Cap. 4 - Mab
MAB
— Tem certeza que o seu tornozelo não vai atrapalhar? Não quero que você corra se estiver com dor, amor.
— Tenho, Adam. — Abraço sua cintura e levanto a cabeça para olhar bem no fundo de seus lindos olhos azuis.
— Você sabe que eu sempre fico tenso quando você faz essas suas coisas radicais. — Ele diz e eu rio, deslizo minha mão até sua nuca e o puxo para um beijo.
— Esse é um ótimo jeito de me fazer relaxar. — Ele diz depois que liberto sua boca, sua respiração está pesada e ele me abraça mais apertado.
— Hum, aqui está sua água, Adam. — A chegada de Jordan nos interrompe.
— Valeu. — Adam responde pegando a garrafa e abrindo-a para tomar um longo gole.
— Tem certeza que não quer nada, Mab?
— Tenho, obrigada, Jordan.
Jordan é o irmão mais novo de Adam, mas eles não se parecem nem um pouco, fisicamente pelo menos.
Adam é 3 anos mais velho que Jordan, seus olhos são azuis e claros, seu cabelo é loiro e seu corpo é forte e grande. Jordan por outro lado tem os cabelos escuros e os olhos verdes, ambos são altos, mas o corpo de Jordan apesar de ser forte, é mais esguio.
Não é à toa que eu não o reconheci como parente de Adam no dia em que o conheci.
— Você está nervosa? — Jordan pergunta e eu reconheço o brilho em seus olhos, sei exatamente o que ele está sentindo.
— Você está mais animado do que eu, não é? — Rio.
— Talvez, é só que...isso é muito legal. — Ele diz com empolgação.
— Você já correu alguma vez? — Minha pergunta inocente aparentemente não é tão inocente como eu imaginava, pois Adam e Jordan ficam tensos na hora, o sorriso de Jordan some, assim como o brilho em seus olhos.
— Amor, acho que já está na hora. Os outros já estão indo se preparar. — Olho para a tenda dos competidores e concordo.
— Certo, tenho que ir então.
— Tome cuidado, por favor. — Adam me lança um olhar preocupado.
— Se eu me machucar você pode cuidar de mim. — Digo provocando-o e ele disfarça um sorriso.
— Quando chegarmos em casa eu cuido de você. — Adam diz com malicia e dá um tapinha na minha bunda.
— Tudo bem, pessoal, eu ainda estou aqui. — Jordan diz e de repente sinto meu rosto ficando quente, acho que estou tão acostumada a sempre sermos só Adam e eu, que meu comentário inoportuno simplesmente saiu.
— Você não pode me culpar, irmãozinho.
— Boa sorte, Mab. — Jordan diz e eu sorrio para ele.
— Obrigada. Vejo vocês depois. — Digo e caminho até a tenda branca.
Assim que entro na tenda, Maya vem me cumprimentar. Apesar de cada mulher nessa tenda estar competindo pelo primeiro lugar, não há aquela tensão de rivalidade, bem, pelo menos a maioria das meninas sabe levar as coisas na esportiva, o que é bem legal.
Maya é igual a mim nessa questão, ela não corre só por hobby como eu, ela realmente quer se tornar profissional, mas também não faz parte daquele grupo de vadias que acham que hostilizando as outras competidoras irão ganhar o prêmio. Não, essa é a Clarissa. O Universo sabe que eu tento ser uma pessoa sem ódio no coração, mas cara, como eu odeio a Clarissa. Por sorte não a vi hoje.
— Oi, Maya, como vai? — Dou-lhe um abraço e um beijo na bochecha.
Maya com certeza é a minha melhor amiga dentro do mundo do motocross, acho que dentro de qualquer mundo para falar a verdade.
— Muito bem, e você minha fadinha?
— Ótima. — Respondo com um sorriso animado.
— Eu não entendo, como você nunca fica nem um pouco nervosa? Você não é humana, sério. — Maya coloca as mãos na cintura, entorta um pouco a cabeça para o lado e mastiga seu chiclete ruidosamente.
— É só que eu não ligo se não ganhar, só isso.
— Bom, eu ligo, diferente de você que está aqui só pela adrenalina, isso é o que eu quero fazer, então...estou com dor de barriga de nervoso, olha só minha mão. — Ela estende a mão, mostrando seus dedos tatuados e trêmulos.
— Calma, Maya, você sempre arrasa.
— É, a minha cara. — Ela diz balançando a cabeça e eu rio. Umas das características de Maya é a dramatização, ela sempre faz tempestade em um copo d’água.
— De jeito nenhum, você é uma das melhores, você sabe disso. Agora vamos nos apressar, a corrida vai começar em 45 minutos. — Dou-lhe um tapa fraco no braço e vou me sentar na cadeira mais próxima para tirar meu all star e colocar a bota.
Eu já havia vestido a calça, então só tenho que vestir a camisa e o colete protetor.
Minha roupa é toda preta com detalhes em laranja e eu corro com ela há uns 2 anos, foi um presente de Ben, meu outro melhor amigo.
Faço um rabo de cavalo baixo, já que meu cabelo é curto, e pego o adesivo com a minha identificação e colo logo abaixo dos meus seios, em cima do colete. Pego o outro adesivo igual e saio da tenda, indo em direção onde guardamos nossas motos. Encontro a minha e colo o número gigante na frente.
Quando estou fazendo meu caminho de volta, paro e faço uma careta ao ver Clarissa entrando na tenda.
Se eu não tivesse deixado minha luva, capacete e óculos protetores lá, ou se Maya ainda não estivesse lá dentro, daria meia volta e iria para outro lugar.
Clarissa me lembra do meu tempo de escola, e aquele não foi um tempo muito bom. As meninas riam de mim porque eu era “estranha”, elas diziam que se eu tivesse uma mãe, ela me ensinaria a me vestir normalmente e eu não seria daquele jeito. Mal sabiam elas que minha mãe era doidinha como eu, pelo menos é isso que meu pai me dizia sempre que eu perguntava sobre como era à mamãe.
Clarissa é a típica adolescente malvada, só que ela já é uma adulta e a vida não é como a escola, só que ela não percebeu isso ainda.
Ela acha que pode fazer o que quiser só porque tem um pouco de dinheiro e é bonita. Os seus alvos principais são eu e Maya.
Falando na minha amiga, tenho que ir socorrê-la. Caminho até a tenda com passos determinados, se aquela mulherzinha estiver implicando com a minha amiga de novo, ela vai se arrepender. Ela ama atormentar Maya só porque ela é gay.
Assim que entro na tenda sinto meu rosto ficando quente e meu coração bater mais rápido. Como eu havia imaginado, Clarissa encurralou Maya em um canto e está perturbando-a.
— A sua namorada sapatão não veio hoje? — Escuto a voz enjoada de Clarissa.
— Por que, está querendo dicas de como sair do armário? — Pergunto passando por ela e ficando ao lado de Maya.
Ela tem uma personalidade forte e guerreira, mas quando se trata de sua sexualidade, ela parece incapaz de se defender. Acho que ela é um pouco traumatizada pelo fato de seus pais a terem expulsado de casa quando descobriram o seu segredo. Como se não fosse o suficiente ela ter que lutar contra o próprio preconceito com relação a quem ela é, Maya ainda tem que aturar pessoas idiotas como Clarissa e os próprios pais.
— Que nojo, não sou igual a vocês não, suas sapatões. — Ela diz fazendo uma careta como se tivesse chupado limão.
Para Clarissa quem anda com gays, é gay também. Ela vive fazendo insinuações de que Maya e eu somos namoradas, ela faz questão de sempre espalhar isso.
Nunca disse nada a respeito, nunca neguei, não vejo necessidade de me defender de algo que não acho ofensivo.
— Homofobia é crime, sabia? — Envolvo o ombro de Maya com o braço e lhe ofereço apoio.
— Ah faça-me o favor. — Ela passa a mão pelos cabelos loiros e lisos.
Não sou presa a estereótipos, mas Clarissa é a típica menininha mimada e eu não consigo entender o que ela faz em um lugar como esse, não entendo como ela acabou participando de corridas, ela é literalmente o tipo de mulher que chora quando quebra a unha. Ela simplesmente não se encaixa aqui.
— Venha, amor, ou vamos nos atrasar. — Digo para provocar Clarissa, ela olha horrorizada quando meus dedos se entrelaçam com os de Maya e nós caminhamos para longe de mãos dadas.
— Você é a melhor amiga do mundo, sabia? — Maya diz assim que nos afastamos da tenda, ela larga minha mão e me puxa para um abraço.
— Você pode contar comigo sempre, amiga. — Digo-lhe.
— Mudei de ideia, não acho mais que você seja uma fada, você é um anjo. — Ela diz e eu rio.
— Não escute nada do que aquela vaca diz, okay? — Digo ao ver a tristeza nos olhos de Maya.
— Okay? — Pergunto de novo quando ela não me responde.
— Tudo bem, tudo bem, vou tentar ignora-la.
— É o melhor a se fazer. Agora vamos. — Encaixo meu braço no seu e a puxo comigo.
***
Terceiro lugar, nada mal. Perdi para Clarissa, que ficou em segundo, mas me sinto campeã do mesmo jeito, pois sua cara ao subir no pódio comigo e Maya foi impagável.
— Parabéns, amor. — Sinto os braços de Adam me envolverem por trás, sua respiração faz cócegas em meu pescoço.
— Obrigada. — Viro-me e ele beija minha boca.
— Parabéns para você também, campeã. — Adam cumprimenta Maya que se aproxima por trás de mim.
— Valeu, Adam.
— Ah Maya, esse é o Jordan, meu irmão. Jordan, essa é a Maya, nossa amiga.
Jordan se aproxima e cumprimenta Maya com um beijo no rosto.
— Muito prazer. Você foi demais, vocês duas foram, parabéns. — Ele diz sorrindo para nós.
— Que tal irmos comemorar, hum? Mab, Ben e os caras estão indo comer alguma coisa, tomar uma cerveja e aproveitar o resto do domingo, ele disse para chamar vocês também.
— Ben está aqui? Porque ele não veio falar comigo? — Pergunto querendo saber por que meu amigo simplesmente escolheu me ignorar.
— A resposta é esse urso gigante pendurado em você. Ben sabe que Adam não gosta dele.
Olho para Adam fazendo cara feia para ele.
— O que foi? É bom mesmo que ele saiba que eu não gosto dele, e é melhor ainda que tenha medo de mim.
— Eu já disse mil vezes, amor, Ben não gosta de mim desse jeito.
— Eu já reparei o jeito que ele olha para você. — Ele diz sério e eu reviro os olhos.
— Vamos ir comemorar antes que a gente acabe brigando e eu faça você dormir no sofá. — Adam beija o topo da minha cabeça e ele, Maya, Jordan e eu seguimos até onde Ben e os outros caras estão.
Entramos todos no carro de Jordan e seguimos até a praia, chegando lá, vejo Ben e os amigos conversando e rindo sentados em cadeiras de praia, com uma churrasqueira portátil e um cooler ao lado.
Assim que Ben me vê ele sorri e vem em nossa direção.
Retribuo o sorriso, mas ao ver Clarissa em um canto conversando com duas garotas meu sorriso some.
— Hey, Mabs.
— O que ela está fazendo aqui? — Não quero ser mal educada, mas quando Clarissa está envolvida, eu esqueço minha boa educação, minha paciência, tudo.
Ben não precisa perguntar quem ou se virar para ver quem eu estou fuzilando com os olhos, ele sabe muito bem que a única pessoal que eu odeio e não suporto é Clarissa.
— Foi mal, eu não posso expulsa-la da praia, Mabs. Parece que ela e o David estão juntos agora, ele a trouxe.
— David e Clarissa juntos? — Pergunto surpresa, David sempre pareceu ser um cara tão legal.
— Eu sei, pensei a mesma coisa. — Ele diz cruzando os braços musculosos e tatuados.
Ben é alto, muito alto, mais alto que Adam. Ele sempre raspa o cabelo com maquina número 1, fica bem curto, mas é gostoso de passar a mão. Ben é muito forte, seus braços e seus bíceps são gigantes e cheios de tatuagens, suas duas orelhas possuem alargadores de 5mm e um piercing de metal brilha em seu nariz.
— Acho que talvez seja melhor irmos embora, Mab. — Maya diz evidentemente desconfortável.
— Ela ainda está te enchendo, Maya? — Ben pergunta.
— Ela encurralou Maya hoje e a chamou de sapatão. — Digo lançando um olhar de pura raiva para Clarissa, que ainda conversa e ri e não nos notou parados aqui.
— Se ela abrir a boca para insultar qualquer um de vocês, eu chuto o rabo dela para fora dessa praia. — Ben diz sério e eu sorrio para ele.
Uma das características de Ben que eu mais gosto é que ele é muito protetor com aqueles que são importantes para ele, ele é provavelmente a pessoa mais fiel que eu já conheci, você sempre pode contar com ele.
Ben e Maya são meus melhores amigos de todo o mundo, Adam não é muito fã de Ben porque ele eu já ficamos, não de um jeito sério e foi por tipo um mês, quando saímos de férias juntos. E foi há muito tempo atrás, nós nem sequer transamos. Acabamos percebendo que o nosso lance era só amizade e ficamos bem com isso.
— Quem é Clarissa? — Escuto Jordan perguntando. Ben só agora percebe a sua presença, ele estica o braço e oferece a mão.
— É uma pessoa que gosta de implicar com a Mab e a Maya e não merece que fiquemos falando dela. Prazer, eu sou o Ben, melhor amigo da Mab, e você é?
— Jordan, irmão do Adam. — Jordan responde apertando a mão de Ben.
— Vocês não são nem um pouco parecidos. — Ben diz intercalando entre olhar para Adam e para Jordan.
Não me passou despercebido que Adam não cumprimentou Ben.
— Ele puxou nosso pai. — Adam diz de forma fria, Ben percebe o seu tom e uma pequena tensão parece se instalar no ar.
— Muito bem, quem quer cachorro quente? Vamos lá, pessoal. — Ben se vira e caminha até as outras pessoas, fazemos o mesmo.
Tento ignorar Clarissa e não olhar em sua direção.
Digo oi para aqueles que conheço e sento-me em uma cadeira de praia com Maya a minha esquerda e Jordan a minha direita. Adam busca um cachorro quente e uma lata de coca para mim e se senta na areia, aos meus pés.
Apesar de ser o final da tarde está bem quente, amaldiçoo as minhas calças jeans. Se eu soubesse que viríamos para a praia, teria colocado um biquíni por baixo da roupa.
Decido tirar meu all star e enfiar meus pés na areia branca. Adam se levanta e vai em direção a churrasqueira, provavelmente para pegar algo para ele mesmo comer.
Vejo com o canto do olho que Jordan não para de encarar a tatuagem em meu pé.
— Não gostou? — Pergunto erguendo o pé e observando a tatuagem que fiz aos 18 anos.
É uma fada de asas duplas com longos cabelos e um vestido diáfano azul. Ela está com um dos braços apoiado no joelho e a cabeça meio inclinada para o lado apoiada na mão, sua expressão sugere que ela está sonhando acordada. Lindas flores azuis se erguem atrás dela e seu corpo pequeno e delicado está sentado em algumas folhas verdes e marrons.
— Não é isso, na verdade gostei sim, é só que eu não havia reparado antes. — Jordan diz.
— Isso é porque você estava concentrado no meu outro pé, aquele que você machucou quando me atropelou. — Digo em tom de brincadeira, para provoca-lo.
— Eu já pedi desculpas, foi sem querer. — Ele diz fazendo uma careta de culpado que me faz rir.
— Ah Jordan, eu sei, só estou te enchendo. — Digo e bebo minha coca.
Ele sorri e joga areia em minhas pernas com seu pé, e como eu sou muito adulta, mostro a língua para ele.
Ele bebe sua cerveja e olha para o horizonte, onde o sol está se pondo atrás das ondas ferozes do mar.
Observo seu perfil, Jordan tem traços fortes e marcantes, bonitos mas de alguma forma rudes demais, como se tivesse algo dentro de si que nunca o deixasse relaxar.
— Você acredita? — Ele pergunta de repente.
— Em que? — Pergunto.
— Em fadas. — Ele aponta para minha tatuagem.
— Acredito. — Digo com convicção.
— Interessante. — Ele comenta de um jeito vago e não sei por que sinto a necessidade de lhe explicar a história de minha tatuagem.
— É uma homenagem para minha mãe, a tatuagem.
— É mesmo? — Ele para de encarar o mar e vira o rosto em minha direção, parecendo interessado.
— Ela morreu, quando eu tinha dois anos.
— Mab, eu sinto muito mesmo. — Ele diz e vejo várias emoções passarem por seu rosto, mas não tenho tempo de identificar nenhuma, é muito rápido e ele sabe disfarçar bem.
— Ela era igual a mim, pelo menos é isso que meu pai diz. Ela acreditava em fadas, elfos, faunos e essas coisas. Adorava mitologia. Foi assim que ela e meu pai se conheceram, eles eram professores, sabe. Bem, meu pai ainda é. Essa fada... — Digo encarando os traços que formam minha tatuagem. —...é a rainha das fadas, seu nome é Mab.
— Mab? É por isso que você se chama assim, por causa da fada? — Ele pergunta.
— Sim, minha mãe gostava particularmente de fadas, e essa era sua preferida. Mab quer dizer bebê ou filho em galês, e alguns acreditam que ela era de fato a parteira das fadas, eu não sei, li lendas que diziam que ela era uma fadinha bem travessa, que em algumas noites emaranhava as crinas dos cavalos e os cabelos dos elfos. Meu pai disse que minha mãe era bem romântica, e essa fada em particular seria a que embala os sonhos dos apaixonados e ensina as jovens os mistérios do amor, acho que esse é um dos motivos de minha mãe ter gostado tanto dela. Dizem que ela usa um véu que se chama o Véu dos Sonhos, feito apenas com os suspiros dos apaixonados enquanto dormem.
— Que visão bonita. — Ele diz, olho-o para ver se está zombando de mim, mas ele parece falar sério, então sorrio e concordo. Não conseguindo me conter ao ver o interesse em seus olhos, continuo.
— Você sabia que Shakespeare contribuiu bastante para exaltar os encantos de Mab? Segundo ele, essa fada teria o poder de proporcionar aos humanos a realização de seus desejos mais íntimos sob a forma de sonhos, por isso ela também é conhecida como a rainha dos sonhos. Quando ela vaga pela mente dos amantes, eles sonham com o amor, quando ela passa pelos corredores dos palácios, sonham com gentilezas e quando cruza os lábios das mulheres, elas sonham com beijos. Em Romeu e Julieta tem uma descrição bem linda dela, e coincidentemente ou não, é meu livro preferido. Fadas existindo ou não, você tem que admitir que é um mundo totalmente diferente e encantador.”
— Sim, é.
— Sabe, dizem que sonhar com a Mab é sinal de que seus desejos se realizarão.
— Você já sonhou com ela? — Jordan pergunta.
— Não que eu me lembre. — Respondo sorrindo.
— Muito bonito a homenagem que você fez para sua mãe. — Jordan diz com emoção disfarçada na voz.
— Obrigada. — Digo sem graça. Como eu fui idiota, nem havia me lembrado de que Adam me contou que a mãe deles abandonou a família quando ele e Jordan eram bem pequenos. Ele não me contou o que levou ela a fazer isso, mas acho que não importa, é algo que não tem desculpa.
Não posso nem imaginar como eles se sentiram e se sentem até hoje. Eu perdi minha mãe, é verdade, mas pelo menos eu sei que ela não escolheu ir embora.
Tenho vontade de perguntar para Jordan como ele se sente com relação a sua mãe, mas seria egoísta demais faze-lo sofrer só para satisfazer minha curiosidade, então mudo de assunto.
— Está gostando de Sarasota?
— Estou, o ar aqui é diferente, parece mais fácil de...respirar. Sei que faz só 4 dias, mas estou pensando em passar mais do que um ou dois meses aqui.
— Você quer dizer, morar definitivamente?
— Não sei, talvez, quem sabe? Claro que se isso acontecer mesmo, eu vou procurar um lugar só para mim.
— Jordan, eu já disse, você não atrapalha.
— Eu sei, mas se eu for ficar mais tempo, não posso ficar empatando a vida de vocês, principalmente depois que vocês se casarem.
— Faça o que você achar melhor, mas saiba que você sempre será bem vindo e qualquer coisa que precisar, é só pedir, para mim ou Adam. — Estico a mão e toco seu braço que não está muito longe do meu.
— Obrigado, eu digo o mesmo, afinal, é para isso que serve a família.
— Jordan, você me considera da família? — Levo a mão até meu coração e pergunto sensibilizada com suas palavras.
— Claro. Eu vejo como você faz meu irmão feliz, e você é uma boa pessoa. Sei que pode parecer loucura, já que a gente mal se conhece, mas eu tenho essa sensação estranha que nós vamos ser bons amigos.
— Eu também, Jordan, eu também.
— Ah meu Deus! — Adam exclama ao voltar e se sentar novamente no chão.
— O que foi, amor?
— Um cara louco com dreadlocks veio falar comigo e não calava mais a boca, ficou me segurando até agora.
— Provavelmente foram esses olhos azuis, eles são irresistíveis. — Puxo seu pescoço para cima e lhe dou um beijo estilo homem aranha e Mary Jane.
Olho para trás procurando por Maya e a vejo conversando animadamente com uma outra garota, sorrio e volto a olhar para frente.
Arrumo uma mecha do cabelo de Adam que caia sobre sua testa, enfio meus dedos entre os seus cabelos e o massageio levemente, ele se aconchega no meio de minhas pernas e acaricia meu pé enquanto ele, Jordan e eu observamos o último resquício da luz do dia ir embora junto com o sol.
NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR, E PARA QUE EU SAIBA SE VOCÊS ESTÃO GOSTANDO OU NÃO, COMENTEM. ISSO ME AJUDA A SABER SE ESTOU NO CAMINHO CERTO E ME INCENTIVA PRA CARAMBA ;) BJOS.
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