Capítulo 5
Nas semas que se passaram, Yuuki tentou manter os seus hábitos. Praticava sua corrida e exercícios pela manhã, ia para as aulas e passava a tarde na biblioteca estudando. Estava quase no final de seu TCC, esperava que tudo ocorresse bem. O final de seu último semestre estava próximo.
Ele evitou ir aos treinos de Alek. O que foi completamente compreensível pelo amigo. Mas ele desistiu dessa tolice logo na primeira semana. De forma alguma que ele deixaria de apoiar o amigo porque estava em um clima ruim com Tadhe.
O jogador inclusive não lhe procurou em momento algum. Talvez fosse melhor assim... Ou talvez ele estaria pensando o mesmo. E se fosse parar para pensar, foi o próprio Yuuki quem terminou tudo o que eles tinham... Ou quase tinham...
No caminho para a quadra de vôlei, Watanabe refletia sobre esses assuntos. É verdade que ele nunca se importou em assumir um relacionamento com os seus ocasionais ficantes ou namorados. Não que ele quisesse esconder, mas se os caras não fossem assumidos, ele não insistia.
Yuuki sabia por experiência própria como era difícil se assumir para a família. Então não julgava quem ainda não estava pronto para isso. E felizmente na faculdade, os alunos já eram mais mente aberta, logo, quem era assumido, podia ter um namorado e andar de mãos dadas pelo campus que não seria um problema.
Porém, pela primeira vez ele sentiu vontade de assumir um relacionamento. Ou pelo menos começar um. Ele gostava de Tadheus e sentia uma raiva colossal em ver como a família o tratava, principalmente o pai.
Tadheus não chegou a realmente contar o que acontecia. Mas ele não era cego e percebia os abusos psicológicos que ele sofria. Talvez fosse uma prepotência sua em pensar que Tadhe não se assumia por causa do pai. Em sentido de que ele não se importaria com a opinião das outras pessoas, apenas com a de seu progenitor.
Enfim chegou a grande quadra e sorriu ao ver Alek completamente suado, correndo de um lado para o outro na quadra. Tentou não alterar a sua expressão quando percebeu que Tadheus lhe observava. Como um grande merecedor do Oscar que ele era, fingiu desviar o olhar do amigo para "casualmente" ver o levantador. Encenou uma cara de leve surpresa e acenou com a cabeça em um movimento curto. Sentou-se em um dos degraus da arquibancada e tentou relaxar para assistir ao treino.
O treinador parecia empolgado. Restavam apenas dois jogos que os separavam da grande final. Então ele fazia o favor de sugar toda a energia dos jogadores. O único que escapava de sua fervorosidade, era o capitão. Ele estava feliz do jogador ter se recuperado a tempo de jogar os últimos jogos. Mas era sensato de fazer ele ir com calma.
Em dado momento do treino, alguns jogadores revezaram e puderam ir descansar um pouco. E teve uma pessoa que amou esse descanso, porque assim ele poderia subir as escadas e dar atenção a um oriental que estava completamente sexy naquela tarde. Era um pecado Yuuki usar camiseta e bermuda. As coxas definidas eram lindas e sua tatuagem podia ser vista descendo até o tornozelo. Os ombros a mostra permitiam que os seus músculos fossem percebidos e era uma tentação a parte. Realmente, o corpo de um bailarino é lindo. Pena que ele não dançava mais...
- Ei, gatinho! - chamou com um sorriso intentando charme.
Yuuki olhou para o lado não se dando conta de que Cameron sentou ao seu lado até ouvir a sua voz.
- Cameron... - chamou o seu nome como forma de cumprimentá-lo.
- Você sumiu... - se arrastou para mais perto dele e o oriental o olhou com descrença – Fazia tempo que não vinha me ver treinar... - sorriu e ajeitou os cabelos azulados.
Yuuki riu, com uma certa vontade até, e levou uma das mãos ao rosto. Seus dedos esfregaram desde suas têmporas até as bochechas. Ele realmente ouviu aquilo? Precisava reunir a sua paciência para não dar uma má resposta ao outro.
- Não viaja, você sabe que eu venho ver o Alek... - elucidou com um suspiro e apoiou os cotovelos nos joelhos, ficando em uma postura relaxada enquanto olhava para o ex.
- Yuu... Não faz isso comigo... Quando você vai me perdoar? - aproximou-se um pouco mais e o outro saiu de sua posição para afastar o corpo um pouco mais – Eu to com saudades de você... - conseguiu sussurrar no ouvido.
Watanabe ficou estático com a ação. Cameron jamais demonstrou qualquer tipo de carinho em público.
- O que está fazendo, Cameron? - afastou-o pelo ombro.
- Estou tentando te reconquistar, gatinho e mostrar que eu me arrependo de não ter assumido você pras pessoas – colocou a mão no joelho dele e Yuuki apenas olhou para tamanha ousadia, soltando uma risada de escárnio e maneando a cabeça descrente – eu estou pronto pra me assumir, eu quero que as pessoas me vejam com você...
Respirou profundamente e pesou os olhos, com o máximo de delicadeza que conseguiu ter, retirou a mão dele de seu joelho.
- Cameron... Nós não temos mais nada, porque você! - enfatizou – Resolveu me trair. Pura e simplesmente... Eu não vou voltar com você. Ah! E duvido muito que você se assuma pra faculdade inteira.
- Yuu, eu... - não conseguiu terminar a frase, o treinador anunciou o fim do descanso.
Antes que saísse, Cameron se despediu e depositou um beijo na bochecha de Yuuki. Ele aceitou o gesto, porque não importava o que ele fizesse, já não havia mais volta pra eles.
Tão logo o jogador saiu, Alek sentou ao seu lado. Uma toalha descansava em seu pescoço enquanto a garrafinha era usada para saciar a sua sede.
- O que ele queria? Não sabia que vocês eram amigos... - comentou com descaso após dar mais um grande gole de água.
- Nada demais... Ele achou que eu ia esquecer que ele me traiu e que o aceitaria de volta...
Alek cuspiu a água, engasgando um pouco e precisando levar alguns tapinhas nas costas para que ele melhorasse.
- O seu boy que você terminou era ele? - seu queixo estava no chão – Eu não acredito! Cara! Você precisa começar a me contar quem são as pessoas que você sai... Eu não estava preparado...
- Ah, Alê... Não era nada sério... Quando começou a ficar sério ele cagou no pau!
O jogador riu do comentário. Achava simplesmente hilária a expressão que as vezes o amigo usava.
- Certo, certo... Mas ele é meio sem noção né... - um silêncio breve se formou. Alek estava pensando se contava o que viu ou não – bom, tá explicado porque só faltou o capitão amassar a garrafa dele. Eu estava jogando, mas consegui ver por um momento ele olhar na sua direção com uma cara de poucos amigos. - Yuuki prestava atenção, surpreendido por saber da reação de Tadhe – Eu achei que ele estava com ciúmes, mas assim, ciúmes normal... Ele sabe que vocês tiveram algo?
Um sorriso nostálgico brotou em sua face. Lembrando-se do episódio no vestiário.
- Ah, sim... Ele sabe, com toda a certeza ele não tem a menor dúvida de que nós tivemos algo...
- Bom, então... Se ele ficou enciumado, quer dizer que vocês tem uma chance de voltarem a ficar juntos. Ele pareceu estar bem incomodado com a aproximação de vocês.
- Eu... Eu não sei, Alê... Eu não posso te dizer que eu não quereria, mas é complicado. Acho que eu to velho demais pra ficar namorando escondido. Do que adiantaria a gente voltar se nem na mão dele em público eu posso pegar?
- Mas Yuu... Isso vocês podem ir conversando. Você é um cara doce e paciente. Sei que ajudaria ele a se assumir se essa fosse mesmo a vontade dele...
- É esse o problema, Alê... - suspirou – eu acho que ele não quer...
A conversa dos dois amigos precisou ser interrompida pois o intervalo do jogador terminou.
Quando acabou o jogo, Yuuki não esperou o amigo tomar banho. Ele se despediu e foi na frente. Na verdade ele não queria correr o risco de esbarrar com Tadhe.
Só que a sua brilhante estratégia foi por água a baixo. Tadheus recolheu rapidamente as suas coisas, não sem antes passar um pouco de desodorante pra validade não vencer até ele chegar na república. E acelerou o passo para alcançar o oriental.
- Veio ver o seu namoradinho hoje? - Yuuki parou – Não sabia que vocês tinham voltado.
Fechou os olhos não acreditando. Girou nos calcanhares e percebeu que estavam sozinhos. Por breves instantes achou que ele estava falando de Alek. Mas depois caiu a ficha e ele entendeu que o seu comentário era referente à Cameron.
- Primeiro, eu vim ver o meu amigo. Segundo, eu não tenho namorado. Sou solteiro, sem um compromisso com ninguém, muito menos o Cameron.
- Ah, é? Para mim vocês pareceram bem íntimos – se aproximou.
- Tadheus... - fechou os olhos e respirou – Tá, e daí? - cruzou os braço e se apoiou em uma das paredes do corredor. Pelo menos estavam sozinhos.
- Ele foi um canalha com você! E... - Yuuki o interrompeu.
- Vou perguntar outra vez... E daí? O que você tem a ver com isso? - estava nervoso e pegou um elástico para prender o cabelo em um rabo de cavalo alto.
- Eu... - sussurrou – Eu... - olhou para o outro e parecia estar claramente buscando forças para falar – Eu sinto sua falta... Eu me acostumei a ter você por perto...
A confissão fez o coração de Yuuki disparar. Não achou realmente que Tadhe fosse dizer aquilo ou algo parecido.
- Sabe... Eu fiquei pensando que a nossa discussão foi completamente idiota.
- É, nisso eu tenho que concordar – sua voz soou um pouco ressentida.
