Bom dia?
— Rindou! Acorda, cara!
Resmungo, tentando ignorar a voz. É Ran, claro. Me viro na cama e cubro a cabeça com o edredom, tentando voltar ao sono que tanto demorou para chegar.
— Rindou, levanta! — Ran insiste, com a voz ficando mais próxima.
Solto um suspiro de frustração e, finalmente, aceito que não vou conseguir voltar a dormir. Empurro o edredom para longe e me sento na cama, esfregando os olhos. O quarto está iluminado pela luz do dia que entra pelas frestas da cortina, e a luz azul do LED ainda brilha fracamente.
Com um último resmungo, me levanto e caminho preguiçosamente até a cozinha. Ao entrar, encontro Ran e Smiley já tomando café da manhã. Ran está de pé ao lado da bancada, tomando um gole de café, enquanto Smiley está sentado à mesa, devorando uma tigela de cereal.
— Finalmente, o dorminhoco acordou — comenta Smiley com um sorriso, a boca cheia de cereal.
Ran dá uma risada e empurra uma caneca de café na minha direção.
— Aqui, toma isso. Vai te ajudar a acordar.
Pego a caneca e dou um gole, sentindo o calor e o sabor forte do café me despertando um pouco mais.
— Por que vocês me acordaram tão cedo? — pergunto, ainda meio grogue.
— Já não é tão cedo assim, maninho — diz Ran. — São 10:30.
Dou mais um gole no café e me junto a eles na mesa, começando a me sentir mais acordado. Embora tenha sido arrancado dos meus sonhos, há algo reconfortante em começar o dia com Ran e Smiley. As brincadeiras e a companhia deles sempre conseguem melhorar o meu humor, mesmo nas manhãs mais difíceis.
— Você passou horas na frente do PC, não foi? — questiona Ran e me olha fixamente.
Sinto meu corpo gelar. O café que estava me aquecendo de repente parece congelar nas minhas veias. Tento manter a calma, mas é impossível ignorar o frio súbito que me invade.
Ran sempre consegue assumir o papel de mãe perfeitamente. Ele dá broncas como ninguém, e seu olhar mortal quando está repreendendo é assustadoramente parecido com o de uma mãe desapontada. Tento pensar em uma resposta rápida, mas nada me vem à mente que possa diminuir o impacto.
— Ah... — começo, hesitante, tentando ganhar tempo. — Eu... joguei um pouco, sim.
Ran cruza os braços e me lança aquele olhar mortal, os olhos perfurando os meus como se estivessem tentando ler todos os meus pensamentos. Smiley, que está ao lado, levanta uma sobrancelha, claramente se divertindo com a situação.
— Um pouco? — Ran repete, enfatizando as palavras. — Você sabe que ficar até tarde no PC não faz bem. Isso vai acabar te deixando exausto.
Baixo os olhos, me sentindo como um garotinho sendo pego em uma travessura.
— Eu sei, eu sei. Vou tentar me controlar mais da próxima vez. — respondo, tentando soar convincente.
Ran suspira, mas seu olhar suaviza um pouco.
— Só quero que você cuide de si mesmo, Rindou. Não é saudável virar noites assim.
Assinto, aceitando a bronca. Ran sempre tem boas intenções, mesmo que ele exagere um pouco no papel de mãe. É estranho como ele consegue se preocupar tanto e, ao mesmo tempo, ser tão implacável nas suas reprimendas.
Smiley dá uma risada e bate no meu ombro.
— Vamos lá, Rindou. Hoje é um novo dia. Só tenta não virar a madrugada de novo, ok?
Dou um sorriso tímido e tomo mais um gole do café, sentindo o calor retornar ao meu corpo. A preocupação de Ran, mesmo sendo exagerada às vezes, mostra o quanto ele se importa. E, no fundo, sou grato por isso, mesmo que eu nunca vá admitir em voz alta.
De repente, ouço o som de uma moto se aproximando. Não dou muita atenção, mas em seguida, a campainha toca. Ran se levanta imediatamente para atender a porta.
Continuo sentado à mesa, mexendo na minha tigela de cereal, mas presto atenção na porta. Ouço a conversa indistinta, e então a voz inconfundível do Angry se destaca.
— Oi, cunhadinho. — cumprimenta ele, com um sorriso audível na voz.
Ran ri e convida Angry para entrar. Aquele apelido de novo. Sinto meu estômago revirar e meu rosto fechar involuntariamente. Nunca suportei o Angry, especialmente por esse hábito irritante de chamar Ran de "cunhadinho". Não importa o quanto eu saiba que Ran está apenas cuidando de todos, como sempre, isso me dá um sentimento de ciúmes que eu não consigo controlar.
Angry entra na cozinha, ainda com aquele sorriso irritante no rosto, e cumprimenta Smiley com um aceno. Ele mal olha na minha direção, mas eu já estou cerrando os punhos debaixo da mesa.
— Bom dia, Rindou. — diz ele, finalmente me dirigindo a palavra.
Eu apenas murmuro algo ininteligível em resposta, mantendo meu olhar fixo na tigela de cereal.
Ran percebe a tensão no ar e tenta aliviar o clima.
— Angry, quer um café? — pergunta, indo até a bancada.
— Claro, cunhadinho, obrigado. — responde Angry, se sentando à mesa.
Reviro os olhos, mas me contenho. O apelido já me irrita o suficiente, mas o fato do Angry estar tão à vontade em nossa casa, me incomoda ainda mais. Tento me concentrar no café da manhã, mas é difícil ignorar a presença dele.
Ran serve o café e volta a se sentar, começando a conversar animadamente com Angry e Smiley. Eu fico em silêncio, lutando para manter a calma e não deixar meu mau humor transparecer mais do que já está. No fundo, sei que minha reação é irracional, mas não consigo evitar.
Angry toma um gole do café e faz um comentário que faz todos rirem, exceto eu. Finjo não ouvir, mas a verdade é que estou absorvendo cada palavra, cada risada, e isso só aumenta meu desconforto.
Enquanto a conversa continua, eu termino meu cereal e me levanto da mesa.
— Vou subir. — digo, sem esperar uma resposta.
Ran me lança um olhar curioso, mas não diz nada. Subo as escadas rapidamente, deixando a cozinha para trás. Preciso de um momento para mim, longe do sorriso irritante do Angry e das risadas que parecem ecoar mais alto do que o necessário.
Fecho a porta do meu quarto, sentindo o alívio imediato do silêncio. Respiro fundo, tentando acalmar meus nervos.
— Maldito Kawata. — resmungo e me jogo na cama.
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