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5-O Fio da Navalha: Entre a Bondade e a Maldade

19 anos para o dia da luz

Quem entrava o beco era 'Jack Olho de Vidro'. Movia-se com um passo decidido e rápido, o seu olhar carregava uma sombra de más intenções dirigida aos rapazes. Jamais concebera a ideia de que Lewis pudesse vê-lo como um traidor naquele instante. Poder-se-ia até argumentar que, na perspetiva de Jack, ele não traía o seu sócio.

É evidente que os lucros numa sociedade devem ser divididos de forma equitativa entre os sócios, contudo o trabalho de Jack era visivelmente mais exaustivo. Lewis nunca encarou a contabilidade, sempre fora um trabalho solitário de Jack, e, por essa razão, acreditar que tomar 20% do lucro bruto seria uma compensação mais do que justa. Seria burrice se não o fizesse. "E aqui, o burro não sou eu", pensava Jack, cada vez que abria o grosso livro de contabilidade.

As intenções de Jack eram claras, faria até o próprio chicote gemer nas costas de John. Depois passaria a Sammy. Jack vinha de mãos vazias, em vez de dinheiro, encontrou apenas areia na garrafa, nem sequer uma única moeda.

Quem, pensava também nas suas intenções era John. Sentado, numa cadeira velha, olhava para Lewis, que se mantinha de pé como uma estátua. Faltavam as pipocas, o miúdo queria assistir ao filme na expetativa que o enredo seguisse o que havia planeado. Por fora, John parecia sereno, curioso; por dentro, era um vazio de emoções, substituído por um fluxo de adrenalina que lhe proporcionava prazer.

"De boas intenções está o inferno cheio", é uma expressão que não poderia ser aplicado a John. Se fosse possível colocar as boas ações de John num prato de balança e as más ações no outro, descobriríamos um equilíbrio abismal, quase sobrenatural. Ele já havia tentado inúmeras vezes enganar a Escuridão com as suas boas e más intenções, mas a Escuridão reage apenas a ações. John tinha habilidade para manipular Lewis e até mesmo Jack, mas o que residia dentro dele não conseguia manipular. A doutora Ana diria, "John, não te consegues enganar o teu inconsciente." John ainda hoje não entende por que a doutora Ana se referia à Escuridão como Inconsciente.

Com um estrondo, a porta da cave se abre, revelando 'Jack Olho de Vidro'. Ele avalia a cena diante dele - Lewis, de rosto fechado, apresenta uma expressão de cólera. Recuado na penumbra, John está sentado, que esboça um sorriso enigmático enquanto pisca o olho a Jack. Uma provocação direta que atiça a fúria já fervente em Jack. O seu coração bate como um tambor de guerra. Ele avança, determinado a exterminar a insolente criança.

— Lewis, ele só tinha areia! — grunhe Jack, a sua voz rosnava como a de uma besta — Vou acabar com essa ratazana!

Porém, no instante seguinte, Lewis surpreende-o ao revelar um facalhão cintilante. Foi tudo tão rápido que o reflexo de terror nos olhos de Jack mal teve tempo de se formar na lâmina. Jack congela, a raiva inicial agora virava pavor. Ele queria apenas matar o garoto, não entendia a agressividade de Lewis. A culpa, ele estava convencido, era do rato que sorria ao fundo.

Com um rugido selvagem, Lewis desafia:

— Quem é o burro agora, seu traidor de merda?

A frase ainda não terminara quando Lewis, impiedoso, fincou a faca no estômago de Jack. O tempo congelou, o ar tornou-se denso e o silêncio na cave foi quebrado pelo som agudo de Jack ofegando. Lewis, com o rosto marcado pelo desespero, precisava de um gole de uísque para clarear as ideias. Saiu da cave e dirigiu-se ao bar...

A criança, levantou-se e caminhou silenciosamente até Jack. Ele ainda estava vivo, mas fraco, prestes a morrer. Acabar com o sofrimento dele seria uma boa ação ou uma má ação? John não sabia, ele precisava de uma má ação - o Mascarado ainda não havia desaparecido.

