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ZONA PROIBIDA
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OLIVER FERRI
Desço do carro, estressado com meu próprio atraso, e bato a porta, trancando-o. Caminho pelo estacionamento quase vazio até a entrada do clube e vejo Jon me esperando na porta perto de um vaso de palmeiras, parecendo bem impaciente.
— Está atrasado — ele dispara assim que chego perto o suficiente. Reviro os olhos e passo por ele sem vontade de rebater que ele nunca chega na hora.
— Culpe o trânsito. Gregory está por aí? — ajeito a mochila no ombro.
— Sim, chegou tem uns poucos minutos e se disponibilizou para alugar nossos tacos para o jogo — responde e eu franzo a testa.
— E você o deixou ir pagar? — levanto a sobrancelha, surpreso.
Para um puxa saco, Jon deixa de fazer as menores cortesias. Meu melhor amigo é uma das pessoas mais astutas que eu já vi em atividade no tribunal, mas por incrível que pareça, consegue ser muito lento com a vida real. Ele arregala os olhos.
— Merda, você tem razão!
— Espera aí... — tento chamar, mas é tarde. Ele corre para longe sem olhar para trás. Balanço a cabeça e vou em direção dos armários para guardar minha mochila e pegar minhas luvas para o golfe.
O dia está quente e vai ser bom tomar um banho de piscina depois da partida.
Honestamente, não sou fã de golfe, acho tão entediante quanto pescar, mas se meu chefe tão recluso me convida, quem sou eu para negar?
O fato é que eu também sou um puxa saco. Por vezes, compensa, mas não estou a fim de prestar esse papel hoje, ainda que devesse. Logo mais o velho Gregory se aposenta e seu sucessor pode ser o Jonathan ou eu. Nós dois sempre estamos competindo por algo e agora é pela posição de CEO. Estou louco para tomar o cargo de Gregory e espero que a promoção venha antes que um de seus filhos legítimos decida que quer ser o chefe e coloque em prática o bom e velho nepotismo.
Fecho o armário e vou para a área da piscina vestindo as luvas, pensando em analisar o movimento. Felizmente, não está lotado.
De um lado, temos as cadeiras de praia, todas ocupadas por mulheres em busca de um bronzeado. Dentro da piscina, algumas crianças brincam e agitam a água ao lado de seus pais, que se divertem em tentar contê-las.
Do outro lado estão os chuveiros, dois dos seis sendo usados. Um rapaz sai dali e mergulha na piscina, contudo, meus olhos se detêm na mulher que estava do seu lado. Não é difícil encontrar mulheres bonitas por aqui, mas essa... uau.
Tiro os óculos escuros para ver melhor o seu corpo.
Ela passa as mãos nos seus longos cabelos e está com os olhos fechados, aproveitando o banho. Me sinto sujo de assistir um momento desses, só que simplesmente não consigo me obrigar a desviar o olhar de seu biquíni tão chamativo.
Ela parece ter sido esculpida, Jesus Cristo, que corpo maravilhoso.
Não que eu seja ganancioso, mas daria muitas coisas para ter uma modelo dessas nua na minha cama. Cravo os olhos em sua costela direita quando ela se vira para desligar o chuveiro, atraído pela tatuagem de uma rosa com os traços finos, e puxo um chiclete de menta do bolso, jogando-o na boca.
De repente, a temperatura sobe uns vinte graus.
Tenho que ir encontrar Gregory e Jon, penso, tentando me concentrar. Seria interessante se ela estivesse por aqui quando eu voltasse.
Masco o chiclete, pronto para me afastar, contudo, me assusto ao sentir um toque no meu ombro. Coloco os óculos de volta no rosto e me deparo com Jonathan.
— Pronto, Ollie? — ele ajeita o boné azul na cabeça e eu sorrio.
— Claro, eu só estava olhando...
— Espera aí — ele me interrompe, mirando por cima do meu ombro. — Ellie! — grita e eu acompanho o seu olhar.
A mulher que eu dissecava há pouco para no meio do caminho para o seu mergulho e nos olha. De primeira, penso que ela está olhando para nós por causa do escândalo de Jonathan, mas aí ela coloca a mão no quadril e assim fica. Esperando.
Ah, não, não, não. Fecho os olhos e começo a rezar. Não, não pode ser.
Faço careta e viro a cara, querendo me enfiar em um buraco ao sentir meu estômago embrulhar. Ela não pode ser...
— Logo mais nos juntamos a vocês! — Jon continua e eu encaro o chão.
Graças a Deus que ele me interrompeu, senão eu falaria uma merda das grandes.
