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"Abra seus olhos e sinta, você não está sozinho." - Don't leave me
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Como prometido, apareci na casa de Jimin no dia posterior para lhe fazer companhia, quando cheguei, recebi a notícia de que o velório seria no dia seguinte, ele estava abatido e muito desolado, levei alguns dos meus filmes de romance favoritos e guloseimas para passarmos o dia nos distraindo, e já tinha deixado o recado para meus pais de que chegaria tarde em casa naquele dia. Nos aconchegamos no sofá e assistimos a todos, algumas cenas arrancaram somente sorrisos do garoto, não criei expectativas, sabia que não melhoraria ainda. No último filme, ele acabou dormindo com a cabeça encostada no meu ombro, apreciei a cena e não resistir tocar no seu rosto, acariciando sua pele por um breve instante, depois, apoiei a minha na sua, fazendo o mesmo e dormindo.
O dia seguinte amanheceu com uma atmosfera densa e anuviada e, ironicamente começou a nevar. Meus pais sabiam da minha amizade com Jimin, por isso, fizeram questão de me acompanharem até sua casa para buscá-lo, de lá partimos juntos para o local onde aconteceria o velório. Para a minha surpresa e principalmente a dele, a família apareceu, tornando o clima bastante desagradável, quase palpável, o garoto se enfureceu e desalinhou um pouco dos trilhos, não tirei sua razão, eu tinha conhecimento sobre a história da família, e seus tios comparecerem ali depois de tudo que fizeram tinha sido revoltante demais, era compreensível sua raiva. Papai precisou intervir na discussão que se iniciou, e Jimin só ficou calmo ao ver todos indo embora do lugar. Após o clima tenso passar, ele desabou sobre o caixão. Cada vez que o via chorar, me dava vontade de abrir o peito e trocar de coração com ele, mas como não era possível, não tardei em abrir meus braços para recebê-lo e carregar a dor consigo.
No fim do dia meus pais nos levaram para casa e convidaram Jimin para jantar com a gente, ele aceitou na boa, sem relutâncias ou algo do gênero. Mamãe tentou levar assuntos agradáveis à mesa e papai a tornar o momento tranquilo, bom, funcionou por um tempo. Ao ficarmos sozinhos na sala, ele tomou outra postura, estava muito pensativo, quieto e sério, questionei como se sentia, ele disse estar preocupado, quis saber com o quê, então, me contou sobre ter somente uma semana para sair do quarto alugado e não tinha para onde ir, estava sem trabalho e aposentadoria da sua falecida avó cortada, situação que o deixava muito tenso. Sem hesitar sugeri minha casa, ele não achou uma boa ideia, pensando que poderia incomodar meus pais, evidentemente um pensamento equivocado, tentei convencê-lo do contrário, não consegui. Por fim, deixamos Jimin na sua casa e prometi fazer uma ligação por vídeo chamada, ele deu um sorrisinho, se despediu e entrou no prédio.
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"Eu poderia ser vermelho, ou poderia ser amarelo. Eu poderia ser azul, ou poderia ser roxo. Eu poderia ser verde, ou rosa ou preto ou branco. Eu poderia ser de todas as cores que você quiser." - Colors
[música na mídia]
Era sexta-feira, estava sentada no banco ansiosa a espera de Jimin, ele tinha apenas algumas horas para sair do quarto em que morou por anos, e eu queria saber se tinha encontrado outro lugar. Devido a muitos trabalhos em que me ocupei durante a semana toda, não pude acompanhá-lo nesse processo, no início me senti mal, mas ele garantiu que já tinha alguém para ajudá-lo e eu não precisaria me preocupar.
Conferi as horas no celular, marcando 12h00, olhei na direção das escadas do bloco, alguns alunos começaram a sair aos poucos, corri os olhos em busca do Park, logo o avistando descendo os degraus com as mãos nos bolsos, recolhi minha mochila e andei até ele.
– Hey! - me pus a sua frente fazendo-o cessar os passos.
Usava um sobretudo preto e camisa no mesmo tom, com um cachecol vermelho envolta do pescoço. O tempo tornava-se cada vez mais frio a cada dia que passava.
– Hyemi! - ele sorriu.
– Já sabe onde vai ficar? - indaguei imediatamente.
– Ah. Any, mas eu consegui vender todos os móveis com a ajuda de um colega, tenho dinheiro, posso pagar uma diária em algum lugar enquanto começo a dar entrada nos meus documentos para conseguir um quarto nos alojamentos daqui.
– Fico feliz que vá tentar, mas Jimin, esse procedimento demora um pouco, até lá, você tem certeza que o dinheiro vai ser suficiente?
– Ne, vou atrás de outro trabalho, meu colega vai me ajudar nisso também.
– Que colega atencioso, quem é? - tombei a cabeça para o lado.
– Um estudante de Artes Plásticas.
– Ah sim. - balancei a cabeça. – Mas sério, se você quiser ficar em casa, não há problema algum, meus pais não se incomodariam.
– Hyemi, não se preocupe.
– Impossível. - minha testa franziu junto de um bico formando em meus lábios.
Ele sibilou uma risadinha.
– 'Tá rindo da minha preocupação? - arqueei a sobrancelha.
– Any. - replicou rindo, chacoalhando as mãos em frente ao corpo. – É que, é fofo quando você se preocupa comigo.
Instantaneamente senti minhas bochechas arderem, e óbvio, não passando despercebido aos seus olhos, ele soltou uma risada gostosa, e eu não consegui reprimir um grande sorriso, esquecendo por segundos meu rosto quente, fazia um tempo que não o via rir tão abertamente.
– Suas bochechas parecem dois moranguinhos. - ele apertou-as. – E que sorriso é esse?
– O reflexo do seu. Você sorri, eu sorrio. - disse num impulso, percebendo logo depois. Tinha sido sincera, e isso me convenceu a não me sentir tão envergonhada com o que falei.
Dessa vez foram as suas bochechas que ganharam um rubor.
– Ah, chincha. - cobriu o rosto com o dorso da mão.
– É a mais pura verdade. - completei.
Seus olhos foram tomados por um certo brilho ao me fitarem, o mesmo daquela noite em que nossos rostos estiveram tão perto um do outro.
– É a sua luz refletindo sobre mim. - diz com um sorriso meigo, fazendo meu coração disparar subitamente.
Apenas por alguns instantes nossos olhares se sustentaram profundamente, o contato foi quebrado pelo tumulto, intensificando-se de alunos saindo do bloco, um deles acabou esbarrando em Jimin. Seguimos para o refeitório e almoçamos juntos em meio a conversas banais, não passei o intervalo com meus amigos e tinha avisado eles que não o faria, havia decidido acompanhar ele pelo resto da tarde.
Depois do almoço acompanhei-o até sua casa, encontrando o local antes cheio de móveis simples, vazio e melancólico, apenas com uma mala, o quadro que dei a ele e mochila num canto, onde estavam guardadas suas coisas. Jimin examinou cada canto pela última vez com os olhos tristes, me aproximei dele e segurei sua mão. Às quatro horas bateram à porta, um homem de mais idade com vestimentas formais foi recebido pelo garoto, passaram breves minutos conversando até Jimin entregar duas chaves na mão dele e este se retirar com uma reverência.
– Agora preciso procurar um lugar para dormir. - expirou pesado
– Minha proposta ainda existe, ok? - falei com um fio de esperança.
– E você já sabe minha resposta, ok? - disse me imitando.
– Aish esse garoto. - revirei os olhos, ele deu um sorrisinho.
– Hyemi-ssi, se você quiser ir para casa, tudo bem, eu vou atrás de um quarto com preço em conta. - suas bochechas tinham um tom escarlate devido ao frio.
– Any, eu vou com você. - disse segurando o ferrinho da sua mala.
– Não quero tomar seu tempo. - sua voz soou arrastada e preocupada.
– Jimin-ah, reservei minha tarde toda somente para você, então, relaxe. - sorri.
– Oh, chincha? - arregalou os olhos. Acenei positivamente.
– Vamos distrair um pouco essa mente, que tal um café quentinho?
Ele assentiu com os lábios levemente curvados.
– Mas com essa mala andando por ai? - apontou para mim que a segurava.
– Eu levo.
– Any, é minha, deixa comigo. - tentou tomá-la, mas não deixei.
– Não se preocupe, leve o quadro. Vamos logo.
Andei na frente arrastando-a atrás de mim. Jimin conhecia uma cafeteria próxima dali e nos encaminhamos ao estabelecimento por duas quadras, entramos na cafeteria sendo tomados pelo ar quentinho do interior, nos direcionamos para o balcão e fazer nossos pedidos, o cheiro de chocolate quente penetrou minhas narinas e não resisti, acabou sendo um capuccino para ele e um chocolate quente para mim, em poucos minutos nos foram entregues, paguei e sentamos à uma mesa. O pequeno burburinho das conversas vindo das outras mesas misturada ao clima do lugar, era ameno e gostosinho para passar uma tarde de novembro ali dentro, puxei algumas conversas enquanto bebericávamos nossas bebidas, conseguindo arrancar risadinhas suas aqui e ali. Mesmo depois de a noite começar a cair, mantivemos um papo agradável, ele aparentava se sentir confortável, e isso e já era tudo.
– Hyemi-ssi, acho que já está na hora de irmos. - proferiu conferindo as horas. – São sete e quinze, você não pode voltar muito tarde.
– Eu sei, eu sei. - mordi os lábios me preparando para dizer o que queria fazia horas. – Jimin-ah, eu estava pensando à uns dias atrás sobre uma coisa, lembra quando pediu para ver meus quadros?
– Lembro. - balançou a cabeça remexendo-se na cadeira mostrando interesse.
– Então, eu pensei muito sobre, e, decidi te levar para conhecer meu minúsculo ateliê. - sorri acanhada.
– Mesmo? - esbugalhou os olhos surpreso.
– Ne.
– Daebak! - seus lábios carmesim curvaram-se num sorriso entusiasmado. – Quando? - questionou ansioso.
– Bem, eu estava pensando em ser hoje mesmo. Tudo bem para você? - meu interior encheu-se de expectativas.
– Oh, claro, quero muito vê-los.
Sorrimos um para o outro, meu estômago revirou-se de ansiedade.
Deixamos a cafeteria seguindo para uma parada de ônibus, não muito demorou a aparecer o que iríamos pegar. Dentro do ônibus estremeci com o frio, Jimin notou e tirou seu cachecol passando-o pelo meu pescoço, uma atitude muito fofa que balançou meu coração. Descemos na esquina da minha rua e caminhamos uns três minutos até avistarmos minha casa, andava com uma cópia da chave, e não foi preciso bater na porta. Ao entrar senti a diferença de temperatura, tirei os sapatos e deixei a mala no hall de entrada, caminhei mais adiante avisando minha chegada para meus pais buscando pelos mesmos, não encontrando sinal de nenhum.
Segui os passos para os demais cômodos da casa e, nenhuma presença. Dei de ombros constatando que realmente tinham saído, retornando ao cômodo inicial deparando com Jimin sentado no sofá fixando a mesa de centro.
– Hey! - rapidamente seu olhar içou na minha direção. – Vem! - maneei a cabeça em um gesto para ele me seguir.
Com o garoto no meu encalço andamos para o final do corredor à esquerda, onde ao fundo podia-se enxergar uma porta cheio de rabiscos que eu fiz quando mais nova. Era a porta para o meu mundo, o qual eu não exponha para ninguém além dos meus pais, e levar Jimin para conhecê-lo significava que ele era muitíssimo confiável e importante para isso, não que eu escondesse algo grandioso e chocante, mas era meu lugarzinho de refúgio quando o mundo pesava demais sobre mim, muitos sentimentos meu estavam ali. Pousei a mão na maçaneta e a girei, respirei fundo lançando um olhar para ele indicando que entrasse, fechei a porta atrás de mim assim que entrei também.
Meu ateliê era menor que meu quarto, as paredes eram revestidas de algumas das minhas pinturas em telas e desenhos pendurados em folhas comuns, uma pequena mesa localizava-se ao lado do cavalete, sua superfície sendo ocupada por tintas em potes, tubinhos e paletas, os pincéis estavam guardados nas gavetas junto de mais outros dos meus diversos materiais. Um colchão de solteiro encontrava-se no canto da parede oposta, eu tinha posto ali para quando eu sentisse necessidade de fugir da realidade e imergir dentro de mim, ou somente para descansar. O lado daquela parede era o destaque do meu ateliê, pintada por um grande desenho, de minha autoria, um céu estrelado e uma lua brilhante.
Desviei meus olhos para Jimin que percorria os seus por cada mínimo detalhe, encantado com tudo. Andou até ficar de frente aos meus quadros, eles não eram nada abstratos ou complexos, mas simples e acessíveis. Ele analisava bastante focado na garota submersa nas estrelas desenhada em uma das telas.
– É você, não é? - apontou dividindo o olhar para mim e o desenho.
–É meio óbvio. - sibilei uma risadinha.
– Está maravilhoso. - falou deslumbrado.
Em seguida, passou para a pintura de uma garota num balanço em que os fios pendiam da lua, depois para uma pintura da primavera, e assim por diante, com os olhinhos abarrotados de fascinação. Muitos dos meus desenhos eram baseados em mim mesmo, gostava de me imaginar dentro de vários cenários que chegassem o mais próximo de representar o que eu sentia em determinado momento.
– Whoa!! Minhas expectativas foram todas atendidas, até mesmo excedidas. - ele disse por fim. Estava atrás dele, que precisou virar-se para me olhar, quando o fez, prendeu a atenção na parede atrás de mim, seus olhos arregalaram-se ainda mais. – Hyemi-ssi!!
Aproximou-se, pendendo a cabeça para trás observando os astros pincelados.
– Ah, é minha noite estrelada. - falei. – O que achou?
– Não tenho palavras para descrever. - disse sem desgrudar os olhos do desenho. – É tão lindo e tão... - deixou no ar durante segundos.
– Tão...?
– Tão Hyemi. - um sorriso encantador tomou seu rosto.
O ar ficou preso na minha garganta, nunca tinha ouvido alguém falar assim sobre minhas pinturas.
Seus dedos deslizaram levemente pela parede, por um breve tempo permaneceu assim. Desejei que ele estivesse se sentindo bem conhecendo aquele cantinho, que meu mundo estivesse transmitindo boas energias para ele, que também estivesse acolhendo-o, levando para longe todas suas tristezas e preocupações. Com esse pensamento, uma ideia me ocorreu.
– Jimin.
– Hum. - virou seu rosto, recaindo o olhar sobre mim.
– Quer pintar comigo? - não contive um sorriso entusiasmado.
– Eu, pintar com você? - apontou para si mesmo com uma expressão fofa.
– Isso!!
– Mas eu não sei fazer essas coisas.
– Eu te ajudo. - tirei meu casaco jogando no colchão, em seguida, ele fez o mesmo, deixando também sua mochila.
Posicionei uma tela em branco no cavalete e peguei alguns pincéis e tubinhos de tintas. Sentamos lado a lado nos banquinhos presentes, preparei a paleta de cores com Jimin observando atenciosamente cada movimento meu. Com tudo pronto, repousei o material nas suas mãos junto do pincel para que começasse. Ele encarou o branco a sua frente buscando inspiração na mente, qualquer desenho que fosse fazer eu o seguiria. Mas, na verdade, minha real intenção era deixá-lo pintar sozinho, deixá-lo pincelar os sentimentos que o cercavam naquele momento para a tela, enquanto eu estaria ao seu lado, para ajudá-lo quando precisasse.
A arte tinha sido o meio de amparo que pensei levar até ele, pois ela diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível.
– Deixe seu coração guiar sua mão. - falei baixinho.
Jimin permaneceu por mais um tempo refletindo. Quando soube o que fazer, mergulhou o pincel no azul, preenchendo do meio para cima o centro da tela, deixando em branco as bordas. Em seguida, começou a ocupar este espaço com um bege, contudo, parou no meio do ato, virando o rosto me fitando acanhado.
– Sim? - fitei-o a espera de dizer algo.
– Queria desenhar uma cortina, mas não sei como. - sua testa franziu.
– Oh, vou te mostrar como faz. - minha voz carregava notoriamente animação.
Jimin observava minucioso em cada explicação e demonstração que eu fazia, para depois, seguir todos os passos corretamente, formando um sorriso satisfeito nos lábios por ter conseguido um ótimo resultado. Deu continuidade no desenho, perguntando e pedindo ajuda uma vez ou outra, recebendo alguns comentários e conselhos da minha parte. Pequenas nuvens se formaram acima das ondas do mar, uma espécie de chão amadeirada tinha sido desenhada, ele estava se divertindo com o que fazia. Para finalizar, pintou um balão amarelo flutuando no centro e rabiscou três aves voando no céu. Era uma obra simples e serena, examinamos-a ao mesmo tempo, imersos nas cores. Jimin tinha um sorriso brando nos lábios contemplando seu trabalho.
– É lindo Jimin-ah. Tem algum significado? - perguntei curiosa.
– Ne. - me olhou. – Você disse para eu seguir meu coração, então o fiz, e é como me sinto agora.
– Como? - tombei a cabeça para o lado.
– Tranquilo. As cores que usei, são cores que transmitem calmaria.
– Chincha? - ele balançou a cabeça afirmando. – Oh, fico feliz em saber que se sente dessa forma.
– Me sinto assim toda vez que estou com você. Esse balão voando para o céu, são minhas preocupações indo embora ao estar perto de ti.
Meu coração falhou uma batida, os olhos de Jimin reluziram junto de seu sorriso. Ele se aproximou vagarosamente do meu rosto, tornando tudo dentro de mim uma completa bagunça. Fechei meus olhos indignada ao sentir o pincel deslizar em uma das minhas bochechas, abri-os encontrando um garoto risonho a minha frente.
– Ya!!
Ele soltou uma gargalhada, não consegui ficar chateada, vê-lo com a aura mais leve barrava qualquer sentimento do gênero.
Em um ato veloz molhei o dedo no azul da paleta e passei no seu nariz, e assim iniciamos uma guerrinha de tintas, acabando com ambos cheias de rabisco e resquícios nas nossas roupas, ele ainda saiu na vantagem por sua camisa ser preta, já a minha era bege.
– Hyemi. - senti um sorriso na sua fala.
– Hum? - estávamos deitados no chão encarando o teto.
– Olhe para mim.
Virei meu rosto, nossos ombros tocavam-se, ou seja, estávamos muito próximos um do outro.
– Sua cara está engraçada. - seus olhos sorriram.
– A sua também. - ri. – Parece aquelas obra de arte abstrata.
– Oh, sou uma obra de arte, então? - num impulso ele ergueu o tronco, apoiando a cabeça na mão com o cotovelo sustentado no chão.
Meus batimentos estavam se atropelando demais. Quis respondê-lo que sim, mas meu corpo ficou estático, e minha mente imersa no brilho intenso de seus olhos caídos sobre mim. Não era de hoje que ele provocava reações por toda minha extensão. E talvez estivessem visíveis demais, pois ele sorriu ladino, parecendo que sabia o que eu sentia, e se divertia com isso.
– Hyemi, acho que nunca te perguntei. Qual sua cor favorita?
Deixei um suspiro pesado escapar, desfocando do furacão de emoções dentro de mim. Umedeci os lábios franzindo a testa, na verdade, eu não tinha uma cor em específico.
– Eu amo todas as cores, não consigo escolher uma exata.
–Tem algumas que mais te atraem?
Sim, as suas, pensei.
– Acho que, vermelho, amarelo, azul e roxo.
Dito isso, ele se levantou indo em direção a paleta sobre o banquinho, tomei impulso com as mãos me sentando no chão para assistir o que ele pretendia fazer a seguir. Jimin simplesmente pintou seus braços com a pele exposta e adicionou mais no seu rosto as cores mencionadas por mim. Desatei em gargalhadas quando vi o resultado, era uma mistura de diversos tons e braços coloridos.
– O que é isso? - questionei com um sorriso enorme.
– Suas cores favoritas, se mesclado com a cor da minha pele, o que me torna favorito também. - balançou o corpo em uma dancinha fofa e engraçada.
– Aigoo.
Eu podia derreter ali mesmo.
– Mas não precisa disso, você já é meu favorito. As suas cores são as minhas favoritas. - deixei meus pensamentos falarem mais alto, notando segundos depois. – Aish.
O sorriso alargou-se ainda mais nos seus lábios. Balancei a cabeça envergonhada, desferindo leves coques na minha testa, que logo foram impedidos por Jimin segurando gentilmente meu pulso.
– As suas cores também são as minhas favoritas. - o timbre suave de sua voz provocou um frio na minha barriga.
Seus olhos percorreram por cada detalhe do meu rosto, pousando em um único lugar. Nossa pouca distância acentuou o borbulhar de sensações persistentes dentro de mim, explodindo como fogos de artifício quando Jimin terminou com os centímetros que nos separavam encostando nossos lábios. Entreabri os meus sentindo os seus cheinhos moverem-se dando início a um beijo doce e calmo. Minha mão se sustentou em sua bochecha enquanto a sua segurou minha cintura, aproximando-nos mais um do outro, fazendo as borboletas no meu estômago se agitarem.
Afastamos nossos lábios quando o ar nos faltou, mas ainda mantendo nossas mãos na mesma posição e as testas juntas uma na outra. Senti o peso do seu olhar em cima de mim, embora os meus ainda estivessem fechados, não conseguia encara-lo, minhas bochechas queimavam de vergonha, e agradeci por estarem cobertas de tinta.
– Hyemi. - falou calmamente, apesar de ofegante, causando-me leves arrepios. – Olhe para mim.
