Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

ventisette

Luglio
(Julho)
Anabela Coppola

"Luna está atrasada, muito atrasada.

Combinamos de nos encontrar no seu restaurante de comida mexicana preferido na mesma rua da universidade às sete horas para comemorar seu aniversário. O lugar está vazio, normalmente quem vem aqui são os estudantes da universidade, mas hoje é o dia do baile, e todos ou estão em algum lugar fazendo o cabelo ou no quarto se arrumando para o baile que começará às dez.

Eu fui a única convidada de Luna, já que não tem outras amigas com que se importe, palavras dela, não minhas, mas já se passa das oito e nem sinal dela, além disso, ela não atende o celular e nem visualiza minhas mensagens.

Desistindo de ligar, finalizo a ligação, deixo algumas notas de dinheiro em cima da mesa, pego seu presente e vou para o lado de fora, respiro fundo encarando o rochedo a alguns metros de distância que terei que subir a pé.

Levo mais de uma hora para chegar até o prédio Locuste, ofegando pra caralho, entro no prédio, não me preocupando em olhar melhor para saber onde devo ir, já que as estruturas de todos os prédios das casas parecem serem iguais. Enquanto vou até o fim do corredor, passo por vários casais vestidos formalmente para o baile que terá início em poucas horas.

Subo as escadas até o terceiro andar, onde Luna disse ser o seu quarto e assim que chego, vou em direção ao quarto número trinta. Paro em frente à porta e bato nela com o punho, estranhando todo o silêncio vindo de lá de dentro. Sem nenhuma resposta, bato outra vez e quando não responde, me atrevo a girar a maçaneta, estranhando ao encontrá-la aberta.

Empurro a porta, a escuridão e o silêncio do quarto me atingindo, então tateio a parede ao meu lado, em busca do interruptor. Assim que o acho, aperto-o e um grito sai de minha garganta, o presente caindo no chão.

Luna está no chão, deitada de lado, ao seu lado, há alguns comprimidos suspeitos e vejo um pó escuro brilhante no meio deles. Portas se abrem pelo corredor e passos se aproximam, consequência do meu grito, sem desviar o olhar do corpo imóvel de Luna, pego meu celular e ligo para a polícia."

Novembre
(Novembro)

Abro os olhos em um rompante quando o ônibus para e a pessoa ao meu lado se levanta. Olho ao redor, e respiro aliviada por estar no ônibus que finalmente chegou a Ammou, e não no maldito dia de julho.

Levanto do banco e coloco a mochila onde guardei alguns documentos e outros pertences, em minhas costas, pego os saltos que deixei no chão ao calçar o único tênis que coloquei na mochila, coloco o celular no bolso lateral dela e desço do ônibus.

Todos me olham estranho desde que entrei no ônibus após Matteo me deixar na rodoviária, não os julgo, não é todo dia que se vê uma garota em um vestido de baile entrando em um ônibus de viagem. O sol já brilha no horizonte, o que significa que viajei durante toda a madrugada, mas finalmente cheguei em casa. A palavra soa estranha em minha boca.

Caminho alguns quarteirões, até chegar a um ponto de ônibus que para na rua de casa, felizmente sempre deixo algum dinheiro na capinha do celular para situações de emergência como essa. Dou sinal quando vejo o ônibus certo se aproximando, o motorista para, e assim que abre as portas e me vê, me olha confuso, é amigo, você não é o único. Entro no ônibus, felizmente quase vazio, pago minha passagem e assim que sento em um banco, decido tomar coragem e ligar o celular que desliguei assim que Matteo me deu.

Assim que o aparelho ganha vida, ele começa a vibrar com inúmeras notificações, passo o dedo por cima delas, vejo mensagens de todos: Francesca pergunta o que aconteceu, e em outra mensagem, ela explica:

"Cheguei à casa dos Bianchis e encontrei Dean jogando coisas na parede de raiva, o que aconteceu? "

Em seguida, ela manda uma que me faz sorrir:

"Soube o que houve, tentei chutar o saco de Dean, mas Ettore me impediu, mas não se preocupe, chutei o de Dante, aqueles mentirosos filhos da -muitos palavrões-, só espero que esteja bem, estou com você. Dei seu número para Matteo, espero que não se importe ;). "

Dante me ligou trinta vezes, me surpreendo ao ver o número de Pietro por aqui também, que só reconheço pela foto de perfil do aplicativo, Martina pergunta entre palavrões e um, pasmem, pedido de desculpas, onde estou. Então vejo uma única mensagem de Dean no meio de outros números desconhecidos, penso em clicar para abrir, mas assim que leio "me deixe explicar melhor" no começo da frase, eu a apago sem pensar duas vezes.

