Apoio
Eu entro no quarto do hospital com uma caixa de chocolates nas mãos, tentando manter o sorriso no rosto enquanto caminho até a cama onde Rindou está deitado. Coloco a caixa na mesinha ao lado da cama e me aproximo, tentando transmitir um pouco de calor e normalidade para o ambiente.
— Trouxe esses para você. — eu digo, tentando soar animado. — Espero que ajudem a levantar o seu astral um pouco.
Rindou me olha e, apesar do agradecimento que expressa com um leve sorriso, o brilho nos seus olhos não muda. É como se uma sombra tivesse se instalado ali, uma tristeza silenciosa que não pode ser apagada com um gesto simples, mesmo que bem-intencionado.
Eu sei exatamente o que está acontecendo por trás daquele olhar. Ele está aceitando o fato de que, assim que receber alta do hospital, será internado em uma clínica psiquiátrica. A consciência desse destino iminente pesa sobre ele, e nada parece ser capaz de aliviar o peso dessa realidade.
— Obrigado. — ele diz com uma voz cansada, mas a falta de entusiasmo é palpável.
Me sento na cadeira ao lado da cama e observo como ele tenta apreciar os chocolates, mas seu olhar continua distante, imerso em pensamentos sombrios. É difícil para mim ver Rindou assim, sabendo que o que ele realmente precisa é de um pouco de conforto e alívio, mas a situação é maior do que qualquer presente ou gesto.
Eu olho para Rindou com uma expressão sincera, tentando transmitir algum conforto.
— Rindou... — eu começo. — Sei que a ideia de ficar internado na clínica psiquiátrica não é a melhor, mas eu quero que você saiba que, na verdade, pode ser uma boa oportunidade. É um lugar onde você vai receber o tratamento que precisa para lidar com esses problemas que te machucam.
Rindou me encara com um olhar que mistura cansaço e tristeza. Ele balança a cabeça lentamente, desmentindo minhas palavras.
— Não é tão simples assim, Angry. — ele responde com uma voz que demonstra a dor que sente. — A clínica psiquiátrica não é um lugar que vai me ajudar. É o pior lugar que eu já estive.
A minha preocupação aumenta ao ouvir essas palavras.
— Mas por quê? Não é para isso que essas clínicas existem? Para ajudar as pessoas a se recuperarem?
Rindou fecha os olhos por um momento, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas para explicar.
— Eu já estive internado três vezes. — ele começa. — E a cada vez foi uma experiência horrível. Lá dentro, você é tratado como um caso, um número, e não como uma pessoa real. Eles te isolam, te mantêm sob constante observação e, muitas vezes, os tratamentos são impessoais e desumanos. A sensação de estar trancado em um lugar onde ninguém realmente entende o que você está passando é esmagadora.
Ele respira fundo antes de continuar.
— Além disso, o ambiente é tóxico. Você está cercado por pessoas que estão lutando com seus próprios demônios, e isso pode ser muito mais doloroso do que qualquer tratamento que eles possam oferecer. Eu me sinto como se estivesse apenas sendo mantido longe do mundo real, sem realmente estar avançando para a recuperação.
Eu ouço atentamente, sentindo meu coração apertar com cada palavra. É difícil ouvir que a esperança que eu tinha em relação à clínica não é compartilhada por Rindou.
— Eu não sabia que era assim. — eu digo com sinceridade. — Sei que você já passou por muito, e só quero que você se sinta melhor. Vamos tentar encontrar uma forma de fazer isso de um jeito que funcione para você.
Rindou me dá um olhar de gratidão misturado com desespero.
— Obrigado, Angry. Só preciso que você entenda que para mim, é uma batalha constante apenas para sobreviver lá dentro, e não uma chance de cura.
Eu aperto a mão dele em sinal de apoio, tentando transmitir que, mesmo que eu não compreenda completamente sua dor, estou aqui para apoiá-lo em cada passo dessa jornada difícil.
Eu olho para Rindou, o coração pesado com a dor e a frustração que ele expressa. Sentado ao seu lado, tento compreender a imensidão do que ele está enfrentando.
— Por que isso está acontecendo com você, Rindou? — pergunto em voz baixa, mais para mim mesmo do que para ele. — Por que alguém tão incrível tem que passar por tantas provações?
O silêncio se estende por um momento, e eu vejo a tristeza nos olhos do Rindou, que agora está voltado para o chão.
— Eu não sei, Angry. — ele responde com um tom cansado. — Às vezes, parece que a vida simplesmente decide que eu sou um alvo para todos os seus testes e desafios.
Eu me esforço para encontrar uma explicação que faça sentido, uma razão que possa justificar a quantidade de sofrimento que ele está passando.
— Você não merece isso. — eu digo com convicção. — Você sempre tentou ser forte, mesmo quando tudo estava contra você. Eu me pergunto como alguém tão bom quanto você pode ser viver assim.
Rindou suspira, e eu posso ver a luta interna em seu olhar.
— Talvez seja apenas o meu destino. — ele sugere, a voz carregada de resignação. — Algumas pessoas parecem nascer para lidar com mais dificuldades do que outras. Eu tentei entender isso de várias formas, mas no fim, só me sinto perdido, como se o universo estivesse me empurrando para uma estrada de sofrimento sem fim.
Eu me levanto, tentando processar o que ele disse. Meu coração está pesado com a injustiça do que ele está passando.
— Eu quero acreditar que há um propósito para tudo isso. — eu digo, tentando achar um fio de esperança em meio à escuridão. — Mesmo que pareça que a vida só está te dando dificuldades, eu quero acreditar que você vai encontrar uma forma de superar tudo isso e que há algo maior esperando por você no fim desse caminho.
Rindou me lança um olhar grato, mas ainda há uma sombra de dúvida em seus olhos.
— Espero que você esteja certo. Pois eu já estou cansado de lutar.
Eu coloco a mão no ombro dele, tentando transmitir força e apoio.
— Não importa o que aconteça, eu estarei aqui com você. — eu prometo. — Vamos enfrentar isso juntos, e espero que, mesmo nas piores dificuldades, possamos encontrar um pouco de luz para guiar o caminho.
Enquanto observamos o silêncio que se segue, eu não posso deixar de me perguntar por que ele teve que passar por tanto, mas uma coisa é certa: eu farei o possível para apoiar Rindou em cada passo dessa jornada desafiadora.
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