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Cap. 13 - Jealousy is a bitter bitch.

JUSTIN:

Acordo e a primeira coisa de que tenho consciência é do corpo quente aconchegado em mim. Ainda com os olhos fechados, aperto o meu braço que esta repousado na cintura dela e a abraço apertado. Enterro meu rosto no seu pescoço e inalo o delicioso aroma que ela tem enquanto esfrego minha ereção em sua bunda.

Savannah geme ainda dormindo e eu me esfrego mais nela.

Lembro que no começo eu fiquei apavorado com o fato dela estar dormindo tão frequentemente aqui em casa que até precisava de um espaço para suas coisas. Lembro também que naquela primeira manhã, quando eu acordei e fui ao banheiro e vi a sua escova de dente junto com a minha, eu achei que ia pirar. Fui até o guarda-roupa, depois abri a gaveta na cômoda e fiquei uns bons 15 minutos encarando as roupas e os pertences dela enquanto ela dormia a menos de 5 metros de mim.

Eu achei que ia começar a surtar, até então minha ficha não tinha caído, Savannah estava praticamente se mudando para meu apartamento. Ok, tudo bem, se mudando é exagero afinal ela só trouxe algumas poucas mudas de roupas para ter que evitar o transtorno de sair daqui de manhã com a mesma roupa do dia anterior. E foi eu quem trouxe essa ideia a tona, na hora eu só estava ansiosa para faze-la aceitar dormir comigo sempre e não pensei no que de fato isso significava.

Caralho! Nenhuma mulher, com exceção de Eva Mckenna dormiu – no sentido de dormir mesmo - comigo. E mesmo ela, nunca teve nenhum espaço só dela dentro do meu antigo apartamento. Savannah é a segunda mulher com quem eu tive relações sexuais mais de três vezes e é a primeira a conseguir me fazer baixar a guarda a ponto de deixar que ela juntasse sua escova de dente com a minha.

Pensando nisso agora, não sei como isso foi acontecer, e ela ainda conseguiu me enfeitiçar de tal modo, que foi eu quem insistiu para que ela fizesse isso.

Deus, essa mulher é uma coisa! Não sei exatamente que coisa, mas ela é.

Mas tenho que ser justo aqui, depois do meu ataque de pânico e com o passar dos dias, eu percebi que Savannah não é nenhuma Eva. Ela não vai dar ataque e me perseguir quando esse nosso lance terminar, igual Eva fez. Esse pensamento me fez relaxar e eu me permiti a aproveitar a presença constante de Savannah no meu apartamento.

E agora, depois de tantos e tantos dias com ela dormindo na minha cama a noite toda, eu não podia estar mais feliz com a minha decisão de deixa-la ficar aqui comigo. Acordar sentindo o calor do seu corpo no meu, seu cheiro único e inebriante, ver seu sorriso lindo que me deixa de bom humor logo pela manhã e ouvir sua voz rouca me dizendo “bom dia” me provoca uma porra de uma sensação maravilhosa. Sem contar o bônus de ter sexo logo pela manhã, o que deixaria qualquer um com um ótimo humor, e Savannah sempre acorda tão sexy. É uma delicia.

Levanto sua blusa do pijama e espalmo minha mão em sua barriga lisa, lentamente a deslizo para dentro do seu short de algodão. Não sei qual é a desses pijamas velhinhos e de algodão dela, mas eles me dão um tesão enorme.

Imediatamente acho o que estava procurando e começo a acariciar seu clitóris com os dedos. Savannah se remexe e geme, mas não acorda. Como essa mulher gosta de dormir, meu Deus, estou para ver alguém com o sono tão pesado e que durma tanto.

Continuo a estimulando pacientemente com os dedos enquanto começo a depositar beijos suaves em seu ombro e pescoço.

Savannah geme de novo e eu sei que ela está despertando.

- Acorde, baby.- Digo quando sinto que estou perdendo a batalha contra seu sono e que ela está adormecendo novamente.

Enfio dois dedos dentro dela enquanto continuo acariciando o clitóris com o dedão. Savannah abre os olhos, muito desperta agora.

- Bom dia.- Ela diz com a voz rouca e com aquele sorriso capaz de iluminar até o dia mais nublado.

- Bom dia.- Dou-lhe um sorriso malicioso e continuo a penetra-la lentamente com os dedos.

- Humm, Justin.- Ela geme e diz meu nome. Ela morde o lábio inferior e fecha os olhos, começando a mexer os quadris.

- Sabe, toda vez que eu fico com saudades de dormir no meu apartamento eu lembro a mim mesma que acordando lá eu tenho que enfrentar aquela vadia, enquanto que quando eu acordo aqui, eu tenho isso.- Ela mexe os quadris provocadoramente e sorri maliciosamente.

- Acho que esse pensamento não te deixa em duvida sobre onde você deve passar a noite.- Digo.

- Nem um pouco.- Ela sorri e eu lhe dou um beijo. O beijo logo passa de algo morno para quente como o inferno. Sinto meu pau doendo de tanto desejo.

Retiro minha mão de dentro do seu short e deslizo-a por baixo de sua blusa, logo alcanço seu seio nu. Savannah gosta de dormir de pijama, mas sempre sem calcinha ou sutiã.

“Obrigado, meu Deus.”

Aperto seu seio e brinco com seu mamilo duro enquanto a beijo intensamente, os gemidos que ela solta enquanto nossas línguas brincam uma com a outra percorrem todo meu corpo, me deixando louco.

Rapidamente deito em cima dela e puxo sua blusa, interrompemos o beijo apenas para tirar a blusa e joga-la no chão.

Faço meu caminho da sua boca até seu pescoço, traçando uma linha molhada de beijos. Ela suspira e acaricia minhas costas com uma mão enquanto a outra se perde em meus cabelos.

Vou beijando-a lentamente até alcançar a parte superior de seu seio. Seguro os dois com as mãos e sinto-os, aperto-os e brinco com ambos os mamilos enquanto olho em seus olhos verdes, lindos e hipnotizantes como uma esmeralda.

- Caralho, eu adoro esse dois. Tão grandes, redondos e durinhos. E esses mamilos rosadinhos são de dar água na boca.- Digo antes de colocar minha boca em um dos seus mamilos e lambe-lo.

- Justin.- Ela geme meu nome. Eu adoro quando ela faz isso.

Lambo o outro sutilmente, apenas provocando-a e ela resmunga. Sorrio e começo a chupar seu seio, intercalando minha atenção entre os dois. Chupo, lambo e dou leves mordidinhas, fazendo com que ela se contorça em baixo de mim.

Lambo o vale entre seus seios e traço um caminho de beijos até seu monte de Vênus, deposito um beijo ali e levanto o olhar, encarando Savannah com um sorriso provocador nos lábios.

- Justin, por favor.- Ela pede.

Passo o dedo por seus lábios inchados e molhados.

- Essa bocetinha é muito gulosa.- Digo e Savannah geme enquanto brinca com seus seios. – Você quer que eu te faça gozar com a minha boca, baby?

- Por favor, por favor.- Ela implora choramingando.

- Oh meu Deus.- Ela exclama quando minha língua a toca. Lambo-a desde sua entrada até seu clitóris, várias vezes.

Concentro minha atenção no clitóris, acariciando-o com minha língua enquanto a penetro com dois dedos.

- Justin...Oh Deus...Por favor.- Ela geme e eu sinto que posso gozar só de ouvi-la. Os gemidos de Savannah são tão sexys, ela não solta aqueles gemidos exagerados e que são tão falsos quanto uma nota de 3 dólares, mas também não tem vergonha de mostrar que está sentindo prazer. Seus gemidos são excitantes e me deixam tão duro que eu sempre tenho medo de passar vergonha e gozar sem nem ao menos ela me tocar.

Quando a sinto pulsando envolta dos meus dedos, chupo-a mais intensamente. Savannah geme e se contorce com seu orgasmo.

