Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

V.| Na salinha

O Sol brilhava alto e o céu reluzia com o seu azul onírico. As borboletas esvoaçavam e as moscas chatas deambulavam. As flores coloridas, com as suas pétalas bem abertas, eram visitadas pelas abelhas. Os gatos esticavam-se nos muros a apanhar banhos de Sol e os cães passeavam de cauda a abanar. Um grupo de velhos conversava sentado num banco de jardim, enquanto um outro aglomerado de gente da mesma idade avançada jogava petanca na terra batida.

Pensativa, com a cabeça quase a tocar o chão e a mente distante, Bibliós vagueava pela pequena vila. Tentava formular no seu raciocínio uma forma de dar uma vida menos solitária aos livros do falecido Senhor Palavras. No entanto, a solução verificava-se difícil de encontrar: uns não sabiam ler, e os que sabiam, não tinham paciência nem estavam interessados em utilizar a sua habilidade de decifrar aqueles símbolos chamados letras. Que chatice!

A rapariga passou rente à salinha onde, em acordo mútuo, a vila decidira entregar-lhe os constituintes da biblioteca do centenário. Estranhamente, a porta estava aberta. Que esquisito! Regra geral, aquele espaço estava sempre fechado, tirando umas quantas reuniões que lá se faziam uma vez por outra e que eram de conhecimento geral dos habitantes da localidade. Ninguém anunciara nada. No café, não fora afixado nenhum cartaz. Porque raios é que a porta estava aberta?

Um vulto encapuzado escondia-se nos cantos escuros das paredes do compartimento. Movimentava-se sorrateiramente sem permitir que lhe vissem a cara. Fosse quem fosse, parecia atarefado. Dava a sensação que colava qualquer coisa nas barreiras de tijolos que delimitavam a sala.

Intrigada, a adolescente adentrou no espaço. O outro alguém, assustado, virou-se e deixou cair um rolo de fita-cola no chão, que rebolou até aos pés da miúda.

- Deinós? - Perguntou a menina dos livros, reconhecendo o rapaz.

- Bibliós? O que é que estás aqui a fazer?

- O que é que estás a fazer pergunto eu.

- A pendurar desenhos. Não se vê? - Retorquiu o jovem, com má cara.

- Que lindos! - Elogiou a adolescente, aproximando-se dos papéis e ignorando o ar carrancudo do outro. - Foste tu que fizeste?

- Fui. - Respondeu o rapaz, envergonhado, abandonando a resmunguice.

A carvão, a lápis de cor, a pastel, a aguarela, a caneta de ponta fina, a óleo e a acrílico. Técnica mista, colagem, toda a espécie de arte ali amostrada na pequena salinha da vila, toda construída e trabalhada pelas mãos inocentes de um adolescente de meros quinze anos. Eis o artista, cujo destino na arte escrito estava! De exposições em galerias e museus consagrados havia de ser o seu futuro. O nome "Deinós" nos cartazes informativos dos grandes acontecimentos culturais haveria de estar estampado.

- A minha mãe e o meu pai dizem que ninguém vive da arte. Só traz miséria!

- Isso não é verdade! - Ripostou Bibliós, tentando confortar o rapaz. - Olha para a perfeição destes desenhos! São incríveis! Tenho a certeza de que terás muito sucesso!

- Se assim o dizes...

- Se não tivessem qualidade, não os estarias a expô-los aqui.

- Foi ideia da minha tia. - Informou Deinós, como quem não quer a coisa. - Lembras-te daquela reunião há uns dias, por causa do testamento do Senhor Palavras? Eu não estava a ligar patavina. Apetecia-me desenhar, então agarrei no meu bloco e comecei a rabiscar. A minha tia viu. E eu: "Fui apanhado! Estou feito!". Mas em vez de me pragar um ralhete, a minha tia disse-me que eu tinha muito talento e que devia fazer uma exposição. Deu-me duas semanas e meia, até ao fim das férias, para decorar esta salinha. Ainda não sei o que expor. Vim só tirar as medidas, ver quantos desenhos eram necessários.

- Por falar no Senhor Palavras... - Começou vagarosamente a rapariga, deixando o outro jovem expectante.

- Sim?

- Entregaram-me a biblioteca toda dele. E eu não sei o que fazer àqueles livros todos, mas acabaste de me dar uma ideia.

- Ai sim? Então?

- Acho que a intenção do Senhor Palavras era que os seus livros estivessem acessíveis a toda a população da nossa vila. Pelo que vi, as pessoas andam pouco motivadas para a leitura. Acham os livros chatos. Já que tens tanto jeito para o desenho e as pessoas estão dispostas a ver a tua arte, e se fizesses umas ilustrações dos livros? Boa parte deles já os li. Sei exatamente como cativar para a leitura!

- Queres que eu faça umas ilustrações? Pode ser, desde que me digas o que queres que eu desenhe. - Respondeu o rapaz. - E obrigado! Acabaste de me resolver a minha indecisão!

- Perfeito! - Exclamou a miúda, quase aos pulos. - Eu ajudo-te a tirar as medidas das paredes!

- A sério? Obrigado!

Os adolescentes passaram o resto do dia a preparar a exposição entre risos e gargalhadas. Afinal o miúdo dos auscultadores e do bloco não era tão tímido como parecia! Bem pelo contrário. Era divertido e extrovertido! E agora que estavam juntos, a sós, que bela oportunidade para a menina dos livros confessar o seu amor.

- Queria te dizer uma coisa... - Principiou a rapariga.

- Que acabou a fita-cola? Acabei de reparar agora. Vou num instante à mercearia ver se arranjo mais alguma. Até já!

E lá ficou o amor por declarar.

(863 palavras)


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro