Vou Continuar Lutando
Estou no quarto do hospital, olhando para o Funko Pop do Coringa que Angry me deu. A pequena figura traz um estranho conforto, algo familiar em meio a toda a incerteza. Ouço passos do lado de fora e a porta se abre suavemente. Ran entra, com um sorriso caloroso iluminando seu rosto ao me ver.
— Ei, Rindou. — ele diz, se aproximando da cama. Seus olhos caem sobre o Funko Pop nas minhas mãos, e ele solta uma risada curta. — Legal o Coringa. Onde você conseguiu?
Eu dou um pequeno sorriso, sentindo uma onda de gratidão.
— Angry trouxe para mim. Ele disse que queria me animar. — falo e olho para o boneco.
Ran assente, ainda sorrindo.
— Ele sempre sabe como fazer as coisas certas, não é? — ele puxa uma cadeira e se senta ao meu lado, observando o Funko Pop por um momento antes de olhar para mim. — Como você está se sentindo? — ele pergunta, com sua voz cheia de preocupação genuína.
Dou de ombros, ainda segurando a pequena figura.
— Estou... melhor, eu acho. Ainda um pouco confuso, mas melhor.
Ran coloca a mão sobre a minha, apertando ela levemente.
— Estou feliz em ouvir isso. E estou aqui para qualquer coisa que você precisar. Vamos passar por isso juntos.
Eu olho para ele, sentindo uma mistura de emoções.
— Obrigado, Ran. Eu realmente aprecio tudo o que você faz por mim. E... obrigado por não desistir de mim.
Ele balança a cabeça, seu sorriso suave e cheio de determinação.
— Nunca vou desistir de você, Rindou. Você é meu irmão, e isso significa que estamos juntos em todas as situações, boas e ruins.
Sinto uma nova onda de gratidão, o tipo que aquece meu coração e me dá esperança. Aperto a mão de Ran em resposta, sentindo-me um pouco mais forte, um pouco mais capaz de enfrentar o que quer que venha a seguir.
Ran me observa por um momento antes de falar, com sua expressão séria mas gentil.
— Rindou, eu conversei com o seu psiquiatra hoje de manhã. — ele começa, com seus olhos cheios de preocupação e determinação.
Eu sinto meu coração acelerar um pouco, mas fico quieto, esperando ele continuar.
— Ele disse que assim que você receber alta do hospital, precisa voltar para uma consulta com ele. Ele quer fazer uma avaliação psicológica mais detalhada. — Ran explica, apertando levemente minha mão. — E também mencionou que vai alterar seus remédios, porque os atuais parecem não estar fazendo o efeito desejado.
Assinto lentamente, absorvendo a informação. É um alívio saber que algo está sendo feito, mas também me sinto um pouco ansioso com a mudança de medicação.
— Acha que isso vai ajudar? — pergunto, com minha voz mais fraca do que eu gostaria.
Ran sorri, cheio de confiança.
— Acredito que sim. O importante é que você esteja sendo monitorado de perto e que estamos fazendo tudo o que podemos para encontrar o tratamento certo para você.
Eu olho para o Funko Pop do Coringa na minha mão, tentando encontrar um pouco de coragem nas palavras de Ran.
— É difícil, sabe? Sentir que estou sempre no limite, nunca sabendo o que vai acontecer a seguir.
Ran se inclina um pouco mais perto, com seus olhos fixos nos meus.
— Eu sei, Rindou. Mas você não está sozinho. Estamos todos aqui por você, e vamos encontrar um caminho para que você se sinta melhor. Isso é uma promessa.
Sua confiança e apoio me dão uma sensação de esperança.
— Obrigado, Ran. — digo, com a sinceridade na minha voz evidente. — Eu realmente espero que isso funcione.
— Vai funcionar. — ele responde, seu tom cheio de convicção. — E enquanto isso, estarei ao seu lado, em cada passo do caminho.
Eu fecho os olhos por um momento, respirando fundo e tentando absorver a força que Ran está me dando. Quando os abro novamente, me sinto um pouco mais capaz de enfrentar o que vem a seguir.
— Vou fazer o meu melhor. — digo finalmente, segurando a mão do Ran com mais firmeza.
— É tudo o que eu peço. — ele responde, com seu sorriso cheio de orgulho e amor. E naquele momento, sinto que talvez, só talvez, tudo realmente possa melhorar.
Sempre foi assim, um caos dentro da minha mente que parece não ter fim. Desde a infância, tenho lutado contra o transtorno de personalidade borderline. É uma batalha constante, uma montanha-russa de emoções que nunca para.
Me lembro das primeiras vezes que percebi que algo estava errado. Eu era só uma criança, mas os sentimentos de vazio e raiva pareciam me consumir. Qualquer pequena coisa podia me deixar furioso ou me fazer chorar por horas.
Não conseguia entender por que era tão diferente dos outros garotos. Na escola, era difícil fazer amigos. As crianças pareciam sempre me evitar, provavelmente porque eu era imprevisível e, às vezes, assustador.
Aos dez anos, fui levado pela primeira vez a um psiquiatra. Ran estava desesperado, sem saber como lidar comigo. O diagnóstico foi um alívio e um peso ao mesmo tempo. Finalmente, havia uma explicação para o que eu estava sentindo, mas também significava que eu tinha uma longa jornada pela frente. Os traumas da infância, especialmente relacionados à figura de criaturas e pessoas sinistras que me assombrava nos pesadelos, contribuíram para o desenvolvimento do meu transtorno.
Os anos seguintes foram marcados por uma série de terapias e medicações. Algumas funcionavam por um tempo, outras não faziam diferença alguma. Era frustrante. Eu me sentia como um experimento, sempre tentando algo novo na esperança de encontrar um pouco de paz. Os médicos tentavam explicar que o transtorno de personalidade borderline era complexo, que afetava a maneira como eu pensava e sentia sobre mim mesmo e os outros.
O mais difícil era lidar com os relacionamentos. A proximidade com as pessoas era uma faca de dois gumes. Queria estar perto, mas ao mesmo tempo, tinha medo de ser abandonado ou rejeitado. Isso me fazia agir de maneiras que afastavam as pessoas que eu mais queria por perto.
Ran sempre esteve ao meu lado, desde o início. Ele era e até hoje o meu porto seguro, minha constante em meio ao caos. Mesmo quando eu era cruel ou injusto com ele, Ran nunca desistiu de mim. Sua presença era um lembrete constante de que eu não estava sozinho, mesmo quando minha mente me fazia acreditar no contrário.
Agora, deitado aqui, penso em tudo o que passei. As terapias, os remédios, as recaídas. Cada momento difícil moldou quem eu sou hoje, mas também me ensinou a valorizar os pequenos momentos de paz e felicidade. Saber que Ran e Angry estão ao meu lado me dá força para continuar lutando. Eu sei que o caminho não é fácil e que a estrada é longa, mas com o apoio deles, sinto que posso continuar avançando.
Fecho os olhos por um momento, respirando fundo. Eu sei que não sou definido pelo meu transtorno. Sou mais do que meus piores momentos. E por mais difícil que seja, vou continuar lutando. Por mim, por Ran, por todos que acreditam em mim. Essa é a minha promessa.
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