Acorde, Irmão
Estou sentado ao lado da cama do Rindou, segurando sua mão entre as minhas. O quarto do hospital é silencioso, apenas o som constante dos monitores preenche o ambiente. Olho para ele, deitado, com o rosto sereno como se estivesse apenas dormindo. Mas é uma serenidade que me assusta, uma calma que esconde o tormento de estar preso em um estado entre a vida e a morte.
Aperto sua mão levemente, sentindo a frieza da sua pele contra a minha. É um lembrete doloroso de como a vida pode ser frágil. Minha cabeça cai para frente, e lágrimas silenciosas começam a escorrer pelo meu rosto. Não consigo segurar o choro. A dor de ver meu irmão assim, imóvel e inerte, é esmagadora.
— Rindou... — murmuro, minha voz rouca de emoção. — Eu sinto tanto sua falta. — as palavras são sufocadas por soluços, e minha mão treme enquanto continua a segurar a dele. — Você não pode me deixar, não assim.
O peso desses últimos dias é insuportável. Todos os dias venho aqui, esperando um sinal, uma mudança, algo que me diga que ele vai voltar. Mas ele continua assim, preso em um sono profundo do qual não consegue despertar. E eu? Eu me sinto perdido, incapaz de ajudá-lo, de trazê-lo de volta.
Choro mais intensamente, o som ecoando no quarto vazio.
— Por favor, acorda... — imploro, minha voz quebrando. — Acorda, Rindou. Não posso continuar sem você.
As lágrimas caem livremente, molhando minha camisa enquanto eu me inclino sobre a cama, minha cabeça encostada ao seu lado. O desespero é sufocante, uma dor que parece não ter fim. Eu me sinto impotente, perdido em um mar de tristeza e medo, desejando desesperadamente que ele acorde e nos tire deste pesadelo.
— Eu preciso de você... — sussurro, as palavras quase inaudíveis. — Volte para nós. Volte para mim, por favor.
As lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto enquanto seguro a mão do Rindou, sentindo sua pele fria e inerte. O desespero me consome, e eu me sinto afundando na escuridão. De repente, sinto um toque suave no meu cabelo, uma carícia que me faz arrepiar. Levanto a cabeça, esperando encontrar uma enfermeira ou talvez o Angry, mas o que vejo me deixa sem palavras.
Rindou está acordado.
Seus olhos, sempre tão expressivos, agora estão abertos e cheios de lágrimas. Ele me olha com uma mistura de tristeza e alívio, suas bochechas molhadas pelas lágrimas que continuam a escorrer. Por um momento, não consigo acreditar no que estou vendo... parece um sonho, uma ilusão criada pelo meu desejo desesperado de tê-lo de volta.
— Rindou? — minha voz sai em um sussurro quebrado, minha mente lutando para processar o que meus olhos estão vendo.
Ele tenta falar, mas o som que sai é fraco e rouco, resultado dos meses de inatividade e do tubo que está em sua garganta. Ainda assim, ele força um sorriso tímido, os olhos cheios de emoções que não consigo sequer começar a compreender.
— Ran... — ele murmura, sua voz um eco fraco do irmão que conheço.
Minhas lágrimas caem ainda mais rápido agora, uma mistura de alívio, alegria e dor. Seguro o rosto do Rindou com minhas mãos trêmulas, sentindo o calor de sua pele sob meus dedos, uma prova de que ele realmente está aqui, de volta comigo.
— Você acordou... — sussurro, quase sem acreditar.
Ele pisca, mais lágrimas caindo, e seu olhar é uma mistura de desculpas e promessas.
Abraço ele com cuidado, sentindo o quão frágil ele se tornou, mas também a vida que voltou a fluir através dele.
— Eu senti tanto a sua falta. — sussurro em seu ouvido, minha voz embargada pela emoção. — Nós todos sentimos.
Rindou fecha os olhos, exausto mas presente, e eu sei que a luta ainda não acabou. Mas agora, com ele acordado e aqui, há esperança. O pesadelo que parecia interminável finalmente mostra sinais de dissipação, e tudo o que importa é que meu irmão está de volta. Aperto sua mão, prometendo a mim mesmo que nunca mais vou deixá-lo cair na escuridão que quase o levou de nós.
Ainda em choque, vejo que Rindou está mesmo ali, diante de mim, desperto e vivo. Mal posso acreditar no que estou vendo, mas logo percebo que preciso agir, deixo o quarto e vou até uma enfermeira que está ali no corredor.
— Por favor, ele acordou! — digo, a voz trêmula de emoção e alívio. — Rindou saiu do coma!
A enfermeira olha para mim por um momento, surpresa, e depois corre em direção à estação de enfermagem. Em poucos minutos, uma equipe médica entra no quarto, se movendo rapidamente ao redor do Rindou. Eles verificam os monitores, ajustam os aparelhos e falam entre si em termos médicos que mal consigo acompanhar.
— É um milagre! — ouço um dos médicos murmurar para outro, o olhar deles fixo em Rindou, que ainda está deitado na cama, exausto mas acordado.
Sinto uma mistura de alívio e ansiedade enquanto observo tudo acontecer. O que significa essa recuperação repentina? Ele estará realmente bem? Mas agora, vendo a atenção e o cuidado da equipe médica, há uma centelha de esperança que começa a crescer dentro de mim.
Rindou me olha, seus olhos ainda cansados, mas há uma claridade neles que não via há tanto tempo. Aperto sua mão com mais força, como se temesse que ele pudesse desaparecer se eu soltasse.
— Você está aqui. — repito, mais para mim mesmo do que para ele.
Observo enquanto a equipe médica trabalha com precisão e cuidado ao redor do Rindou. Eles começam a desentubá-lo, um procedimento que parece complexo e delicado. Cada movimento é feito com tanta precisão que fico nervoso só de assistir, temendo que qualquer erro possa prejudicá-lo.
Um dos médicos murmura instruções para os outros, e consigo ouvir o som suave de aparelhos médicos sendo ajustados. Eles finalmente removem o tubo da garganta de Rindou, e vejo ele fazer uma careta de desconforto, mas é rapidamente acalmado pelas mãos habilidosas dos profissionais.
Em seguida, um enfermeiro ajusta uma máscara de oxigênio sobre o rosto do Rindou, conectando ela a um tanque ao lado da cama. O som do fluxo de oxigênio enche o quarto, e fico aliviado ao vê-lo respirar mais facilmente. A máscara cobre grande parte do seu rosto, mas ainda consigo ver seus olhos, eles estão mais vivos agora, embora ainda pareçam exaustos e um pouco confusos.
A equipe médica monitora de perto os sinais vitais do Rindou, anotando dados em pranchetas e nos monitores ao redor da cama. Um dos médicos se vira para mim e me dá um aceno de cabeça tranquilizador, indicando que o procedimento correu bem.
Fico ali, observando tudo com uma mistura de alívio e apreensão. Cada passo dado pela equipe médica parece um pequeno milagre, uma confirmação de que Rindou voltou para nós. Sinto uma onda de gratidão por esses profissionais, pela ciência, por qualquer força que esteja nos ajudando a passar por isso.
Rindou me olha, seus olhos ainda brilham com uma mistura de confusão e alívio. Aperto sua mão novamente, sentindo a força fraca mas presente em seu aperto. Não consigo evitar sorrir, mesmo com o turbilhão de emoções que ainda sinto.
— Vai ficar tudo bem. — murmuro, mais para mim mesmo do que para ele, mas desejando que ele também acredite nisso. — Estamos aqui com você, Rindou. Sempre estaremos.
Observo Rindou deitado na cama, sua expressão frágil enquanto os médicos continuam a monitorar seus sinais vitais. Seus olhos, brilhantes com lágrimas, encontram os meus. Sinto um aperto no peito ao ver suas emoções tão à flor da pele.
Rindou tenta falar, mas sua voz sai fraca e hesitante, abafada pela máscara de oxigênio.
— Desculpa... — ele murmura, suas palavras quebrando o silêncio da sala. — Sinto muito pelo que fiz.
Eu me aproximo mais da cama, apertando suavemente sua mão. As lágrimas escorrem pelo seu rosto, se misturando com as minhas próprias, enquanto eu balbucio palavras de conforto que parecem insuficientes para expressar tudo o que sinto.
— Não precisa se desculpar, Rindou. — digo, tentando manter minha voz firme, mas ela treme. — Estou só feliz que você está aqui. Que você voltou para nós... para mim.
Rindou fecha os olhos, como se estivesse processando minhas palavras. Seu rosto está pálido, marcado pelo cansaço e pela dor que ele carregou por tanto tempo. A sala ao nosso redor parece desaparecer, deixando apenas nós dois e o peso das palavras não ditas.
Ele abre os olhos novamente, fixando aos meus.
— Eu estava tão perdido... — ele sussurra, sua voz ainda mais fraca, carregada de um sofrimento que não consigo começar a entender completamente. — Não queria machucar ninguém... só queria que a dor parasse.
Meu coração se parte ao ouvi-lo, e luto para segurar as lágrimas.
— Nós estamos aqui agora. — digo, minha voz embargada pela emoção. — Vamos superar isso juntos, Rindou. Você não está sozinho.
Ele apenas acena com a cabeça, exausto demais para responder mais. Os médicos se afastam um pouco, respeitando nosso momento, mas continuam vigilantes.
Eu me inclino mais perto, pressionando minha testa contra a dele por um instante, como se pudesse transferir parte da minha força para ele.
— Eu te amo, irmão. Meu pirralho, meu bebê, meu neném... meu tudo. — sussurro, sentindo a verdade dessas palavras com toda a minha alma. — Sempre estarei aqui para você, e sempre e sempre vou te amar.
Rindou fecha os olhos, deixando as lágrimas caírem livremente. Sinto sua mão apertar a minha, fraca mas presente, e sei que ele ouviu, que ele entende. E isso, por agora, é o suficiente.
— Eu te amo, Ran. — ele diz com a voz fraca.
— Não faça esforço, pelo menos até você se recuperar. — falo e deposito um beijo em sua testa.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro