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Cena de Abertura

Natal. A melhor época do ano para se passar em Alberta.

Conhecida pelas suas montanhas rochosas, a neve preenche cada canto da cidade, formando uma paisagem extraordinária.

O frio é intenso. Ondas de nevasca atingem o ar. Mesmo agasalhado, não há como escapar da redução de temperatura.

No entanto, isso não atrapalha a experiência de quem anda nas ruas.

Todas as casas estão iluminadas. Crianças fazem bonecos de neve nas portas. Pais brincam com os filhos, famílias estão completas. Esse natal tem tudo para ser perfeito. Exceto por um detalhe.

Essa noite é o aniversário de casamento de Sidney e Mark. Sim, aquela Sidney e aquele Mark.

Desde que se mudaram para o Canadá, Ada ouviu muitas histórias sobre o casal nas festas de fraternidade. Além de alguns boatos contados pela sua melhor amiga, Emma. Ela tem cabelos longos e lisos que, em conjunto com os seus traços asiáticos, fazem dela uma top model descolada.

Se tem uma dúvida maior do que saber se o histórico da Sra. Kincaid foi real ou fanfic, esse é o porquê daquela garota tão sorridente não conseguir arranjar um namorado.

Voltando para o principal: alguns colegas acreditam ser invenção. Que nem tudo é parecido com o que está escrito nos livros de Gale Weathers, mas de alguma forma, Ada sabe a verdade.

É a vigésima vez em meses que Sidney a chama para cuidar de suas filhas, Tatum e Hallie. Tatum, a mais velha, tem 10. Hallie, a mais nova, completou 3 anos em agosto.

A caçula sempre está vestida de branco, enquanto a mais velha tem vermelho como a cor favorita. Hallie é loira e tem cachinhos, como os de uma princesa. Já Tatum é uma morena de pele clara como a sua mãe. São parecidas, mas a diferença é que ela tenta esconder o cabelo liso com um rabo de cavalo. Além de ser um pouco rebelde.

Ambas têm olhos castanhos escuros, mesmo os pais tendo colorações assustadoramente claras.

Foi um sufoco para Tatum entender porque havia tantos sistemas de segurança em sua casa. Também foi difícil não acionar nenhum alarme quando Hallie tentava mastigar um controle remoto.

Ada teve que explicar uma história engraçada sobre Sidney protegê-las de um fantasma. Fantasma esse que nunca chegaria perto delas e que elas jamais poderiam ter medo dele. Duas regras que Ada não tem certeza se segue muito bem.

Tatum acha ela engraçada. Ela sempre a faz rir com suas caretas e se diverte dançando Just Dance. Além disso, sua babá também é uma ótima cozinheira e suas panquecas são maravilhosas.

Ada adora as meninas e apesar de receber uma boa gorjeta do Sr. Kincaid pelo serviço, a garota admira o quão descolada é a sua esposa.

É chocante o fato dela ter passado por tantas experiências traumáticas e ainda ter culhão para trabalhar no programa de proteção a mulheres de Alberta. Qualquer uma no lugar dela já teria enlouquecido, mas ela é muito forte. Conseguiu criar uma vida perfeita mesmo fugindo às pressas para um país novo e para uma cidade nova.

Uma inspiração para muitas e, principalmente, para ela.

Um entusiasmo preenche o coração de Ada só de pensar no quanto os garotos deveriam pensar duas vezes antes de fazer sua patroa de idiota. Ela imagina Sidney dando um pé na bunda de cada um e que por isso seus ex- namorados viravam assassinos.

Imagina? Ter tanta confiança ao ponto de mandar um otário com ego inflado voltar para a saia da mamãe. E o melhor de tudo: ainda ficar famosa no processo.

Tem projeto de vida melhor do que isso?

Sem dúvidas, toda jovem garota sonha em ser uma mulher à altura da Sra. Kincaid.

Mas a realidade de Ada é outra. 22 anos de muita luta.

O emprego de babá ajuda a pagar um terço da sua mensalidade na faculdade e sua vida amorosa é complicada. Acabou de terminar um relacionamento com um quaterback e ele vive mandando mensagens para ela.

Ela amava ele, mas as suas notas estavam caindo porque ela sempre se encontrava com ele para transar nos horários de aulas. Todo mundo tem que fazer uma escolha e Ada fez a dela. Estudos em primeiro lugar. Sexo e garotos, depois.