Tinha me esquecido que ele traria sua filha. Faz mais de dez anos que eu não a vejo e tento não me julgar por não ser capaz de reconhecê-la. Ela acena e pula na piscina, cobrindo o nariz.
Me afasto com Jonathan, tentando não parecer tão incrédulo. E pensar que se eu estivesse sozinho por aqui, não hesitaria em ir até ela. Isso é tão errado.
— Aquilo era uma tatuagem? — ele pergunta para mim, demorando-se um pouco. Me recuso a olhar de novo.
— Quê? — finjo não ter ouvido. Não sei, Jon, não faço ideia. Sequer reparei na sua filha.
— Esquece. O que você ia dizer? — ele me acompanha. — O que você estava olhando?
— Nada de importante.
[...]
O jogo foi péssimo porque eu perdi de lavada. Isso atingiu meu ego e meus instintos competitivos, mas consegui me conter, sentindo uma forte vontade de esganar Jon quando ele se gabou de seu segundo lugar.
Determino aqui que detesto golfe com todas as minhas forças.
Conversei muito com Jonathan e o chefão e distraímo-nos com papo furado, falando sobre os outros com quem convivemos e sobre a vida pessoal de Gregory.
Ele é um homem com sessenta e oito anos, no entanto, está em ótima forma — embora tenha encolhido bastante desde que nos conhecemos. Seus cabelos crespos estão todos brancos, me fazendo pensar em algodões e cotonetes, e eu faria uma brincadeira com isso, mas deixo para lá porque ele faz do tipo orgulhoso.
Ele parece muito com uma versão fajuta do Morgan Freeman.
Dado certo momento em nossa partida, ele tirou o boné e passou o dorso da mão na testa suada.
— Acho que eu estou precisando de um banho. — Sorriu e nós demos um fim à partida, para a minha alegria.
Quando voltamos, eu sou o primeiro a terminar de me trocar e ir para a piscina.
A primeira coisa que noto é a filha de Jonathan do outro lado, encostada na borda enquanto conversa com um bando de rapazes que a orbitam. De onde surgiram? Não faço ideia, contudo, não foi somente a minha atenção que ela cativou, é claro.
Como se soubesse que era observada, a mais nova olha para mim longamente e... Bem, é inapropriado expressar o que pensei. Sacudo a cabeça e afundo na água para diminuir o calor e molhar os cabelos outra vez, depois do chuveiro. Quando volto à tona, esfrego o rosto e olho para a minha direita, em direção das cadeiras de praia.
Percebo que uma loira platinada bebendo champanhe me disseca com os óculos de sol na ponta do nariz sem a menor discrição, mas não dou muita atenção, apoiando os cotovelos na borda e relaxando na água fria.
Olho para Ellen Clarke mais uma vez e me obrigo a parar. Jovem demais, jovem demais.
À primeira vista, eu a daria uns vinte e dois anos, porém, agora sei que fez dezenove semana passada. Não importa a idade dela, me recordo. Ela acaba de se tornar intocável para mim. Infelizmente.
— Oliver — Jonathan me assusta outra vez. Cismou de chegar de mansinho, imagino. Ele se senta do meu lado nos degraus submersos com os olhos fixos no outro lado da piscina. — Quem são aqueles?
— Não sei, e, honestamente, duvido que ela saiba — provoco e ele me lança um olhar aniquilador.
— Ellen! — ele grita e a Clarke Junior se vira para nós, perdendo o sorriso encantador lentamente. — Vem aqui, querida. — Jon acena.
— A está envergonhando — forço um sorriso para a mais nova, que continua estagnada em seu lugar.
— Tudo para tirá-la de perto dos lobos — ele mal mexe os lábios e Ellen mergulha, vindo nadando até nós. Um dos rapazes que estava do seu lado se senta na borda da piscina e acompanha seu biquíni debaixo d'água com muita empolgação. Cretino.
A Clarke surge na nossa frente como uma sereia e amarra a cara.
Ela é ainda mais linda de perto. Sério. Chega a ser incabível uma mulher dessa ser fruto da arte de alguém tão comum quanto Jonathan.
Noto que seus olhos são claros; eles têm um bonito tom de amêndoa e é hipnotizante assisti-los cintilando com o reflexo da água. Por um segundo, acompanho o trajeto da água que escorre pelo seu rosto, desce o pescoço e passa entre os seus seios empinados.
Para. Ela não.
Olho para cima, me xingando. O céu está despido de nuvens, é uma imensidão azul com o sol brilhando perto do pico.
— O que foi? — a mais nova pergunta rispidamente.
— Queria mostrar a Oliver o quanto você cresceu — Jon inventa a desculpa na hora e ela me fita com seus olhos afiados de uma raposa. — Lembra dele?
— Vi em fotos — ela me mede de cima a baixo com a sobrancelha erguida. — É mais velho ao vivo.
— Continuo saudável como um touro — sorrio, intrigado com sua audácia de me chamar de velho na maior cara dura. Meu amigo ri.
— Se você diz — ela dá de ombros e nós nos voltamos para Jonathan, eu, indignado, e ela, indiferente. Essa... — Acabou?
— Ainda não — Jon resiste. — Quer comer alguma coisa? — a mais nova hesita um momento, pensando.
— Pode ser. Nem eu nem Louis trouxemos dinheiro.
— Não tem problema. E seus outros amigos, vão junto? — ele não podia perder essa. Sua filha olha por cima do ombro e eu me pergunto qual deles é o Louis.
— Não são meus amigos — ela conclui.
— Que bom — ele a faz revirar os olhos.
— É, que seja.
Coço a nuca, desconfortável com o clima tão amistoso entre pai e filha e Ellen volta a me olhar. Com um mero contato visual, entendo que ela continua sendo uma garota atentada. Ela me mede de cima a baixo mais uma vez e se afasta com os olhos fixos em mim.
— Vou avisar Louis.
Começo a ficar inquieto sob sua lupa, ela não é nada discreta e seu pai cruza os braços, olhando para mim depois para sua filha, irritado. Checo a loira da minha direita, aquela do champanhe. Parece um sinal do universo quando ela sorri para mim. Eu poderia me aproximar dela, os sinais eu recebi. Mas eu tenho uma preferência pelas morenas...
— O que ele é seu?
— Meu melhor amigo, Jonathan. Desde criança. — Ellen emburra-se.
— Não me lembro dele... — Meu amigo franze a testa e eu resisto à vontade de o dar um tapa na nuca. É óbvio que ele falou a coisa errada. Sua filha sorri, amargurada.
— É claro que não. — Aí ela mergulha e nada de volta para os garotos.
— Você precisa pensar mais antes de falar com ela — aviso, e esse é o meu conselho mais franco do dia.
— O que foi que eu fiz?
Estalo a língua e balanço a cabeça.
— Deixa pra lá.
Ellen se aproxima de quem deve ser o tal Louis e sussurra no ouvido dele. O garoto dos cabelos lisos recusa a proposta, balançando a cabeça e Ellen aquiesce, nada para a borda e se apoia, pegando impulso para sair da água. Os rapazes, fora Louis e o garoto cacheado de coque ao seu lado, param o que estão fazendo para olhá-la.
— Me defenderia num caso de homicídio? — Jon me pergunta.
— Apenas um? — devolvo e finjo que não olhei para a linda bunda dela também.
— Três. Três homicídios — ele se corrige.
— Se não houver testemunhas.
— Merda, vou ter que te matar também — ele me olha com dissimulado pesar e eu rolo os olhos. Ellen some de vista e eu decido sair da água. — Aonde vai?
— Comer alguma coisa.
— Acompanha a Ellen, por favor? Eu vou conversar com Gregory, ela me assusta demais. — Ele arregala os olhos e eu levanto os ombros. Não, não me incomoda em nada ficar sozinho com sua filha perigosamente gostosa.
— Tá, sem problemas.
— Depois eu te pago. — Ele grita nas minhas costas quando me afasto.
— Não vai precisar! — sacudo a mão por cima do ombro.
Respiro fundo e vou para o vestiário pegar uma toalha... para ir chamar a filha do meu melhor amigo para almoçar. Como abordá-la e fazê-la me acompanhar?
Céus, isso vai ser uma tormenta, eu posso prever.
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ELLEN CLARKE
É bom demais estar seca! Aliviada, coloco meu vestido tubinho branco e penteio os cabelos para trás pacientemente na frente do espelho de corpo do vestiário. Depois de três horas torrando na piscina, o mínimo que tenho que fazer é me abastecer. Louis está muito bem acompanhado para me preocupar com ele.
Solto um suspiro e volto para o armário para guardar a escova. Jonathan disse para eu trazer uma roupa mais social porque seu chefe estaria presente e jantaria conosco, coisa que eu não entendi, já que para mim qualquer interação com o chefe é uma continuação do trabalho, mas ele jurou que não trataria de negócios hoje.
Veja a minha cara de quem acredita.
Como eles acabaram de entrar na água, creio que terei um tempo de sobra para gastar rebolando por aí que nem uma otária. Tudo bem por mim.
Deixo o vestiário com o som dos meus saltos batendo contra o chão de pedra e espero que meu prezado pai me dê a sua carteira para que eu possa me ocupar com uns petiscos enquanto os espero ou coisa assim. Talvez eu devesse passar em uma das lojas de roupas de banho e raspar o cartão dele com novos biquínis.
Isso o deixaria irritado e eu ganharia mais fios dentais. Não vejo contras.
— Clarke? — uma voz me chama e eu paro de andar, curiosa ao ser arrancada dos meus devaneios.
Olho por cima do ombro, deparando-me com o melhor amigo de meu pai se desencostando da parede do vestiário. Eu pararia por ele mesmo que ele não pedisse. O homem vem me abordar só de toalha na cintura, olha, tenha misericórdia da minha pobre alma.
Homens, por que é tão difícil achar homens bonitos? me pergunto sem me referir a este diante de mim. Por que não tem mais homens como ele?
Uma vez que botei meus olhos nele é inegável que eu encontrei o meu tipo ideal. Ele é bastante alto, tem ombros largos e uma barba que lhe cai muito bem. Seus cabelos são castanhos em um tom profundo de chocolate e estão bagunçados, os olhos são azuis e tempestuosos. São gelados.
Ele tem um rosto muito mais agradável do que nas fotos que eu costumava admirar lá em casa. Admito, quando menor, por volta dos meus doze ou treze anos, tive uma queda monstruosa por ele, e nós não tínhamos contato nenhum nessa época.
Eu não o via desde criança e, quando fui mexer no álbum do dia do casamento dos meus pais por causa de um trabalho da escola, o encontrei e fiquei levemente obcecada. Ele sempre foi insuportavelmente lindo.
Naquela imagem em especial, acredito que ele tinha dezenove anos, a idade que tenho hoje. Ele sequer era o foco principal da câmera e conseguiu roubar toda a atenção para si ao mexer nos seus cabelos e olhar sério para o lado.
Por dias, fiquei observando aquela foto antes de dormir, fantasiando que ele era o meu namorado.
Eu deixaria muitas amiguinhas com inveja só por estar falando com ele agora.
Ele envelheceu que nem vinho e eu contenho a minha vontade de suspirar. Como já tive bastante do seu rosto, meus olhos descem para a barra de sua toalha, concentrados naquele V maravilhoso que leva a Deus-sabe-aonde.
Como sei que ele olhou para meus peitos mais cedo, considero-nos quites. É, papai, ele viu como eu cresci.
Oliver é meu tipo ideal não apenas porque ele é gostoso, mas também porque as probabilidades de eu o ter são baixas. Me amarro em caras mais velhos e em desafios, porém, não acredito que o melhor amigo do meu pai toparia ficar comigo só para eu matar a curiosidade de saber se ele é tão saboroso quanto aparenta ser.
Né?
— O que foi? — finjo desinteresse.
Ele se aproxima de mim, cruza os braços musculosos e eu me sinto encolher quando ficamos frente a frente. Admiro seus olhos azuis sentindo alguma tensão na base da coluna. Cerro os punhos e ergo o queixo para desafiá-lo. Eu intimido os homens, não o contrário.
— Seu pai me pediu para acompanhá-la. — Ele fala com uma voz tão atraente, muito parecida com a que eu costumava sonhar que ele tinha. Dou risada e mordo o lábio, controlando meus pensamentos.
Jon não está por perto, portanto, não preciso fingir que não babaria seu melhor amigo se ele me pedisse.
— Tipo o quê? Meu guarda-costas? — levanto a sobrancelha, debochada. Aquela Ellen que era obcecada por ele surta de excitação quando ele passa a língua na bochecha e me mede de cima a baixo. Vai, pode tirar uma foto.
— Eu só vou pagar seu almoço, garota, depois disso não vou me importar em saber onde você está — finalmente reparo a carteira grossa que ele segura. Ah, assim eu me apaixono.
— Hm — cruzo os braços debaixo dos peitos e faço beicinho, pensativa. — Não vai se importar nem um pouquinho? — Deixo minha voz mais meiga e ele fica intrigado por um segundo.
— Você vem comigo ou não?
— Calma, papi. Está estressado demais, quer uma massagem? — o lanço um olhar sugestivo e Oliver levanta as sobrancelhas, surpreso.
— O que você disse?
— Qual parte precisa que eu repita?
Desacreditado, ele estreita os olhos e inclina a cabeça para o lado. Sem querer embarcar na conversa, o mais velho me dá as costas e segue para onde deveria ser o restaurante.
Tenho vontade de rir. Meu ataque foi totalmente gratuito, mas ele é uma gracinha e eu não deixaria essa chance passar. Não tenho mais doze anos e minhas fantasias com ele, definitivamente, não são as mesmas.