Não dou-lhe tempo para se recuperar, deslizo meu corpo para cima ficando em cima dela, tomo sua boca com a minha e a penetro com um único golpe. Rápido e duro.

Ela arfa e arranha meus braços com as unhas. Estou tão desesperado para conseguir minha libertação, que lhe penetro com força, nossos corpos se chocando e estalando. Nossos gemidos preenchendo o quarto.

Transar com Savannah é tão bom. Ficar dentro dela é uma delicia, o seu gosto é uma delicia, as curvas do seu corpo, os sons que ela faz, a forma apaixonada e voraz que ela se comporta na cama mesmo sendo uma pessoa tímida, tudo é sexy, excitante e delicioso.

Quando sinto meu orgasmo caminhando cada vez para mais perto da liberdade, aumento o ritmo e agarro seu seio, apertando-o rudemente.

Quando meu orgasmo chega, é de fazer o chão tremer. Ele vem como uma forte onda, me arrasta e eu me deixo levar. Afogo-me nesse mar de novas sensações que só Savannah me faz sentir.

- Vou tomar um banho.- Ela diz depois que meu corpo para de tremer e nossas respirações voltam ao normal.

- Tudo bem, vou fazer nosso café da manhã.- Digo e me retiro de dentro dela. Pego minha calça de moletom e vou até a cozinha.

Como estamos atrasados, não faço nada de especial. Arrumo a mesa com algumas frutas; Morangos, uvas, bluberry, melão em cubos e amoras. Iogurte, leite, suco de laranja, café, pão, pão integral, torradas e cereal.

Alguns minutos depois Savannah aparece de banho tomado, toda arrumada e com sua mochila pendurada em seu ombro.

- Estou faminta.- Ela diz se sentando e se servindo de iogurte com cereal, amora, morangos e bluberry.

- Está tudo bem? Normalmente você não é tão quieto assim no café da manhã.- Ela comenta antes de levar uma colherada da sua mistura de café da manhã até a boca.

- Não é nada, é só que hoje eu tenho uma reunião muito importante, tenho que apresentar uma proposta que se aceita, trará um contrato de muitos milhões de dólares para a empresa.

- Você podia ter treinado a apresentação comigo. Eu teria sido super imparcial e honesta.- Ela pisca e sorri. Não posso evitar sorrir também. Ela é tão adorável.

- Obrigado. Mas na verdade eu já apresentei essa proposta, para os acionistas da empresa. Eu tinha que convence-los para que eles convencessem o Sr. Thompson que valia a pena marcar uma reunião comigo. Vou me encontrar com ele hoje à tarde e se ele ficar tão impressionado quanto os outros, esse contrato entre nossas empresas será assinado logo, logo.

- Entendi. Bom, boa sorte então, não que você precise de sorte.

- Obrigado. Acho que dessa vez toda ajuda é bem vinda, um pouquinho de sorte não vai fazer mal nenhum.

Terminamos nosso café da manhã e eu vou tomar um banho super rápido, Savannah decide ficar me esperando mesmo já estando bem atrasada.

Depois do banho me visto rapidamente e dentro de poucos minutos estamos entrando no elevador juntos. Aperto o botão e assim que as portas se fecham eu a puxo para junto de mim e lhe dou um beijo.

Quando a porta do elevador se abre separo nossos lábios e ambos saímos ofegantes.

Entramos no carro e eu ligo o radio, está tocando Lady Antebellum, “Just a Kiss” e Savannah começa a cantarolar a musica.

I know that if we give this a little time

(Eu sei que se dermos tempo ao tempo)

It will only bring us closer to the love we wanna find

(Só iremos nos aproximar do amor que queremos encontrar)

It's never felt so real

(Nunca foi tão real)

No, it's never felt so right

(Não, nunca pareceu tão certo)

                                                              ***

Saio da sala de reuniões muito mais tranquilo do que quando entrei. Tudo saiu exatamente como eu havia planejado, a apresentação saiu perfeitamente. Apesar de eu já tê-la apresentado para os acionistas há duas semanas, hoje a apresentação seria diferente, eu teria que ficar durante uma hora dentro de uma sala apenas com outro homem, e não um homem qualquer. Carlson William Thompson, o fundador e maior acionista da Thompson Reuters Company, e o meu verdadeiro alvo. Se eu conseguisse acerta-lo em cheio com a minha proposta então esse contrato já estaria no papo.

E pela expressão em seu rosto durante toda a apresentação, pelos comentários e interesse que ele demostrou, estou mais que confiante que ele ficou impressionado com a minha proposta, muito bem impressionado.

Tento não deixar o meu sorriso vitorioso se espalhar por meu rosto, ainda não. Até o segundo antes dele assinar o contrato, tudo pode acontecer.

- Justin, estou realmente muito impressionado com a sua proposta.- Ele diz enquanto caminha ao meu lado pelo corredor em direção aos elevadores.

- Quando Robert me disse que a proposta era digna da minha atenção, eu não imaginava que seria algo tão bem elaborado e com tanta probabilidade de funcionar. Admito que estou muito impressionado com seu desempenho e estou tentadíssimo a fechar esse contrato com vocês.- Ele diz e eu tento controlar a minha animação, mas é muito difícil, se esse contrato realmente sair e eu for o intermediário, vai ser uma das melhores coisas que poderia acontecer com a minha carreira aqui na Townsend.

- Fico extremamente feliz de ouvir isso, Sr. Thompson. Seria um prazer para a Townsend ter uma parceria com vocês, e tenho certeza que seria muito vantajosa para ambos os lados.- Digo e chamo o elevador, quando ele chega entramos e continuamos nossa conversa sobre negócios até chegarmos ao térreo. Acompanho-o até a porta e nos despedimos:

- Foi um imenso prazer finalmente conhece-lo Sr. Thompson.- Digo lhe estendendo a mão.

- Igualmente Justin.- Ele aperta minha mão. – Gostaria de convida-lo para almoçar na semana que vem para discutirmos alguns detalhes do contrato, seria possível?

- É claro, seria um prazer esclarecer qualquer duvida que possa ter permanecido. Estou à disposição.

- Maravilha, nesse caso então minha secretaria liga para sua secretaria para combinarmos o horário.

- Perfeito. Tenha uma boa tarde.

Ele entra no seu Rolls Royce cinza e eu observo o carro com um sorriso no rosto até ele sumir de vista.

Tudo esta correndo perfeitamente. Não quero me precipitar e cantar vitória antes da hora, mas só se uma merda muito grande acontecesse para esse contrato não ser fechado.

                                                                                  ***

SAVANNAH

Durante o caminho todo até a enfermaria eu fico me perguntando se isso é o certo a se fazer. Talvez o melhor seja deixar ela resolver isso, eu não deveria estar me metendo na vida da minha irmã desse jeito.

Mas droga, eu tive uma conversa com ela e a medrosa da Shanon me disse que não pretende convidar Miguel para sair e que não vai deixa-lo saber que ela está caindo de amores por ele. A garota se apaixonou perdidamente a primeira vista, fica sonhando acordada com o cara o tempo todo mas está morrendo de medo de chama-lo para sair e deixa-lo saber do seu interesse.

Eu sei que o que eu estou prestes a fazer pode deixa-la muito, mas muito furiosa. Se ela fizesse o mesmo comigo acho que provavelmente ficaria meses sem falar com ela.

Mas...Eu só quero que ela seja feliz, e além do mais, se ele disser não eu nem conto para ela o que eu fiz, e se ele disser sim, ela vai acabar me agradecendo no fim das contas.

Paro em frente à enfermaria e a encaro. Entro ou não entro? Faço isso ou não faço?

Eu quero tanto ver a Shanon feliz, todos merecem encontrar uma pessoa legal e se apaixonar, eu quero que ela tenha isso. E se depender dela, ela vai deixar a oportunidade de ter isso com o Miguel passar sem fazer nada.

Decido que eu vou fazer, não importa que ela fique furiosa depois, então entro na enfermaria rapidamente antes que eu perca a coragem.

Quando entro olho direto para a mesa na entrada, está vazia.

- Miguel?- Chamo um pouco hesitante. Escuto um barulho na sala ao lado e logo um homem alto, moreno e muito gato sai de lá de dentro.

“Meu Deus, a Shanon tinha razão quando disse que ele é lindo.”

- Oi.- Digo um pouco sem graça. Deus, eu estou mesmo fazendo isso? Vou me passar pela minha irmã? Nós já fizemos isso antes, mas quando éramos crianças.

- Shanon?- Ele me olha com a testa franzida.

- Sim, sou eu, a Shanon.- Minha voz sai tão falsa e trêmula. Droga, ele vai sacar que eu não sou minha irmã.

- Você está meio...Diferente.- Ele diz ainda me olhando com um pouco de estranheza.

Merda! Eu e Shanon somos gêmeas idênticas, como é que ele percebeu alguma diferença?

- Estou?- É a única coisa que eu consigo responder.

- É, não sei o que é...Mas deixa para lá.- Ele diz balançando a cabeça e abrindo um sorriso enorme, ele se aproxima um pouco e sua postura delata seu nervosismo.

Ah sim, esse cara está totalmente na da minha irmã. Olha só o jeito que ele olha para ela, quer dizer, para mim, mas ele acha que é ela então dá no mesmo.

- Não me diga que você se machucou de novo? Eu te falei, você deveria andar com um trevo de quatro folhas, uma ferradura e um pé de coelho.- Ele diz rindo.

- Um trevo, uma ferradura e um pé de coelho?- Pergunto levantando as sobrancelhas e rindo.

- É, dão sorte, assim talvez você se machucaria menos.

- O pé de coelho não deu sorte para o coelho.- Digo cruzando os braços e ele ri.

- Verdade. Estou apenas implicando com você, sei que é meio estranho dizer isso, e por favor não me leve a mal, mas eu gosto que você seja desastrada.- Ele diz se apoiando na mesa e me lançando um olhar tímido.

- Ah é? E o porquê disso?- Pergunto.

- Porque assim você vem bastante aqui, e eu posso te ver.- Ele me dá um sorriso tímido e eu sorrio para ele.

“Ah meu Deus, a Shanon tem que sair com esse cara, ele é um fofo.”

- Sinto muito te decepcionar, mas hoje eu não estou aqui pelos seus cuidados médicos.- Digo.

- Não?

- Não.

- Então o que te trouxe até aqui?- Ele pergunta com um olhar de flerte.

- Eu vim saber se você por acaso quer sair comigo algum dia desses.- Pergunto e por um momento ele parece surpreso, como se não esperasse que eu fosse ser tão direta. Acho que a minha irmã esteve agindo muito timidamente perto dele, essa não é uma Shanon que ele esperava ver, com certeza.

Ele abre a boca mas parece não saber o que dizer. Droga, será que eu interpretei mal os sinais e ele irá me dizer não?

- Eu...Ann...Eu quero sim. Na verdade, eu quero muito sair com você, Shanon.- Ele diz sorrindo largamente.

- Ótimo.

- Sinceramente, eu já estava querendo te convidar desde daquela vez que você veio aqui com aquele olho roxo, mas não tive coragem. Fico feliz que você tenha me convidado, porque se dependesse de mim ia demorar. Eu sou tão tímido quando se trata de chamar uma garota para sair. – Ele diz encarando o chão e parecendo envergonhado.

- Para falar a verdade, eu também sou muito tímida quando eu conheço um cara novo. Mas eu quero mesmo sair com você, então...- Deixo o resto da frase morrer no ar.

- Será que você pode me dar o seu numero de telefone para eu te ligar e combinarmos o dia?

- Claro.- Respondo.

Vou até a mesa, parando do seu lado e anoto o número do celular de Shanon, quase que escrevo o meu número por engano.

- Prontinho, aqui está.- Entrego o papel para ele.

- Perfeito. Eu te ligo então.

- Vou estar esperando.

- A gente se vê então.

- Certo, até depois.

- Até, tenha uma boa tarde.- Ele diz e se aproxima, segura minha mão e a beija.

“Ah meu Deus, minha irmã encontrou um cavalheiro. Estou tão feliz por ela.”

Sorrimos uma última vez um para o outro e eu vou embora. Uma vez fora da enfermaria, respiro mais aliviada, não tinha certeza se isso ia funcionar e muito menos se ele iria aceitar o convite. Mas ele aceitou, e disse que queria convidar ela para sair desde a primeira vez que eles se viram.

Cara, eu preciso contar isso para a Shanon.

Sigo caminhando pelo campus com um sorriso no rosto. O que eu fiz não foi totalmente correto, mas acabou dando certo, agora a minha irmã e o cara que ela está caidinha tem um encontro.

Certamente ela não vai ficar zangada comigo quando eu contar que ele aceitou, ou vai?

Continuo caminhando enquanto penso como contar para Shanon o que eu fiz e imaginando diversas reações da parte dela, quando escuto alguém chamando meu nome.

- Savy.

Olho para trás e vejo Vince fazendo sinal com a mão e sorrindo para mim. Curiosamente, a visão dele já não me provoca mais borboletas no estômago. Claro que ele continua lindo e gostoso, mas essa beleza não tem mais o mesmo efeito que tinha antes.

- Oi.- Digo quando ele para na minha frente.

- Oi, eu te procurei por toda parte. Fui falar com você depois que sua aula acabou mas você já tinha saído.

- É, foi mal. Estava na enfermaria.

- Você está bem?- Rapidamente seu olhar muda para preocupação.

- Sim, está tudo ótimo comigo. É só que eu tinha que...Fazer uma coisa.- Digo com um sorriso envergonhado. Ainda não acredito que eu fingi ser minha irmã e marquei um encontro para ela.

- Que susto, achei que tinha acontecido algo com você. Que bom que você está bem.- Ele diz chegando mais perto e exagerando na preocupação e principalmente na invasão do meu espaço.

- É, estou. Inteira. Nada de errado.- Olho desconfortavelmente para ele e lhe dou um sorriso nervoso.

- A gente se vê por aí.- Digo e me viro, mas Vince me segura pelo braço e vem ficar na minha frente.

- Espera, achei que você tinha falado que a gente ia se ver hoje.- Ele diz.

- Acabamos de nos ver.- Digo e tento ir embora mas ele me segura de novo.

- Tem alguma coisa errada? Você parecia disposta a ser pelo menos minha amiga quando conversamos na sua varanda.

- Não tem nada errado.

- É aquele cara?- Ele pergunta fazendo uma careta de poucos amigos.

- Que cara, Vince?

- O idiota que eu dei uma surra. Como é o nome dele mesmo?

- Justin.

- Isso, Justin. É por causa dele que você ainda está fugindo de mim? Seu namoradinho não te deu permissão para você ser minha amiga?- Ele pergunta ríspido.

- Você está louco se acha que algum dia vou permitir que um homem me diga de quem eu devo ou não ser amiga. Além do mais, o Justin não é meu namorado. E foi bom você tocar nesse assunto, porque eu ainda estou com aquela briga de vocês dois entalada na garganta.- Digo cruzando os braços e fazendo cara de brava.

- Foi para ele aprender a não mexer com a garota dos outros, espero que ele tenha aprendido. Vocês ainda estão saindo?

- Isso realmente não é da sua conta.- Digo ficando irritada com sua atitude.

- Quer saber, não importa. Eu só quero que a gente deixe para trás tudo isso, ok? Se você não vai voltar comigo, quero pelo menos voltar a ser seu amigo. Pode ser?

- Não sei se isso vai dar certo, Vince.

- Por quê?

- Você não traiu minha confiança só como namorada, mas como amiga também. A amizade que nós tínhamos antes de começar a namorar, simplesmente não sei se tem concerto, entende?

- Acho que sim. Mas e se fossemos devagar? Retomando ela aos poucos?

- Talvez, quem sabe.

- Vamos fazer isso, por favor? Não quero que você saia da minha vida, Savy.

Encaro seus lindos olhos verdes, que são quase na mesma tonalidade do que os meus, só que muito mais penetrantes. Encaro com saudades o rosto do homem que até pouco tempo atrás eu amava com todo meu coração.

- Tudo bem, Vince. Nós podemos ser amigos, ou pelo menos, tentar.- Ele abre um sorriso do tamanho do Texas e me abraça. Hesito um momento mas acabo retribuindo o abraço.

Ele me puxa para mais perto e eu posso sentir toda a extensão firme e forte do seu corpo contra o meu.

- Que tal nós irmos almoçar para comemorar?- Ele se afasta e pergunta animado.

- Comemorar?- Pergunto sorrindo com a sua empolgação infantil.

- Sim, venha, vamos comer.- Ele agarra meu braço e começa a me puxar.

- Tudo bem, vamos almoçar então. Quer ir ao restaurante universitário ou...

- Mas é claro que não. Vamos comer comida de verdade, eu conheço um restaurante fora do campus que é uma delicia.

Não digo nada e deixo que ele me segure pela mão e me leve até seu carro.

                                                               ***

- Savannah Careton, me diga que você não fez isso.- Shanon diz num tom baixo e moderado, mas muito ameaçador, depois que ela para de tossir e limpa a bebida que ela derramou em sim mesma quando cuspiu.

Acho que fiz bem em lhe contar o que eu fiz em um lugar publico. Assim ela não pode pular no meu pescoço, não com todas essas testemunhas.

- Foi mal, sis. Eu fiz.- Digo me encolhendo na cadeira do restaurante enquanto ela me fuzila com os olhos.

- Não. Não posso acreditar que você fez isso. Me diga que você não fez.

- Eu fiz, mas eu fiz pensando na sua felicidade.

- Você não tinha esse direito.- Shanon se descontrola por um momento e grita. As pessoas nas mesas a nossa voltam nos olham com repreensão. Shanon fecha os olhos, aperta o nariz e respira fundo.

- Você não tinha o direito de se meter na minha vida dessa forma.

- Mas Shanon...

- Sem essa de Shanon. Não acredito que você foi tão intrometida, egoísta e agora eu te odeio Savannah.

- Não você não odeia. Eu sei que eu não devia ter me passado por você, mas você não iria convida-lo para sair mesmo estando louca por ele, eu só queria que você desse uma chance para esse sentimento.

- Não acredito que você me fez passar por idiota. Eu confiei em você e você me traiu.

- Não, Shanon. Por favor não fale assim.

Ela permanece em silêncio encarando o prato. Dou-lhe o seu tempo e não falo nada.

- Qual foi a resposta dele?- Ela pergunta depois de alguns minutos, ainda encara o prato, talvez com medo da resposta.

Abro um sorriso enorme, é agora que ela vai me perdoar.

- Ele disse que sim.- Digo e ela imediatamente levanta o olhar e me encara com um misto de surpresa e animação.

- Ele aceitou?

- Aceitou. E não foi só isso.

- Não? O que mais ele falou? Anda, me conta tudo.- Ela se remexe na cadeira impacientemente.

- Ele disse que queria te chamar para sair desde o primeiro dia, quando vocês se conheceram. Mas ele é tímido demais quando se trata de garotas.

- Ah meu Deus. Ele queria me chamar para sair esse tempo todo?- Eu apenas balanço a cabeça com empolgação.

- Mas e aí, o que aconteceu depois?

- Eu dei o número do seu celular, ele disse que iria ligar.

Ela caça o celular desesperadamente dentro da bolsa e olha a tela.

- Não tem nenhuma chamada.- Ela diz decepcionada.

- Calma, Shanon. Eu falei com ele ontem, logo ele vai ligar, você vai ver.

- Não acredito que eu vou sair com o Miguel.- Ela diz com um olhar apaixonado e um sorriso involuntário surgindo no rosto. Mas logo ele some e ela me encara seriamente.

- Mas eu ainda não te perdoei e estou furiosa com você, hein.- Ela diz me apontando o dedo.

- Mas não me odeia mais, não é?- Pergunto com um sorriso de vitória no rosto

- Odeio só um pouco.- Ela diz tentando esconder o sorriso que se forma em seus lábios.

- Acho que eu posso conviver com isso.- Digo e ambas rimos.

                                                          ***

Alguns dias depois...

- O que você acha desse Kim?- Pergunto lhe mostrando um arranjo de flores. Ela caminha até mim e segura o arranjo na mão, analisando-o.

- É lindo Savannah. Uma boa opção.

Kim, Shanon, tia Alyssa, mamãe e eu estamos andando a manhã toda pelo centro de Dallas e seus arredores para escolhermos as flores do casamento.

Já estramos em tantas floriculturas e eu já cheirei tantas flores, que meu nariz está vermelho e coçando.

- Ah Kim, olha esse arranjo de flores Calla. É lindo.- Tia Alyssa grita do outro lado da loja.

Não sei quem está mais empolgada com esse casamento; Tia Alyssa, mamãe ou Kim. Poderia colocar nessa equação a tia Bárbara, mas a mãe da Kim infelizmente não está participando de todo o processo já que ela mora em outro estado.

Vamos até tia Alyssa para ver as flores que a deixaram tão animada. Mas eu fico mais afastada dela, me escondendo atrás de Shanon.

Não sei explicar, mas não estou me sentindo confortável perto dela. O que é muito estranho, já que ela é minha tia. Bom, não tia de verdade, tipo de sangue, mas é de coração. Ela esteve presente em toda a minha infância e eu amo ela como uma segunda mãe.

Mas toda vez que ela se aproximou de mim hoje, que ela me olhou nos olhos, eu me senti impelida a me afastar. É como se ela fosse capaz de enxergar através de mim e pudesse descobrir meu segredo; Que eu estou dormindo com o filho dela.

Só o pensamento das duas famílias descobrirem sobre o meu envolvimento casual com Justin me deixa inquieta. Deus, seria uma confusão enorme.

- Savannah?- A voz de mamãe me puxa de volta de onde quer que eu estava.

- Hum?

- Filha, onde você estava?

- Ah desculpa, estava distraída.

- Então, o que você acha dessas flores Calla? Perfeitas, não?- Kim diz com um sorriso animado.

- Sim, sim, são lindas. Mas você não pretende que a decoração toda seja feita com elas, não é?

- Por quê? Achei que você tinha gostado.- O sorriso de Kim se desmancha.

- Elas são lindas, prima. Mas encher o casamento com elas, não sei não.- Digo fazendo uma careta.

- Você pode fazer o buquê das madrinhas e o seu com essas flores, e a decoração com outro tipo de flor.- Sugiro e o sorriso volta ao seu rosto. Alyssa e mamãe concordam com a cabeça entusiasmadas.

- Sim, ótima ideia, filha. Kim, ficaria lindo, querida. O seu buquê de Callas rosas ou roxas e o das meninas laranja ou amarelo. Oh ficaria uma maravilha.

Todas soltam gritinhos animados e batem palmas. Eu sorrio. Amo tanto a minha família.

Elas se afastam e vão continuar sua caçada pela flor perfeita para os arranjos e a decoração, eu fico para trás, olhando algumas flores que parecem esquecidas e que não recebem atenção de ninguém. Elas com certeza não são apropriadas para um casamento, mas são lindas.

- Hey sis.- Shanon para ao meu lado.

- Hey.

- Algum problema?

- Não, nenhum. Por quê?

- É só que parece que toda hora que eu olho para você, você está divagando ou algo assim. Tem algo te preocupando?