Distanciei nossos rostos, hesitei alguns segundos antes de fazer o que pediu. Meu coração se aqueceu e derreteu quando encontrei seus olhos reluzindo intensamente na minha direção com seus lábios carnudos ainda mais vermelhos por conta do que acabou de ocorrer.
– Jimin... - as palavras morreram na minha garganta. – Eu não sei o que dizer. - soltei uma risada nervosa.
Conhecendo-o bem, sabia que também estava tentando encontrar as palavras para dizer algo, ele sorria abobalhadamente para mim, e olhando-o dessa forma, uma imensa vontade de encher seu rosto de beijinhos me dominou. Já eu, não consegui buscar por palavras algumas e, mesmo repleta de vergonha, mantive meus olhos presos em seu rosto, vislumbrando todos seus traços encantadores, imersa em cada detalhe seu. Ficamos assim, feito dois patetas se encarando.
– É recíproco... - falou quase que mais para si mesmo, cortando o silêncio.
Entendi no mesmo instante. Meus batimentos se tornaram tão fortes quando entreabri os lábios para dizer as palavras a seguir, que pude os senti nos meus ouvidos.
– Eu gosto muito de você Jimin.
Ele arregalou os olhos.
– Eu já não gosto. - riu, franzi o cenho na mesma hora. – Eu sou apaixonado por você.
Se aproximou diminuindo nossa distância mais uma vez, encaixou sua mão no meu rosto, fitando profundamente meus olhos.
– Desde o dia da chuva, na sala de dança, eu me senti estranhamente balançado por você. A luz que você emanou, me tocou. Eu estava em um momento tão difícil naquele dia, sua presença trouxe leveza e calmaria para mim, era como se você refletisse sua luz, seu spectrum. - começou a fazer carinho na minha pele com o polegar. – Eu tive medo depois quando tentava se aproximar, você captava as coisas rápido tão bem, por isso senti receio, e pensei em me afastar, não apenas pelas coisas que já te contei naquele dia do hospital, mas também porque eu sabia que eu iria gostar mais e mais de você, e também pensei, "ela não merece essa bagunça toda que sou, como pode acabar gostando de mim?". Mas você quis ficar mesmo eu sendo como sou...
– Me apaixonei por você sendo como é, desse jeitinho, doce e gentil, determinado, esforçado, cuidadoso, fofo... - segurei sua mão repousada no meu rosto. – E forte, você é forte Park Jimin, talvez não consiga enxergar isso, mas, sim, és muito. Por tudo que ouvi você contar o que passou, eu realmente te admiro.
– Se sou mais forte hoje, é graças à você. Acho que não aguentaria passar por todos os acontecimentos do último mês sem você. Você foi a luz nos meus dias mais escuros.
– E você Jimin, trouxe as mais belas cores para o meu mundo, colorindo-o mais ainda. - ele riu. – É muito clichê, eu sei, mas é o clichê mais verdadeiro. - sacudi os ombros rindo.
Com sua outra mão, pôs uma mecha do meu cabelo para trás da orelha, traçando uma linha com os dedos no meu maxilar terminando no queixo, aproximou meu rosto ao seu até nossos lábios se encontrarem novamente, dando início a um beijo abarrotado de sentimentos apaixonantes e sorrisos. O restante do nosso tempo juntos foi cheio de brincadeiras bobas com as tintas e trocas de carícias, mergulhando de corpo e alma nessas novas sensações que pintariam nossa nova história.
Cor-de-rosa significa romantismo, ternura e ingenuidade. Aos tons de rosa claro são atribuídas conotações ligadas ao amor e ao romantismo. É a cor das emoções, dos afetos, da compreensão, do companheirismo e do romance. Representa os sentimentos ligados ao coração, como o amor verdadeiro.
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Eu tava muito ansiosa pra postar esse capítulo desde o dia que comecei com essa fic, e agora, finalmente estou aqui publicando-o. Sem dúvidas é o mais fofo e doce dessa história. O próximo, e último, também será cheioooo de amores hehe.
Sim, este é o penúltimo capítulo e eu estou muito triste em dizer que já está acabando, vou sentir saudades de escrever o romance meloso desse dois. :( E vou trabalhar bastante no próximo pra trazer um final maravilhoso cheio de coresss. :3
A música na mídia é muito a cara da Hyemi e do Jimin, quando eu a escutei imediatamente eles vieram na minha cabeça, até mesmo escutava-a enquanto escrevia, e eu amei demais ela, espero que vcs também tenham gostado. É basicamente a música deles dois.^^
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