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Capítulo IX

— Quando irá querer colocar seu plano em prática, Kathe?

— Essa noite. Ralph já está a par do assunto Miriam? Informou-lhe apenas o essencial? — Katherine respondeu enquanto olhava pela janela de seu quarto as ruas que desbravava quando mais jovem, sempre escondida, sempre misturada as sombras. As ruas que voltara a desbravar, tento experiências boas e ruins, A da última noite, no entanto, fora péssima, mas talvez pudesse ter um ponto positivo.

— Apenas o essencial e nada mais, mas tem certeza de que não está se pondo em risco desnecessário? Digo, você não sabe onde o encontrar, nem seu caráter! — a dama real estava totalmente insegura em relação aos planos da amiga, e Katherine sabia que ela estava certa, mas também tinha suas razões e seus ideais.

— Miriam, minha amiga, ele me tinha em seus braços, soube para onde me trazer assim que viu meu rosto, o que significa que sabe minha identidade. Não acha que ele poderia ter feito muitas coisas com a princesa, futura rainha em seus braços?

A dama real demonstrou estar pensativa, mas sempre procurando brechas, o que poderia dar errado, afinal, era também sua função garantir sua segurança.

— Além disso, ele levou uns belos golpes para me salvar, garantindo minha segurança, quantas vezes preciso repetir essa história para que acredite em mim? Em meus instintos? — continuou.

— Seus instintos, minha cara, podem nos levar para uma enrascada, e é disso que tenho medo.

Era verdade, poderia de fato acontecer. Mas nada lhe faria mudar de ideia. Essa noite voltaria aos bares daquela região e procurariam ele.

Ralph estará conosco. O que poderia dar errado? — essa era uma pergunta retórica, e a princesa preferia não pensar na gigante lista do que poderia de fato acontecer.

— E quanto aos três? O que fará com eles?

Katherine ficou pensativa, não podia oficialmente mandar prendê-los devido a sua situação, fora escondida, ninguém sabia — com exceção de Ralph e Miriam.

— Quanto a isso... Cuidarei disso em breve.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Katherine vestia os trajes e a capa caia sobre seu rosto, esperando quando o entardecer para que Miriam e Ralph batessem a porta de seu quarto para lhe buscar. Como planejado, aquela noite, Miriam fez sua verificação de rotina com o propósito diferente do de costume. Dessa vez não estava verificando se encontrava servos com suas e seus amantes, mas sim se a barra estava limpa. Ao concluir, encontrou-se com Ralph, que já a esperava alguns poucos corredores antes do quarto da princesa, então seguiram.

Três batidas a porta e Katherine abriu, fechando-a rapidamente, todos os três com os capuzes cobrindo-lhes o rosto.

A carruagem encontrava-se no mesmo lugar, com o mesmo cocheiro fiel aos mesmos subornos. Quando todos adentraram, a carruagem partiu novamente. Katherine desejava que o fim dessa noite não fosse como o anterior, ainda podia sentir a angústia de ser incapaz — não só pela bebida, mas pelo choque de realidade trágico que lhe fora revelado.

No entanto, ao chegarem ao bar de algumas noites anteriores, ele se encontrava fechado — em reforma. Tudo bem, deveria ter imaginado, aqueles quatro bagunçaram o bar por completo, alguns dos estragos demorariam mais que uma noite para consertar. Mas por sorte, bar era algo que não faltava naquela região e a princesa realmente torcia para que não encontrasse aqueles brutamontes novamente. Desejava apenas encontrar um, aquele que a salvara.

A neblina espalhava-se pelo chão por entre as ruas escuras e becos vazios, movimentados apenas graças aos bares. Era fim de semana, então aqueles locais estavam mais movimentados do que de costume. Pelo menos haviam dois deles que poderiam reconhecer o heróico jovem daquela noite.

— Não sei se pensaram nisso, mas não posso ajudar sem que me descrevam como é esse tal... herói — sugeriu Miriam acompanhando-os.

— Não sei se consigo descrevê-lo, mas certamente o reconheceria assim que o visse.

— Alto, cabelo castanho, olhos esverdeados. Possui um bom corpo físico. Acho que é uma boa forma de descrevê-lo. — disse Ralph dando de ombro quando as jovens o encararam — O que foi? Sou um bom observador.

— Ok, resumiu bem, admito. Agora qual dos bares iremos, o da esquerda ou direita? — Katherine apontou para dois bares, ambos de frente para o outro em direções opostas da rua, concorrentes aparentemente.

— Esquerda — Ralph seguiu a frente.

As jovens se entreolharam, mas rapidamente o seguiram, atravessando a rua.

Ao abrir as portas do bar — como todos os outros daquela quadra — estava lotado. Percorrendo os olhos e andando pelo local, ninguém batia totalmente com as descrições. Estavam todos cansados de forma que o bar da direita era o último das proximidades.

— Estou cansada Kathe — reclamava Miriam quando saíram do bar e encaravam o outro adiante —, não podemos ir embora? Quer dizer, não é como se ele fosse um frequentador fiel dos bares da cidade.

— Tenho que admitir, Miriam tem razão — afirmou Ralph.

— Qual é gente, esse é o último, o que custa verificar?

— Após esse, vamos embora! Não posso ficar arriscando sua proteção, Sua Alteza. E por favor, pode não sair mais sozinha sem proteção como fez naquela noite? Me espanta Miriam ter concordado.

— Acredite Ralph, tive meus motivos, e Miriam sabia disso.

Então Ralph apenas assentiu abrindo a porta do bar para que entrassem.

— Vamos nos separar, eu vou pela esquerda, vocês duas pela direita, visto que somente uma conhece sua aparência. Nos encontramos em frente a saída em dez minutos. — Dito isso, elas apenas assentiram, separando-se em seguida.

Era como se aquele que salvara a vida de Katherine tivesse evaporado, desaparecendo por completo das noitadas, ou apenas seu palpite estivesse errado sobre os lugares ao qual frequentava.

E novamente, nada encontraram. Os dez minutos se passaram e estavam novamente reunidos a porta, rumo ao Palácio. A noite fora um fracasso, e sabiam disso, mas sabiam também que Katherine era aquela a mais frustrada, então silenciaram-se e deixaram que andasse na frente com seus pensamentos confusos. Sabiam também que não seria sua última tentativa, mas não sabiam quando ela agiria novamente e conhecendo-a bem, não duvidavam que fosse capaz de arriscar-se sozinha. Tudo pelo seu objetivo — este que, na cabeça de seus companheiros, estava difuso e pouco esclarecido. Mas a julgar pelos seus conhecimentos sobre Katherine, sabia que moveria céus e terra para alcançar aquilo que almejava, ela era determinada, ela era a princesa daquela nação, e futuramente, rainha.

Eles confiavam, todos confiavam nela. E sabiam que esse era um peso muito grande, mas que daria conta.

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Quote do capítulo IX

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