Bandagens
Estou preso em um pesadelo sufocante. Imagens de pessoas com rostos distorcidos e macabros se aproximam lentamente, seus olhos vazios e sorrisos distorcidos me encarando. Sinto um frio na espinha enquanto tento desesperadamente escapar, mas estou paralisado pelo medo. Eles sussurram palavras incompreensíveis, ecoando como um coro de almas perdidas.
Me debato na cama, meu corpo coberto de suor frio, lutando para escapar das garras do pesadelo que me consome. Minha respiração é rápida e irregular, meu coração martelando no peito como se quisesse sair. Um grito de terror rasga minha garganta quando finalmente acordo, o som ecoando no quarto escuro do hospital.
O grito acorda Ran, que estava dormindo ao meu lado. Seus olhos se abrem alarmados, encontrando os meus cheios de angústia e confusão. Ele se aproxima rapidamente, preocupação estampada em seu rosto.
— Rindou, o que aconteceu? — sua voz é firme, mas carregada de preocupação genuína.
Ofegante, tento encontrar as palavras enquanto ainda sinto os ecos do pesadelo reverberando em minha mente.
— Foi... um pesadelo. — consigo finalmente dizer, minha voz trêmula.
Ran coloca uma mão reconfortante em meu ombro, seus olhos transmitindo compaixão.
— Está tudo bem. Você está seguro aqui.
A presença tranquilizadora do Ran me ajuda a recuperar o controle sobre minha respiração. Aos poucos, o pânico diminui, substituído por um sentimento de alívio ao estar na realidade novamente.
— Desculpe por te acordar. — murmuro, sentindo o peso da culpa.
Ran balança a cabeça suavemente.
— Não se preocupe com isso. Estou aqui para ajudar. Sempre.
Eu assinto, grato por seu apoio constante.
— Obrigado, Ran.
Ele sorri gentilmente, um gesto reconfortante.
— Você quer conversar sobre o que viu no pesadelo?
Respiro fundo, relutante em reviver as imagens horríveis, mas sabendo que Ran está aqui para me apoiar.
— São... rostos distorcidos, olhares vazios. É assustador.
Ran ouve atentamente, sua expressão mostrando compreensão.
— Isso soa perturbador. Você quer que eu fique acordado até você conseguir dormir?
Balanço a cabeça, agradecendo sua oferta.
— Não precisa. Você também precisa descansar.
Ran se aproxima silenciosamente, seus passos suaves ecoando no quarto. Ele se senta ao meu lado e começa a cantarolar uma canção suave, uma melodia que reconheço imediatamente.
No silêncio da noite, vou encontrar,
A paz que o pesadelo quis levar.
Deixo o medo para trás, vou respirar,
Nas estrelas brilhantes, vou descansar.
Durma agora, o mundo vai acalmar,
No abraço do sono, a paz vai te encontrar.
Sonhe tranquilo, a luz vai te guiar,
Os pesadelos vão embora, é só descansar.
É a mesma música que ele costumava cantar para mim quando eu era criança e tinha dificuldades para dormir ou quando tinha pesadelos. Sua voz é calma e reconfortante, cada nota como um bálsamo para minha alma atormentada. Ele acaricia meu rosto gentilmente enquanto continua a cantar, como se quisesse afastar todos os meus medos e preocupações.
Eu me deixo levar pela melodia familiar, permitindo que ela me envolva completamente. Gradualmente, sinto a tensão deixar meu corpo, substituída por uma sensação de paz e segurança. Meus olhos se fecham lentamente, e sem perceber, acabo adormecendo, envolto na serenidade da canção do Ran.
Enquanto meu sono se aprofunda, ainda posso ouvir sua voz suave ecoando suavemente no fundo, como um guardião silencioso que permanece ao meu lado, mesmo nos cantos mais escuros e perturbados da minha mente.
Estou deitado na cama do hospital, com os olhos fechados enquanto tento ignorar o desconforto persistente que me acorda. Uma sensação de ardência corre pelas minhas veias, como se algo estivesse queimando dentro de mim. Instintivamente, abro os olhos lentamente, ainda meio grogue da medicação que tomei na noite anterior.
Vejo uma enfermeira ao lado da cama, concentrada em inserir uma agulha na minha veia para administrar a medicação. Seu rosto é suave e profissional, mas seu toque é firme e determinado. Ela percebe que estou acordado e me lança um olhar gentil, reconhecendo minha presença.
— Sinto muito se isso incomodou você, Rindou. — diz ela, com sua voz calma e tranquilizadora. — É apenas a medicação para ajudar você a se sentir melhor.
Eu assinto fracamente, ainda tentando me situar na realidade. A sensação de queimação diminui gradualmente à medida que a medicação se espalha pelo meu sistema. Fecho os olhos por um momento, respirando fundo para acalmar meu corpo tenso.
A enfermeira termina de administrar a medicação e retira a agulha com cuidado, garantindo que eu não sinta mais dor. Ela ajusta os lençóis ao redor de mim, assegurando que estou confortável.
A sensação de vulnerabilidade no hospital é assustadora, mas sei que estou no lugar certo para receber cuidados. Respiro fundo novamente, me concentrando em recuperar minhas forças e seguir adiante com o tratamento necessário para minha saúde.
Quando olho para meus pulsos, vejo que estão enfaixados, as bandagens firmes e brancas. No entanto, manchas vermelhas de sangue começam a aparecer na gaze, evidência do que aconteceu na noite anterior.
Uma onda de pavor e culpa me atinge ao ver o sangue. Tento mover meus dedos, mas a dor me lembra da realidade da situação. Fecho os olhos por um momento, respirando fundo, tentando acalmar a ansiedade crescente em meu peito.
A enfermeira percebe o meu olhar fixo nas bandagens e se aproxima rapidamente.
— Vamos trocar esses curativos, está bem? Parece que precisam ser verificados.
Ela trabalha com cuidado, suas mãos habilidosas desatando as bandagens ensanguentadas. Eu observo em silêncio, me sentindo estranho e distante, como se estivesse vendo tudo através de um filtro. Quando a gaze é removida, o corte é visível, feio e profundo, mas a enfermeira limpa a ferida com eficiência e coloca novas bandagens limpas.
— Isso deve ajudar. — diz ela, com sua voz calma e reconfortante. — Se sentir alguma dor ou desconforto, por favor, me avise.
Assinto, ainda processando tudo. Ela termina rapidamente e sorri para mim antes de sair do quarto, me deixando sozinho com meus pensamentos.
Olho novamente para meus pulsos, agora envoltos em gaze limpa. O peso da situação me atinge, mas também sinto uma pequena fagulha de esperança. Estou em um lugar onde posso receber ajuda, onde posso começar a me curar.
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