causou uma ligeira irritação.

Peguei o bloco, a caneta, e fui até a mesa.

— Já sabem o que vão pedir? — perguntei para o trio de rapazes.

Ao ouvir minha voz, você tirou os olhos do cardápio para me olhar.

Te reconheci no mesmo minuto, meus olhos se arregalando levemente. Pela sua expressão de surpresa, você também pareceu ter se lembrado de mim.

Esse mundo era mesmo pequeno.

Não tive um tempo adequado para digerir o choque que foi rever você, pois seus amigos começaram a fazer os pedidos. Anotei cada um deles.

Na sua vez, você apontou para uma coisa simples no cardápio.

— Quero isto aqui — você disse calmamente.

Conseguia sentir seu olhar cravado em mim enquanto eu anotava na comanda o que você queria. Eu também sentia os olhares descarados e curiosos dos seus amigos.

Eu não era estúpida, tinha plena ciência dos meus dotes físicos. Mas também não tinha do que me gabar. Sim, possuía meus atrativos, mesmo assim... eu era realista. Sabia que tinha uma beleza comum. Nada extraordinário.

Agora que pensei nisso, como será que você me descreveria?

Meus cabelos eram na tonalidade castanho-médio e curtos, batendo um pouco acima dos ombros. Eu os usava partidos para o lado, e o corte tinha as pontas alongadas na frente. Quanto aos meus olhos, eram verdes, uma herança genética maldita.

Por experiência própria, sabia que minha aparência despertava o interesse de determinados tipos de homens.

Mas não de qualquer homem.

Um dos meus braços era coberto por tatuagens. A parte superior da cartilagem da minha orelha direita era perfurada duplamente por um piercing transversal. O acessório prateado devia estar reluzindo naquele instante, pois eu havia colocado meu cabelo para trás da orelha.

Já você, Liam, não tinha piercings nem tatuagens. Seu corpo continuava intacto, inalterado. Suas roupas eram simples, porém de qualidade: uma camisa cinza-claro de manga comprida e calças jeans de lavagem escura.

Você passava toda aquela imagem de pessoa bem arrumada e certinha. Alguém que andava na linha.

Como pode ver, o contraste entre nós era gritante. Não combinávamos de forma alguma.

Depois que levei os pratos para a sua mesa, voltei para o meu posto em uma das extremidades do balcão, a fim de terminar de abastecer os porta-guardanapos. Eu erguia os olhos para você de vez em quando, para te observar interagindo com seus amigos.

Não sei por que fiz aquilo. Talvez algo sobre você tivesse me deixado intrigada depois daquele episódio na ponte. O quê, eu não sabia.

Você estava compenetrado, parecendo debater um assunto sério com seus amigos. Demonstrava completa segurança enquanto falava e você tinha aquele ar decidido de quando queria provar um ponto de vista.

Pouco depois, enquanto vocês ainda comiam, uma garota se aproximou de você para dizer alguma coisa, exibindo um sorriso acanhado. Você também sorriu para ela. O rosto da garota ficou inteiramente vermelho.

E o seu também.

O seu também.

Para ser justa, foi um leve rubor. Mas eu vi. Estava ali.

Meu Deus, você era tímido?, eu pensei. Como um cara que tinha praticamente se jogado para cima de mim, na ponte, podia ser tímido?

Tudo bem, a sua cor de pele não ajuda. Você fica vermelho por qualquer coisa. Quando está com raiva, quando faz esforço, quando está em êxtase. Ou como quando o clima está frio e seco e suas bochechas ficam rosadas.

Mas a questão é que você era bonito. Sua aparência estava dentro do padrão, nada estrondoso, mas ninguém podia negar, Liam. Você era bonito e a gente tem a mania de pensar que garotos bonitos são confiantes demais para sentirem vergonha, para ficarem sem jeito. E você ficou assim com aquela garota, ainda que por breves segundos.

Acho que vou morrer querendo saber o que ela te disse.

Em um dado momento, seus olhos avistaram os meus, que te observavam sem pudor. Pega em flagrante.

Meu coração foi parar longe e eu esperava tudo, menos que minhas mãos ficassem suadas. Infelizmente só me dei conta disso quando o porta-guardanapos que eu manuseava deslizou das minhas mãos para cair no chão com estardalhaço.

Meu chefe, que tomava conta do caixa, me fulminou com os olhos.

— Eu agradeceria se conseguisse terminar o expediente sem quebrar metade da minha lanchonete, Devlin — ele disse em tom de bronca, fazendo parecer que eu era uma pessoa excessivamente desastrada.

Eu não era, mas os poucos dias que trabalhei ali me ensinaram que Eddie adorava usar os nossos erros para nos constranger.

— Ele é um exagerado — Emily cochichou para mim, depois de ter servido outra mesa. — Então, o que achou daqueles caras?

— Que caras? Tem tantos por aqui — respondi, dando de ombros, e me abaixei para pegar o porta-guardanapos.

— Aqueles da mesa nove que pedi para você atender.

— Ah, aqueles.

— Especialmente aquele que você estava secando.

Então olhei para ela, notando como parecia chateada.

— Eu não estava secando ninguém — menti na cara dura.

Emily me deu um sorriso de escárnio.

— Eu vi você de olho em Liam Torres — ela insistiu. — O que quer que esteja pensando, nem tente. A melhor coisa que você faz é ficar longe dele, novata.

Dito isso, ela deu as costas para mim e partiu para anotar os pedidos de mais fregueses.

Aquilo foi inesperado. Estupefata com o comportamento de Emily era pouco para descrever como fiquei após aquele alerta. Diferente dela, eu não te conhecia. Não sabia quem você era.

Bom, na verdade agora eu sabia seu nome.

Liam Torres... O primeiro nome era doce e suave, e fazia contraste com o sobrenome forte de origem estrangeira.

Que dualidade. Que intrigante.

Fiquei me perguntando qual era a sua história com Emily, se é que havia uma.

Terminei de abastecer os porta-guardanapos e então te avistei se levantar do assento. Pensei que você e seus amigos estivessem indo embora, mas eles continuaram sentados tomando os refrigerantes.

Quando se levantou, você pegou a bengala que estava encostada na parede a seu lado e firmou a mão nela para começar a vir na minha direção.

Não, não tinha me esquecido da sua deficiência. Estava esperando o momento certo para revelá-la porque, ao contrário do que pensa, ela não foi a primeira coisa que notei em você. Ela também não foi a razão para eu ter te evitado no início.

Se quiser entrar na minha mente e me entender por completo, vai ter que encarar este fato.

Você era manco devido a um acidente de carro. Algo recente, até, considerando que ocorreu havia um pouco mais de um ano. Por isso, quando me agarrou na ponte e me puxou, você tinha largado bengala e tudo para me salvar. Foi por isso que naquele domingo que você saiu para exercitar as pernas, acabamos topando um no outro.

Desde então, nada mais foi o mesmo.

Apesar do burburinho na lanchonete, podia escutar a base da bengala batendo no chão e provocando um som pesado, como o de um tambor tribal ou algo do gênero, conforme você avançava para mim. Era um som forte, muito poderoso, que reverberava pelo local e fazia meu coração pular no peito sempre que eu o escutava.

Eu me senti ridícula. Estava tendo reações ridículas por causa de um barulho estúpido vindo de um homem que mal conhecia, que supostamente não fazia meu tipo.

Então você parou atrás do balcão, ficando à minha frente. A princípio, não dissemos nada. Um arrepio subiu pela minha coluna e minhas mãos estavam pegajosas de suor.

Eu tentava me entender, eu tentava te entender. E não chegava a nenhuma conclusão que fizesse sentido.

— É você... — você disse, soando mais como um sussurro. Como um segredo que só nós dois conhecíamos.

Havia um brilho nos seus olhos e você sorria de um jeito contido, mas que era todo cheio de significados, de intimidade.

— Sim, sou eu. Quem mais poderia ser? — perguntei com sarcasmo para apagar seu sorriso idiota e desconcertante.

Não funcionou, porque seu rosto se iluminou como se você estivesse diante da cura para o câncer. Como se tivesse encontrado o sentido para a vida.

O que você viu, Liam? O que te fez brilhar daquela maneira?

— Devlin, certo? — você continuou. — Quero me desculpar por ontem à tarde, por ter pensado que ia se jogar da ponte.

Dei de ombros.

— Pessoas cometem enganos o tempo todo.

— Quero me redimir com você de alguma forma — você prosseguiu, inabalável. — Conheço um ótimo restaurante que fica a poucas quadras daqui. Que tal nos encontrarmos lá, amanhã, no seu tempo livre?

Meus lábios se separaram diante da proposta feita logo de cara. Tínhamos acabado de nos conhecer e você já estava me chamando para um encontro.

Gostei da sua atitude, Liam.

O único problema é que encontros implicavam romance. Romance levava a relacionamentos. Relacionamentos aprisionavam.

Eu não estava à procura de nada disso.

— Não vai acontecer — eu disse secamente.

— Não seria um encontro.

— Não vai acontecer — eu repeti, uma nota de aborrecimento sobressaindo em minha voz. — Está atrapalhando meu serviço. Se terminou, já pode ir embora. — Eu esperava que a minha grosseria te espantasse para bem longe.

De todas as reações que poderia ter, você sorriu ainda mais. Um legítimo sorriso de como se estivesse se divertindo.

— Sou Liam Torres — você se apresentou e esperou por uma resposta. Percebendo que eu não diria nada, informou: — Tenho uma aula importante para comparecer agora. Se não fosse isso, eu não sairia daqui até convencê-la a sair comigo, Devlin.

Droga, por que eu te disse meu nome? Estava tão arrependida. Toda vez que você o pronunciava, saía daquele modo muito terno e íntimo que mexia com o âmago do meu ser.

Eu deveria estar irritada, sabe? Por você ter me jogado no chão. Meu cotovelo ainda doía da queda.

Mas não estava.

Foi com extremo alívio que vi seus amigos aparecerem te chamando, dizendo que estava na hora de irem embora. Vocês deixaram dinheiro sobre a mesa e depois seguiram para a porta de saída. No último segundo, naquele maldito único segundo antes de a porta fechar, você virou o rosto e me olhou por cima do ombro, como se tivesse tomado a decisão da sua vida.

E, naquele instante, a tragédia sorriu para nós.

Eu deveria ter temido o que vi em seus olhos, deveria ter acreditado no que eles mostraram. Mas eu subestimei.

Me arrependo disso também.

Voltei ao trabalho sob o olhar mal-humorado do meu chefe. Peguei um pano úmido e comecei a esfregar a mesa à qual você esteve sentado com seus amigos mais cedo.

Recolhi o dinheiro deixado por vocês. Na hora de contar as notas do seu monte, constatei uma discrepância.

Você tinha pagado bem mais do que a conta, deixando uma gorda e grande gorjeta para mim.

Meus olhos voaram para a porta, por onde você tinha acabado de passar. E, com isso, acabei de fazer a primeira de muitas constatações que — assim espero — estão por vir: a sua generosidade e o fato de que não fiz absolutamente nada para merecê-la.

Você era bondoso. Te amei imensamente por conta dessa qualidade. Você fazia coisas pelas pessoas sem esperar nada em troca. Você se doava ao que acreditava como se isso, por si só, bastasse.

O que era o oposto de mim. Eu estava mais interessada em salvar a minha pele e a da minha irmã do que prestar atenção nas necessidades dos que estavam ao meu redor.

A sua generosidade era incompatível com o meu egoísmo.

Alguma pequena parte de mim ficou encantada pelo seu lado bom. E por mais que eu relutasse em admitir isso, Liam, na noite daquela segunda-feira você não saiu dos meus pensamentos.

Naquele dia, você apareceu em meus sonhos pela primeira vez.

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