- Não, na verdade não. Não é nada demais.

“Só não consigo ficar perto da tia Alyssa porque estou dormindo com o Justin.”

Como eu queria de fato dizer isso em voz alta. Contar para alguém sobre o Justin e eu. Sei que o que nós temos não é nada demais, mas eu estou sentindo uma necessidade enorme de desabafar com alguém nos últimos dias.

Os últimos dias

...Não sei o que, mas sinto que algo dentro de mim vem mudando dos últimos dias para cá.

Sinto-me estranha quando estou com Justin, e me sinto mais estranha ainda quando não estou com ele.

Eu não consigo parar de pensar nele, nas noites que passamos juntos, nas conversas que tivemos, nos sorrisos que ele me deu, nos toques quase carinhosos que trocamos durante o café da manhã.

É uma sensação estranha, não sei o que pode ser. Quando estamos longe um do outro me pego esperando ansiosamente nosso próximo encontro, e quando ele finalmente chega, eu me esqueço de tudo e me entrego a essa descarga de sensações quase místicas, tão incompreensíveis e únicas.

- Tem certeza que está tudo bem? Você sabe que pode sempre contar comigo, não é?

- Sei sim.

- Não é aquele idiota traidor do Vince te incomodando de novo, não é?- Ela pergunta agressivamente e eu rio.

- Não, ele não está me incomodando nem um pouco. Na verdade, a gente tem conversando na faculdade nesses últimos dias, e tem sido bem legal. Estamos retomando nossa amizade devagar.

- Então você decidiu perdoar mesmo ele, hein? É isso mesmo que você quer, ser amiga do Vince de novo?- Ela me pergunta e eu não a respondo por vários minutos.

- Acho que sim, não sei se isso é o certo a se fazer. Mas você sabe que eu tenho um coração de manteiga, não é? Ele disse que quer pelo menos ser meu amigo, já que a nossa relação de namorados está perdida para sempre.

- Você ainda sente algo por ele?- Ela pergunta. Dou-lhe um olhar de aviso, não quero falar sobre meus sentimento pelo Vince agora.

- Porque se você ainda o ama, não sei se essa amizade é algo bom para você. Nem para ele na verdade. Mas se você já o superou, bem, então eu fico mais tranquila com essa reaproximação de vocês, porque sei que você não corre o risco de se machucar.

- Eu ainda não tenho certeza quais são meus sentimentos por ele. Mas eu não o amo mais, Shanon. Ele me machucou demais, acho que a dor foi lentamente matando o amor que eu sentia. Passei por vários estágios desde o dia que eu vi ele com ela. Desespero, magoa, raiva, tristeza, raiva de novo, indecisão, mais magoa, até que eu cheguei ao ponto que estou agora. Não sinto mais nada disso, eu estou pronta para esquecer tudo e perdoa-lo de verdade, tentar recuperar um pouco do que tínhamos como amigos. E eu sei que não o amo mais, mas ainda sinto algo por ele. Entende? Isso soa tão confuso, eu sei...

- Não, acho que eu entendo sim. Acho que talvez essa reaproximação de vocês sirva para te dar uma luz e te fazer perceber o que você realmente sente por ele.

- Talvez...Então você acha que eu estou certa em permitir que ele se reaproxime?

- Acho que sim, sis. Apesar de eu estar morrendo de raiva dele e querer arrancar suas bolas pelo que ele fez...Acho que você tem que resolver isso de uma vez por todas.

Sorrio para minha irmã e abro os braços, chamando-a para um abraço.

- E pensar que sempre diziam que eu era a mais sensata, com a cabeça no lugar.- Digo rindo.

- Hey, quem dizia isso? Eu sempre fui muito sensata.- Ela diz indignada e eu rio. Acaricio seus cabelos e a abraço forte.

Shanon e eu sempre tivemos uma ligação muito forte. Não sei se é pelo fato de sermos irmãs, gêmeas ou simplesmente porque entendemos e apoiamos uma à outra.

Só sei que eu a amo com todo meu coração, e quero sempre o melhor para ela, assim como sei que ela quer o melhor para mim.

- Ah meu Deus, eu sou uma péssima irmã. Esqueci-me de te perguntar como foram as coisas com o Miguel ontem a noite.- Digo.

- Ah Savannah! Foi in-crí-vel!- Ela diz com os olhinhos brilhando.

Ontem foi a segunda vez que Miguel marcou um encontro com ela em menos de uma semana, sem falar que eles se viram todos os dias na faculdade nesses últimos dias.

- Ele é tão romântico, tão fofo, tão inteligente, tão bem humorado, tão...Tão perfeito.- Ela sorri de orelha a orelha.

- Ele te beijou?- Sussurro para ninguém nos ouvir. Ela balança a cabeça e quase posso ver os fogos de artificio enquanto ela comemora.

- Foi maravilhoso. Eu estava encostada no carro dele, estávamos conversando. Eu estava falando nem me lembro mais sobre o que e ele só ficava lá me olhando com um sorriso bobo no rosto. Eu perguntei o que ele estava olhando e ele disse “a mulher mais linda na qual eu já repousei meus olhos” e eu não conseguia respirar, ele se aproximou e me puxou para si, ele ficou acariciando meu rosto enquanto nos olhávamos profundamente nos olhos. Eu juro, Savannah, eu senti como se ele estivesse olhando minha alma, nunca me senti daquela forma. Então ele me beijou, tão lentamente e tão apaixonadamente que eu achei que iria morrer de felicidade.- Ela me conta praticamente dando pulinhos de alegria e meu coração se enche e transborda de amor e felicidade por ela.

- Shanon, estou tão feliz por você. Quando que ele vai lá em casa, quando ele vai conhecer papai e mamãe?

- Não sei, nós não falamos sobre namoro, conhecer os pais nem nada disso. Mas Miguel é um cara das antigas, sei que ele não estaria dizendo e fazendo essas coisas se não quisesse algo sério. Então logo vai acontecer.

- Shanon, isso é demais! Tenho certeza que papai e mamãe vão aprovar ele.

- Você acha mesmo?

- Tenho certeza.

- Ah Savannah, estou tão feliz, você não pode nem imaginar o quanto.

                                                                ***

Olho para o relógio quando escuto uma batida na porta. Quem será a essa hora?

Tiro todos os papeis e livros que me cobriam e levanto do sofá. Quando abro a porta vejo Shanon toda produzida na minha frente.

- Shanon, o que você está fazendo aqui e porque está vestida assim?- Digo apontando para seu vestido tomara que caia verde escuro.

- Eu estou aqui, querida irmã, porque hoje é sexta e eu, você, o Miguel e o Ben vamos sair para nos divertimos.- Ela diz e passa por mim, entrando no apartamento como um furacão.

Fecho a porta com uma expressão confusa no rosto.

- Quem é Ben? E como assim vamos sair?

- Ben é um amigo do Miguel, e vamos sair saindo, ué.- Ela diz sentando no único espacinho do sofá que não está ocupado com o meu material de estudo.

- Aquela vadia da Aletta, está aí?

- Não. Aquela lá vive mais fora do que aqui, graças a Deus.

- Ótimo, então vá se arrumar que eu te espero aqui, mas não demore, ok? Temos que encontrar com os meninos daqui quarenta minutos.

Olho para ela como se minha irmã tivesse perdido a sanidade. Do que essa mulher está falando? Eu não posso sair, tenho que estudar para a prova de segunda, esse é o motivo de eu estar aqui solitária nesse apartamento e não nos braços de Justin.

- Shanon, eu não posso sair hoje, não sei se você percebeu, mas eu estou estudando.- Digo apontando para os livros ao seu lado.

- Sim, eu percebi isso, essa pequena biblioteca no sofá e na mesa me deram uma bela dica disso. Parece que eu vim para te salvar, então.

- Salvar do que, sua avoada?

