Parte 5
— Que bom ouvir isso senhor.
Um segundo depois a campainha soou, Dalvan foi atender.
Os visitantes eram, Lucas e Sérgio.
Eles entraram e foram até a nossa localização.
— Bom dia Carlos — disse o meu amigo Lucas — Venho acompanhado, este é o Sérgio Matsinhe, vai nos ajudar a achar a pata de águia. Sérgio este é o Carlos Timane.
Logo entre eu e Sérgio houve um aperto de mão.
— E os outros elementos, trouxeste? — perguntei.
— Claro que sim. É impressão minha ou vocês estão com olhares felizes hoje?
— Senhor Carlos disse que estão felizes porque o dia permitiu isso — disse Dalvan.
— Fofoqueira — disse eu, brincando.
Era o dia para ir à busca da cura.
Finalmente minha querida ia parar de sofrer e passar a sorrir, cheia de motivos positivos para viver.
Levantei, fui levar a raíz, pus na panela e coloquei no fogão.
Estávamos todos os cinco sentados na mesa conversando enquanto isso a raíz esquentava.
— O que faz na vida? — perguntei ao novo visitante.
— Eu? — ele perguntou apontando em seu próprio peito.
— Sim.
— Sou pescador e caçador.
— Uau, parece ser duas coisas deliciosas de fazer.
— Por que você acha isso?
— Pescar, pelo fato de estar a flutuar pelas águas imensas, isso traz uma certa sensação de liberdade e caçar parece divertido como se fosse um tipo de desporto.
— Não me admira a sua opinião, porque você não é o primeiro a dizer essas palavras.
Enquanto isso Dalvan organizava os talheres e os pratos para os visitantes tomarem juntamente connosco o pequeno almoço.
— Muito obrigado — disse Lucas, ao receber um prato vazio proveniente das mãos da Isaura.
— Senhor Carlos a raíz já está pronta — disse Dalvan, olhando na minha direção.
— Okay, pode trazer até a mesa.
— Sim senhor.
— O nosso caro amigo aqui tem muitas histórias para nos contar sobre as suas aventuras no mar e na área onde vivem os piores animais selvagens — disse Lucas apalpando o ombro do Sérgio, este que estava sentado ao seu lado — não é, Sérgio?
O ambiente estava sereno para uma conversa descontraída e perfeito para esquecer todos problemas. Isaura acompanhava a conversa, tranquila. Aquele dia seria inesquecível se nada daquilo que estou prestes a contar, não tivesse ocorrido.
— É sim. Eu me tornei em um caçador e pescador pela influência do meu pai. Sempre o acompanhava em todas as suas caçadas quando mais novo.
Tive a oportunidade de trabalhar no exército. Mas as águas do mar e os animais selvagens clamavam pela minha presença — o visitante falava de uma forma erudita, nem parecia que era um simples pescador e caçador, ele continuou — deixei o exército antes mesmo de começar a trabalhar.
Eu contemplei a face daquele homem mulato, ele tinha traços do meu irmão, Assir.
Não aprecio homens, mas tenho que admitir que o visitante era lindo, eu temia perder a minha esposa para ele.
— Uau, que loucura da sua parte deixar o exército para voltar ao mar e aos animais ferozes — eu disse.
— Sei, todo mundo diz isso. Não me arrependo de ter feito aquilo, porque matar outros da minha raça não estava nos meus planos.
Passei o recipiente que continha uma salada de alface ao visitante, ele recebeu ainda falando, logo percebi que estávamos diante de um indivíduo loquaz.
— Sabem? Eu gostei deste bairro. Qual é o nome mesmo?
— Cimento — se precipitou Lucas ao dizer.
— Exatamente — o visitante encheu a colher e enviou à boca — Este bairro é muito calmo e bem organizado diferente do meu.
— Qual é o seu bairro? — perguntei.
— Nustle.
— Nustle?
— Me desculpem tinha me esquecido de dizer que vivo num país que tem o nome igual ao de vosso distrito.
— Moamba? — disse Dalvan em um tom de dúvida.
— Exatamente — respondeu o visitante, Sérgio.
— Estranho — eu disse.
— Vocês não conhecem?
Quando nós três tentávamos dizer "não" minha esposa escrevia algo no caderno que Dalvan levara no quarto.
Não demorou e em um movimento repentino, Isaura exibiu a sua escrita, ela tinha escrito. EU CONHEÇO MOAMBA.
Fiquei admirado quando vi a resposta dela, Lucas estava ocupado aproveitando o sabor da comida que era extremamente gostosa.
Estiquei meu braço, levei o recipiente que continha a raiz, dei a minha esposa tomar.
Depois de tomar ela olhou para mim, contorceu-se assustadoramente e sem aviso soltou gritos.
— ESTÁ QUEIMANDO, ESTÁ QUEIMANDO, TIRA ISSO DE MIM — ela gritava sem cessar parecia que algo circulava nas entranhas da sua barriga.
Os outros no primeiro momento recuaram assustados com a situação.
Segurei ela, tentando acalmá-la, mas ela me derrubou, os outros foram me ajudar, Isaura agora apresentava um olhar feroz, um olhar que só pessoas que tem relação com exorcismo conseguiriam explicar, parecia que ela estava possuída por algo que nem preciso citar o nome.
Dalvan sem sucesso fez o sinal da cruz, recebeu como resposta uma bofetada das costas da mão na face que a fez voar por escassos minutos e ser travada pelo fogão, e então ficou inconsciente.
Isaura abriu a boca e um jato de sangue foi em minha direção me molhando por inteiro, um minguado de sangue penetrou na minha boca, senti um sabor metálico e enjoativo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro