Stigma pt. 1
Anaíz P.O.V
Pouco tempo depois de Kwang ir embora, peguei a bolsa que Jimin trouxe com as minhas coisas e fui com ele até o carro. Ele me deixaria em casa. No caminho, dentro do carro, um estranho clima feliz residia lá dentro.
- Eu ainda não acredito que você fez a ficha da Kwang cair. Tão rápido. Com um soco. - Jimin diz. Impossível não rir. Ele é tão bobo.
- Foi com um pouco mais do que um soco, querido. Tive que falar algumas coisas também. - Digo.
Ele concorda e continua dirigindo.
- A última coisa que eu esperava de hoje, era ter a bênção dela. Mas que bom que aconteceu. Admito que é bem melhor do que odiá-la. - Ele diz.
- É verdade. Eu ainda estou surpresa com como eu mesma lidei com a situação, por mais que eu não tenha começado muito pacificamente. Eu me fiz ser mais amigável porque...senti que ela precisava disso.
- Você fez certo. De verdade. Eu penso assim. - Jimin sorri, olhando pra estrada. - E então...o que vai fazer hoje?
- Bom...eu estava pensando em adiantar meu trabalho da escola e depois eu não sei. Talvez...falar com o Tae. - Digo, lembrando da última vez que nos falamos.
- Ah, falando nele...tem notícias? Ele deu uma sumida.
- Não. Eu realmente não faço ideia de por onde ele pode estar. Não tivemos um fim de conversa muito feliz da última vez que conversamos e é por isso que eu queria tentar vê-lo. - Olho para minhas pernas, me sentindo um pouco triste, de repente.
- Vocês brigaram?
- Não foi uma briga...mas o clima certamente ficou muito pesado. Eu...sinto que ele está escondendo as coisas de nós. E isso me preocupa. - Explico.
- Não é a única que repara isso. - Olho para ele. - O Taehyung realmente não fala muito da vida pessoal dele pra gente. - Jimin deixa seu sorriso de lado. - Eu me pergunto se ele é realmente feliz. Assim como eu faço com os outros garotos e fazia comigo mesmo. Todos nós temos muitos dias turbulentos. Até mesmo o Namjoon já teve problemas por ser meu amigo. Tudo por causa da desavença entre a família Kim e Park. Essa merda de conflito de empresas é ridículo e sempre saímos prejudicados. Mas ao menos conseguimos "superar" isso e...temos pessoas especiais pra passar os tempos bons e ruins. Além de sermos muito amigos também.
- É...eu sei.
- Eu ainda não tenho certeza sobre o bem estar dos outros. Desde que você chegou, eles parecem melhores. Mas eu ainda acho eles muitos ausentes e temo que escondam seus problemas. E eu queria que eles fizessem exatamente o contrário.
- É exatamente o que eu queria. Porra...eu entendo que a vida é deles e eles tem direito de não querer contar, mas olha pra esse maldito jogo. Estamos nessa pra formar uma merda de um casal, não estamos? Como que eu casal vai esconder coisas um do outro? Eles pretendem me contar coisas graves só quando e se ficarmos juntos? Cara, somos amigos. Eu tento parecer confiável e isso me faz sentir um lixo, isso sim. - Respondo, frustrada.
Isso é algo que eu guardo muito pra mim, e que eu queria muito que mudasse.
Meu coração fica pesado achando que eles não confiam em mim, quando eu tento não esconder nada deles.
Inclusive, eu quero poder falar pra todos eles em breve sobre o meu problema familiar. Eles precisam saber como eu vim parar aqui e por quê.
- Princesa, só perdoa o nosso pé atrás com tudo e não desiste da gente. Eu também sou assim às vezes, mas eu juro que no fundo, eu entendo eles.
- Não se preocupe. Eu não desistiria de vocês, de qualquer forma. - Respondo.
Jimin sorri, e continuamos no caminho para o residencial, que eu já estava até sentindo falta. Esse tempo que passei na casa dos Park pareceu uma eternidade. Uma doce eternidade.
Quando chegamos lá, paramos na frente de casa e Jimin abre a porta para que eu desça do carro.
Na porta de casa, e viro na direção de Jimin. Ele me observava com olhares estranhos. Sua cabeça levemente inclinada pro lado, um suave sorriso e suas mãos nos bolsos da calça. E seus olhos...grudados em mim.
- O que foi? - Pergunto.
- Tem... - Ele olha de relance pro chão e olha pra mim novamente. - ...uma coisa que eu quero muito poder te dizer. Eu acho que eu já disse mas...queria te dizer isso como um homem de verdade.
- Ué. Era uma menininha antes? - Ele ri.
- Engraçada você. É forma de dizer. Você entendeu. - Ele tira suas mãos do bolso e segura minhas mãos, mesmo com a bolsa de roupas nelas.
- Eu só vou dizer de novo se você me proporcionar a oportunidade. - Ele diz.
- Mas...você pode falar agora. - Jimin nega.
- Eu não sou um homem pra você agora. Quem sabe em algum tempo eu possa te dizer. - Ele olha pra casa ao lado, do Taehyung. - Você ainda tem muito o que viver. Quando isso tudo acabar, a oportunidade virá...ou não.
- Eu...não sei se entendo o que você quer dizer.
Ele sorri e se aproxima de mim. Levanto meu rosto pra não tirar meus olhos dele. Ele aproxima seu rosto do meu até que nossos narizes se toquem.
- Você vai entender. Mas não hoje. - Ele eleva seus lábios e beija minha testa. - Agora entra, princesa. Eu vou voltar pra casa. Tem algumas coisas que eu preciso fazer.
- Tudo bem...eu vou entrar.
Jimin solta as minhas mãos e se afasta, indo até seu carro. Ele dá a partida, abre a janela do passageiro e olha pra mim de lá. Jimin sorri e acena, piscando pra mim. Aceno de volta, sorrindo, antes que ele suma de dentro do residencial.
- Até a próxima, Park Jimin.
Kim Taehyung P.O.V
Eu me sinto um lixo.
Parece que minha alma está prestes à sair do meu corpo e que nunca mais vou ver ninguém que importa pra mim. E não é só porque estou com o corpo todo machucado. Tudo bem que a minha costela dói como o inferno, tem sangue escorrendo da minha boca, tem hematomas pelo meu corpo todo, estou mancando e vários outros machucados pequenos marcam minha pele. Também não é só porque eu estou bêbado e sentindo vontade de vomitar, ou porque minha visão está embaçada e além de estar mancando, estou cambaleando. Nem é a dor de cabeça que me preocupa.
Tudo isso é consequência de algo que eu fiz, e eu sabia que aconteceria. Eu deixei acontecer. E não me importo se continuar acontecendo.
Eu só queria ver ela. E por causa dessa vontade, eu fui pego. Eu a vi? Sim, eu a vi. Então valeu a pena.
Agora eu estou andando até o residencial, num fim de tarde muito frio, torcendo pra que ninguém tente me ajudar. Eu não quero que ninguém me veja desse jeito.
Ainda falta um pedaço pra eu andar, e acho que até chegar lá, já estará escuro, então talvez nem os garotos ou Alícia me vejam. E espero que Anaíz ainda não esteja em casa. Da última vez que a vi, quase contei tudo pra ela.
Esses pensamentos todos passam pela minha cabeça com clareza, como se eu nem estivesse bêbado. Apenas porque já estou acostumado com o gosto amargo da bebida, e quando se trata de pensamentos negativos, é fácil pensar.
Quando chego na entrada do residencial, olho para o pátio não vejo ninguém. Já estava escuro. Devem estar se arrumando pra dormir.
Apoio meu corpo no portão, e ponho a mão na costela. Eu estou morrendo de dor. Fecho os olhos e cerro os dentes.
Essa dor de cabeça, essa dor na costela, essa dor no peito. Como cheguei até aqui?
Parece que quanto mais me aproximo da porta de casa, mais longe eu pareço estar. Quando estou quase chegando lá ouço uma voz. Uma voz de mulher. Com muita dificuldade, viro meu rosto pro lado, e vejo uma pessoa iluminada. Um anjo? O que está acontecendo? Eu morri?
