⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝟎𝟏𝟎. ⠀HERE COMES THE POOR ONE
ANGELINE BONET
Puxo Yasmine para sentar-se comigo em uma das mesas do Scoops Ahoy, a loja de iogurte onde Payton trabalha. Seu olhar está fixo na mesa e, de repente, ela começa à rir.
— Do que está rindo? — questiono, curiosa.
— Eu estava pensando... Eita, espera. — Yasmine põe a mão sobre o peito e começa à rir mais e mais.
Cruzo os braços.
— Já acabou, Yasmine?
— Sim. — ela respira fundo, na tentativa de recupera o fôlego. — Bom, então, eu estava aqui pensando com meus botões... caso algum dia você e o projeto de mendigo casem, onde será que vocês vão morar?
Franzo o cenho.
— Em uma casa? — retruco, como se aquilo já fosse óbvio o suficiente.
— Que sem graça. Eu estava pensando em algo do tipo... Ah, sei lá, um bueiro ou talvez no porão da loja de iogurte.
— Yasmine!
— O quê? Eu não estou brincando! Imagine só essa cena... — ela começa.
— Ugh, lá vem.
— Você e o Payton se casam em um calçadão no centro de Seattle, só que, de sutiã e bermuda, porque vocês não tem dinheiro para comprar um traje decente. Logo depois, vocês passam a lua de mel debaixo da ponte e transam a noite inteira, usando como brinquedinho sexual um rato morto. E, na hora de dormir, vocês se cobrem com um lençol feito de pele de lesma e latinhas velhas de refrigerante.
Minha nossa. A imaginação fértil de Yasmine consegue surpreender-me em cem por cento das vezes.
— Yasmine, não fale como se o Payton fosse um mendigo ou esfomeado. Ele só não tem uma condição financeira muito boa.
— Eu sei, mas ainda assim, foi uma cena engraçada de se imaginar, admita, Angeline.
— Pois eu não vi graça.
— Claro que não, até porque você só vê graça no pobretão do Peito.
— Peito?
— Novo apelido. — ela espreguiçou-se na cadeira e, subitamente, Payton aparece em nossa frente, com um caderninho e caneta na mão. — Meu Jesus, não pode nem mais citar o nome do capeta que ele já aparece.
— Oi, Yasmine! — ele sorri para ela, inocentemente.
— E aí, carinha do iogurte. Trouxe as bolas certas do seu sorvete, hoje?
— Cala a boca, Yasmine! — a repreendo.
— Sim. — afirmou Payton, sem perceber o que de fato havia dito. — Digo, não! Não. Eu não... trouxe nada.
O encaro, brevemente. Seu avental está manchado, repleto de chocolate e leite em pó. E... está ao contrário.
— Payton — o chamo e, ele vira o rosto em minha direção, — O seu avental está do avesso.
— Quê? — ele abaixa a cabeça. — Ah. Eu d-devo ter me distraído. Desculpa. — ri, nervosamente, e troca o lado de seu avental gasto.
Yasmine está ocupada o bastante observando o cardápio preso na mesa de vidro. Ela morde os lábios. Parece pensativa e um tanto quanto indecisa.
— Payton, eu realmente espero que esse seu iogurte seja, no mínimo, algo semelhante ao sabor dos sorvetes vendidos na França, porque a cadela da Angeline me fez vir da faculdade até o aeroporto só 'pra provar essa porra.
— Você que pediu para vir comigo! — estreito os olhos.
— Angeline, essa é a parte que você não conta.
Balanço a cabeça.
Encaro Payton, mais uma vez. Seus também olhos estão presos nos meus, e Daniau parece um pouco desconfortável com toda esta situação.
— Se vocês estão prestes à foder nessa mesa, me avisem logo, porque a única coisa que eu estou interessada em ver é um copo cheio de milkshake de baunilha com cobertura de morango e chantilly nas bordas.
— Foder? Como assim, eu...
Bato a palma da mão na testa. Minha nossa, ele é muito inocente.
— Já anotou o meu pedido? — Yasmine o interrompe, impaciente.
Pela feição de Payton, suspeito que ele não tenha mínima ideia do que ela está falando.
— Que pedido?
— O que eu acabei de falar, criatura de Deus! — Yasmine exclama, extasiada. — Anota aí, Payton.
— Se acalma, Yasmine. — suplico, discretamente, para que Payton não ouça-me.
— É só brincadeira. Ele sabe que é. — ela ri sarcástica e torna à olhar para Moormeier. — Não sabe, Payton?
— Sei do quê?
Deuses, Payton.
— Eu vou entrar como piloto em um dos aviões desse aeroporto só para jogar seu namorado pela janela, Angeline, me segura! — Yasmine passa as mãos pelo rosto, com os olhos esbugalhados. Rio.
— Já te disse que ela é meio estranha, não se importe. — sussurro para Payton, tocando em seu braço. Ele coça a nuca, desalinhado.
— Eu não entendi nada.
— Eu sei que não.
Yasmine relaxa na cadeira, novamente.
— Vai, serviçal, anote o meu pedido, antes que eu reclame com o seu chefe.
— Serviçal?
— Claro, Payton. Eu estou fazendo a caridade de te pagar um milkshake. O mínimo que você deve fazer é ser o meu serviçal! — ela brinca.
Digo, eu sei que ela não está falando sério. Claro que sei. A Yasmine ama brincar com coisas erradas, mas eu não tenho tanta certeza assim de que Payton também sabe disso.
— Ah. Tudo bem. — um sorriso caótico surge em seu rosto. Ele gasta a caneta sobre seu caderno, e por um instante, seu corpo fica imóvel. — Deseja mais alguma coisa?
— Não.
Lentamente, Payton afasta-se de nossa mesa, e então, Yasmine levanta da cadeira, atrapalhada.
— Ei, na verdade, sim! — grita. — Não se esqueça do chantilly nas bordas! Pode caprichar bem, serviçal.
Payton sorri e faz um gesto de OK para ela, guardando seu caderninho no bolso do avental. Céus.
— Yasmine, olhe para mim. — peço. — Você precisa se controlar.
— Não consigo. Esse cara é muito engraçado!
— Você só está se aproveitando da inocência e boa vontade dele.
— Exatamente por isso é tão engraçado! Ele é todo fofo, Angeline. Onde você arranjou esse ser? — pergunta ela. — Ah, não precisa me responder. Aposto que você achou ele na rua, pedindo esmola.
— Claro que não, Yasmine. Ele era do nosso colégio, na época do Ensino Médio.
— Era? — assenti. — Bem, talvez por isso ele me soe tão familiar.
— Talvez.
[...]
• ( interação ): quem é a celebridade favorita de vocês?
• votem e comentem!! <3
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