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• • 1: a ponte • •

Não são muitas as coisas que me fazem chorar.

Eu já li e escutei histórias tristes, presenciei injustiças e vivi momentos angustiantes. Ainda assim, foram poucas as vezes que caí realmente no choro.

Você pode achar que estou bancando a durona, mas me fazer chorar é difícil. Eu me envolvo, me emociono e meu coração pode até ficar abalado por um tempo, mas depois tudo volta logo ao normal.

Então me fale, como você conseguiu me reduzir a isso? A essa garota pateticamente sensível que chora toda vez que se lembra de você?

Em questão de meses. Você precisou de poucos meses para me transformar nessa jovem perdida e sem rumo após aquele adeus.

Recordar é triste demais. Doloroso demais. Cruel.

Nossas brigas me atormentam com frequência. As lágrimas ainda escorrem pelo meu rosto quando me pego lembrando de como nós éramos e como passamos a ser depois de toda a bagunça.

Mas, enfim, já aconteceu. Não adianta ficar se lamentando, certo? E se aconteceu, foi graças àquele maldito dia em que nos conhecemos. Aquele dia inesquecível... Inesquecível não pelo fato de termos nos visto pela primeira vez, e sim porque as circunstâncias que nos aproximaram foram totalmente inusitadas.

Sabe a que estou me referindo, não sabe?

Foram as circunstâncias, Liam, que fizeram daquele domingo um dia atípico e memorável.

Então chega de suspense. Vamos ao que importa.

Era um dia de passeio com a minha irmã mais nova. Usei aquela folga para passar um tempo divertido com ela, como não fazíamos há tempos.

Era para ser legal. E realmente foi, até ela começar a falar de Vince, nosso pai, enquanto estávamos dentro do ônibus a caminho de casa.

O que começou como um pequeno desentendimento virou uma discussão. Os detalhes da briga são irrelevantes. É muito provável que estivéssemos fingindo estar chateadas por besteira quando, na verdade, brigávamos por algo maior.

Eu raramente alimentava brigas com Madison. Éramos apenas nós duas no mundo. Se queríamos sobreviver, precisávamos do apoio uma da outra.

Mas naquele dia, ela mencionou o quanto tudo seria mais fácil se Vince estivesse vivo. Falou como queria que ele a levasse para algum outro lugar e cuidasse dela como o pai exemplar e carinhoso que imaginava que ele foi.

Irritada com aquele comentário de Madison, dei-lhe uma resposta ácida que trouxe uma expressão aborrecida em seu rosto. Ela me devolveu com uma provocação, e assim foi se transformando em uma bola de neve.

Os passageiros no ônibus nos olhavam. Não dávamos a mínima.

Como a irmã mais velha, sei que não deveria ter entrado no jogo dela. Mas foi difícil, Liam. Foi difícil ser sensata quando ela me acusou de amar uma assassina.

Eu quase perdi a cabeça.

— Você não sabe do que está falando — eu disse, procurando me controlar. — Vince era um idiota.

— Idiota é você! Só está dizendo isso para me irritar. E porque é uma invejosa. A culpa não é minha se ele gostava mais de mim do que de você.

Fechei os olhos e inspirei.

Uma. Duas vezes.

Fazia isso sempre que as palavras por muitos anos não ditas queriam escapar pela garganta. Eu não podia contar a ela. Que diferença faria? O ódio da minha irmã por mim só aumentaria.

No entanto, depois de tanto tempo calada, meu autodomínio estava ruindo. Apertei o pingente do colar que eu segurava, em busca de forças.

Madison não devia estar contente com meu silêncio e com o que isto significava, pois agarrou a corrente do colar e a tomou da minha mão.

Em questão de segundos, eu a vi ficar de pé ao meu lado. Erguendo o braço, ela atirou o colar pela janela do ônibus.

— Madison, não!

Isso doeu em mim, Liam, porque não teve a ver apenas com malcriação. Madison sabia a quem pertenceu aquele colar antes de eu ser a dona dele. Mais do que isso, ela sabia o valor sentimental que ele tinha para mim.

E simplesmente o jogou fora, para se livrar da última lembrança da nossa mãe que eu fazia questão de guardar comigo. Uma lembrança que a machucava tanto quanto ela me machucou naquele instante.

Não fiz nada. Não dei bronca.

Não gritei. Não surtei.

Acho que ela via o sofrimento e a decepção nos meus olhos. Meu silêncio foi o suficiente para fazê-la cair em si e se dar conta da maldade sem tamanho que tinha acabado de fazer.

Ela se encolheu em seu assento e não disse mais coisa alguma até chegarmos em casa.

Mais tarde, peguei aquela mesma linha de ônibus e desci na parada próxima à área em que Madison havia atirado o colar. Procurei pelo que pareceram horas... e senti vontade de chorar quando percebi que nunca o recuperaria.

O acessório não chegava a ser uma joia cara nem nada. A corrente era prateada e o pingente era uma linda borboleta em aço cirúrgico. Foi um presente que dei para a minha mãe no Dia das Mães. Ela usava bastante aquele colar.

No dia de sua morte, ela o tirou do pescoço. Ela sabia que, no momento em que pisasse fora de casa, não voltaria mais. Por isso deixou para trás todo e qualquer pertence que não lhe serviria.

Eu só me lembro de ter ficado muito triste naquele domingo enquanto caminhava sem rumo pela cidade. Entrei em outro ônibus e desci perto de uma conhecida ponte.

Não foi nada planejado. Eu não deveria estar naquele lugar.

Mas, estranhamente, algo havia me levado até ali.

Meu coração pesava no peito com as recordações que aquela ponte me trazia. O tráfego estava a todo vapor ao meu lado enquanto eu andava na área destinada aos pedestres.

Corredores, turistas e ciclistas passavam por mim, mas ninguém me notou de fato. Ninguém viu que eu estava tendo um dia péssimo. E tudo bem, afinal, não era problema deles. Não era papel deles se importar com uma desconhecida.

Ao achar um local, apoiei os braços sobre a grade e fiquei ali, contemplando o horizonte. A baía estava calma. Havia um casal de turistas a menos de dois metros de distância de mim tirando fotos.

O vento fustigava meus cabelos. A sensação de estar acima de toda aquela vastidão de água era indescritível. O perigo emanado daquele local era, de certa forma, envolvente.

Havia tanto para absorver daquela paisagem que eu não conseguia pensar. Melhor assim.

Olhei para o tráfego atrás de mim. Carros, ônibus, caminhões atravessavam a ponte. Então, voltei a olhar para a baía. Desafiando o perigo, subi na grade e me sentei sobre ela, de costas para a baía.

O casal de turistas, que agora estavam escorados na grade, imediatamente giraram seus rostos para me olhar.

— Você não vai pular da ponte, vai? — a mulher perguntou com um sotaque britânico.

— Não — respondi.

A ponte em que eu estava era famosa por causa das dezenas de pessoas que anualmente saltavam dela para se matar. Teve repercussão pelo mundo todo. Por causa da fama, foi batizada de "ponte dos suicidas".

— Está tudo bem mesmo? — dessa vez foi o homem que perguntou, desconfiado.

Sorri brevemente, apenas o suficiente para persuadi-los a me deixar em paz.

— Está, sim. Cuido de uma irmã pequena. A última coisa na qual eu pensaria seria suicídio.

O que eu disse pareceu convencê-los. Quando o casal foi embora, eu imprudentemente me coloquei de frente para a baía, minhas pernas para fora da grade, balançando acima das águas violentas do oceano.

Devo ter ficado naquela posição perigosa por uns três minutos.

Então, tudo mudou.

Tudo.

— Ei, calma! Espere um minuto!

Virei o rosto na direção da voz.

Pela primeira vez, eu te vi.

Você se movia furiosamente para mim, como se o mundo estivesse prestes a acabar. Você parou perto e se aproximou com cuidado, as mãos erguidas em sinal de "pare".

Uma mecha de cabelo castanho-escuro estava grudada à sua testa por causa do suor. Seus olhos eram cor de avelã e ressaltados pelos tons escuros das suas roupas esportivas.

— O que quer que esteja pensando ou sentindo, vai passar. Sempre passa. Só, por favor, não faça isso. Sua vida vale muito! — você disse apressadamente, o rosto corado pelo esforço físico de antes. — Qual é o seu nome?

— Devlin.

— Devlin — você repetiu, mais calmo. — Tudo bem, Devlin, compreendo que seu dia esteja sendo péssimo.

— Você não faz ideia — comentei, descaradamente te avaliando com os olhos.

Nós dois sabemos que o nosso não foi um caso de amor à primeira vista. Nem à segunda vista, ou à terceira vista... Por mais que a sua presença não me afetasse a ponto de me fazer perder o ar, você era bonito, Liam. Isso eu tinha que reconhecer.

Você tinha um porte esbelto e atlético, nada exagerado. A camiseta azul-escura que você usava deixava à mostra os bíceps malhados. O suor grudava as roupas de corrida ao seu corpo.

Era uma visão e tanto.

— A dor que você está sentindo neste momento deve ser pior do que a ideia de fazer isso — você argumentou cautelosamente, seus olhos atentos a mim. — Mas não precisa ser assim. Podemos conversar, se assim desejar.

Confesso, queria ver até onde você iria antes de eu desfazer o mal-entendido, mas aí seria maldade demais com um estranho que só estava querendo o meu bem. Dava para ver pela maneira como você me encarava que estava genuinamente preocupado.

Voltei o rosto para a baía, pensativa.

A verdade é que uma pessoa teria que estar no fundo do poço para ficar de pé naquela ponte e sentir vontade de transpor a grade. A vida teria que ter se tornado uma punição, um inferno, para quem quer que decidisse que soltar as mãos da grade e despencar de uma altura daquelas, para morrer com o impacto da queda, era a melhor solução.

Já houve sobreviventes, no entanto. Casos raros.

Minha mãe não foi um deles.

No que será que as pessoas pensavam enquanto esperavam para pular? Será que ela pensou na família que estava deixando, antes de dar cabo da própria vida?

Então, sem mais tempo para divagações, fui agarrada pela cintura e bruscamente puxada para trás. Caí com tudo em cima de você.

— Imbecil! — vociferei, te empurrando para longe. Me coloquei de pé sentindo o cotovelo doer. — Qual é o seu problema? Por que fez isso?

Após você se levantar, seu olhar encontrou o meu.

— Você ia pular.

— Eu não ia fazer uma coisa estúpida dessas!

Você continuou me encarando. A perturbação ficou evidente em seu rosto quando me viu esfregar o cotovelo.

— Você se machucou?

— Óbvio que sim. Você me puxou com tudo enquanto tentava bancar o herói.

Sua expressão tornou-se impassível. Era um mistério, para mim, o que se passava na sua cabeça. Tudo o que você fazia era me olhar. Os pelos da minha nuca se eriçaram como se num sinal de alerta.

Levei a mão até a parte de trás do pescoço, me perguntando por que aquilo tinha acontecido. Teria sido o vento frio? A raiva?

Você não desviava o olhar de mim. Era como se tudo e todos que nos cercavam não importassem. Nunca antes na minha vida havia me sentido tão percebida por um cara.

Se não fosse a irritação do momento, eu provavelmente teria me sentido um pouco constrangida.

Aliás, eu me senti, porque segundos depois escutei aplausos. Uma pequena plateia havia se formado à nossa volta e agora as pessoas batiam palmas para você, te parabenizando por ter me salvado de um triste destino.

Eu me senti uma tonta. Não sabia onde esconder a cara.

Já você, no que pensava? Será que achou mesmo que eu ia cometer suicídio e se sentiu aliviado por ter me impedido? Talvez orgulhoso, com a sensação de dever cumprido?

O que quer que estivesse pensando não fazia seus olhos saírem de mim. Você sequer dava atenção para seus admiradores. Havia algo no modo como você me olhava que até hoje não sei bem como explicar. Eu não estava atraída, mas você definitivamente conseguiu chamar minha atenção.

— Você vai ficar bem? — você perguntou a mim após demorados segundos.

Meu coração disparou. Como alguém podia mostrar tanta preocupação por uma desconhecida? Estaria tentando me seduzir e depois me sequestrar?

Generosidade vinda de um estranho levantava suspeitas em um mundo selvagem como o nosso.

Então você fez que ia se aproximar de mim, o braço esticado para me tocar. Estremeci só de imaginar seus dedos em minha pele, e nem sei por quê. Não tenho certeza do que teria acontecido a seguir se tivesse ficado lá parada, com você na ponte, pois dei as costas e te ignorei. Eu não era flor que se cheirasse e sabia disso, ao passo que você parecia ser um sujeito correto.

Apenas não contava com o fato de que nossos caminhos se cruzariam no dia seguinte.

De novo.

E de novo.

Até que foi ficando cada vez mais difícil não ceder a esta insanidade.

Liam, você sabe que não deveria ter me escolhido. Desde que pus meus olhos em você, eu vi o quão errado seria nós dois juntos. Eu vi que o trem sairia dos trilhos. Vi que perderíamos o controle.

E foi exatamente o que aconteceu.

O mais irônico é que tenho sofrido noites a fio, chorando por uma coisa que eu mesma destruí. Não tem mais conserto. A sensação é a mais frustrante possível.

De todas as verdades, esta talvez seja a mais óbvia: não deveríamos ter nos conhecido, mas nos conhecemos. E eu odeio esse dia agora, assim como estou odiando cada segundo que meu coração bate desconsoladamente por você.

Aquele domingo nunca deveria ter existido, porque ele foi tão deturpado quanto a maneira com que as coisas começaram entre nós.

Você apareceu do nada, com seu maldito desejo de me salvar.

Só que você entendeu tudo errado, Liam. Tirou conclusões precipitadas e simplesmente agiu. Você me confundiu com a donzela em perigo. Confundiu. Você achou que podia ser a porra do meu salvador.

No fim das contas, não era eu quem precisava ser salva.

Era você.

Alguém precisava te salvar de mim antes que fosse tarde demais. Mas nós dois sabemos que isso nunca aconteceu, ou não teríamos chegado até aqui.

E assim, o príncipe e a bruxa tiveram seus destinos entrelaçados para sempre.


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