Ajeito os peitos dentro do vestido, bagunço os cabelos e vou atrás do grandalhão em passos apressados.
— Não devia falar comigo desse jeito, Clarke Junior. — Ele censura sem me olhar e eu pisco inocentemente.
— Eu não estou fazendo nada! — digo, como uma puritana. — Sabe, senhor sei lá o quê, Jonathan deve ter o dito algo assim, é como seu mantra pessoal: só vai te abalar se você permitir — encaro seu perfil, buscando não me abalar demais com sua aparência. — O senhor permite que eu o abale?
O moreno me olha severamente, seus cabelos molhados e espetados pingam no seu rosto esbelto e eu temo levar uma bronca. Mas ele sorri divertidamente e balança a cabeça. Não faz isso comigo, gatinho, que sorriso lindo.
— Se quiser chatear o seu pai flertando comigo, vai ter que tentar outra coisa — diz, fazendo-me revirar os olhos.
Entro na sua frente e o obrigo a parar, colocando a mão no seu peitoral que balança a minha libido.
— Se eu quiser chatear Jonathan, eu mostro meus peitos para aqueles rapazes lá na piscina. Você não está na piscina, está? — abro um sorriso sacana. Estamos só nós dois aqui. Ele não responde. — Se fosse para cutucar o meu pai, eu faria na frente dele.
Oliver não tem argumentos contra isso. Ele suspira.
— Eu não sou pago para isso — resmunga, impaciente.
— E eu aceito seu convite para um encontro — brinco, atraindo outra vez seu olhar sério.
— Sou velho demais pra você, garota.
— Um: eu sou de maior, então se dirija a mim como mulher. — Aproximo-me dele e ergo os dedos, enumerando. — Dois: calma, querido, estou zoando com você. Três: você não é nada meu. E quatro... — solto uma risada maliciosa. — Quatro podem ser as posições que nós vamos ficar, se você pedir com jeitinho — baixo o tom e Oliver comprime os lábios, engolindo em seco.
Ele me fita por uns segundos, controlando-se.
— Para com essa brincadeira — ele abaixa o tom.
— Você vai me obrigar, papi? — debocho.
A tensão palpável aumenta ao nosso redor. Costumo adorar brincar com minhas presas e como ele não pode ficar comigo, é ainda mais divertido. Querer não é o mesmo que poder. E eu sinto, lá no fundo, que ele quer, só não pode. Até onde ele consegue se segurar? É algo para se pensar a respeito.
— Isso é inapropriado, Clarke.
— Meu nome é Ellen. — De algum jeito, me irrita que ele fale com esse tom.
— E para senhorita, senhorita Clarke, eu sou o senhor Ferri. — Ele continua como se não tivesse me ouvido e dá a volta em mim, passando-me para trás.
Isso era para me calar ou me deixar excitada?
Quando decido insistir na brincadeira mais um pouco, o sigo e o encontro sentado em uma das mesas próximas do pilar do quiosque, essa zona aberta e bem ventilada. Determinada, sento-me de frente para ele com muita calma e classe. O senhor Ferri passa a língua na bochecha outra vez e chama o garçom.
— Quantos anos tem, senhor Ferri? — debruço-me na mesa redonda que nos separa, e coloco o insignificante jarro de flores falsas para o lado, querendo ver melhor seu rosto.
— O suficiente para ser seu pai — ele responde sem dar atenção e eu afundo na cadeira quando o garçom chega.
Olho a tatuagem de mandala em seu antebraço direito, fechando-o em um desenho perfeito, e me pergunto por que ele a escolheu para ficar no seu corpo. Não sabia que advogados podiam ter tatuagem, mas ele pode escondê-la facilmente sob punho do terno. Ele não tem nenhuma aliança no dedo, então nossos caminhos estão livres fora o empecilho que meu pai é desde sempre.
Oliver coloca o jarro entre nós outra vez e eu o tiro outra vez. Em matéria de implicância, ninguém ganha de mim.
— Eu vou querer uma marguerita, por favor — Oliver pega o cardápio que lhe é oferecido. — De limão. — Os dois me olham brevemente. — Ela não vai beber nada.
— Ah, que fofo, respondendo por mim — sorrio e me volto para o garçom, que descubro ser um garoto. Não deve ter mais de dezesseis pela sua carinha de bebê e olhos grandes. — Eu vou pegar uma marguerita de morango, meu anjo. — Espio Oliver, desafiando-o a se meter para avisar que eu não tenho vinte e um ainda.
Ele não se mete, como é esperto!
— Fique tranquilo, papi, depois eu pago pra você. — Oliver me olha torto com a provocação e tudo o que eu faço é sorrir.
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