- De ter uma sexta completamente solitária e tediosa. De nada, sis.

- Ah mas eu não começaria a te agradecer agora, sis.

- Pois devia, porque eu não estou simplesmente te salvando do tédio absoluto. Eu estou te levando de encontro a um cara super, mega fofo e gato. Quando eu conheci o Ben pensei em vocês dois juntos na hora, ele é tão a sua cara, sis. Então tomei a liberdade de marcar um encontro de casais para hoje à noite. Agora vá se arrumar.

- Shanon, primeiro; Eu não preciso de você me arrumando encontros, eu não quero sair com nenhum cara, ok? E segundo; Eu tenho que estudar, por mais que eu fosse adorar sair com você e o Miguel, tenho prova na segunda logo no primeiro horário.

- Desculpa, mas só o que eu ouvi foi blá, blá, blá, estudar, blá, blá, adorar sair, blá, blá, blá.

Cruzo os braços e a olho de cara feia.

- O que foi?- Ela pergunta.

- Divirtam-se e mande um olá para o Miguel.

Ainda me dá vontade de rir quando eu lembro a primeira vez que o Miguel viu Shanon e eu juntas, ela não havia contado que era gêmea. Foi hilário, e ele ainda não sabe que quem o convidou para sair fui eu e não Shanon.

- Nada disso, você vai comigo Savannah Careton, nem que eu tenha que te arrastar. O Ben vai estar te esperando, você não vai ter coragem de dar um bolo num cara fofo como ele, não é?

- Mas eu nem marquei nada com ele, foi você.- Acuso-a.

- Igual você fez comigo e com o Miguel.- Ela diz com um sorriso diabólico.

- Ah, então isso é a sua vingança? Não é justo, eu sabia que você gostava do Miguel, eu nem conheço esse tal de Ben.

- Não é vingança, até poderia ser, mas não é. Eu só quero que você conheça um cara legal e saia para se divertir. Desde que você terminou com o Vince você não saiu com ninguém.

Mas que droga, eu conheço minha irmã muito bem, ela vai continuar insistindo até que eu ceda. Não posso ir a um encontro, eu estou com Justin. Bem, não estou com ele no sentido de estar mesmo com ele, estamos só transando, mas mesmo assim. Nunca chegamos a conversar sobre exclusividade, e por mais que eu quisesse tocar nesse assunto, eu nunca disse nada. Se ele tem dormido com outras enquanto estamos nesse lance, não quero saber, não sei por que mas isso me deixaria muito puta da cara.

- Não dá, Shanon, sério. É melhor você ir antes que se atrase.

- Savannah, eu não vou sair desse apartamento sem você comigo. E você sabe que eu estou falando muito sério, vou ficar aqui e não vou deixar você estudar.

Esfrego o rosto e solto um suspiro de frustração. Pior que ela vai fazer exatamente isso que ela disse. Vou ter que ir, não tem jeito.

- O que você tem planejado?

- Nada demais. Vamos jantar e depois talvez ir beber alguma coisa, dançar um pouco.

- Tudo bem, eu vou. Mas eu não estou interessada em ter nada com esse tal de Ben, ouviu? Não me importa o quanto ele é fofo e não sei mais o que. Não estou interessada.

- Tudo bem, tudo bem. Entendi.

- Certo. Vou me arrumar e você faça o favor de arrumar essa bagunça de livros e papeis, ok?

- Ok.

Vou em direção ao banheiro e antes de fechar a porta ouço Shanon gritando:

- Vista algo bem quente!

Reviro os olhos e vou tomar um banho super rápido. Quando saio do banheiro com a toalha enrolada no corpo e vou até meu quarto, Shanon está tirando um vestido do armário e colocando em cima da cama.

- Não vou poder nem escolher minha roupa?

- Já escolhi por você. Você vai ficar muito gata nesse vestido.

- Eu estava pensando em usar algo menos...Curto e decotado.- Digo olhando para o vestido repousado em cima da cama.

- Estamos sem tempo, então vista isso que eu escolhi porque temos que fazer a maquiagem ainda.

Não querendo discutir com minha irmã, já que é inútil mesmo, visto uma calcinha e depois o vestido tomara que caia com lantejoulas prata que eu comprei há algum tempo, mas nunca usei.

Ela pega meu par de sapato peep toe preto e joga para mim, eu os calço.

Shanon me ajuda com a maquiagem e depois faz algo com o meu cabelo, deixando ele cair em ondas por minhas costas.

- O Ben vai pirar.- Ela diz me observando com um sorriso malicioso nos lábios.

- Shanon! O que foi que eu disse?

- Agora é tarde demais, vamos.- Ela me puxa, pego minha bolsa e saímos.

- Olha, aquele ali é o Ben.- Ela aponta para uma mesa quando paramos na entrada do restaurante.

Olho na direção que ela indica e logo vejo Miguel e outro cara sentados numa mesa para quatro, conversando.

- Eu disse que ele é um gato.- Ela sussurra para mim e me puxa, sem muita escolha eu a sigo.

Assim que paramos do lado da mesa, Miguel e Ben nos olham. Tenho vontade de rir quando vejo que os dois arregalam os olhos e nos olham com admiração.

- Shanon.- É só o que o pobre coitado do Miguel consegue dizer. Ben se levanta e Miguel imita o amigo.

- Ben, deixa eu te apresentar a minha irmã, Savannah. Seu par essa noite.- Ela diz com diversão na voz e eu tenho vontade de chuta-la.

Sorrio com vergonha e estendo a mão, para meu alivio percebo que ele também está nervoso.

- Savannah, esse é Ben Harper, o amigo do Miguel do qual eu te falei.

Trocamos um aperto de mãos e algumas palavras tímidas, ele sorri para mim e parece desconfortável.

Shanon tinha razão, Ben é um homem bonito.

Na faixa dos 25 anos, alto, cabelos loiros e olhos cor de mel e um sorriso extremamente fofo.

- É muito bom ver você de novo, Savannah.- Miguel me diz com um sorriso simpático, depois que eles puxam nossas cadeiras e nos sentamos.

- Muito bom ver você também, Miguel.- Retribuo o sorriso.

O garçom vem até nossa mesa e anota nosso pedido. Conversamos, Shanon e Miguel mais soltos e despreocupados e Ben e eu ainda muito tímidos, até que nossa comida chega.

Está deliciosa. Esse restaurante é um dos melhores da cidade e me surpreendi quando cheguei aqui. Parece que Miguel está querendo mesmo impressionar minha irmã.

Apesar de me sentir desconfortável por estar vestida mais para uma balada do que para um restaurante desse tipo, e por causa da proximidade de Ben, consigo aproveitar a deliciosa comida e vou me soltando aos poucos.

As poucas vezes que direcionei meu olhar para Ben, ele estava me observando. Toda vez que eu o pegava me encarando, ele desviava o olhar envergonhado por ter sido pego.

É, parece que será uma longa noite.

                                                               ***

JUSTIN:

Não acredito que deixei o pessoal do escritório me arrastar de novo para o Eros. Estou cansado, com dor de cabeça e ainda por cima de mau humor porque Savannah vai ficar no seu apartamento hoje à noite e eu vou ter que dormir sem ela.

Assim que achamos uma mesa peço um copo de uísque. Uma hora. Só vou ficar por uma hora, só para que esse babacas que eu chamo de amigos não me encham o saco.

- Mas que cara é essa, Justin? Até parece que está em um velório.- Tommy diz.

Apenas solto um grunhido, mas acho que por causa da musica alta ele não ouviu, e viro o uísque.

Solto um suspiro impaciente quando quarenta minutos depois, uma grupo de amigas vem até nossa mesa.

Cada uma parece ter um de nós como alvo. Eu sou o alvo de uma morena gostosa com silicone, ela logo vem ficar ao meu lado e tenta começar uma conversa.

- Posso me sentar, gato?

- Fique à vontade.- O lugar não é meu, de qualquer forma.

Ela se senta perto demais, suas coxas nuas encostam na minha perna e ela esfrega seus seios no meu braço.

- Eu sou Veronica.

- Justin.- Digo de mau humor e tomo um gole de uísque.

- Você não se importa se eu te fizer companhia, não é Justin?- Ela se esfrega mais em mim e apoia o braço em meu ombro.

“Que mulher chata. Como eu queria estar em casa enterrado bem fundo em Savannah.”

Sinto os dedos de Veronica acariciarem minha nuca e depois se afundarem em meu cabelo. Rapidamente pego sua mão e a coloco em seu próprio colo. Ela me olha confusa.

- Qual o problema, gato?

- Não encoste em mim.- Digo rudemente e ela joga sua cabeça para trás e ri.

- Estava querendo um pouco de diversão hoje a noite, que tal a gente ir para um lugar mais reservado?- Ela diz e desliza sua mão pro minha perna e aperta meu pau.

Levo um susto e me afasto dela.

- Não estou interessado. Pode ir procurar outro.- Digo lhe lançando um olhar zangado.

- Ah, Justin, vamos lá, prometo que você não vai se arrepender.- Ela vem e sussurra em meu ouvido.

“Deus, dai-me paciência.”

Tento usar a tática de ignorar. Olho para o lado fingindo que essa mulher chata não está ao meu lado. Vejo Tommy e Will com as duas amigas de Veronica, trocando caricias e sinto um enjoo.

- Estou sem calcinha e toda molhada. Vamos para o banheiro e eu chupo o seu p...

- Chega, ok?- Afasto sua boca da minha orelha e a olho com nojo.

Será que essa mulher não tem um pingo de respeito próprio?  Fica se esfregando e falando essas coisa para um completo desconhecido, e se eu fosse um psicopata, um tarado que fosse machucar ela?

Meus olhos viajam por seu corpo. Ela é gostosa e sabe disso. Enquanto observo-a, imagens dela de joelhos no banheiro desse lugar me chupando vem a minha mente. Contrariando tudo que eu achei que soubesse de mim mesmo, tudo que eu achei que fosse, não me sinto excitado. Pela primeira vez sinto nojo ao imaginar transar com uma mulher cuja a única coisa que eu sei é o nome. Olho para Tommy e Will com as garotas e sinto meu estômago se revirando.

Porque dessa vez é diferente? Porque dessa vez estou com nojo e não excitado?

Não sei. Só sei que tenho que sair desse lugar.

Levanto-me abruptamente, pego algumas notas e jogo na direção de Will.

- Pague a minha conta para mim, por favor. Estou indo embora.

- Tão cedo?

Não me dou ao trabalho de responder e caminho para longe deles. Não vejo a expressão de Veronica ao deixa-la sozinha e também não me importo se ela ficou ofendida ou não. Espero nunca mais vê-la.

Vou desviando da multidão de pessoas tentando chegar até a saída. Vejo a porta e só preciso me livrar desse bando de bêbados para chegar até ela e estar livre para ir para casa e ficar em paz.

Paro de andar quando dois casais cruzam a porta rindo.

“Mas que porra ?”

Olho atônito Shanon e Savannah com dois caras irem em direção a uma mesa vazia. O moreno que estava segurando na cintura de Shanon se senta ao lado dela e o loiro ao lado de Savannah.

Fico encarando aquela cena sem conseguir desviar o olhar.

“Que porra Savannah está fazendo aqui?”

Observo ainda sem conseguir desviar o olhar ou me mover, enquanto eles pedem algo para a mulher que foi atende-los.

O loiro apoia seu braço em volta da cadeira de Savannah e diz algo para ela. Ela se aproxima dele e ele diz algo em seu ouvido. Ela ri e parece concordar.

Sinto um fogo crescendo dentro de mim, sinto calor, como se não tivesse mais sangue correndo em minhas veias, e sim lava quente.

Uma vontade enlouquecedora de ir lá e arrancar o braço do loiro surge. Tenho vontade de chegar até ele e empurra-lo no chão para bem longe de Savannah.

O que ela está fazendo com ele, afinal? E quem é ele?

Os quatro conversam e a bebida chega. Que porra está acontecendo ali?

O cara ao lado de Shanon acaricia sua bochecha e lhe dá um beijo suave. Olho para seu amigo para ver se ele vai fazer o mesmo com Savannah.

Eu juro que se ele encostar nela eu vou lá e acabo com ele.

Que caralho! Obviamente Shanon e o moreno estão juntos. Será que Savannah está com aquele cara?

Mas que porra! Foda-se! Eles estão num encontro duplo, deve ser isso.

Sinto minha raiva crescendo cada vez mais forte.

Savannah está em um encontro. Ela não pode estar em um encontro, ela é minha.

Eu vou acabar com a festa deles e é agora.

Caminho com raiva pura exalando de todo meu corpo, mas rapidamente me detenho.

Não posso fazer isso, não posso ir até lá sem que Shanon saiba o que está acontecendo entre Savannah e eu.

Porra!

Não acredito que Savannah está saindo com aquele cara. Não acredito que ela mentiu para mim.

Droga, estou sentindo tanta raiva que tenho vontade de quebrar toda a merda desse lugar.

Se ela está transando com ele ao mesmo tempo em que esta comigo, eu juro que eu vou...Eu vou...Vou matar esse filho da puta.

Passo a mão por meus cabelos e percebo que ela está tremendo.

Encaro minhas mãos tremulas de raiva. Observo Savannah se levantando e se afastando da mesa, fecho minhas mãos em punho e aperto-as até que os nós dos meus dedos fiquem brancos.

“Ela mentiu para mim. Ela mentiu para mim para poder encontrar com aquele idiota.”

Mas isso não vai ficar assim. Não vai mesmo.

Vou atrás de Savannah e vejo-a entrando no banheiro. Paro em frente da porta por um minuto e sem pensar duas vezes entro no banheiro das mulheres.

O banheiro está vazio, tem algumas cabines e apenas uma está ocupada.

Encosto-me na pia e cruzo os braços, tento controlar os tremores de pura raiva. Encaro a porta da cabine fechada fixamente, como se eu quisesse que ela sentisse meu olhar fulminante. E espero que ela esteja sentindo mesmo.

Escuto a descarga e a tranca da porta se abrindo, Savannah sai da cabine distraída e quando me vê parado na sua frente dá um pulo.

- JESUS!- Ela leva a mão até o peito e se apoia na cabine. Olho-a com raiva, tenho vontade de ir até ela e chacoalha-la e gritar com ela.

- Deus do céu, que susto! O que na terra você está fazendo aqui?- Ela pergunta ainda se recuperando do seu susto.

- Eu poderia fazer a mesma pergunta. Só que eu já sei a resposta.- Digo tentando me controlar para não gritar. Aperto os músculos do meu braço e os deixo cruzados com força em frente ao meu peito para que eu não de um soco na parede ou em alguma outra coisa.

- Não estou entendendo, Justin. O que está acontecendo, você está com uma cara tão estranha.

Mas como ela é fingida! Tem coragem de se fazer de inocente na minha cara.

Não suporto mais isso e sinto minha raiva saindo do meu controle. Em um único passo chego até ela e dou um soco na estrutura da cabine ao lado dela, o som alto ecoa pelo banheiro e Savannah dá um pulo, levando a mão até a boca.

- Meu Deus, você está louco?

- Não sei, me diga você, Savannah. Porque eu me lembro bem de você ter me dito que iria passar a noite estudando, será que eu estou ficando louco ou entendi mal, hein? Talvez você estivesse se referindo a estudar a anatomia humana, quem sabe? Talvez você tenha pedido ajuda ao seu amiguinho loiro sentado naquela mesa agora mesmo.- Digo a centímetros do seu rosto, o maxilar cerrado e as palavras malmente saindo de meus lábios.

- Eu posso explicar, você entendeu tudo errado.

- Mas é claro que você pode me explicar. Você pode e você vai. Quero saber quem é aquele cara e o que vocês estão fazendo juntos.- Seu olhar confuso muda e vejo raiva em seus lindos olhos verdes.

- Espera aí um minuto. Eu não te devo explicação nenhuma, eu te dou se eu quiser, você não tem direito de exigir nada de mim. Eu posso sair com quem eu quiser a hora que eu quiser.- Ela afunda seu dedo no meu peito, me fazendo recuar um passo.

- É claro que você me deve satisfações, eu não vou permitir que você durma comigo e ao mesmo tempo durma com outro.

Sua boca abre em choque e ela me empurra.

- Eu não estou dormindo com ele, seu idiota. Ele é amigo do namorado da Shanon, só isso.

- Não parece nem um pouco que é só isso. Não parece que você está vestida para “só isso” parece que você está vestida para provocar um ataque cardíaco no cara.- Digo olhando seu vestido colado ao corpo. Olho suas pernas nuas, subo o olhar passando por seu quadril e sua cintura fina, terminando no decote que molda seus seios perfeitamente.

“Merda, Justin! Suba o olhar, suba a porra do olhar.”

Sinto meu corpo se arrepiar e a excitação percorrer meu corpo. Aí eu lembro que ela se vestiu assim para ele e a minha raiva volta com força total.

- Você nega que você e sua irmã estão em um encontro duplo?

- Não nego mas...

- Então você mentiu para mim que iria estudar só para sair com aquele filho da puta. Por acaso ele vai te dar algo que eu não te dou?

Laço sua cintura e puxo seu corpo para junto do meu. Minha excitação se misturando com minha raiva e me deixando confuso.

Não sei se grito com ela ou se a beijo. Seus lábios são tão irresistíveis, então encolho a segunda opção. Puxo seu pescoço e sua boca se choca contra a minha. Beijo-a violentamente, ainda morrendo de raiva por ela estar com aquele cara.

- Não quero te beijar.- Ela diz me empurrando para longe.

- Porque não?- Pergunto sem fôlego.

- Porque você esta agindo como um idiota e eu estou furiosa com você.

- Você está furiosa comigo? Você está furiosa? Essa é boa, sou eu quem tem o direito de estar furioso aqui.

- Posso saber que direito é esse? Nós não temos nada, se eu quiser ficar com ele ou qualquer outro, eu posso.

Só de imaginar ela com aquele cara ou outro, me deixa cego de fúria. Agarro-a pelos braços e olho fundo em seus olhos.

- Você não vai ficar com ele, entendeu? Você vai embora comigo agora.

- O inferno que eu vou. Você não manda em mim, Justin.

- Olha aqui Savannah, se você pensa que...- Nesse momento a porta se abre e uma mulher entra, ela para quando vê nós dois.

- Humm, está tudo bem aqui?- Ela diz olhando para minhas mãos segurando os braços de Savannah.

- Está sim.- Respondo.

- Eu estava falando com ela, bonitão.

Percebo que eu devo estar parecendo um louco violento, então solto Savannah e tento suavizar minha expressão.

Deus, será que essa mulher pensou que eu iria bater em Savannah? Eu nunca bateria numa mulher, nunca.

Mas pelo seu olhar eu devo ter dado essa impressão. Meu Deus! Eu nunca seria capaz, é só que eu fiquei tão furioso, mas se eu fosse bater em alguém seria no loiro idiota, não nela.

- Está tudo bem sim, obrigada.- Savannah diz e a mulher assente, se vira e vai embora, desistindo de usar o banheiro.

- Viu o que você fez? Fez eu parecer um louco violento.- Digo.

- Eu fiz? Eu fiz? Você fez isso sozinho. E você é louco mesmo se por um momento achou mesmo que eu iria para casa com você.

- Você não pode ficar aqui com aquele cara.

- Justin, eu já falei, não tem nada acontecendo entre eu e o Ben. Não tem motivo para você ficar com ciúmes.

- Ciúmes? Quem disse que eu estou com ciúmes, eu não sinto ciúmes. Nunca senti e não iria começar a sentir por você.

- Ah não, então porque você está agindo assim?

- Porque eu não quero ficar com você sabendo que outro cara está te tocando também, nenhum homem gostaria disso. Não é ciúmes, se você quer ficar com outros caras então me diga agora e a gente acaba o nosso lance e ambos ficamos livres. Se for isso que você quer então me diga, porque eu acabei de recusar uma morena gostosa e talvez de tempo de ir atrás dela.

Antes que eu possa assimilar qualquer coisa, a mão de Savannah vem em minha direção e acerta meu rosto, causando um estalo e uma ardência instantânea.

- Você é um filho da mãe mesmo. Pode ir atrás da sua morena gostosa, eu não ligo. Pode fazer o que quiser que eu não ligo. Não quero mais falar com você, seu idiota. Não me procure mais, entendeu?

Ela diz furiosa e sai do banheiro pisando duro.

Droga. Droga. Droga. Não, merda! Não era isso que eu queria. Tenho que ir atrás dela e explicar que eu só falei de Veronica porque estava com raiva.

- Savannah, espera.- Saio do banheiro rapidamente, quando abro a porta dou de cara com um homem enorme de terno e ele me segura pelo colarinho.

“Oh merda!”

- Então você é o filho da puta que está incomodando as minhas garotas?

- O que? Não.

- Ah não? Vai me falar também que entrou no banheiro errado sem perceber?

- Não, eu...Hey, espera aí.- Digo enquanto ele começa a me arrastar para fora.

- Eu não fiz nada, é sério. Me solta.

O cara gigante continua me arrastando para fora enquanto as pessoas olham. Ele chega na porta de saída e me joga para fora, quase perco o equilíbrio e caio.

- Rock, esse filho da puta estava no banheiro feminino, não quero mais ver a cara dele aqui, entendeu?

Rock, outro segurança/montanha ambulante, me olha com raiva.

- Entendido. Quer que eu cuide dele?

- Não perca seu tempo, só não deixe mais ele entrar aqui.

- Eu não fiz nada, me deixe explicar o que aconteceu...

Rock avança para cima de mim e mete o dedo na minha cara.

- Se eu ver o seu rosto por aqui de novo, eu vou te arrebentar filho da puta. Agora se manda.- Ele diz e me empurra. Desisto de tentar explicar o que aconteceu, eles não vão acreditar em mim de qualquer forma.

Vou até meu carro, chuto uma lata de lixo no caminho, depois chuto o pneu do carro antes de entrar nele.

- Porra!- Passo a mão pelos cabelos e aperto os olhos. Não acredito em tudo que acabou de acontecer.

Savannah não pode estar falando sério sobre não querer mais me ver, certo? Certo?

Merda! E agora eu não posso voltar lá dentro e me explicar para ela, pedir desculpas. Tenho uma pequena sensação que ela não vai atender se eu ligar.

Não acredito, vou ter que esperar para falar com ela amanhã. Vou me explicar e tudo vai voltar ao normal.

Que porra deu em mim? Nunca me senti tão não no controle assim. É como se algo estivesse me controlando, não consegui controlar meus atos e o que saia da minha boca. A única coisa que eu sentia era a raiva borbulhando dentro de mim.

Eu fiz o certo, não é? Que homem gostaria de saber que a mulher com quem ele está dormindo também está dormindo com outro?

Eu sei o que você está pensando. Eu nunca liguei para isso antes, é verdade. Mas com Savannah é diferente, não suporto a ideia de outro também estar tocando nela.

Mas isso não é o que ela falou. Eu não estou sentindo isso. Eu absolutamente não estou com ciúmes dela. Ter ciúmes implica sentimentos que eu não sou capaz de sentir. Eu só não quero que ninguém toque nela enquanto eu estiver tocando, só isso. É só isso.

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