vermelha ou azul?
eu dou o primeiro passo, toco a parede azul como o céu e o mar, te explico o porquê dela ser desse jeito mas você nem tenta escutar.
rebate dizendo que ela é vermelha como o sangue e como o sol que não para de brilhar.
a parede é vermelha ou azul? eu não sei o que mais pensar.
penso e repenso, de tanto observar, observo que nada além de azul eu vejo.
por isso me envolve o desejo dessa parede quebrar e num verso que mais soa inverso eu me afogo e me embolo só por não saber te explicar
te explicar que aquilo é azul e de vermelho não tem nada, que há dias e dias eu estou em pé analisando cada rachadura que mesmo que eu insista, ela só é vermelha se eu mentir
às vezes eu só penso em derrubar essa parede e não pensar em mais nada, ou em pinta-la de roxo só para saber se você me amava, se seu papo de "hoje é azul" era verdadeiro e não pura fachada.
as discussões só aumentam e você não entende que azul é a cor de todas paredes da casa que nunca foram vermelhas e não existe um filtro ou óculos que o faça entender
que se essa casa não for azul, eu me mudo até encontrar
encontrar alguém que consiga me mostrar o que pensa
alguém que me confirme e me faça sentir o vermelho que só você via
para que enfim eu possa acreditar na porra da sua parede vermelha
mas você só acreditava no azul quando eu não queria mais saber
quando eu tacava o foda-se e deixava você a cor escolher.
quer saber, talvez ela seja mesmo vermelha e eu esteja errado
ou talvez você só não entenda que se não for azul, não fico do seu lado.
agora a casa está toda destruída e ninguém mais é certo
até porque, não é possível ver as paredes de um coração feita de puro concreto.
você não queria ver o meu ponto de vista ou eu ainda estou errado?
eu não aguentava mais esperar a saliência vermelha me aparecer
ou se quer um respingo de sangue nessa parede que você sempre vê.
eu fiz de tudo para te mostrar essa parede azul que eu via todos os dias,
me desdobrei e recomecei para te dar óculos que o mostravam a cor
mas aos poucos ela perdeu já não enxergava e a derrubei por odiar cinza.
21 de outubro 2022, exausto, dino oliveira.
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