- Eu estava estressado porque meu pai veio me ver e acabei agindo sem pensar... - suas palavras pareciam sinceras – Eu sou orgulhoso, Yuuki... Mas eu estou aqui, porque eu realmente me acostumei a ter você do meu lado... Eu estava mais feliz na época em que eu não conseguia andar... - olhou dentro de seus olhos, com uma intensidade ímpar.
- Tadheus... Eu não quero ficar brincando de esconde esconde. Cansei de ficar me escondendo por aí só pra poder te beijar... Não, não! Pior, pra poder te abraçar... Você...
- Olha, eu sei que as pessoas na faculdade dificilmente interpretam esses carinhos como algo a mais. Só que meu pai estava aí eu... Você já viu como ele me deixa – disse a última parte mais baixo.
- Sim... Eu me lembro... - rememorou o dia em que viu o jogador encolhido no chão e chorando.
- Eu confesso que já me passou pela cabeça jogar tudo pro alto e falar pra minha família sobre mim. O que eu to te pedindo, é que você tenha paciência comigo... - aproximou-se – só um pouco mais...
Yuuki estava em dúvida, no fundo queria aceitar e continuar vivendo aquele romance perigoso e delicioso. Entretanto, por outro lado, ele sabia que corria o sério risco de se magoar e de se sentir rejeitado novamente.
Ele sentiu falto do jogador, e muita. E jamais imaginou que Tadhe viria até si e se desculpasse. Bom, na verdade ele não se desculpou propriamente dito, mas não tinha problema.
Como se testasse uma aproximação, Yuuki descruzou os braços e levou uma das mãos até a mão do outro e as pontas de seus dedos roçaram levemente ali. Tadhe correspondeu entrelaçando os dedos nele. Andou mais um pouco e levou a outra mão para o elástico que prendia o bonito cabelo. Puxou levemente e colocou o objeto no próprio punho antes de emaranhar os dedos naqueles fios.
O seu agarre foi firme, o que arrancou um suspirou de deleite por parte de Yuuki que ainda permanecia imóvel.
Tadheus sorriu, entendendo que era ele quem deveria dar o primeiro passo. Antes de beijar a boca alheia, ele raspou os dentes pelo pescoço esguio, mordendo a pele branquinha enquanto apertava mais a mão entrelaçada. Beijou-lhe o queixo e deu um selinho demorado nele. Parecia inebriado por sentir novamente a boca macia.
Yuuki não resistiu mais e beijou a sua boca, com uma saudade que nem mesmo ele achou que estava sentindo. Se beijaram por alguns instantes antes de se separarem e Yuuki soltou a mão entrelaçada para abraçar Tadheus pelos ombros. Beijou a curva do pescoço dele e sussurrou:
- Também senti a sua falta.
Tadheus sorriu galante e o beijou novamente.
Infelizmente foi necessário se afastarem, logo algum jogador passaria por lá. Procuraram andar em direção as suas respectivas repúblicas e durante o percurso conversaram um pouco sobre como andavam as suas vidas depois daquelas semanas sem se falarem.
Acabaram por decidir que eles na frente das pessoas manteriam uma amizade e reservariam os momentos íntimos para quando estivessem sozinhos.
Tadhe prometeu que não duraria muito tempo aquela situação. Que ele apenas precisava de um tempo para se acostumar com a ideia de se assumir.
O jogador chegou a sua república sentindo que o um peso enorme havia saído de seus ombros. Entrou em seu quarto e sentiu a preguiça tomar conta de si ao ver o estado em que o seu quarto se encontrava. Sempre foi um cara organizado. Mas aquelas semanas nas quais ele ficou lutando com o seu orgulho decidindo se ia falar com Yuuki ou não. Deixou que o seu quarto virasse uma verdadeira zona, refletindo um pouco em como se sentia por dentro, bagunçado, total e completamente desnorteado.
Tratou de logo recolher sua bagunça e transformar aquele lugar em um local decente pra estar.
Passou a cantarolar uma canção nova que havia composto. Era um hobbie seu, que ninguém mais sabia. Tadheus gostava de tocar, compor e cantar. Nunca teve coragem de partilhar isso com ninguém.
Continuou com a melodia doce e alegre enquanto se sentia bem de ter colocado o seu orgulho de lado para falar com Yuuki. Apenas não saberia dizer quando ele teria coragem de se assumir para a sua família.
Notas:
Ai gente. Já não sei mais quantos capítulos terão... Mas é uma short fic hahaha... Enfim...O que vocês acharam dos nenês terem voltado? E do pedido do Tadhe, será que ele vai mesmo se assumir? huhuhuhhu...Outra perguntinha... Vocês acham que o time do Tadhe vai ser campeão nacional? Huhuhuh, teorizem hihii...Aiai genteee!!! Eu acho que eu vou introduzir outro personagem meu aí pra causar mais ciuminho no Tadhe hauhauhauha...Ele sofreu nessa separação... Querem que eu mostre como foi esse período pra ele, ou deu pra entender nesse cap e tá de boa? HuhuhuhComentários, sugestões e críticas construtivas sempre são bem-vindas <3<3<3<3Kissus amores <3
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