John pegou as luvas do bolso do casaco de Jack e as colocou. Aproveitou para pegar também a carteira de Jack, que tentou resistir, mas sem forças. A carteira tinha cerca de 300 dólares. John ficou com o dinheiro, mas não com a carteira. Foi até um antigo baú de madeira que guardava o dinheiro arrecadado no dia. Retirou tudo, um total de mais de 1200 dólares. Foi um bom dia para John, que esperava levar cinco chicotadas e levou apenas três. Colocou todo o dinheiro no bolso - naquele dia, ele foi o chefe do bairro.

O Mascarado ainda estava ali, a má ação de ficar com o dinheiro ainda não era suficiente. O tempo apertava, ele ainda tinha de lidar com Lewis antes que ele entrasse no bar. John voltou-se novamente para Jack, agachou-se, e com as luvas, pegou a faca.

— Lembraste da sopa que me serviste no barril? — questionou John. Jack queria falar, mas a lâmina cravada no estômago impedia-o. — A sopa não tinha condimentos como esta faca. — disse John ao arrancar-lhe a faca.

O ódio que Jack sentiu foi o último nesta vida, ele fechou para sempre o olho que lhe restava, enquanto John subia. John entrou no salão onde as crianças esperavam a sopa do dia, com a faca ensanguentada na sua mão. O olhar aterrorizado e inseguro da rapaziada encheu o ar de tensão.

Ninguém ousou perguntar a John de quem era o sangue na faca. No fundo, todos sabiam - viram Jack entrar na cave, viram Lewis fugir, e agora viam John...

John pegou um jornal antigo, enrolou-o em volta da faca deixando apenas o cabo visível, e amarrou com um pedaço de pano de uma camisa velha. Vestiu uma gabardina amarela de plástico para a chuva, que era grande demais para ele, mas serviu para o propósito. John não queria se proteger da chuva, mas dos olhares. Sammy se aproximou de John, abraçou-o, mas não disse nada.

— Vou atrás do 'Três Dedos', hoje não há sopa para ninguém. — disse para Sammy, mas em voz alta o suficiente para todos ouvirem.

Lá fora, a chuva dera lugar ao vento, e pelas janelas, podia-se ver as árvores balançando nas cores do entardecer. A Escuridão ainda não havia desaparecido, estava logo atrás dele, John podia senti-la.

A imaginação é algo fértil nessas crianças, por vezes os ajuda a sobreviver, em outras os faz tecer uma nova verdade distante dos fatos. 'Seis Tigelas', um dos mais velhos entre eles, haveria de criar a história que se tornou verdade - "'John Facadas' matou Jack e fez Lewis fugir de medo. Ele tem um demónio dentro de si".

'John Facadas' saiu em busca de 'Lewis Três Dedos', ele precisava se apressar para pegá-lo antes que chegasse ao bar.

John, armado com um jornal enrolado escondendo uma faca, movia-se rapidamente para encontrar e apanhar Lewis. Enquanto, a menos de um quarteirão, estava o detetive David buscando John pelas ruas. David mostrava a foto do garoto a Riana Suárez, que negava conhecer o menino. Riana, ciente do passado traumático de John no orfanato, mentia para protegê-lo.

John, também tinha uma ligação especial com o Sr. Ismael, o merceeiro local. John ajudava-o com as caixas de fruta, ao fechar ou ao abrir a loja. Ismael o recompensava, com alimentos e afeição. No entanto, mesmo Ismael negava conhecer John ao detetive. Nem Riana, nem Ismael abriam a boca, para falar a verdade ao detetive.

Naquele dia, Lewis passou rapidamente pelo detetive David, preocupado com a questão de como desaparecer com um corpo traidor. O seu anseio por um Whisky superava a sua cautela.

Uma figura vestida com uma gabardina amarela seguia Lewis a dada distância. Quando chegou perto de David, deixou cair o jornal com a faca. Enquanto o detetive observava Lewis se afastar, não notou a presença de John. Mesmo assim, o seu encontro com o menino se aproximava.

— Senhor, senhor, aquele homem assustador, deixou cair o jornal — disse John, tocando no detetive com a mão, sem mostrar o rosto.

O detetive David, olhou para o jornal enrolado, um cabo de uma faca, ligeiramente visível, uma mancha de sangue... Não era preciso ter olho de detetive para perceber que "Aqui há gato escondido com rabo de fora". Baixou-se rapidamente para apanhar o embrulho e confirmar as suas suspeitas.

Quando se baixou, uma carteira, no seu bolso, se tornou visível, claramente um chamamento de liberdade. John, com uma rapidez quase impercetível, aproveitou a distração do detetive. Num piscar de olhos, a carteira já não estava mais no bolso de David, mas sim nas mãos ágeis do pequeno John.

O detetive, levantou-se, rapidamente com o embrulho na mão esquerda, e a outra mão já no coldre que tinha debaixo do braço.

— Hei, 'Três Dedos', a tua faca, está aqui! — gritou David.

Lewis rodou sobre os calcanhares, levando a mão à pistola de 9 mm que trazia presa ao cinto, escondida na parte traseira do seu corpo. Ao longe, a figura amarela se distanciava com velocidade surpreendente. No entanto, isso não era o que mais o inquietava. O detetive David não era um amigo, era uma figura que Lewis reconhecia bem — um sujeito que gostava de se achar o durão. Contudo, naquele momento, Lewis não estava em estado de processar a situação racionalmente. Emerso numa tempestade emocional de raiva e adrenalina, ele parecia um barril de pólvora prestes a detonar. Não se ajeitava com a mão esquerda, deslizou os três dedos da direita pela superfície fria da arma. "Perdido por um, perdido por mil. Acabarei com a raça deste filho da puta", pensou, enquanto uma resolução sombria tomava conta da sua mente. Apontou a arma para David.

— Vou-te foder cabrão! — disparou enquanto apertava o gatilho.


O disparo, esperado por John, confirmou a sua previsão de violência de Lewis. Lewis, amante do combate próximo, falhou. David não. O seu tiro alcançou a testa de Lewis - morte instantânea. Ao segundo tiro, John relaxou. O Mascarado sumiu. Prevendo o retorno das alucinações em dias, encontrou na carteira do detetive apenas $10, uma foto e um distintivo. Decidiu devolvê-la, sem o dinheiro, para evitar problemas futuros.

Com o bairro em tumulto, John aguardou. Os tiros transformaram apreensão em curiosidade, e a população reapareceu nas ruas. Polícia, e uma ambulância, chegaram. Aproveitou o caos, devolveu a carteira à ambulância vazia e seguiu, deixando-a no assento do condutor. O paramédico a iria devolver ao dono.

O Sr. Ismael se preparava para fechar a mercearia. John ajudou com as caixas de frutas, sendo recompensado com uma refeição generosa.

As nuvens dispersaram-se, revelando estrelas. Mas, naquele bairro, as estrelas não concedem desejos nem liberdade.

John sentiu uma liberdade efémera, uma escolha entre o bem e o mal para manter um equilíbrio necessário. Ele podia decidir a ordem, mas o resultado seria sempre equilíbrio. Essa era sua liberdade, uma liberdade ditada pela Escuridão, que o queria possuir.

As escolhas, de hoje, são as sementes para as flores do futuro. John também pensa no futuro, "Não guardes para amanhã o que podes fazer hoje". Ele começará hoje a trabalhar para o amanhã. Voltará ao barril para encarar a Escuridão de novo, sabe o que a faz aparecer. John sabe que a Escuridão é esperta, não se deixa enganar por intenções, mas arranjará um jeito de a enganar antes que ela assuma o controlo da mente. Que jeito é esse? John ainda não sabe, mas meteu na cabeça que descobrirá, "nem que o diabo tussa".

John luta contra uma força sombria que suscita emoções contraditórias. Para alguns, ele é visto como um monstro, para outros, um anjo. A questão que se coloca é: Como John irá enganar a Escuridão? E o que o levará a ser visto como anjo ou monstro? Essas respostas, ainda não estão na mente de John, a ação está sempre presente, avizinham-se acontecimentos que vão mudar tudo...

John ainda não sabe que o manto negro que atualmente abraça a Escuridão está destinado a transformar-se numa luz que irá alterar irrevogavelmente a maneira como ele percebe o mundo. São 19 anos que faltam, cada um carregado de promessas e possibilidades ainda não reveladas, a contagem regressiva começou...

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