Parte 2
Chegamos em casa, já era de tarde, pus a minha esposa na cama descansando.
Saí do quarto fui até a sala, fitei os fósforos que estavam na mesa lembrando da época em que meu pai fumava e quando eu queria juntamente com ele fumar, ele recusava dizendo que aquilo ia me prejudicar, "mas por que ele fumava sabendo que aquilo era prejudicial?" essa era a questão que circundava a minha mente quando ainda criança, um riso espontâneo escorregou do meu rosto, vendo o quanto os adultos manipulam as crianças.
Me dirigi até ao sofá, sentei, liguei o televisor e o fedor de algo invadiu as minhas narinas.
Fixei os meus olhos na tela, a fome já tinha tomado conta de mim, entretanto, não tinha vontade de comer, mesmo se um milionário me trouxesse uma carne vermelha.
Percebi que a minha vida estava parada, agora morava naquela casa só para assistir a minha doente mulher, não saía mais com os amigos para beber uma cerveja e conversar sobre os nossos velhos tempos, épocas que eu ainda era professor de inglês.
Os meus olhos estavam fixos na tela mas eu mergulhava na minha mente, viajando nos tempos que eu e minha esposa vivíamos uma vida maravilhosa nesta casa linda, vendo o nosso plano de ter um filho, aliás, eu queria um filho e ela queria uma filha.
O toque da campainha cortou os meus pensamentos, levantei e fui abrir a porta. A empregada não aparecera naquele dia para trabalhar assim fui obrigado a levantar para abrir a porta, se minha esposa estivesse bem não me deixaria fazer aquilo.
Dei uma olhada através do olho mágico na porta, vi um rosto familiar, era o meu melhor amigo, o único que se preocupava connosco.
Abri a porta e disse:
- Entra - ele entrou e fechei a porta - como vai?
- Na boa, e aí? - ele olhou para o meu rosto - me desculpe, sei que nada está bem.
- Em breve tudo vai ficar bem meu amigo, tenho fé - disse eu.
Ele foi sentar no sofá, o fedor ainda continuava circulando na casa.
- Que tal? Ela está a melhorar?
- Ainda não. Fomos ao curandeiro e ele nos deu - eu disse caminhando em direção da mesa, levei as raízes -- estas raízes aqui.
- Acho que já vi uma vez por aí umas raízes iguais a essas.
- Viste aonde?
- Já não me lembro.
- Okay.
- Onde ela está?
- Está no quarto.
- Mas afinal o que ela tem? Não consigo perceber, por que os médicos não fizeram nada, apenas deixaram ela ficar dois anos para sair de lá pior.
- Não sei, eu também não consigo entender por que deixaram ela ficar muito tempo lá e depois sair de lá pior. Agora a única solução que me resta é o senhor Ndhota.
- Senhor Ndhota, o curandeiro mais popular daqui?
- Sim ele mesmo.
- Meo estás num bom caminho, dizem que ele é um mestre nesse tipo de coisas. Até houve uma vez que ele curou uma senhora que tinha SIDA.
- O QUÊ? SIDA? Como?
- Não sei como, só sei que ele fez isso.
- Não acredito.
Quando conversávamos ouvi passos de alguém se aproximando na nossa direção, quando reparei era Isaura, minha esposa.
- Oi boa tarde - disse meu amigo quando viu a minha esposa.
Mas ela não respondeu porque a voz dela não saía da sua garganta.
Ficou parada olhando em nossa direção sem vacilar.
Levantei e fui até onde ela estava. A levei de volta para o quarto.
Quando entramos no quarto ela ficou irrequieta e com o seu dedo indicador apontou num canto do cómodo, acompanhei o seu braço e nada observei.
Eu sentia que ela estava perturbada, sentia que ela queria me contar algo.
Tentei a acalmar, a pus de volta na cama e saí do quarto.
Fui preparar a raíz da forma que o senhor curandeiro me instruíra.
O meu amigo ficou mais poucos minutos e foi para sua casa.
Eu já não via a hora de estar de volta em casa daquele homem para curar a minha esposa que estava morrendo.
A noite seria longa, muito longa.
Fui ao nosso quarto verificar a minha esposa. Ela estava dormindo feito um bebé naquela tarde.
Depois saí e fui preparar o almoço para ela.
Os minutos eram apressados, correndo sem abrandar.
Quando terminei de cozinhar o sol ia ao encontro do horizonte para depois desaparecer, assim como sempre.
A minha mente tomou o meu corpo por algum tempo, eu ainda estando na cozinha preparando o almoço. Quando voltei a mim, Isaura já estava na cozinha contemplando o meu rosto.
Fiquei assustado quando a vi, porque não estava a espera dela aparecer tão repentinamente na cozinha.
Ela estava estranha, parecia que queria me dizer algo, então rapidamente fui levar uma caneta e uma simples folha de caderno para dá-la para escrever o que queria me dizer.
- O que foi querida, aqui está uma caneta e folha. Escreva tudo o que está te perturbando - eu disse.
Ela olhou para mim com uma expressão que a denunciava, ela temia algo, talvez algo que estava entre nós dois, dentro da cozinha.
Então ela puxou o papel e a caneta de uma forma instantânea e escreveu.
Depois de escrever, com a mão direita ela arrastou o papel sobre a mesa na minha direção.
"Meu amor, te amo muito. Por favor acredite no que vou te dizer"
- O que é minha querida? Está me assustando.
Não podia ser o que eu começava a imaginar. A sanidade mental da minha esposa estava sendo afetada pela maldita doença.
Algo estava muito estranho no ser da minha esposa.
Novamente, de mim, ela levou a caneta e a folha, para escrever o que a deixava naquele estado.
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