Apesar de ter tomado uma decisão madura, Ada ainda se sente arrependida da sua decisão. Ele era tão gato. Alto, olhos verdes e abdômen sarado. Era fiel e sempre foi paciente com ela.

É realmente um menino de se jogar fora? — Pensou.

Sim, ele é. — Corrigiu-se rapidamente.

Se um cara não pode acompanhar o seu ritmo, então ele precisa sair do carro e seguir o seu rumo. Porque na boca que ele beijou, outras gostosuras também podem tentar a sorte.  Afinal, o que não falta naquele campus é oportunidade.

Se valorize garota! Não é egoísmo se preservar de vez em quando.

Pensa, se você fosse um menino, muitos te achariam um máximo. Então coloque um sorriso nesse rosto e aproveite o trabalho. — Pensou.

Ela dá um meio sorriso ao recitar o último pensamento.

Seu dedo toca a campainha. Alguém abre a porta.

É Sidney. Usando um vestido longo, ela está se preparando para sair. Ao ver Ada, ela abre um clássico sorriso.

— Feliz Natal, Sra. Kincaid! Nossa! Você está um luxo! — O elogio da garota é dado com muita simpatia.

Sidney dá uma olhada rápida para as suas roupas e solta uma pequena risada.

— Ah, isso aqui? Mark me obrigou. Ele planejou uma surpresa.

Não gosto de surpresas. — Ela recita a última frase com uma entonação bem séria. 

Ada dá uma risada sarcástica. Isso disfarça por um leve momento os acontecimentos aos quais Sidney se refere. Não é preciso pensar muito para sacar isso.

Uma tensão no seu olhar é percebida pela babá.

— Não se sinta pressionada. Tenho total certeza de que vai dar tudo certo essa noite! — Disse a jovem, animada.

Sidney dá um sorriso extenso como resposta.

A conversa é interrompida por passinhos rápidos vindo por trás.

— Adaaaaaaa! — 4 braços minúsculos abraçam a cintura dela com grande alegria.

— Quando vocês vão parar de crescer? — Ada se agachou e tocou os joelhos com um olhar meigo.

— Não sei. Papai diz que é de família. Eu acho estranho. Tenho sempre que ficar olhando para o chão. — Explicou Tatum.

Ada dá um sorriso de canto e diz:

— As melhores pessoas são um pouquinho estranhas.
— Sério?
— Seríssimo.

A jovem acaria a cabeça de cada uma com gentileza. Sidney continua sorrindo.

— Meninas, o que eu sempre digo sobre receber visitas?

Elas se viram para a mãe.

Nunca ter contato físico antes de ativar o scanner. — Ambas dizem juntas. Hallie com mais dificuldade, claro.

— Perdão, Sra. Kincaid. Eu sempre esqueço. — Ada se posiciona ereta no tapete escrito: "Fantasmas não são bem-vindos."

Tatum aperta um botão no tablet abaixo do alarme de segurança.

Uma câmera acima da porta ativa um laser que passa do crânio até a ponta dos pés da babá. Em 15 segundos, a tela mostra um raio-x da bolsa e do corpo. E por fim, um histórico das últimas mensagens e depois das chamadas do celular da jovem.

Não carrega nada suspeito, pensou Sidney.

Ela estreita os olhos numa mensagem recente escrita: "precisamos conversar."

— O Caleb tá te enchendo de novo? — Perguntou.

— Ele é muito emocionado. Não entende que acabou. — Respondeu.

Sidney dá de ombros.

— Se precisar, posso ter uma conversinha com ele.

Ada arregala os olhos.

— Não é necessário. — Sidney dá uma gargalhada amigável ao escutar isso.

A Sra. Kincaid mostra todos os detalhes da casa. Há um quadro de avisos na porta da geladeira detalhando regras que Tatum e Hallie devem seguir quando os pais não estão em casa. Principalmente depois das 21:00.

Não perambular pelos cômodos, desligar os aparelhos eletrônicos (exceto os alarmes) e subir para os quartos instantaneamente.

Colocar os celulares numa caixa trancada (cuja senha para abertura só pode ser ativada com a voz de Sidney, Mark e, agora, Ada). Ativar o sistema de emergência que tranca todas as portas e bloqueia as janelas com aço.

As meninas devem subir para os quartos e dormir uma ao lado da outra com um canivete embaixo do colchão.

Por um minuto, passa pela cabeça da babá que há um pequeno exagero nesses sistemas de segurança. No entanto, ela se corrigiu rápido.

Dependendo da gravidade do trauma, toda pessoa lida com o passado de um jeito. No caso de Sidney, isso é diferente.

Superprotetora demais, ela diria? Acho que não tem problema. Afinal, todos sabemos o que ela passou. Se agir assim for uma válvula de escape para não deixar a ansiedade dominar, então não há com o que se preocupar.

Embora, se uma pessoa com psicológico fraco passasse pela mesma coisa, provavelmente o seu estado seria bem pior.

Seja positiva, lindona. Ela não está fazendo isso por si mesma. Acorda! — Pensou a jovem, quase recitando as frases como um mantra.

Após Sidney mostrar tudo, ela veste saltos altos e pega um sobretudo num porta casacos. Ela faz uma careta envergonhada que faz Ada dar uma gargalhada.

— Eu sempre tive dificuldade em vestir essas coisas. Eu tinha uma amiga no colégio que adorava... — seu sorriso se desfez. Ada se lembra das histórias que ouviu na faculdade. Os nomes de suas filhas foram dados em homenagem as melhores amigas dela. — Quer saber? Deixa para lá.

O clima fica mais frio. E não de um jeito literal.

Ada engole o seco, mas não resiste a tentação de perguntar.

— Sra. Kincaid, eu tenho acompanhado algumas notícias sobre o que aconteceu com você e seus amigos. E recentemente, todo mundo não para de falar sobre uma série de assassinatos que rolou em Nova York há 3 meses.

Aquela jornalista famosa, Gale Weathers, também estava lá.

Sei que não é da minha conta e isso pode parecer uma pergunta ridícula, mas por que a senhora não... você sabe, foi ajudar? — O rosto de Sidney fica duro como uma pedra. Passos são ouvidos e as meninas descem as escadas de mãos dadas com o pai. Distraindo a atenção das duas perante a pergunta.

Sr. Kincaid está vestido com um terno tão elegante que faria os mais novos sentirem inveja. Ada sente uma genuína vontade de rir, pois se pergunta onde ele escondeu o seu  distintivo por baixo daquele paletó apertado.

Ela imagina uma dupla de criminosos invadindo uma loja e o pobre coitado precisando tirar o distintivo do bolso para causar pânico. É cruel generalizar, mas será mesmo que policiais atrapalhados só existem nos filmes?

Algo lhe diz que a resposta para isso é um grande não.

Foi por causa deles. — A voz de Sidney passa pelos ouvidos da babá com afeição. Ada olha para ela de soslaio. — Eles são tudo para mim.

A imagem de Mark brincando com as filhas sana a dúvida da jovem num piscar de olhos.

— Meu primo dizia que todo mundo merece um final feliz. Bom, pelo menos... era isso o que meu pai dizia nos poemas dele.

Um desabafo com a senhora: quaterbacks são uns babacas, mas eu não imaginava que podiam ser TÃO sensíveis.

Eu queria muito ter nascido em 96. — As últimas palavras fazem o coração de Sidney dar um balanço.

Sidney começa a suar frio ao ouvir a última frase.

— Sua família era de Woodsboro?
— A do meu pai, sim. Ele se mudou para o Canadá para um mestrado e acabou conhecendo a minha mãe.

Desculpa, isso deve parecer assustador para você. Eu não quis falar nada antes porque toda reunião de natal eu ouço a mesma história trágica sobre como um adolescente foi morto.

A única coisa que eu lembro desse cara é que o nome dele era Steve.

Isso me gerou muita terapia. Meus pais ficaram superprotetores e eu tive muita dificuldade para me socializar depois. Eu entendo que passar por tudo aquilo deve ter sido assustador, mas estamos literalmente em outro país.

Quer dizer, na pior das hipóteses... qual é a chance disso acontecer de novo? E logo aqui? Uma cidade em que as patrulhas policiais são minimamente inteligentes?

Esse emprego é a desculpa para eu sair daquele cemitério.

Então, Sr. e Sra. Kincaid. Por favor, não tirem isso de mim. — A garota começa a suar frio para se explicar. Ela olha assustada para o casal, como se estivesse pedindo apoio.

Sidney olha bem para ela, com muita atenção.

Mark se vira na direção da esposa e dá de ombros, como se estivesse tudo bem.

Nesse momento, Sidney segura os ombros dela com um sorriso. Os olhos da jovem tentam esconder, mas uma vez na vida ela já desfrutou desse mesmo medo. O temor do passado terrível transformar a sua vida num cabo de guerra.

A sua forma delicada e ingênua de falar a faz lembrar de si mesma. Talvez bem mais do que ela imagina.

— Se você protege as minhas filhas, eu te protejo. Palavra de escudeira. — Responde Sid com um sorriso amigável.

Ada olha nos olhos dela, perplexa.

— A senhora promete?
— Juro pelo cabelo do Mark.

— EI! — Sr. Kincaid faz uma exclamação engraçada ao acariciar o couro cabeludo.

Ada dá um abraço amigável em Sidney. Talvez o mais sincero da noite. Algo que faz a esposa de Mark se lembrar do conforto de fazer o mesmo com a sua mãe.

— Você pode ficar, mas com uma condição. — O coração de Ada dá um pulo. Seus olhos estão inteiramente arregalados.

— Não me chame de senhora. — Ada dá uma risada sincera.

Depois de ouvir as portas finalmente se fechando, Ada ativa os alarmes com as pernas ainda bambas.

Ela já esteve aqui antes, mas nunca conseguiu se acostumar. A casa fica silenciosa quando ela é a única adulta no comando.

Ela passa os olhos pela cozinha e olha para a árvore de natal. A estrela está no topo e os decorativos já foram colocados, mas... falta alguma coisa. Talvez um pouco mais de brilho?

Ela corre até o sofá e dá um pulo na frente das crianças.

— Meninas, eu tive uma ideia genial! Quem quer montar os pisca-piscas?! — Um sorriso gigante preenche o seu rosto.

— EU! — Diz Tatum.
— N...ão, eu! — Diz Hallie, com dificuldade.
— Mas eu falei primeiro!

A irmã caçula começa a chorar. Isso faz as duas se derreterem.

— Hallie, eu trouxe um presente para você. — Ada abre a sua mochila e tira dela um globo de neve daquela cidade.

Nele, há um boneco de um policial desastrado.  Ela tem certeza de que já ouviu sobre ele nas histórias sobre a Sra. Kincaid, mas é péssima para decorar nomes.

Hallie dá um sorriso largo e o nomeia como "sr. pelúcia".

Tatum e a babá conseguem decorar os pisca-piscas nas árvores a tempo de fazer uns cupcakes. Enquanto isso, Hallie está na sala de estar, observando crianças brincando na neve e comprando sorvete no vizinho.

Tatum ergue a sobrancelha ao ver o comportamento da caçula e tenta animá-la.

— Ei, cachinhos dourados! Esses cupcakes não vão se enrolar sozinhos. — Hallie olha para ela com uma expressão triste e volta a sua atenção para janela.

Ada olha o relógio e arregala os olhos ao ver o horário. 21:00. Elas não podem mais sair.

Ela não precisa de um espelho para perceber que a sua cara está muito parecida com um emoji do Snapchat.

— Ada, a gente pode...? — Pediu Tatum.

— Não! A mãe de vocês foi bem clara sobre sair de casa a essa hora. — Cortou a babá, com um tom de preocupação na voz. Ela anda até a janela e observa as crianças brincando. — É perigoso lá fora.

— Mas a gente sabe que não devemos falar com estranhos e a Sra. Langstrom sempre faz  gemada na neve. — Argumenta a garotinha.

Ada olha para ela de soslaio, ainda desconfiada. Depois, presta bastante atenção na senhorinha comprando sorvete para os netos. A moça faz um aceno para a jovem e a mesma aproveita a oportunidade para chamá-la da janela e bater um papo.

A moça explica que conhece a família de Mark há muitos anos e que ficou encantada por Ada dedicar o tempo dela para cuidar das meninas. Tatum dá um meio sorriso, como se estivesse querendo que a idosa falasse exatamente essas palavras.

— Querida, você sacrificou muito tempo da sua juventude trabalhando aqui. Se quiser, deixa que eu dou uma olhadinha nelas enquanto a Sid e o Mark estão saindo.

Se estiver cansada demais para vir conosco, aproveite esse tempo para relaxar. Você merece. — Explicou.

Ada ajeita o cabelo entre as orelhas e pensa calmamente.

— Ah Ada, deixa, deixa, deixa! — Exclama Tatum com a vozinha mais fofa do mundo. Hallie faz o mesmo ao perceber que os apelos estão funcionando.

— OK! Mas se acontecer alguma coisa, qualquer coisa... eu vou correndo atrás de vocês. E eu quero vocês de volta às... — A babá olha o relógio — 21:30.

— 22:00! — Brincou Tatum.
— 21:30 ou cama. — A jovem cruza os braços.
— Urhg... Tá bom.

— Então, está resolvido. E AH! Um conselho, querida: pode fazer o que quiser, mas não dê nenhuma festa ou chame algum garoto.

Eu não vou poder limpar a sua barra se os  patrões virem isso. — A Sra. Langstrom faz uma expressão autoritária com a testa.

— Pode deixar. — Afirma a babá.

As crianças aproveitam a deixa para saírem de fininho.

— Ei, meninas! Já ia me esquecendo. — A babá pega um objeto cortante e o esconde no bolso da garotinha mais velha.

— O quê? Não, Ada. A mamãe deu isso para você. Em caso de emergência. — As mãozinhas empurram o objeto de volta aos dedos da babá.

Ada dá um sorriso.

— Bom, isso é uma emergência. E você precisa proteger a sua irmã quando eu não estiver com você. Mesmo que seja só por uns minutos. — Argumentou.

— E como você vai se proteger, caso o fantasma apareça? — Perguntou a menina.

Ada engole o seco, mas logo se mostra confiante de novo.

— Se ele não quiser bancar o gasparzinho, eu vou dar uma surra nele.

A garotinha sorri. Os dentinhos ainda crescendo fazem a situação ser um pouco engraçada.

— Agora, vão lá e não demorem. — Ela dá um abraço apertado em ambas.

Por um momento, a babá começa a entender o que a Sra. Kincaid estava querendo dizer com elas serem tudo para ela.

***

As portas se fecham e o silêncio parece ter ficado "mais alto". Ada liga a caixa de som e escuta Thank U' Next enquanto recheia os cupcakes.

A garota se diverte e faz dancinhas até que o seu telefone toca. Ela olha a chamada e vê um número desconhecido.

— Hum, não. — Ela desliga sem demonstrar nenhuma emoção.

A música continua tocando até que uma notificação aparece na tela.

É falta de educação deixar as pessoas no vácuo.

Ela dá uma risada debochada e responde a seguinte mensagem:

Me convença a ser educada.

O endereço marca ela num post do Instagram. Nele, está a foto de um rapaz musculoso e sem camisa.

Ada revira os olhos e só de raiva liga de volta para o número. Ele atende no mesmo segundo.

— Essa foi a melhor "cantada" que você conseguiu inventar? — Questionou, recostando no balcão e arrumando um porta-copos.

— Achei que chamaria a sua atenção.

Parece que funcionou. — Uma voz sedutora respondeu a pergunta.

— Ui... e o convencido tem nome?
— Jayden, mas meus amigos me chamam de Jay.

Ada dá um meio sorriso. Nesse segundo, uma sombra passa pela janela da sala de estar. Ela se vira para o balcão novamente. Colocando os bolinhos numa travessa e os guardando na geladeira.

A babá dá passos ligeiros até o sofá. Liga a lareira e a TV. Vaga pela Netflix e procura alguma coisa para passar o tempo.

— Bom e se eu não quiser ser sua amiga? Do que eu chamo você?

— De lindo, bonitão, gostoso. O que você achar  melhor. — Respondeu o rapaz.

Ada arregala os olhos com deboche.

— Gosto quando vão direto ao ponto, mas eu não tô no clima agora. Acabei de sair de um relacionamento. — Ela explica.

— Você ligou para um bom ouvinte. Quer conversar? — Ada massageia a têmpora, se perguntando sobre o que está fazendo.

— Acho que o problema sou eu. Tenho outras responsabilidades e os caras com que me envolvi só pensam em sexo.

Do que adianta ter gominhos, mas um cérebro sem oxigenação? É tão clichê que virou modinha. Nem os nerds estão escapando. — Argumentou.

— A realidade é uma droga. O meu lance envolve algo mais... fictício. — Disse Jayden.

— E o que seria?
Filmes de terror. Qual é o seu favorito?

Ada faz uma careta. O tom de voz dele ficou mais frio?

— Se eu responder, você vai me chamar para um date? — Questionou ela com ousadia.

Depende. O filme é bom?

Ada dá uma risadinha.

— Lenda Urbana. Aquele que tem um assassino de capuz perseguindo uma ruiva no campus. — Ela diz.

Aquele em que o cara usa um machado e a cena de abertura é com uma lesada perdendo a cabeça? Eu lembro desse. Assustador.

O primeiro é bom, mas o segundo é uma bomba. Não tem personagens legado e nem funciona como uma sequência. Parece Halloween 3. — Argumenta.

Eu concordo. Tenta adivinhar o meu.

Hum, Brinquedo Assassino. Você parece o tipo que valoriza um clássico. — Diz a babá.

Bom chute, mas o que eu gosto mesmo é Halloween. Aquele em que o assassino persegue as babás com uma faca.

Ela arregala os olhos na hora. Levanta do sofá e olha para todos os lados. Tudo está muito silencioso.

A voz de Jayden se transforma rapidamente numa que muitos conhecem.

— Como sabe que eu tô de babá? — Ela ativa todos os sistemas da casa e se arma com uma faca, o que é irônico.

Porque eu quero saber para quem eu tô olhando.

O coração dela dá um pulo ao reconhecer a frase. Isso não pode ser brincadeira, pode?

— O que você disse?
Eu disse... que quero saber com quem eu tô falando. — Respondeu.

As ruas continuam desertas. As crianças não estão mais brincando do lado de fora, mas a janela da Sra. Langstrom está visível. Tatum e Hallie estão jogando Monopoly com os netos dela.

— Eu tenho que desligar.
Não, espera... — A chamada terminou.

Ela manda uma mensagem para Sidney, mas o número desconhecido manda um áudio  anônimo:

Eu não faria isso se fosse você. Anda, atende o telefone, ruivinha!

O suor frio começa a aparecer no seu rosto. A única coisa afora, além da neve, é a escuridão.  

Suas pernas começam a ficar bambas e ela perde os sentidos de direção. Só que uma coisa é certa: ela não pode ficar mais um minuto longe das crianças.

Quando ela se dá por si, a luz da casa inteira acaba. A única iluminação são os pisca-piscas na árvore de natal.

Escuta um barulho vindo da porta da frente. Depois, outro do lado de cima. Ela sabe que os sistemas de segurança não funcionam quando a casa está sem energia.

Merda. Ela pensou prontamente, mas não há mais tempo para isso.

O Ghostface desce as escadas, se guiando com a luz vermelha do seu modulador de voz.

Foi assim que ele a enganou. Atualizou o sistema para falsificar vozes reais e aproveitou a conversa para entrar pela janela dos quartos.

Felizmente, o idiota deve ter pensado que ela foi burra o bastante para correr até ele. Isso dá tempo da babá fazer a única coisa possível nessa situação: Se esconder.

Um... dois... três. Os pés do assassino chegam ao fim da escada e ele caminha lentamente até a porta da frente. Tão devagar e meticuloso que dá para ouvir a sua respiração embaixo da máscara.

Ele passa por trás da parede em que Ada está escondida e surge na entrada da sala de estar. Provavelmente prestando atenção na luz da árvore.

Ao ver isso, Ada tira os sapatos e fica de meia. Sidney lhe disse uma vez que os passos ficam muito mais silenciosos sem os calçados. Pelo visto, está funcionando. Ela aproveita a deixa e esconde o seu celular dentro das botas. Depois, posiciona eles embaixo do balcão.

Ela pega um copo de vidro na pia e engatinha até o escuro como um gato. Sorrateiramente, ela se agacha de volta na janela em que Hallie estava mais cedo e começa a pensar.

Ele quer me encontrar. Então, se ele não sabe onde estou, vai seguir o clichê dos filmes e...

O celular dela começa a tocar. Nesse mesmo instante, o Ghostface corre até o balcão. Ela continua se movendo pelas sombras, até a porta de entrada.

Pronto, ele caiu. Agora é só sair dali.

Ela corre até a porta, mas a porcaria está trancada. A maçaneta é... elétrica???

Malditas medidas de segurança. Sidney fez isso para ninguém fazer uma cópia das chaves reais.

MERDA. MERDA.

Ghostface dá uma facada no balcão ao ver que foi enganado. Ele olha para todos os lados, mas ainda não consegue encontrá-la.

Ela aproveita a chance para arremessar o copo na árvore de natal. O barulho faz ele ir conferir. Nesse momento, ela volta ao balcão, pega rapidamente o seu celular e sobe as escadas. Com tanta velocidade que ela é quem está parecendo uma assombração.

Ela chega nos quartos de Tatum e Hallie. Todas as janelas estão emperradas pela neve, mas essas estão abrindo!

Anda, seu monte de...

Passos rápidos sobem as escadas e Ada bloqueia a porta no mesmo instante. Empurra as camas na entrada e o assassino começa a bater na estrutura com violência.

Com toda a sua força de vontade, ela consegue abrir uma das janelas. Ao pisar no telhado, ela se equilibra para não cair e chega até a ponta. Só que tem algo errado.

Ela olha para trás e vê que as batidas terminaram. Ela empurra o quadril para trás, mas o assassino agarra a sua perna por baixo  e lhe dá uma facada no calcanhar esquerdo. Isso faz ela gritar tão alto que parece impossível ninguém ter ouvido nada.

Como resposta, ela dá um chute na cara do Ghostface com a perna boa e aproveita o seu atordoamento para pular em cima dele e usar faca da cozinha para atingí-lo na costela. Depois, agarra ele pelos ombros e o empurra contra a caçamba de lixo mais próxima.

Sem perder tempo, ela começa a se arrastar com velocidade até a casa do vizinho. Por um milagre, ela consegue chegar a tempo. Bate na porta com toda a força que lhe resta e aperta o botão da campainha enquanto luta com a dor de permanecer em pé. O seu sangue banha a neve e ninguém a escuta.

Desesperada, ela disca os números da dona da casa e para o seu alívio, ela atende a ligação:

— SOCORRO! Sra. Langstrom, o assassino tá aqui. Chama a polí... AAAAAH! — A faca atravessa o seu esterno. Ghostface arrasta a jovem pelo rabo de cavalo e o sangue dela deixa um rastro de neve até a árvore de natal.

Os pisca-piscas iluminam a máscara do assassino. Está repleta do sangue dela.

Ada, sentindo tanta dor que não consegue manter os olhos abertos, começa a ouvir os gritos da Sra. Langstrom.

— Ada, é você? Querida, o que está acontecendo?! Onde você está?!

— Socorr... — Ela toma mais uma... duas facadas no esterno. Mais sangue começa a sair da boca dela. O assassino quebra o celular e aponta a faca ensanguentada para um retrato da família.

Ela tenta acertar um soco nele, mas ele dá uma facada no seu pulso. Com a mão dela, ela consegue tirar a sua máscara.

Um rosto familiar fala com ela, usando o modulador.

— Você... — A visão da jovem começa a embaçar.

Onde está Sidney Prescott?

— Vai ter que me matar. — Responde a babá, com muita coragem.

O assassino posiciona a faca. Do mesmo jeito que todos os outros faziam com as primeiras vítimas.

Isso não vai ser problema! — Um último golpe corta o pescoço de Ada. Acabando com ela de vez.

***

Viaturas de polícia rondam a casa dos Kincaid. Sidney e Mark saem do carro com tanta velocidade que quase batem num poste.

Ela corre até a entrada e vê o rastro levando o sangue para dentro.

— MAMÃE! — As meninas vem ao seu encontro e lhe dão um abraço aliviado.

Ela olha para o caos e diz:

— Fiquem aqui. — Mark abraça as filhas. A protagonista saca a sua pistola e vai ao encontro do cenário de horror.

Ela usa tudo o que tem para não deixar as lágrimas escorrerem no seu rosto.

— Não... não... não. De novo, não! — Inconscientemente, a sua pistola cai no chão e ela cai de joelhos.

Tatum e Hallie entram correndo e soltam um grito APAVORANTE  ao ver a cena.

Sua babá, pendurada onde deveria estar a  estrela e com as tripas enroladas por cima dos pisca-piscas, é a mais nova "decoração" da árvore de natal.

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