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Epílogo


Decorreram quinze dias desde que John saiu do hospital, um tempo entre os acontecimentos, e agora ele está escondido em Nova Iorque. Ele está na casa do diretor do orfanato, esperando no escuro que o diretor chegue para fazer algo importante. John não é mais controlado pela Escuridão, ele não vê mais a doutora Ana ou o Mascarado. No entanto, ele não está sozinho.

Às vezes, no sonho, Henry aparece para visitá-lo. John é diferente agora, ele ri, chora, sente alegria e tristeza genuínas. As suas emoções surgem de dentro dele, como ele sempre quis. Às vezes ele se orgulha de algumas páginas do passado, mas muitas vezes também se arrepende.

Não é apenas nos sonhos que John vislumbra Henry, basta dizer "Estás comigo, Henry", e ele aparece, não como uma sombra perturbante, mas como uma luz radiante. No momento, Henry está com ele, apenas John o visualiza. Henry, diferentemente da doutora Ana ou do Mascarado, transcende os véus do mundo espiritual, traçando o mapa da alma de qualquer pessoa. Um mapear preciso, como se a própria alma fosse uma partitura de luz, e Henry, o maestro, regendo com mestria a sinfonia das essências.

— A alma do diretor é sombria — revela Henry, quando o diretor se apronta para adentrar a morada.

John, não responde, precisa de silêncio, Henry pode falar à vontade, ninguém, exceto John o consegue ouvir.

O diretor, acende a luz, tira o casaco, e dirige-se para o computador na privacidade do seu lar. No ecrã aparecem imagens perturbadoras, com crianças do orfanato. O homem olha excitado. As feições de John emitem uma repugnância evidente pelo que observa.

Henry avança dois passos, aproximando-se de John, e então os dois se reúnem numa entidade única, uma fusão que não altera a fisionomia, mas se insinua nos olhos.

O diretor, pressente passos fantasmagóricos atrás de si, vira-se abruptamente, assustado. O que ele testemunha a seguir o aterroriza. Olhos totalmente brancos, sem íris, emanando uma luz, como um mar de leite que o cega completamente.

— Quem... és? O que... qu-qu-queres? — gaguejou o diretor.

— Vim purificar a tua alma — soou a voz de John, ecoando como se voz e eco se combinassem, criando uma cadência de outro mundo.

O diretor levantou-se, cambaleando desastrosamente pelo pânico aterrorizador, dirigiu-se para a parede e aí ficou petrificado, assistindo imóvel na esperança de que aqueles olhos não o encarecem  novamente.

John, pegou nas imagens e as encaminhou pelo email do diretor para a polícia, depois do trabalho feito, John pergunta.

— Estás comigo, Henry? Matamo-lo?

— Não, a prisão será um destino melhor neste caso. — respondeu Henry já do mundo exterior.

— Agora temos de ir salvar a Maggie.

Quando a polícia chegou, John observava da rua. Após algum tempo uma ambulância chegou, o diretor não podia ser preso. Tinha-se enforcado.

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