30 - O Diabo no Matadouro.
Duas horas antes de Yuri matar Robert Walles, já John e Maggie estavam acordados e prontos a sair. Foi nesse instante que Maggie deu conta que Maria havia trocado o seu celular.
— Vês o que dá ter gente estranha em casa, levou o meu celular. — disse Maggie furiosa.
— Foi engano, isso resolve-se.
— Preciso do celular, resolve-se como?
— Vou buscá-lo, Maria deve estar tão aflita quanto tu estás?
— Quero lá saber da aflição dela, acabou de estragar o meu dia.
— Não fiques assim, tudo se vai resolver e o dia ainda agora começou. Logo, logo eu levo-te o celular. John não estava preocupado com o celular, se houvesse tempo depois do plano estar cumprido e o celular ter desempenhado o seu papel, certamente regressaria a Maggie. O tempo passou, eram 9 horas e John estava próximo à casa de Robert Walles, estacionado à espera de um telefonema, que deveria ocorrer mais minuto menos minuto. Estava à espera que Yuri lhe ligasse.
Yuri, entrou no carro de Alenichev, que estava à sua espera. Os ferimentos de Yuri estavam ocultos, no entanto, as manchas de sangue eram ilustrativas da gravidade da situação.
— O que aconteceu? — questiona Alenichev, com palavras pulverizadas pela incredulidade e choque.
— Dois assaltantes, filhos da puta, balearam-me para roubar a arma. Telefona à Maggie.
Sob a inquietação do desenlace inesperado, Alenichev atende o pedido, apenas para encontrar um vácuo do outro lado da linha.
— Está desligado!
— Foda-se, foda-se... Tira o meu telemóvel do bolso e procura o doutor John.
— É de confiança?
— Despacha-te achas que estou preocupado com a merda da confiança.
Alenitchev liga.
— Está a chamar. Toma.
Do outro lado da linha, uma voz familiar faz-se presente. É o doutor John, um bastião de esperança na escuridão.
— Doutor John.
— Quem fala? — pergunta John do outro lado da linha.
— É o Yuri. Doutor fui baleado, é urgente, por favor ajude-me. Não posso ir ao hospital, será recompensado.
— Baleado, como?
— Por favor, doutor, explico depois, é urgente. Sabe onde é que é o antigo parque industrial abandonado, 'Ironside Industrial Park', na margem sul do rio.
— Conheço, perfeitamente, sorte a sua que estou perto. Quinze minutos e estou aí, mande-me a localização.
— Não tem nada que saber, é o segundo armazém à direita, depois da entrada no parque. Onde era o antigo matadouro.
— Ok, 15 minutos e estou lá. Adeus.
— Ok, doutor.
Yuri desliga o celular.
— Arranca rápido senão o médico chega antes de nós.
Alenitchev, arranca, a velocidade é o mecanismo que entrelaça o desespero ao pulsar da vida.
— Que vamos fazer ao médico? — questiona Alenitchev, enquanto conduz.
— Eu simpatizo com ele, mas vamos para um matadouro, certo?
— Não é o marido de Maggie?
— É... — Yuri, interrompe a frase devido às dores — mas ela não precisa de saber.
— Como queres os bifes? — questiona Alenichev, rindo.
— Ele fez-me rir, é bom tipo, dá-lhe uma morte rápida, sem dor.
— Ok.
Localizado na margem sul do Rio Calumet, a cerca de 30 quilômetros do centro de Chicago, "Ironside Industrial Park" é uma área que antes fervilhava de atividades, agora desolada e esquecida. Este complexo industrial foi uma vez uma das engrenagens da economia da cidade, abrigando uma metalurgia e armazéns, bem como um grande matadouro.
Alguns dos armazéns foram recentemente comprados por Aleksander, sinal de que a máfia russa quer tomar conta do local.
O acesso ao terreno, do matadouro, é feito por um portão de ferro enferrujado. Os muros altos, dantes pintados de branco, agora apresentam manchas de mofo verde-musgo e exibem trechos onde os tijolos estão à vista, a pintura mostra as garras da erosão temporal.
A pintura na fachada externa está descascada em muitos lugares, revelando a textura áspera dos tijolos por baixo. As janelas estão quebradas ou sujas, muitas cobertas por tábuas de madeira, restando apenas alguns pontos de luz que penetram o interior escuro e misterioso do edifício.
O matadouro, uma carcaça vazia do que já foi, já estava sinalizado como um ponto de encontro. Um plano de fuga para despistar qualquer perseguição, que pudesse existir. Uma precaução que Yuri aprendeu com anos de prática.
Os ladrilhos do piso estão sujos, quebrados em muitos pontos, a luz fraca e irregular que entra pelas janelas mal cobertas projeta sombras inquietantes. Os ganchos de metal ainda estão pendurados no teto, servindo apenas de casa para aranhas e outros insetos. O cheiro a mofo, vestígios de sangue antigo agarravam-se ao ar, trazendo à tona um lembrete da fragilidade da vida. É aqui que a batalha pela vida de Yuri será travada. É aqui que Alenichev planeia executar John depois deste operar.
Yuri sofria, não só pelo ferimento, mas devido às teias de aranha, só de as ver arrepiava-se. Escolheram a sala mais limpa, a mais iluminada. Alenitchev, amparou Yuri, até este se deitar em cima de uma mesa de aço inoxidável, que estranhamente ainda sobrevivia intacta ao abandono do local. Após deixar Yuri, deitado nas suas dores e lamentações, Alenichev aguardava o doutor.
John, entrava pelo portão, uma tabuleta chocalhava ao vento, mal se percebia a palavra "Matadouro", consumida pela ferrugem. Hoje o matadouro abria, novamente, as suas portas, o sangue corria. Não havia animais para matar, mas Yuri sangrava e a morte antecipada de John já se fazia sentir na mente de Alenichev.
Alenichev, fez sinal a John. John apressou-se, trazia a sua mala de médico, um consultório ambulante. Não fosse a urgência da situação, e talvez Alenichev reparasse na estranheza da situação, como se John já estivesse à espera de socorrer um homem baleado.
— Onde está o nosso homem? — questiona John, transmitindo serenidade a Alenichev que parecia estar a observá-lo como um abutre.
— Siga-me comigo, doutor.
Com um ritmo acelerado, alcançaram o local sem demora. John com urgência palpável, começou a desabotoar a camisa de Yuri, revelando dois buracos de bala adornando o peito num padrão simétrico. "Não há dúvida de que Alfred tem uma mira implacável, assim como Sammy havia dito", John ponderou em silêncio.
Olhou atentamente para a cicatriz que Yuri tinha na barriga. Olhou, também e mais uma vez, para a cicatriz da mão esquerda em Yuri. Antes da cicatriz da barriga, John tinha a convicção que Yuri era o assassino de Ana, desde Nova Iorque. Agora tinha a certeza.
Na mão de John, pode ver-se um frasco de anestesia vazio. O líquido repousa na seringa, para ser aplicada no ombro esquerdo de Yuri. Após a primeira dose de anestesia, John preparou a segunda. Enquanto isso, a arma de Yuri descansava sobre a mesa. Infelizmente, o mesmo não se podia dizer da arma de Alenitchev, que ele mantinha firmemente em sua mão.
John administrou a segunda dose da anestesia no ombro direito.
— Estás a sentir-te bem, Yuri?
— Bem, parece que a anestesia começou a fazer efeito.
— Excelente. Você pode guardar sua arma, Alenitchev. —John falou com um tom firme, seus olhos penetravam como balas no homem à sua frente.
Palavras simples carregadas com um comando implícito. Yuri, que permanecia em silêncio ao lado, deu um breve aceno de cabeça.
Hesitando, Alenitchev pesou a arma na mão por um momento. O peso do metal frio iria descansar um pouco, depois voltaria às suas mãos para aquecer. Finalmente, com um suspiro relutante, retornou a arma para o coldre, sua mão demorando um pouco mais do que o necessário. Não tinha gostado do olhar de John, melhor assim, quando fosse para o matar já não teria remorsos.
— Esta arma — John, estendendo a mão para pegar na arma de Yuri. — também é preciso colocá-la num lugar seguro.
O silêncio prevaleceu quando ele aninhou a arma à sua mão, as suas palavras juntaram-se ao vento fazendo tilintar os velhos ganchos afiados do matadouro. John continuou, a voz trazia agora um tom de advertência até educacional.
— As armas são perigosas.
Uma autoridade e confiança nos movimentos, com a arma, denotavam experiência. Era uma extensão da sua mão, manuseada com uma familiaridade assustadora, como se fosse apenas um bisturi.
Ainda assim, o som estridente de um tiro ressoou pelo matadouro. Um som que parecia fora do lugar, que fez os corações pararem e os olhos arregalarem-se. A bala, escapando do cano da arma antes de ser prontamente abafada, encontrou o centro da testa de Alenitchev.
John, ao contrário de Yuri, não pareceu surpreso. Os seus olhos, agora fixos em Yuri, transmitiam um sentimento quase de desdém.
— Não olhes assim para mim. Eu disse que: "as armas são perigosas". — Proferiu John, justificando o ato com um tom de escárnio sinistro.
O rosto, de Yuri, ganhou uma coloração vermelha. Apesar da anestesia, os punhos cerraram involuntariamente, os músculos estavam tensos como uma mola comprimida. O companheiro estava morto, Dr. John era um assassino, um tiro com tal precisão e a calma refletia uma natureza profissional. Yuri não podia ter desconfiado, como era possível. Achara estranho, em Nova Iorque, ele não se ter intimidado com o louco do Dima.
— Você matou-o... — A voz de Yuri, embargada pelo choque e a dor, saiu quase como um sussurro. Ele tentou erguer-se, mas a anestesia manteve o seu corpo imóvel. — Vais morrer... cabrão.
— Tenta pensar, concentra-te na situação — disse John com uma frieza mortal.
— Sabes... sabes quem sou, eu? Estás... — A sua voz falhou, os olhos fixos em John, cheios de raiva e medo.
— Acho que sei, quem és. A questão aqui é se sabes quem eu sou? Conta-me uma história. Uma história de uma criança que te viu em ação, quando era mais novo.
— Não sei... do que falas... Sai... estão a.... vir pessoas... — Yuri conseguiu murmurar, o medo e a confusão tornando o seu discurso fragmentada e incerto.
Dr. John puxou uma tesoura de jardinagem do seu estojo médico.
— Tenho algo que te ajudará a refrescar a memória. Sinceridade, Yuri.
Depois John mostrar a tesoura, Yuri esforçou-se para formular uma pergunta: — O que... vais... fazer?
— Sinceridade, Yuri. Não temos tempo a perder — disse John enquanto prendia o dedo mindinho de Yuri nas lâminas da tesoura.
Um estalido metálico de um osso a rachar, fez Yuri produzir um grito lancinante. Após a amputação dolorosa do seu dedo, Yuri soltou um grito angustiante. Ficou ofegante por alguns momentos antes de conseguir falar novamente: — Tu... estás condenado... — disse ele com uma voz rouca e cheia de dor.
— Sinceridade Yuri, pode ser? Quero uma história de uma criança.
Apesar da intenção de John em cortar o dedo ser incriminar Pauline, isso suscitou dúvidas em Yuri.
Em meio à confusão mental e física, Yuri percebeu que precisava ganhar tempo até o retorno de Pauline, quem representava a sua única esperança de salvação. Ele havia treinado Pauline desde a infância e sabia do seu potencial. Nesse momento, se alguém poderia salvá-lo, seria ela. Ela devia estar a chegar, iria achar estranho, um segundo carro, tomaria as precauções necessárias e mataria John.
— Está bem... eu conto! — afirmou Yuri — Não fui eu quem a violou... Eu salvei-te a vida.... Eras tu no armário. Certo?
— Continua — disse John. Apesar de não ser a história que procurava, havia aqui algo que lhe interessava. — Tenta ser mais rápido senão... — John mostrou a tesoura.
