Capítulo 15
- Chegamos. - Bruce fala.
Ele para o veículo em frente a um chalé, e tem tantas luzes em volta, que o preço da energia nesse lugar deve ser altíssimo.
Tiro o cinto de segurança e abro a porta, e após sair do carro começo olhar em volta com curiosidade e admiração.
O chalé é cercado por árvores, que no momento estão balançando suas flores de um lado para o outro, por causa do vento forte.
- Gostou desse lugar? - Bruce pergunta.
- É incrível. - Sorrio abertamente.
Apesar de amar a minha casa, e a privacidade que ela me oferece por ser afastada das outras casas do condado, com toda certeza eu a trocaria por esse lugar.
Não tem nada por perto a não ser a natureza, e eu amo a sensação de paz e tranquilidade que esse lugar oferece.
- Irei te trazer aqui durante o dia, para você ir até a cachoeira.
- Eu iria amar. - Confesso.
- Não achei que você fosse gostar tanto desse lugar.
- Por quê? - Indago.
- Normalmente as mulheres que saio, gostam de lugares glamourosos e refinados.
- Eu já te falei que não sou como a maioria das mulheres. - Falo calmamente. - Se você tivesse me levado em um lugar chique, com toda certeza eu não iria gostar, mas você acertou ao me trazer aqui Bruce.
- Fico feliz que eu tenha acertado então. - Ele sorri lindamente.
- Eu também.
Passei boa parte da viagem chorando e sendo consolada por Bruce, e agora que estou nesse lugar, respirando natureza e ouvindo os pássaros cantarem, eu começo a me sentir melhor.
Parece que um peso foi tirado dos meus ombros, e agora sim começo a me sentir a Malia de antes, e eu estava com saudades de me sentir assim.
Ainda não confio no Bruce, mas tenho que admitir que ele foi muito legal ao tentar me consolar. É bem provável que todas suas ações foram premeditadas, mas nesse momento prefiro acreditar que ele tem um coração, e sabe ser gentil.
- Vamos entrar?
- Claro. - Aceno com a cabeça.
Sou surpreendida quando Bruce pega minha mão, e começa a andar em direção ao chalé, porém eu não fujo do seu toque, mesmo sabendo que é o certo a se fazer.
- Entre.
Bruce me dá espaço para entrar no chalé ao abrir a porta, e assim que adentro o recinto começo a olhar em volta com curiosidade.
A decoração do lugar é rústico, mas ao mesmo tempo moderno, e isso deixa o ambiente ainda mais agradável.
- Pertence a quem esse chalé? - Questiono.
- É meu. - Responde Bruce.
- Sério? - Fico surpresa.
- Sim. - Ele confirma com a cabeça. - Comprei esse lugar para vir para cá, quando eu estiver de férias.
- Que legal.
Antes eu achava que Bruce era um homem rico, mas agora sei que ele é podre de rico, porque com toda certeza esse chalé não foi nem um pouco barato.
- Gostou? - Bruce parece querer a minha provação.
- É maravilhoso. - Sorrio abertamente.
- Já que gostou tanto, vou te trazer aqui com mais frequência. - Ele fala.
- Você não tem trabalho a fazer meu senhor? - O provoco.
- Eu sou o chefe. - Ele diz todo convencido.
- Exibido. - Reviro os olhos.
Bruce sorri lindamente, e então começa a me empurrar com calma até o sofá, e assim que nos aproximamos ele faz eu me sentar.
- Irei pegar algo para bebermos. - Diz.
- Apenas água, obrigada.
- Não quer um pouco de vinho? - Questiona.
- Eu não bebo.
- Sério? - Ele parece surpreso.
- Bebida alcoólica acabou com minha família, então...
- Me desculpe. - Ele me interrompe de continuar a falar. - Nem me lembrei desse detalhe.
- Sem problema. - Forço um sorriso. - Fique a vontade para fazer o que quiser, a casa é sua.
Bruce me olha por um tempo, e então sai de perto de mim rapidamente, e alguns segundos depois ele volta com dois copos nas mãos.
- Aqui. - Ele me entrega um copo.
- Obrigada.
Bebo um pouco de água enquanto ele se senta ao meu lado, e então coloco o copo sobre uma mesinha de centro.
- Já quer jantar? - Bruce pergunta. - Já está tudo pronto.
- Posso saber quem fez o jantar? - Sorrio de canto.
- Eu.
- Sério? - Indago surpresa.
- Seríssimo. - Ele sorri largo. - Sou um exímio cozinheiro.
Pelo jeito esse homem se acha o melhor em tudo que faz, e até certo ponto ele tem razão.
- Não vou encontrar as sacolas de algum restaurante no seu lixo? - O provoco.
- Pode ter certeza que não senhorita.
- Então além de empresário, também é cozinheiro. - Bato palmas.
- Nas horas vagas.
Fico olhando para Bruce por alguns segundos, e então abaixo a cabeça antes que ele perceba que estou encarando demais.
- Quer jantar? Ou quer conversar um pouco? - Ele pergunta.
- Vamos conversar um pouco.
- Então me fale sobre você Malia.
- Tenho certeza que você já deve saber de tudo. - Bufo alto.
- Na verdade eu sei um pouco. - Ele assume. - Mas não sei de tudo.
Bruce é um homem de negócios perfeccionista, e provavelmente deve saber até minha cor preferida, mas é óbvio que ele não vai assumir isso.
- O que você quer saber? - Pergunto.
- Tudo.
- Bem... Por onde eu começo. - Coloco a mão no queixo. - Você já deve saber que tenho 25 anos, sabe que trabalho em uma biblioteca que está quase fechando, sabe que sou responsável por meus irmãos após o falecimento dos meus pais, sabe sobre minha vida financeira, por isso não tem mais o que dizer.
- Quero saber algo pessoal.
- Meu sonho era me casar com o Tom Cruise. - Sorrio com malícia.
Na verdade ainda é meu sonho de adulta, porém se tem uma coisa que tenho certeza que jamais vai me acontecer, e me casar com meu amor da adolescência.
- Esse é seu sonho, e de várias outras pessoas.
- Não estrague meus sonhos. - Lhe dou um tapa de leve no braço.
- Fale mais. - Ele pede.
- Tirando meu amor pelo Tom Cruise, eu nunca me apaixonei por ninguém, e nunca tive um namorado.
- Sério? - Ele arregala os olhos.
- Meu sonho era ir embora do condado mesmo amando esse lugar, e fazer uma faculdade de medicina veterinária. - Mudo de assunto rapidamente.
Eu não deveria estar contando a ele sobre minha vida, mas Bruce tem o poder de fazer eu me abrir, e ele estar sendo tão amigável e gentil comigo, não está ajudando em nada.
- E por que não foi atrás do seu sonho? - Bruce questiona.
- Bem... - Suspiro alto. - Porque eu não tive oportunidade.
Eu já até havia sido aceita em uma universidade em Nova York, porém todos meus planos não deram certo, e aqui estou eu, sendo infeliz.
- Desistiu dos seus sonhos? - Indaga.
- Podemos mudar de assunto? - Peço. - Ou acabarei ficando depressiva novamente.
- Claro. - Bruce acena com a cabeça.
- Mas só para você saber, eu não desisti, apenas estou adiando meus planos.
- Isso é bom Malia.
Eu sei que nada é fácil, e se eu tiver coragem e dar o primeiro passo, vou continuar no mesmo lugar a vida toda.
- Já que eu falei sobre mim, agora quero saber sobre você.
- Vivi em um orfanato até completar a maior idade, depois vivi um tempo nas ruas, e fui preso diversas vezes por roubos e algumas outras infrações. - Bruce fica sério ao falar isso. - Depois de quase ser morto ao me envolver com pessoas erradas, decidi que ia mudar de vida, e eu mudei.
Não sei se Bruce está sendo sincero ou se está mentindo, mas pela sua feição acho que ele está falando a verdade.
- Minha vida nunca foi fácil, e você não faz ideia do quanto eu já sofri, mas eu fui capaz de recomeçar e me tornei um homem imbatível, e agora nada mais me abala.
Talvez seja por causa do seu passado que Bruce acabou se tornando esse homem sem escrúpulos, mas eu torço para que um dia ele acabe percebendo que não vale a pena ficar preso ao passado, e mude.
- Obrigada por ter me contado.
- O que vou ganhar em troca? - Ele sorri com malícia.
- Uma estrelinha? - O provoco.
Bruce se aproxima de mim, e enquanto faz isso olha descaradamente para meus lábios, e eu engulo seco com sua proximidade.
- Prefiro algo mais ousado, do que apenas uma estrelinha.
Dito isso ele me beija.
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