⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝟎𝟎𝟓. ⠀LIES AND MORE LIES
PAYTON MOORMEIER
Não sei aonde estava com a cabeça quando levei Angeline para os subúrbio de Seattle. Ela não pareceu importar-se muito, mas eu aposto que estava vermelho de vergonha. Não conheço nada daqui, e minhas mãos estão tremendo de medo. Não quero ser assaltado, ou sei lá o quê.
— Acho que se a minha mãe me visse aqui, ela teria um derrame. — murmurou Angeline, olhando ao seu redor. Eu gargalhei, abaixando a cabeça para que pudesse olhá-la.
— Por quê? Porque você está saindo com um pobre?
— É. — afirmou, segundos antes de perceber o que havia dito. — Não! Ah, mais ou menos.
— Se você quiser, nós podemos ir para outro lugar. Eu conheço bem essa região.
Eu não conheço nada dessa região.
— Ah, não precisa, eu gosto daqui. É diferente de todos os lugares que já fui. — Angel sorriu para mim. — Você mora por aqui?
— N-não, eu... eu moro longe. Bem longe.
— Onde?
— Ah, é... eu moro no... D-digo, é que minha casa 'tá toda bagunçada, 'tá tudo uma bagunça.
— Payton, não precisa ter vergonha da sua casa, tudo bem? Nem de nada.
— Hum... espere aqui. — afastei-me de Angeline. Acho que acabara de ter outra ótima ideia.
Apanhei meu celular no bolso da calça, um pouco avoado. Quase caiu na calçada de paralelepípedos.
Mandei uma mensagem para Tayler, demonstrando todo o meu desespero.
- Socorro!!
- Emergência!!
- Preciso de ajuda!!
- O que foi?
- Arranja uma casa de pobre
para mim, é urgente
- Quê? KKKKKK
- Tá bêbado, porra?
- Não
- Eu vou levar a Angeline para
casa, mas obviamente não posso
levar para a minha
- Ihh, vão se comer, aposto kkkk
- Brabo
- Hã?
- Esquece, Payton
- Tá bom
- Pede para o zelador do seu prédio
o quarto dele emprestado, por favor?
- Isso tudo só porque você tem
medo de falar que é rico...?
- Sim
- Você é chatão vsfd
- Vou pedir, mas não te garanto
que ele vai aceitar
– Obrigado
Merda. Mil vezes merda. Só eu mesmo, para meter-me em situações complicadas como esta.
— E então? O que aconteceu? — fui tirado de meus devaneios quando Angeline surgiu ao meu lado, com uma expressão enigmática. — Está tudo bem?
— Ah, sim, eu... eu posso te levar para a minha casa, se quiser.
— Me levar para a sua casa?
— Sim.
— Não acha isso um pouco precipitado demais, para apenas um primeiro encontro?
— Primeiro encontro? — cruzei os braços, um pouco confuso. — Mas... não é o nosso primeiro. Nós já nos encontramos outras vezes.
Angeline deu um passo para frente, gargalhando. Não entendi.
— Não, Payton, eu quis dizer que... Olha, quer saber? Esquece. Pode me levar para sua casa.
— Ah. — sorri gentilmente, sem mostrar os dentes. — Tudo bem, então. Vou pedir um Uber.
Mais uma das milhares de desvantagens de fingir ser pobre. Não posso usar o meu carro. Preciso pedir uma espécie de Uber em aplicativos, além de esperar um tempão para que eles cheguem. Mas que droga. Talvez tudo estivesse sendo bem mais fácil, se eu não estivesse me passando por alguém que não sou.
Minutos depois, já havíamos chegado no condomínio de Tayler. Era tudo incrivelmente luxuoso e apurado.
— Uau. Você mora aqui? — Angeline perguntou, espantada. Engoli seco.
— Quê? Não! Digo... é que... e-eu estou de favor na casa de um tio meu. Ele mora aqui. Quero dizer... não nos apartamentos. Mas ele trabalha como zelador, aí, ganhou um quarto. Então, eu estou morando com ele, por enquanto.
— Entendo.
A levei até o amplo salão do extenso prédio de Tayler. Avistei um senhor com um uniforme de limpeza debruçado em uma cadeira de plástico. Ok. Provavelmente era ele.
— E aí, tio! — o cumprimentei, sorridente, e então o tal homem me olhou sério. Pigarreei. — Ah, essa é a Angeline. A conheci no colegial. Ela é linda, não é?
Angel enrubesceu.
— Toma, garoto. — secamente, o zelador me entregou o chaveiro de seu quarto.
Uau. Não achei que fosse dar certo.
— Obrigado, tio. — apertei sua mão como agradecimento, balançando-a. Ele ficou imóvel. — Até mais, e... valeu, de novo!
Peguei na mão de Angel e a conduzi até o elevador. Já vim no prédio de Tayler centenas de vezes, e creio que o quartinho de zelador seja próximo a garagem, certo? Bem, Deus que me proteja, porque eu não faço ideia.
— Angel... esse meu quarto é só temporário, ok? Não se preocupe, eu vou... eu vou arranjar um lugar melhor.
— Já entendi, Payton. Você disse isso o caminho inteiro até aqui.
Girei a chave na fechadura da porta do quarto e apertei o interruptor assim que encontrei o cômodo. Meus olhos não podiam crer naquilo.
Era... horrível. O quarto. As janelas. O tapete. Os móveis. Simplesmente horrível. Tudo ali encontrava-se bagunçado. A tinta esbranquiçada das paredes já estava começando a ficar marrom, e, eu poderia jurar que a lâmpada no teto cairá a qualquer momento. Minha nossa.
— Fala sério, nem é tão ruim assim. — disse Angeline, entrando no quarto.
Eu ainda estava boquiaberto. Como alguém consegue passar todas as noites em um lugar como este?
— É péssimo. Angel, desculpa. Nossa, eu estou morrendo de vergonha.
— Quê? Para, Payton.
— Desculpa, não dá, eu...
A ruiva tocou em meu braço, interrompendo-me de continuar.
— Payton, para. Eu não dou a mínima para onde você mora. Sério.
Como Angeline poderia ser tão... dócil? Este quarto é quase tão disforme quanto a mentira que venho alimentando.
— Tudo bem. — eu sorri fraco, em— Obrigado.
— Pelo quê?
— Por ser tão compreensível.
— É o mínimo que eu poderia fazer.
— Ah, eu não te mereço. Me desculpa.
— Payton, para de desculpar. — ela riu, inocentemente.
Ah, Angel... O que você faria, caso descobrisse que não sou de fato tão humilde, e que tudo isso tudo não passa de uma grande farsa apenas para conquistá-la?
Num reflexo, meus olhos arregalam-se e meu corpo estremece. Prefiro não pensar muito nisto, por enquanto.
• oiee, o que vocês estão achando da fic?
• votem e comentem!! <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro