Sentado ao lado do Rindou no banco do jardim, não consigo evitar um sorriso ao olhar para ele. Ele está vestido de forma descontraída, com um pijama de alienígenas: uma calça preta cheia de alienígenas e uma camiseta preta com um alienígena no centro sendo abduzido por uma nave. Mesmo com o cabelo levemente bagunçado, ele ainda consegue ficar bonito.

Fico impressionado com como ele consegue manter uma aparência tão atraente, mesmo em momentos casuais como este. Agora, depois de nossa conversa, começo a compreender melhor suas ações e suas mudanças de humor repentinas. O transtorno de borderline deve ser realmente algo perturbador e difícil de lidar.

Enquanto ele fala, meu olhar se desvia para seus pulsos. Ambos possuem cortes fundos cicatrizados, não apenas o esquerdo como eu vi ontem à noite. As cicatrizes são um testemunho silencioso das suas batalhas internas, mais profundas do que eu jamais poderia ter imaginado.

Respeito e admiração crescem em mim ao observar Rindou. Ele lida com uma dor que poucos podem entender, e ainda assim, está aqui, enfrentando cada dia com uma coragem silenciosa.

— Rindou, você é mais forte do que imagina, sabia? — digo, com minha voz carregada de sinceridade.

Ele olha para mim, surpreso, mas sorri levemente.

— Obrigado, Angry. Significa muito ouvir isso.

Continuamos sentados, observando o sol subir no céu, e sinto que algo mudou entre nós. Não apenas compreensão, mas uma nova forma de respeito e apoio mútuo. Talvez podemos estar começando a entender melhor um ao outro, e isso faz toda a diferença.

Rindou se levanta do banco e se espreguiça, alongando o corpo de maneira graciosa. Não consigo resistir à curiosidade e, quase sem pensar, pergunto:

— É verdade o que dizem? Que você consegue abrir espacate?

Ele sorri brincalhão, com seus olhos brilhando com um toque de malícia.

— Quer ver? — ele responde, se virando de frente para mim. Em um movimento fluido, Rindou se abaixa e abre um espacate perfeito, esticando ao máximo.

Fico impressionado com a flexibilidade dele, com a perfeição do seu movimento.

— Uau. — murmuro, antes de começar a aplaudir. — Isso é incrível, Rindou!

Ele ri, esticando o tronco para frente, sua cabeça quase tocando o chão. Por um momento, sinto uma pontada de agonia, quase esperando que ele se machuque, mas sua flexibilidade é realmente impressionante. Ele se move com uma facilidade que desafia o que eu considerava possível.

— Você realmente é uma caixinha de surpresas. — comento, ainda surpreso com a demonstração.

Rindou se levanta com um sorriso satisfeito, se esticando mais uma vez.

— É só prática. — diz ele, dando de ombros como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— Bem, estou oficialmente impressionado. — digo, ainda um pouco pasmo. — Quem diria que você era tão flexível?

Ele ri, um som leve e despreocupado, e por um momento, tudo parece mais fácil, mais leve. Rindou tem essa habilidade de surpreender e encantar, mesmo nos momentos mais inesperados.

Decifrar Rindou será uma jornada, cheia de desafios e surpresas, mas é uma jornada que estou ansioso para começar. Ele é um quebra-cabeça complexo, e eu quero entender cada peça, cada nuance. Estou disposto a mergulhar fundo, a descobrir todas as camadas que fazem do Rindou quem ele é. E, acima de tudo, quero estar ao seu lado, não importa o que venha.

Ran e Smiley saíram para um "almoço romântico", deixando Rindou e eu sozinhos em casa. Estou na sala, assistindo TV, mas minha mente não consegue se fixar em nada. Rindou está jogado no sofá, concentrado em algum jogo no celular. O silêncio entre nós é confortável, mas sinto uma inquietude crescente.

Eventualmente, não consigo mais ignorar a agitação dentro de mim.

— Ei, Rindou. — digo, quebrando o silêncio. — Vamos ver se tem algo para comer?

Ele levanta os olhos do celular e se estica antes de deixar o aparelho na mesinha de centro.

— Acho que tem lasanha no freezer. Só precisa esquentar no forno. — responde e se levanta do sofá.

Eu o acompanho até a cozinha, observando cada movimento dele com uma atenção que me surpreende. Ele abre o freezer, tira a lasanha e coloca na fôrma. Seus movimentos são fluidos e seguros enquanto ajusta a temperatura do forno. Fico fixado nele, o que me faz sorrir sem motivo aparente.

O que diabos está acontecendo comigo? Meu coração está disparado, e não consigo tirar os olhos dele. Cada gesto, cada detalhe, me fascina. Por que estou tão focado em Rindou?

Enquanto ele aguarda o forno pré-aquecer, olho para ele, tentando entender essa nova onda de emoções. É como se, de repente, tudo o que ele faz tenha um significado maior. Estou intrigado e, ao mesmo tempo, um pouco assustado com a intensidade disso tudo.

— Você tá bem? — Rindou pergunta, notando meu olhar fixo.

— Sim, só pensando. — respondo rapidamente, tentando esconder a confusão em minha mente.

Ele sorri levemente e volta a verificar o forno. Continuo observando ele, sabendo que algo mudou em mim, algo que ainda não entendo completamente. Mas estou disposto a descobrir, um passo de cada vez.

Será que estou... me apaixonando por Rindou? A ideia surge de repente, mas faz todo o sentido. Meu coração passou a disparar sempre que ele está por perto, e minha mente não consegue deixar de focar em cada detalhe dele.

Observo a maneira como ele se move pela cozinha, a forma como ele sorri, até mesmo o som de sua voz. Tudo nele me atrai de uma maneira que nunca senti antes. Tento racionalizar esses sentimentos, mas a verdade é clara: Rindou tem uma presença que mexe comigo profundamente.

Rindou me olha de relance, provavelmente percebendo minha reflexão profunda.

— O que foi? Tá com cara de quem tá pensando demais. — ele comenta, sorrindo de leve.

Dou um pequeno sorriso de volta, tentando esconder a turbulência de pensamentos.

— Nada, só pensando em como você parece tranquilo fazendo isso. — digo, apontando para a lasanha que ele prepara.

Ele ri suavemente.

— Bem, cozinhar é uma boa distração para pensamentos perturbados.

Eu me forço a focar no momento, mas a verdade é que não posso ignorar o que está acontecendo dentro de mim. Estou me apaixonando por Rindou, e isso me assusta e me entusiasma ao mesmo tempo. Talvez seja um caminho complicado, cheio de desafios, mas pela primeira vez em muito tempo, sinto que estou pronto para enfrentá-los.

Rindou se vira para mim, com uma expressão curiosa.

— Vamos esperar a lasanha ficar pronta. Quer assistir algo enquanto isso?

Concordo com um aceno, e o sigo de volta para a sala. À medida que nos sentamos no sofá, percebo que, independente do que aconteça, quero estar ao lado dele, entendendo cada nuance desse enigma chamado Rindou Haitani.