Aniki
Chego à clínica psiquiátrica, meu coração acelerado com uma mistura de esperança e ansiedade. Eu mal consigo esperar para ver o Rindou novamente. Vejo Angry saindo da sala de visitas. Ele está sorrindo, um sorriso verdadeiro que me faz abrir um também, sem perceber.
— Como ele está? — pergunto, meu peito apertando em antecipação.
Angry se vira para mim, e é como se houvesse um brilho novo em seus olhos.
— Ele está mais comunicativo. — diz ele, e eu noto a alegria sincera em sua voz. — Mais presente... de verdade.
Ouvir isso faz algo dentro de mim se acender. Um calor percorre meu corpo, e não consigo conter o sorriso que surge em meus lábios.
— Sério? — indago, tentando manter a calma, mas a emoção transborda.
Angry apenas assente, e então se afasta, me deixando de frente para a porta da sala de visitas. Respiro fundo, tentando me preparar para o que está por vir. Seguro a maçaneta, fecho os olhos por um segundo e então abro a porta.
Assim que entro, meus olhos imediatamente encontram os do Rindou. Ele está sentado em uma das cadeiras, mas, ao me ver, se levanta de repente, quase derrubando a cadeira atrás dele. Meu coração para por um momento, e tudo ao meu redor parece se desfazer quando vejo Rindou vindo em minha direção.
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele me envolve em um abraço forte, os braços ao redor dos meus ombros. Fico imóvel por um instante, absorvendo a sensação do calor do corpo dele contra o meu, o cheiro que é inconfundivelmente do Rindou. É tão real... tão ele.
Eu sinto meu peito se apertar, os olhos começam a se encher de lágrimas. Rindou está me abraçando. Pela primeira vez em meses, ele me abraça sem que eu tenha que pedir, sem que eu tenha que incentivá-lo. É como se algo finalmente tivesse mudado, como se ele estivesse realmente ali comigo, e não apenas em um mundo distante e sombrio.
— Rindou... — sussurro, minha voz falhando enquanto minhas mãos retribuem o abraço, o envolvendo com a mesma intensidade. — Eu senti tanto a sua falta, meu anjo.
Ele não diz nada de imediato. Apenas aperta o abraço, enterrando o rosto em meu ombro, como se quisesse se ancorar em mim. Eu seguro ele com força, sentindo um nó se formar em minha garganta. O calor do seu corpo contra o meu, o aperto firme... É a prova de que ele está lutando, de que ele ainda está aqui, apesar de tudo.
— Eu estou aqui, Aniki. — ele murmura finalmente, a voz baixa e um pouco rouca, como se estivesse guardando aquilo dentro de si há muito tempo. — E vou continuar aqui... por você.
Fecho os olhos, deixando as lágrimas caírem silenciosamente. O momento é simples, mas significa tudo para mim. Aperto ele ainda mais, como se tivesse medo de soltar e ele desaparecer.
— Eu estou com você, Aniki. — digo, minha voz saindo trêmula. — Sempre estarei.
E ali, naquele abraço, sinto um vislumbre de esperança. A luta não acabou, mas estamos juntos, e por agora, isso é tudo o que importa.
O abraço é uma conexão que sentimos, uma conexão que não precisa de palavras para ser compreendida. Mas então, sinto Rindou se mover lentamente, afastando apenas o suficiente para apoiar o queixo em meu peitoral, os olhos ainda brilhando com as emoções que o cercam.
Ele me olha diretamente, aqueles olhos que tanto me lembram dos tempos de infância, do garoto que ele costumava ser antes de tudo ficar tão difícil. E então, com um tom calmo e sincero, ele diz:
— Eu te amo, Ran. Mais do que qualquer coisa nesse mundo.
Minhas emoções ameaçam transbordar outra vez. Sinto o peso das palavras dele se espalhando em meu peito, uma mistura de amor, alívio e uma tristeza silenciosa. Eu não posso evitar o sorriso que se forma em meus lábios. Com cuidado, levo a mão ao rosto dele, acariciando sua bochecha suavemente, sentindo a pele quente sob os meus dedos.
— Eu também te amo, Rindou. — digo, a minha voz saindo em um sussurro, como se estivesse dividindo um segredo que só nós dois podemos compreender. — Mais do que tudo.
Ele fecha os olhos por um momento, se inclinando contra o meu toque, como se aquele simples carinho fosse o que ele precisava para se sentir seguro. Meu coração se aperta enquanto continuo a acariciá-lo, desejando poder tirar toda a dor e o sofrimento que ele carregou por tanto tempo.
— Você é meu irmão mais novo. — continuo, o olhar fixo nele. — E eu sempre estarei aqui por você. Não importa o que aconteça.
Ele não responde de imediato, mas seu rosto relaxa enquanto ele respira profundamente, como se estivesse absorvendo cada palavra. E ali, naquele instante, é como se todo o peso do mundo desaparecesse, ao menos por um momento. Eu o tenho aqui comigo, e é isso que importa.
Ainda com Rindou em meus braços, sinto seu corpo começar a se mover. Ele se afasta ligeiramente e me olha nos olhos, um brilho tímido e hesitante em seu olhar. Em seguida, ele coloca a mão no bolso, remexendo ali por um momento. Fico curioso, sem entender o que ele está procurando, até que ele finalmente retira algo pequeno e o segura na palma da mão.
— Para você, Aniki. — ele diz, a voz baixa, enquanto estende o objeto em minha direção.
Olho para a mão dele, e meu coração quase para. É um pequeno origami em forma de coração, delicadamente dobrado. Minha visão fica turva de repente, os olhos se enchendo de lágrimas enquanto pego o origami com cuidado, quase com medo de que ele se desfaça ao menor toque.
— Eu... fiz isso hoje de manhã. — Rindou explica, a voz suave e um tanto insegura, como se estivesse revelando um segredo. — Enquanto pensava em você.
Sinto um nó se formar em minha garganta. Seguro o origami entre os dedos, as bordas delicadas contra a minha pele, e tudo o que posso pensar é o quão significativo esse gesto é. Ele se deu ao trabalho de criar isso, de dobrar cada pedacinho com carinho enquanto pensava em mim. É um símbolo, não apenas de nosso laço como irmãos, mas do esforço dele para lutar, para se conectar, para demonstrar seus sentimentos.
Meus olhos se voltam para ele, e eu vejo Rindou me observando com uma expressão que mistura ansiedade e esperança. Ele não sabe o quanto isso significa para mim, o quanto cada pequeno passo dele em direção à luz aquece o meu coração. Acaricio o origami suavemente, lutando para conter a emoção que cresce dentro de mim.
— Rindou... — minha voz sai trêmula, e eu me aproximo dele, abraçando ele novamente com firmeza, o origami ainda seguro entre nós. — É lindo... eu não sei o que dizer.
Ele se aconchega em meu abraço, a tensão em seus ombros desaparecendo lentamente.
— Só quero que você saiba, Aniki... — ele sussurra contra o meu peito. — Que eu estou tentando. Por você.
Uma lágrima escapa dos meus olhos enquanto o seguro mais forte.
— Eu sei, meu anjo. — respondo, a voz falhando. — E estou tão orgulhoso de você.
Rindou não diz mais nada, apenas fica ali, nos meus braços, enquanto seguro o pequeno origami de coração contra o peito. É um presente simples, mas carregado de significado. Ele representa esperança, esforço e o amor que ainda existe entre nós. E por isso, ele é precioso.
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