— Foi Aleksander ... quem violou e cortou os dedos àquele casal. Eram... Os teus pais?
— Continua.
— Eras tu... escondido no armário, eu vi-te, eu salvei-te. Não disse a Aleksander que estavas no armário.
— Porque assassinaram o casal?
— Para... incriminar a máfia italiana... eram advogados...
Os pais de Maggie, advogados de profissão, estariam envolvidos, ao que consta, num caso judicial contra Pellegrini. Maggie sempre acreditara que os seus pais haviam sido assassinados a mando do mafioso italiano. Certamente, ela gostaria de saber que não fora Pellegrini quem matara os seus pais, mas Yuri e Aleksander. Era Maggie quem estava escondida no armário. John desconhecia que, além do assassinato da mãe de Maggie, também fora violada. Talvez fosse muito doloroso para Maggie compartilhar essa informação, ou talvez ela tivesse bloqueado isso da sua memória.
— A história é interessante, no entanto, não é essa que quero. Quero a história da psicóloga, da Dra. Ana. Recordas-te, a cicatriz que tens na barriga fui eu que a desenhei.
Yuri lembrou-se. Estava diante do diabo, o demónio dos seus pesadelos o encontrara. Ele olhou novamente para John, o branco dos seus olhos estava a escurecer, tal como quando o vira pela primeira vez. "É o diabo", pensou Yuri, enquanto seu rosto empalidecia de medo, um frio suado percorria-lhe o corpo.
— Eu... eu... apenas cumpri... ordens... — um suor gélido corria na testa de Yuri, enquanto tremia.
— A vida é o que fazemos dela, ou é a vida que faz de nós o que somos? — questionou John — " A vida é o que fazemos dela, doutora2, foi a frase que disseste antes de a matares , lembras-te?
John sentiu por instantes a Escuridão apoderar-se de si, uma espécie de apagão. Ele era um mero passageiro dentro de si. Naquele momento a perda de controle estava mais nítida do que nunca. Apresentava-se ali, uma oportunidade para descobrir se conseguia vencer a Escuridão. Os papéis invertiam-se: caso perdesse completamente sua identidade, trabalharia de dentro para fora.
— Quem deu a ordem? — perguntou a Escuridão com uma voz infantil, carregada de raiva. As palavras saíram da boca de John, mas não era John que falava.
Para Yuri, aquela voz era a mesma que ouviu há 20 anos. Lembrava-se como se fosse hoje, o diabo, na forma de criança, a dizer um "Prometo" à psicóloga, que o havia petrificado. Não se pode enganar o diabo, ele mora nos pesadelos e manifesta-se na vida. Hoje, o pesadelo tornava-se realidade, sempre soube que este dia chegaria. Apesar do estado confuso, de saber que o diabo sempre ganha, ainda havia uma frágil luz de esperança na chegada de Pauline. Se alguém podia vencer o diabo, seria ela.
— Quem deu a ordem? — O diabo, a Escuridão, repetiu a pergunta.
— Foi... Aleksander... — Yuri ondulava no medo e no frio que lhe inundavam a mente e o corpo. Há duas coisas de que Yuri tem um medo de morte. É de aranhas peludas e pretas e dos olhos negros que tem à sua frente. No entanto, de aranhas não fica petrificado com tremeliques.
— Porquê? — perguntou a Escuridão novamente. John sentia as emoções da Escuridão, uma mescla de medo, dor, raiva, confusão. Confirmava-se a Escuridão tinha emoções, brilhante, pensou John. Estava na altura de assumir novamente o seu lugar dentro de si.
— Ela... morreu... por causa de uma gaja ...
— Gostava que fosse respeitoso com as mulheres, Yuri. Que mulher? — perguntou John com a sua voz calma. Esta mudança de voz ainda assustou mais Yuri.
— Uma mulher... água, por favor...
— Claro Yuri, tu colaboras, eu colaboro —John, tirou uma garrafa do seu estojo e deu água ao russo. — A doutora Ana morreu porque...
— Ela convenceu, uma mulher que Aleksander violou e espancou a testemunhar.... Matei as duas. Está satisfeito?
— Ok, Yuri, vou fazer-lhe uma revelação, merece. A criança que estava dentro do armário era Maggie.
Yuri ficou atónito ao saber que era Maggie, que estava dentro do armário.
— Lamento...
— Yuri, por teres salvo Maggie vou dar-te mais uma dose de anestesia. No entanto, quero que ligues primeiro a Maggie e lhe contes toda a história do armário.
— Está desligado, o celular de Maggie.
— Eu sei. Deixas mensagem de voz, mais fácil assim. — disse John tomando novamente o controlo do seu corpo e mente.
Num banquete de agonia, sofrimento, desespero e morte emitente há sempre uma migalha que nos permite um estado de calma e serenidade para nós deixarmos ir e fazer as pazes com este mundo. É esse instante que nos mostra o propósito da vida. Yuri não viu o seu propósito de vida ser revelado, mas teve um momento de redenção.
Yuri de celular na mão, falou tudo, entre medo, frustração e arrependimento, o choro saia-lhe descontroladamente. Estava à beira da morte, podia cheirá-la, tinha o diabo a mostrar-lhe o caminho da agonia.
John deu-lhe a anestesia, depois tirou o pacote de lenços que eram de Pauline e deitou-o no chão. Retirou, também, o fio de cabelo, de Pauline que havia guardado do jantar com esta e deixou-o na barriga de Yuri As provas que incriminariam Pauline, estavam plantadas.
John recebeu uma mensagem de Miguel, dizendo que Pauline estava a caminho e já tinha ligado à polícia do paradeiro, como combinado. Estava na hora de partir. Pauline deveria demorar 15 minutos, a essa altura Yuri estaria provavelmente morto, no mínimo estaria a dormir nos braços da anestesia.
Com a destreza de um cirurgião, arrumou todos os seus instrumentos, devolvendo-os meticulosamente ao seu santuário de couro. Uma última olhadela para Yuri, cujo semblante antes pálido, agora descansava num estado de serenidade imutável. Uma paz eterna desenhava-se na sua fisionomia.
Inesperadamente, John estagnou num momento de profunda introspeção. Ecoava na sua mente a voz agonizante da Escuridão, um murmúrio inquietante, um tormento sem rosto. A voz de uma criança, pulsando com raiva, medo e confusão, traços característicos da sombria Escuridão. Sentia a urgência de praticar atos altruístas, um alívio para silenciar essa voz incessante. Precisava da companhia dos gémeos, nem que fosse uns breves cinco minutos. Os gémeos têm o poder extraordinário de acalmar o berreiro interno. Com eles, não necessitava se desdobrar em esforços para executar boas ações. E de forma inexplicável, parecia que a Escuridão nutria um carinho singular por eles, um indicativo a mais de que essa entidade abstrata estava, de facto, sujeita às emoções.
A vida é um constante balanço entre a luz e a sombra, a serenidade e a tormenta. Na natureza humana, a busca pelo equilíbrio, a redenção na forma de bondade e a luta incessante contra as trevas internas são quotidianas. "Tenho que ir ver os gémeos, antes de visitar Pellegrini", cogitou John, uma necessidade visceral de acalmar o caos interior antes de enfrentar o que poderia ser uma tempestade externa.
Enquanto isso, Pellegrini repousava na comodidade da sua mansão, insuspeito do turbilhão que se aproximava. Eram precisamente nove horas e trinta e três minutos quando dois policiais entraram, zelosos nas obrigações clandestinas para com Pellegrini, uma fonte alternativa de renda que complementava o modesto salário das ocupações legais.
Eles trouxeram consigo a tesoura de John, agora uma peça de evidência adornada com um relatório de impressões digitais e o dedo mindinho de um mendigo. Surpreso, Pellegrini refletiu sobre a ironia da situação - John, o homem que o salvara, agora parecia estar envolvido numa trama para incriminá-lo. No entanto, John estava prestes a chegar para uma visita médica que, sem dúvida, se transformaria num inesperado interrogatório jardinístico.
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