- Taehyung!! - Ela grita meu nome, apoiada na cerca de sua varanda. Sou incapaz de responder, entretanto.
Ela desce de sua varanda e vem correndo na minha direção, iluminando o caminho até chegar em mim. Ela se abaixa na minha frente. Acho que estou jogado no chão da minha própria varanda. Meu anjo parece falar alguma coisa, mas só o que me lembro, é de ter apagado nos braços dela, sorrindo.
2:54 AM
Acordo com uma dor de cabeça ainda maior que a que eu sentia antes. Abro os olhos lentamente. Eu não estava no chão. Eu não estava nos braços de alguém. Eu também não estava sendo pisado por ninguém como mais cedo. Eu estava deitado no sofá de uma casa.
Ergo meu tronco devagar, e sinto uma pontada de dor na costela. Olho na direção da dor e percebo que estou sem camisa.
Haviam alguns curativos espalhados pelo meu corpo, e eu sentia um cheiro forte de remédio e vômito. Vejo um balde ao meu lado e percebo de onde o cheiro de vômito vinha. O de remédio provavelmente era dos meus ferimentos e hematomas. Mas quem tinha feito os curativos? Como cheguei aqui?
Eu também estava apenas de meia, e na mesa de centro da sala tinha uma maleta aberta com gaze, remédios e esparadrapo. Havia também um pano úmido e uma garrafa de água. Encontro minha camisa esticada no encosto do sofá onde eu estava.
Olho para os lados, procurando por alguém que nem eu mesmo conseguia imaginar. Talvez porque era muito difícil pensar claramente em quem eu conhecia, onde eu estava ou até quem eu era. Parecia estar tudo embaralhado e estranho.
Passo minhas mãos pelos cabelos e sinto um gosto ruim na boca.
Porra, o que aconteceu?
- Taehyung!!! - Ouço chamarem um nome, e olho na direção de onde veio.
Vejo uma garota muito bonita. Muito. Era linda. Mesmo com uma estranha expressão de preocupação, ela era linda e super atraente.
Ela estava segurando uma bandeja com suco de uva e sopa. Eu não sabia quem era, mas certamente gostaria de saber. Ela parecia brilhar de tão linda.
- Taehyung, como você está? - Ela se aproxima de mim e deixa a bandeja na mesa. Se abaixa na minha frente e segura minhas mãos. Olho para minhas mãos sendo seguradas pelas dela e depois olho em seus olhos preocupados. - Por que você não fala nada?
- Quem é você? Você é tão bonita... - São as únicas palavras que consigo dizer. Ela parece estranhar.
- Quem sou eu? Como assim? - Ela põe a mão na minha testa. - Você está fervendo de novo. Deita, eu vou te dar água pelo canudo.
Ela empurra meu corpo contra o sofá e me faz deitar. Depois de me encher de cobertores, ela enche um copo que pegou em outro lugar com água, e entorta um canudo que também trouxe para eu beber a água. Pego o canudo com os lábios e bebo a água como ela pediu, ainda concentrado na beleza dela.
- Você precisa se hidratar. E não saia debaixo desses cobertores. Vou te dar um remédio pra baixar a febre.
- Ei. - Ela me olha. - Qual o seu nome? - Ela me olha por alguns segundos, séria.
- É Anaíz. Meu nome é Anaíz, Kim Taehyung.
Ela leva algumas coisas que estavam na mesa de volta para seus lugares enquanto eu penso sozinho. Ela sabe meu nome, mas eu não lembrava o dela. Anaíz...?
Ela volta com um comprimido.
- Fala "Aah". - Ela diz.
- Aah... - Ela coloca o comprimido na minha boca e eu engulo. - Tem um gosto ruim.
- Bebida também tem, mas você fez questão de beber. Agora, colabora.
- Eu bebi?
- Você não lembra de nada mesmo?
- Não.
- Isso complica as coisas. - Ela senta na ponta do sofá.
- Você é muito linda. - Repito. Ela me olha e sorri.
- Você também é. Mas com esses machucados no rosto, não dá pra perceber isso muito bem.
- Por que você está cuidando de mim?
- Bem...somos amigos. Você pode não lembrar...agora, mas nós somos amigos. Você desmaiou na porta de casa e eu vi. Te trouxe pra dentro e cuidei de você desde das 22:45. Agora são... - Ela pega um celular e olha. - São 3:00 da manhã. E você só acordou mesmo agora.
- Eu fiquei desacordado esse tempo todo?
- Você acordou algumas vezes. Mas não completamente.
- Eu não lembro de quase nada. Eu só me recordo agora de.........ter apanhado.
- Isso é fácil de perceber. E é o que me preocupa. Quem te bateu?
- Foi mais de uma pessoa. Tenho quase certeza. Mas não me lembro quem. Sei que tinham alguns homens e...uma garota. - Digo, tentando me lembrar mais.
- Hum...eu vou deixar você se recuperar um pouco e depois conversamos sobre isso. Eu não vou te fazer me explicar nada agora. Então só descanse. - Ela diz, calmamente.
- Tudo bem...
Anaíz P.O.V
4:57 AM
Taehyung melhorou desde que ele acordou e eu comecei a cuidar dele.
Ele vomitou muito, e ainda chegou à chorar nos momentos que estava apenas meio acordado. Mesmo sem saber o que houve, eu não queria ver ele desse jeito. Cuidei de seus ferimentos e hematomas, lhe dei remédios, sua febre baixou e ele até comeu. O que é um alívio.
Agora ele está dormindo. Estou sentada no sofá com ele deitado no meu colo. Estou mexendo no celular, conversando com Alícia e Jin.
Comentei com os dois sobre o que aconteceu, mas pedi pra não perguntarem muito. Eu não sabia o que tinha acontecido com ele, mas nem se soubesse eu ia trazer a galera toda pra ficar em cima dele. Ele nem lembra quem sou eu. O que é estranho.
Falei com Alícia por estar fora de casa à muito tempo, e com o Jin pra procurar saber o que eu deveria dar pra ele tomar. Felizmente, está tudo bem agora.
Sinto Taehyung se remexer no meu colo, e olho para ele. Ajeito seu cabelo que estava todo desarrumado, e faço cafuné.
Segundos depois, Taehyung segura minha mão e abre os olhos lentamente.
- Anaíz...? - Ele coça os olhos.
- Oi, Taehyung. Como se sente? - Pergunto.
- Não tenho certeza. Mas acho que melhor do que antes.
Ele se ergue do meu colo, ainda parecendo meio dolorido, mas se senta ao meu lado. Taehyung me olha, e eu olho pra ele, deixando meu celular na mesa.
- Por que você é tão linda? - Ele pergunta.
- Por que você está repetindo tanto isso?
- Porque você ainda não deixou de ser linda.
- Então eu sinto muito. Eu não sou um metamorfo, querido. - Respondo, sorrindo.
- Que bom. Eu gosto de olhar pra você.
- Ainda não sabe quem sou eu?
- Não tenho ideia.
- Nunca pensei que você fosse esquecer de mim assim. Não porque eu sou foda ou algo assim...mas é só algo que eu nunca pensei mesmo. Eu nunca ia imaginar "Ah, pensa que louco se o Taehyung um dia esquece de mim. Ia ser muita viagem". Nunca pensei mesmo.
- Eu não deveria esquecer de você, então? - Ele pergunta, parecendo curioso e confuso.
- Eu acho que não...
- Desculpa. Eu mesmo não lembro de muito sobre mim. Eu só tenho em mente algumas coisas. - Tae diz.
- Ah. Conseguiu se lembrar de mais coisas?
- Lembro do meu nome. Acho que essa casa é minha...e parece que eu bebi e apanhei muito. Mas não consigo lembrar como, onde e nem por que.
Ele não lembra de mais nada então. Deve ter sido um choque muito grande pro corpo dele esse tanto de bebida que ele aparentemente ingeriu. Fora as pancadas que ele parece ter levado e ele também pode ter batido a cabeça quando desmaiou.
- A única outra coisa que eu me lembro é...de uma garota. Tinha uma garota entre as pessoas pra quem apanhei. Não foram poucas...mas ela não era um deles. Tenho certeza. - Ele diz, passando a mão pela nuca.
- Uma garota...você tinha dito isso antes de dormir também. E sobre alguns homens terem batido em você. Sua memória deve estar voltando devagar. Isso é bom. É ótimo. - Digo, tocando um curativo no seu rosto.
Kim Taehyung P.O.V
- Eu vou ficar com você enquanto você está mal. Até você lembrar de tudo, se for preciso. - Ela se levanta e arruma algumas coisas que estavam na mesa.
- Tudo bem. Eu te conto tudo.
- Conta? - Ela para e olha pro chão, com um leve e lindo sorriso no rosto. Mas sua expressão sorridente parecia mais triste do que feliz. - Não sei se depois de se lembrar, você vai querer falar.
- Por que eu não te falaria?
- Eu me pergunto a mesma coisa desde que nos falamos naquele dia. Que você claramente não se lembra, mas....vai se lembrar.
- Ei. Eu...vou contar. Eu juro. - Ela me olha. - Eu não lembro de você agora, mas...você cuidou de mim por todo esse tempo, então...eu sei que posso confiar em você.
- Eu sempre soube que você podia confiar em mim. E você...só descobriu agora. Mas, antes tarde do que nunca, eu acho.
Ela se vira e vai para outro cômodo, para longe.
Algo martelava na minha cabeça. E não era só a dor. Acho que o fato de eu não entender nada do que está acontecendo me faz ficar preocupado. Não sei sobre a minha própria vida. Além de, aparentemente, Anaíz estar ferida com algo que eu disse ou...deixei de dizer, quando eu ainda estava com as minhas memórias.
Eu preciso me lembrar do que aconteceu de alguma forma. Não sei como, mas eu preciso. Tem algo que eu devo contar para Anaíz. Acho que preciso de ajuda com isso, e nem eu mesmo sei o que é.
Levanto do sofá devagar, andando pela minha casa. Não lembro de quase nada daqui. E eu ainda estou meio tonto pelo álcool e as dores. Só queria lembrar das coisas.
Vejo um celular familiar em cima de uma cômoda da sala, e o pego. Ao ligar a tela, o celular pede uma senha. Não me lembro a senha, e acho que é o celular deve ser meu. A foto da tela de bloqueio eram 7 garotos que pareciam ter uns 13 ou 14 anos, mais ou menos. Um deles parecia muito comigo.
Havia uma mensagem gravada na tela de bloqueio que dizia:
"Pensa em um sonho. Não é só seu."
3 dígitos
Um sonho que não é só meu? Na minha situação de memória agora, é difícil saber. Eu só consigo pensar nos outros 6 garotos que parecem estar comigo mesmo na foto de fundo. E se for um sonho nosso? É possível. Mas...o que pode ser?
Penso por alguns segundos. Quem são eles? Amigos? Família? Parece que temos um sonho em comum, mas não consigo me lembrar...
Me forço a pensar. Tem alguma coisa. E eu sei. Está aqui em album lugar...eles são meus amigos, e nós temos um sonho...um sonho...
Meus amigos de infância. Eu os conheço à anos. Eu me lembro. Eu me lembro disso. Desse sonho. Muito antigo, nosso.
Ligo a tela do celular novamente e, com as mãos um pouco trêmulas, digito minha senha:
"BTS"
Nosso antigo sonho de formar um grupo...éramos tão novos e inocentes na época. E tudo o que queríamos era cantar, dançar, produzir...eu lembro agora.
O celular realmente é desbloqueado, e vou diretamente na galeria de fotos, encontrando fotos antigas minhas com meus seis amigos e também fotos com...minha prima? Acho que ela é minha prima. Sorrio.
Fico feliz em estar voltando à lembrar das coisas aos poucos. Espero poder lembrar do que houve mais cedo, e também do que preciso contar para Anaíz.
Meu sorriso desaparece instantaneamente quando, olhando algumas fotos de semanas atrás, acho uma foto minha com uma garota de olhos verdes e cabelos castanhos. Eu conheço essa garota. Ela estava lá.
Flashback on
Eles descobriram onde tenho me encontrado com ela. E querem puni-la por isso. Eu...não posso deixar isso acontecer.
Entro na frente dela enquanto Sehun e seus parceiros se enfileiram na minha frente.
- Tae... - Ouço sua voz atrás de mim.
- Ei, Kim Taehyung. Se não quiser apanhar também, eu acho melhor nos deixar resolver as contas com ela. É pro seu próprio bem. - Sehun diz, sorrindo, com sua voz suave de sempre enquanto fuma um cigarro.
Apesar da ameaça, continuo na frente dela, esperando eles fazerem alguma coisa. Ela agarra o tecido das costas do meu casaco, e engulo em seco.
- Deixa de ser estúpido, Kim Taehyung. Ela é nossa. E sabe disso. Vai acabar sendo culpado também. Sabendo que você estava se encontrando com ela, eu nem deveria deixar você sair ileso. Mas eu estou de bom humor hoje, entende? Agora entrega a nossa putinha e nada acontece com você.
Ele chamou ela desse apelido nojento na minha frente.
- Se eu fosse você, eu obedecia o Sehun, garoto. - Um mais alto de cabelos vermelhos diz.
- É uma pena que eu também não seja uma das putinhas dele não é, Park Chanyeol? Segue o teu norte e não se mete. Se for minha escolha apanhar, o problema não é seu. - Digo.
- Seu filho da puta! - Chanyeol ameaça vir na minha direção, mas Sehun põe o braço na sua frente, e o garoto se aquieta, bufando.
Sehun respira fundo e solta a fumaça do seu cigarro pela boca.
- Você não sabe o que está arrumando pra sua vida, Kim Taehyung. - Ele diz. - Vai pra casa. Ela não é garota pra se relacionar com menininho. Ela precisa de homens, como nós, pra entrar nas rédeas. Um puxão de cabelo ou outro, atada na cama, ajuda.
Cerro os punhos. Eu não aguento ouvir esse tipo de coisa. Não aguento. Não posso entregar ela. Eu prefiro sofrer no seu lugar.
- Homens? - Deixo uma risada escapar. - Prefiro morrer do que deixar ela na mão de "homens" que nem vocês. - Respondo.
- Ah, é mesmo? Não seja por isso. Ajudamos você então. Já que quer tanto defender essa puta. - Ele joga o cigarro no chão e faz sinal para que seus companheiros se aproximem junto com ele. Park Chanyeol com uma taco de Basebol na mão, com um sorriso tão louco quanto os dos outros. Fica, Taehyung. Fica.
- Taehyung, foge. Corre, por favor. - Ela diz.
- Não vou deixar você ser estuprada passivamente de novo. Chega, Silena.
- Mas... - Sehun para na minha frente e olha para ela, depois pra mim.
Quando ele acerta meu rosto, parece até que meu nariz quebrou, tamanha a dor. Escuto um grito vindo dela, e caio no chão. Apoiando o pouco do meu corpo que não está jogado no chão com os braços, vejo um pingo de sangue tingir o chão de vermelho vivo. Passo as costas da mão pelo nariz e olho para os outros.
- Divirtam-se. - Diz Sehun, pegando Silena, que já chorava, pelo braço.
- Sehun, deixa ele, por favor...bate em mim mas não bate nele... - Ela soluça entre as palavras.
- Ah, querida. Pode deixar que você vai apanhar sim. Mas ele pediu. Seria muito cruel da minha parte deixar ele ir embora.
Ele segura os dois braços dela para trás e fica atrás dela, rindo da nossa cara. Encostando nela.
Enquanto isso, eu sou espancado pelo seus amigos. Chanyeol acerta minha costela com o taco, sou chutado em diversos lugares, e sangue chega à escorrer pela minha boca.
Era tanta dor que eu achava que eu ia desmaiar. E mesmo assim, continuo parado. Eu não queria deixar eles irem embora com ela. Queria segurar eles aqui o quanto desse, mesmo se eu perdesse a consciência.
Acabo jogado no chão de lado, tentando não gritar de dor. Eles param de me bater, e Sehun entrega Silena para Chanyeol.
Sehun vem na minha direção e me empurra com seu pé, me fazendo ficar de barriga para cima, e olhando ele. Ele se aproxima por cima de mim até a minha cintura e se abaixa, fazendo eu me erguer ao me puxar pela camisa. Fico sentado no chão enquanto ele pega de dentro de seu bolso, um canivete.
Sehun aproxima a lâmina agora exposta e claramente afiada do meu rosto. A lâmina gelada toca meu rosto e ele oscila seus olhos dela para mim.
- Eu tenho um favor pra te pedir, Kim Taehyung. Sua saúde física pediu pra eu te pedir pra ser mais cuidadoso e não se meter no território dos outros. Ela não quer ser prejudicada por você, entende?
- Avisa pra ela...que eu tô pouco me fudendo. - Respondo, cuspindo sangue no rosto dele. Sehun fecha os olhos e passa a mão pelo rosto para se limpar.
Quando percebi, meu rosto tinha sido rapidamente cortado pelo seu canivete. Não profundamente, mas ainda assim. Ele logo levantou de cima de mim.
- Tragam ela. Vamos sair daqui. - Sehun e seus companheiros se vão, e levam Silena com eles.
Me jogo no chão e olho para o céu. Meu corpo inteiro dói. Me sinto destruído. Nem Silena eu tenho mais. O que será dela hoje eu nem quero imaginar. Eu sinto ódio fervendo dentro de mim quando penso nisso.
Me levando do chão, com dificuldade, e vou mancando até a porta dos fundos de um bar.
Bato na porta algumas vezes. Segundos depois, alguém responde do outro lado dela.
- Quem é? - Uma voz feminina pergunta.
- Kim Taehyung. Por favor, abre essa porta.
- Tae? - A porta rapidamente é aberta e a imagem de Somin surge do outro lado. Sorrio pra ela antes de cair em seus braços. - Taehyung?! MATTHEW VEM AQUI RÁPIDO!!
Matthew veio rapidamente me ajudar e então ele e Somin me levaram para dentro do bar.
Jeon Somin P.O.V
Escondidos em um canto, assistindo Taehyung beber, eu, Matthew e Jiwoo tentamos deixar ele ter o tempo que ele pediu com o Soju, assim que sentamos em um dos nossos bancos acolchoados vermelhos.
- Não sabem mesmo o que ele tem? - Jiwoo pergunta.
- Ele não quis nos dizer. Essas crianças são impossíveis. Como podemos ajudar sem sabermos o que aconteceu? Que ideia. - Digo.
- Deve estar passando por problemas de homem. - Diz Matthew, ainda olhando para ele como se pudesse lê-lo. Olho para ele, ouvindo essa merda.
- O que? - Jiwoo pergunta.
- Não escute. Ele é estúpido. - Explico, revirando os olhos.
- Mas de verdade...o que será que é...? - Matthew ddiz parecendo falar mais sério agora.
- Eu acho que Silena o problema. Talvez...talvez não diretamente ela, mas acho é relacionado. - Digo.
- Silena...? A garota de quem ele gosta? - Jiwoo pergunta novamente
- Uma delas. - Digo, tentando ver de Taehyung ainda estava bebendo.
- Uma??? Tem mais? - Ela fala mais alto do que estávamos falando antes.
- Sshhh! Para de gritar. Vai me dar dor de cabeça. - Matthew diz.
- Aigoo...por que ele não podia ser um garoto menos chamativo? Isso é tão injusto. - Jiwoo se senta no chão.
- Injusto? Veja bem o que é injusto. Basta olhar pra mim. - Olhamos para J.seph, que descia as escadas que levavam para a nossa casa, no andar de cima da quitinete. Escada essa que trazia diretamente para uma área onde ele podia ser visto tanto por nós quanto por Taehyung.
Ainda antes de Jiwoo responder qualquer coisa, J.seph olha para Taehyung e Taehyung olha pra ele. Os dois passam alguns segundos se olhando sério. Taehyung bebe um longo gole da sua bebida e coloca a garrafa novamente na mesa com brutalidade. Levo um leve susto com o barulho do vidro que parecia que ia quebrar.
- Aish, eu estou cansada disso. - Saio de onde estávamos escondidos e fico entre o grande espaço entre os dois.
- Kim Taehyung. - Os dois me olham. Aponto para o garoto sentado. - Não bata essa garrafa na mesa dentro do meu bar de novo. E você... - Olho para J.Seph - Não crie desordem no meu bar.
- Nosso bar. - Ele diz.
- As contas são pagas com a minha parte. - Digo. - É meu.
- Eu compro os mantimentos. Não teria o que vender sem a minha parte. - Ele diz.
- Ei! - Jiwoo aponta para nós. - Se for assim, eu pago toda a estética desse lugar. Ninguém entraria aqui se eu não cuidasse da beleza do bar. Acham que foi fácil escolher esse papel de parece de cartas de baralho?
- Eu pago os empregados da limpeza e ajudo à gerenciar. Isso me dá algum crédito? - Matthew diz, comendo alguns petisco da cestinha que estava na mesa de Taehyung. Ele chegou lá bem rápido.
- Parem de... - Soluço. - ...brigar... - Soluço. - ...seus...bobos. - Taehyung levanta da cadeira com uma garrafa na mão. - Meu dia já foi uma merda grande o suficiente. Não quero ouvir as suas ladainhas.
- Desculpe, oppa. - Jiwoo diz e faz uma reverência.
- E você, garoto alto. - Taehyung vai até J.Seph. - Você deveria ser mais verdadeiro com Jiwoo. Ela... - Soluço. - Não pode nutrir sentimentos por mim. Eu sou um traste. Nem consigo defender quem eu amo. Não consigo vencer um maldito jogo contra a minuta crush número 2. Ela não pode ficar comigo jamais. Por isso... - Tae quase cai. Tiro a garrafa da sua mão. - ...cuide dela por mim.
- O quê? Ouça o que está dizendo!! - Taehyung se vira e pega mais uma garrafa de bebida na mesa. Ele sai de dentro do nosso bar bebendo ela. - Ei, seu...aish!
J.Seph olha para Jiwoo que parecia um tanto chocada pelo que Taehyung disse.
Esses dois garotos nunca foram muito próximos por causa desse problema da Jiwoo. Apesar disso, Taehyung sempre foi um grande amigo nosso. Tenho pena dele...
Kim Taehyung P.O.V
Depois de sair daquele bar, continuei bebendo enquanto andava pelas ruas. Terminei aquela última garrafa de Soju e joguei em qualquer lixeira.
Ainda cheio de dor, resolvo voltar pra casa. Se não posso enfrentar Sehun, ao menos vou correr o risco de me verem chegando.
Flashback off
Isso tudo...eu lembro agora.
Me lembro do que houve com Silena, Sehun e os filhos da puta que andam com ele.
Me lembro de ter passado pelo bar K.A.R.D.
Me lembro de ter bebido tanto e...lembro sobre o que preciso falar com Anaíz.
Ela tem razão...deveria ter confiado nela antes.
Ainda olhando para minha foto com Silena, sinto minhas mãos tremendo. Eu estava nervoso, mas eu diria para Anaíz tudo o que ela deve saber. Desde meu problema com Silena...até a minha doença.
...
Sorry por isso.
Olá, meus filhos. Aqui é a Chimchim (Ah, vá).
São 00:14 da noite então eu realmente devo dormir, mas...quero pedir desculpas pela demora. Eu passei por um longo vazio de ideias para dar continuidade para a fanfic. Mas agora nós vamos voltar.
Tem novidades chegando para vocês. Se tudo der certo, dia 14.
Vamos fazer aniversário de 1 ano com Paper Soul. Quero agradecer, por enquanto superficialmente, para todos que estão me acompanhando até agora. Vocês são incríveis.
Espero que gostem do meu presente de agradecimento. Queria postar esse capítulo antes dele.
Até o próximo, meus filhos. Amo vocês!
Beijos da omma: Chimchim fêmea
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