Vejo uma de Kaori, de poucos minutos atrás, perguntando porque eu não dormi no dormitório, e desejo mais do que nunca minha melhor amiga, desejo desabafar e que ela me console, mas então, eu caio na real e a ignoro.

Assim que esvazio as notificações recentes, me deparo com uma mensagem de Letitia de horas antes do baile e de sua... engulo em seco, meu dedo vacilando antes de abrir a mensagem:

"Eu não tenho coragem de falar isso na sua cara, mas... Me desculpe por ter sido escrota com você, adoraria que tivéssemos sido amigas antes"

"Odeio falar essa palavra, mas obrigada por me ajudar, você me mostrou que não devemos deixar de confiar nas pessoas por causa da idiotice de algumas"

"Argh, é difícil ser uma boa garota"

A última, me faz revirar os olhos e abrir um pequeno sorriso:

"Aposto que Dean vai babar quando te ver naquele vestido."

Lágrimas escorrem pelo meu rosto, e eu seguro os soluços para não chamar ainda mais atenção, esse não é o local certo para chorar, então respiro fundo, tentando manter a calma, e passo as mãos no rosto quando vejo meu ponto se aproximando, pego os saltos, levanto e dou o sinal, hora de enfrentar o papai.

Desço do ônibus, feliz pelo ponto ser perto de casa e não precisar andar mais. Atravesso a rua silenciosa, talvez por ser manhã de domingo e finalmente, atravesso o gramado de casa.

Paro em frente à porta da casa onde sempre vivi, ela tem dois andares, toda a parte de fora é revestida por tijolinhos vermelhos e as molduras das janelas são brancas. Parece que faz anos que estive aqui, mas faz apenas meses.

Respiro fundo e ergo o dedo, tocando a campainha. Ouço o som reverberando por dentro da casa, e aguardo por alguns minutos, mas ninguém atende. Lanço um olhar para a garagem fechada, antes de me agachar e pegar a chave reserva de dentro do vazo de planta plástica. Enfio-a na fechadura e abro a porta, entrando em casa.

— P-pai? – A palavra soa amarga em meus lábios.

Fecho a porta atrás de mim e me encosto contra ela, encarando a sala vazia. Há apenas um sofá preto, um tapete e uma televisão pendurada à parede, como sempre, a cozinha, ao contrário, está lotada de caixas e embalagens de comida vazias no meio de garrafas também vazias. Faço careta com aquela nojeira toda e vou em direção as escadas.

— Alguém?

Sem nenhuma resposta, paro no caminho e encaro os porta-retratos na parede. São quatro no total: um de mim quando bebê, outro quando criança, outro quando aprendi a dirigir e por último, eu e meu pai no meu aniversário de dezoito anos. Pergunto-me se antes havia fotos de minha mãe e de meu irmão aqui.

Termino de subir as escadas e estou a caminho do meu quarto quando olho para o teto acima de mim, encontrando o antigo sótão, o que nunca tive permissão para entrar e meu pai o trancou com cadeado. É uma pena ele não estar aqui agora e eu saber onde está a chave.

Jogo meus saltos e mochila no chão e mudo de trajeto, entrando no terceiro e último cômodo da casa: o escritório. O local está limpo e arrumado, então encontro as chaves com facilidade onde ele sempre escondeu e sempre pensou que eu não soubesse onde estava: dentro de um dos livros em sua estante.

Saio do local para o corredor, puxo a escada presa ao teto e subo nela, demorando mais do que queria por causa do vestido, mas não irei perder tempo de me trocar quando ele pode chegar a qualquer momento, então abro o cadeado prateado com a chave, empurro a madeira para cima e entro no lugar. Eu sempre tive medo de sótãos, e esse foi um dos principais motivos de eu nunca querer entrar aqui, apesar da curiosidade.

O local felizmente é bem iluminado por uma janela no teto, então consigo analisar o local e me espanto ao ver tantas caixas empilhadas. Abro à primeira mais próxima de mim e quase caio sentada ao encontrar roupas que, claramente, não são minhas ali, são de minha mãe, e eu desejo ficar mais e tentar sentir o seu cheiro nelas, mas preciso abrir as outras logo, antes que ele chegue. Pego um par de luvas que está por cima e as coloco dentro do bojo do sutiã.

Abro outras três, encontrando mais roupas, na quarta, porém, encontro álbuns de fotos. Abro o de cima e quase choro quando a primeira que encontro, é de um bebê no colo de uma mulher loira de incríveis olhos azuis, sou eu. Na outra página, vejo dois bebês juntos e então na próxima página, meus olhos se arregalam, é da festa de trinta anos de meu pai. Ele está assoprando a vela posta em cima do bolo enquanto minha mãe está olhando brava para um garoto que tenta passar glacê em minha cara. Matteo. Passo as páginas com mais rapidez, tentando encontrar alguma outra foto com ele, mas não encontro nenhuma.

— Merda. – Devolvo o álbum ao local, não sem antes pegar algumas fotos para mim, e quando estou prestes a fechar a caixa, vejo uma foto solta no meio dos álbuns. Pego a foto e caio para trás, sentada no chão ao reconhecer quem está nela – Que merda uma foto do pai do Dean faz aqui?

O homem na foto é o mesmo que vi naquela foto no quarto de Dean. A foto é em preto e branco, e é de sua época da adolescência, eu poderia facilmente dizer que essa foto é uma foto atual de Dean, se não fosse por algumas pequenas diferenças físicas. Viro a fotografia, a foto é do álbum de formatura que vi uma vez no quarto de meu pai, do mesmo colégio em que ele conheceu minha mãe e aparentemente o pai de Dante também, a data é do mesmo ano de suas formaturas.

Minha cabeça vai explodir.

Deixo tudo no porão no mesmo lugar de antes, exceto por alguns objetos que levo comigo, e após voltar a esconder a chave no escritório, entro no banheiro para tomar um banho de longos minutos, finalmente me livrando daquele vestido azul. Tive vontade de queimá-lo para esquecer o dia de merda que tive, mas desisti ao lembrar que Letitia havia escolhido ele a dedo.

Ainda de toalha e com o vestido em um dos braços, pego a mochila que larguei no corredor para levar para dentro do meu quarto. Encosto-me no batente da porta, analisando o meu antigo quarto: as paredes são brancas, com exceção da que tem a minha cama de solteiro encostada nela, que é cinza escuro, ainda nessa parede, ao redor da janela, há alguns quadros e pôsteres de bandas e artista que eu escutava quase todo o dia antes, acho que eu nunca mais os ouvi desde que entrei na SMD. Em frente à cama, na mesma parede da porta, está pendurada uma pequena TV e embaixo dela a escrivaninha que passei noites em claro estudando, na parede a esquerda um armário preto.

Jogo as coisas de dentro da mochila em cima da cama e coloco meu vestido dentro, para levar para a lavanderia depois e lavarem a seco.

Pego minha escova de cabelo de cima da cama e penteio o cabelo, que dei pouca atenção nos últimos meses e está em um estado deplorável.

Abro o armário e junto com as peças intimas, pego uma calça cinza de moletom e uma regata preta. Depois de as vestir, tiro as coisas de cima da cama e coloco em cima da escrivaninha, a luva e as fotos que peguei no sótão coloco dentro da mochila. Por último, coloco meu celular para carregar em cima da escrivaninha e me jogo na cama.

Meu corpo chora de alivio, estou cansada pra caralho, tanto física quanto mentalmente, mas ainda assim, minha mente trabalha a mil por hora, repassando tudo o que aconteceu:

Letitia foi mais uma vítima, Matteo e eu somos irmãos, os Bianchis são inocentes, mas mentirosos, principalmente Dean, e provavelmente meu pai também está incluso nesse grupo. Solto um riso sarcástico. Todos em quem confiava mentiram para mim: Zach, Kaori, meu pai e até minha mãe por um ponto de vista. Eu não tenho mais ninguém em quem confiar, na verdade, talvez nem em mim mesma.

Viro em direção a parede, tentando achar uma posição mais confortável para dormir, mas acabo encarando o pequeno mural de fotos pendurados nessa parede. Encaro uma foto de Kaori e eu no último dia de aulas do ensino médio, nós duas sorrimos para a foto, que lembro que foi Zach quem tirou, nossos olhos estão vermelhos por ter chorado de alegria por termos passado na universidade, mas tristeza por termos que nos separar.

Solto um suspiro e fecho os olhos, caindo em um sono recheado de lembranças de meu primeiro dia em Suvellié:

Maggio
(Maio)

"Eu não poderia afirmar se a decisão de vir para a SMD fora a melhor de todas, mas foi à melhor do momento.

Meu pai estava insuportável, temia que eu fosse atrás da família de minha mãe, de novo, e por isso, estava pegando muito no meu pé, chegava até a me levar e buscar na universidade. Então, quando Kaori mencionou sobre as novas bolsas que a SMD abriu no trimestre passado, eu não hesitei em me inscrever, assim me livraria da constante pressão em mim, e teria Kaori e Zach comigo, como nos velhos tempos.

Kaori me busca empolgada na rodoviária e me abraça com força antes de eu sequer terminar de descer os degraus do ônibus.

— Me desculpa – Ela se afasta e me ajuda com as malas. – Eu só estou tão empolgada.

— Eu também. – Tento retribuir seu sorriso animado, mas meu mau humor me impede,

Zach não está aqui e meu pai não me deixou partir sem antes dar um chilique de como o avisei que iria embora literalmente minutos antes de ir para a rodoviária.

Vamos em direção ao seu carro, seu presente de aniversário de bem vinda à vida adulta. O meu fora um conjunto de canivetes.

— Já estou vendo – Ela abre o porta malas, e colocamos as malas lá dentro. – Seu pai?

— Ele se colocou na frente do ônibus para me impedir de vir – Ela gargalha, enquanto damos a volta e entramos no carro. Assim que ela sai do estacionamento da pequena rodoviária, volto a falar. – Pensei que Zach viria com você.

— Ah – Ela dá de ombros – Sendo sincera, não falo com ele desde a festa de boas-vindas. – Franzo o cenho.

— Tá falando sério? Ele me falou que passa muito tempo com você, por isso às vezes não me retorna as ligações. – Ela me lança um olhar nervoso.

— Ele passa muito tempo ocupado sim, mas não comigo – Ergo as sobrancelhas – Ele só... tem muitos amigos – Desfranzo o cenho – E amigas. – Volta a franzir.

— Amigas...? – Pergunto incerta. – Só amigas?

— Eu nunca o vi passar disso. – Ergue as mãos em defesa.

Assim que o carro passa pelo portão da SMD, consigo ver os cinco prédios da universidade surgir ao longe, há alunos lotando a grama por onde passamos.

Distraio-me com toda a multidão, e quando vejo, Kaori já estacionou o carro e abre a porta para sair. A imito, e assim que olho em sua direção, vejo o prédio com uma grande bandeira verde atrás dela.

— Pensei que a cor da Sciame fosse laranja. – Ela faz careta.

— Sobre isso...

E foi assim que eu discuti com Kaori sobre ela ter ocultado de mim que os prédios da Sciame estavam lotados e fomos realocadas para outro prédio.

No dia seguinte, Kaori se atrasou para a aula, então tive que procurar a sala sozinha, pelo menos todas elas se encontram em um prédio só. Olho para o papel, e olho ao redor, tentando localizar a sala, mas elas parecem ser enumeradas fora de ordem, então, vejo um grupo de garotos com jaquetas de couro parados em frente a uma das salas e me aproximo para tirar dúvida.

— Com licença – Peço – Poderiam me informar onde fica essa sala? – Mostro o papel para o dá ponta da direita, que olha para ele, enquanto o resto olha para mim.

— Gracinha, aluna nova? 

— Sim? – Respondo em dúvida, o que os fazem rir.

— É no terceiro andar, segundo corredor à esquerda – O que olhava o papel responde – Pode pegar o elevador ali – Aponta para onde um amontoado de gente está na frente .– Mas eu aconselho pegar a escada.

— Obrigada. – Sorrio agradecida e aliviada. Antes que eu possa ir, outro deles volta a falar.

— Qual é seu nome gatinha?

— Não te interessa – Uma voz me interrompe, junto a um braço passando pelos meus ombros. Reconheço o perfume de Zach na hora, e meus olhos brilham em sua direção, finalmente o vendo sem ser por vídeo chamada por um ano – Vem, eu te levo lá – Zach me puxa para longe dos garotos, que zombam dele. Assim que passamos pela porta que nos leva para as escadas, incrivelmente vazias, ele para e me vira para si pelos ombros. – Que merda você estava falando com aqueles caras?

— Desculpe? – Ergo as sobrancelhas. – Eu só estava pedindo informações.

— E tinha que ser justo com eles? – Reviro os olhos, é assim que ele me recebe depois de tanto tempo?

— Talvez eu não tivesse que pedir se meu namorado tivesse ido me buscar na rodoviária, ou no dormitório, ou pelo menos respondido minhas mensagens. – Zach estrala os dedos das mãos, e só então eu reparo na sua jaqueta do time que cobre seu corpo. Ele está mais alto, seus cabelos receberam um novo corte e ele parece estar mais forte também, no geral, ainda mais bonito.

— Desculpe, eu tive treino ontem e dormi o dia todo.

— Tudo bem – Respiro fundo e faço um bico – Eu só queria receber minhas boas-vindas. – Ele sorri, suas mãos passam pela minha cintura, e seus lábios envolvem os meus em um beijo tão rápido que mal sinto o gosto.

— Seja bem vinda – Ele deixa um beijo na minha bochecha antes de se afastar, incrivelmente sério. – Agora falando sério, se mantém afastada daqueles caras e de todos os outros de jaqueta de couro.

—Jaquetas de couro? – Dou uma risada. – Eles têm o que? Um clube?

— Pior, mas isso não importa, só se mantém afastada deles, eles são problema. – Penso em resmungar e pedir mais detalhes, mas um sinal soa entre nós, e eu desisto.

— Ok, agora pode me levar para a sala, por favor?

— Tudo para a garota mais linda de Piena.

Assim que entro na sala número 185, todos os olhos presentes caem em mim. Penso que estou atrasada, mas quando não vejo nenhum professor na sala, confirmo que é apenas porque sou carne nova no pedaço.

Subo as escadas até algumas cadeiras vazias ao fundo, mas a maioria, quando passo, não me manda um olhar muito convidativo.

— Ei – Escuto um chamado a esquerda, e quando olho, vejo uma garota – Pode sentar aqui se quiser.

Sigo em sua direção, e quando sento na cadeira ao seu lado, a garota sorri empolgada. Seus cabelos castanhos são curtos, na altura dos ombros, seus olhos são grandes e castanhos e completam os traços delicados de seu rosto.

— Sou Luna Di Angelo, e você? – Ela me estica a mão, a qual reparo em um anel azul em um de seus dedos.

— Anabela Coppola. – Aperto sua mão, estranhando me apresentar com meu sobrenome.

— Anabela, prazer em te conhecer – Ela sorri ainda mais, se é que é possível – Espero que sejamos amigas, não aguento mais fazer os trabalhos sozinha. – Ela ri, e eu a acompanho, gostando dela na hora."

Acordo quando ouço a porta lá embaixo se fechando. Respiro fundo e me levanto da cama, calço minhas pantufas e vou até a escrivaninha, onde vejo que passou apenas duas horas desde que dormi.

Tiro o carregador da tomada e não sei porque, o coloco na mochila. Ouço a voz do meu pai xingando no andar de baixo, então pego a mochila e desço as escadas a tempo de ver o Senhor Coppola tirando o quadro da sala da parede para pegar sua arma que fica escondida em um cofre ali atrás.

— Sou só eu. – Meu pai dá um pulo, larga o quadro, que cai no chão com um baque surdo e me encara.

Ele parece... acabado. Há manchas escuras em baixo de seus olhos, rugas, que não estavam antes tão visíveis, agora posso ver a metros de distância, seu rosto está mais magro, deixando os ossos visíveis, ele parece ter envelhecido dez anos em apenas um.

— Porra bambina – Ele resmunga, se abaixando para pegar o quadro – Pensei que fosse um maldito bandido – Estralo os dedos das mãos, ansiosa para confrontá-lo – Espere – Ele para a caminho de pendurar o quadro e volta e se vira para mim – O que faz aqui tão cedo? Pensei que só a veria na próxima semana, e como veio para cá? Kaori lhe deu uma carona? – Ele deixa o quadro em cima do sofá e aguarda eu falar.

— Algumas coisas aconteceram – Passo a mão esquerda no meu braço direito – E gostaria, melhor – Me corrijo – Preciso conversar sobre elas.

— Certo – Seu semblante se fecha, adquirindo o mesmo rosto de quando tratava de algum de seus casos na polícia, principalmente ao ver minha mochila – Diga. – Ele cruza os braços e aguarda, tenho vontade de abraçá-lo antes disso, por não o ver a meses, mas sei que ele acharia estranho, nunca fomos muito de contato físico.

Respiro fundo, tomando coragem, penso em ir direto ao ponto, mas tenho receio de assustá-lo nessas condições, se não fosse tão urgente, eu o deixaria descansar primeiro.

— Como a mamãe morreu? – Ele franze a testa, confuso com o assunto, e desvia o olhar. Ele sempre afirmou que ela morreu, mas nunca como.

— Por que está me perguntando isso?

— Responda primeiro. – Ele entrefecha os olhos, mas sabe que assim como ele, não sou de desistir. Ele então respira fundo e encosta o ombro na parede ao seu lado.

— Ela... saiu de casa após aquela festa e nunca mais voltou.

— Seu carro bateu? – Ergo a sobrancelha.

— Sim.

— E ela estava sozinha? – Ele tem um semblante confuso.

— Com quem mais ela estaria?

— Sabe – Olho ao redor. – Eu sempre estranhei essa casa ter três quartos, para que você iria querer ter um escritório aqui sendo que tudo seu ficava na delegacia?

— Sempre trouxe meu trabalho para casa. – Ele fecha a cara, sabendo que isso é um interrogatório.

— E sempre os resolvia na mesa da cozinha. – Ele então bufa e se desencosta da parede.

— Aonde você quer chegar Anabela Coppola?

— Você não tem nada para me dizer? – Entrefecho os olhos, pedindo silenciosamente para ele ser sincero.

— O que eu poderia ter? – Grunho frustrada.

— Que tal o fato de eu ter um irmão?

Meu pai nunca foi bronzeado, nunca ia à praia pegar sol ou saia na rua para caminhar, então, fico surpresa ao o ver ficar mais branco do que já é, como jamais vi.

— De onde tirou isso? – Solto um riso de escárnio.

— Não me venha com essa, pare de mentir para mim, não me decepcione ainda mais. – Seu rosto recupera a cor, passando a se tornar vermelho.

— Como descobriu?

— Adivinha? Acontece que venho estudando na mesma faculdade de meu querido irmão desde maio – Começo a andar pelo pequeno espaço entre as escadas e a porta de entrada – E todos pareciam saber disso, menos eu e ele – Paro, respiro fundo e o encaro furiosa – Como pode me esconder isso? – Surpreendentemente, ele revira os olhos em zombaria.

— Foi o melhor para você.

— O melhor para mim? – Pergunto, a boca aberta em choque – Tá me zoando? – Ele pega o quadro de cima do sofá, e com a maior calma do mundo, volta a o pendurar na parede. Ignorando-me, ele passa a se aproximar, seu caminho em direção às escadas, ele quer fingir que nada disso está acontecendo? – E o fato de ter escondido de mim que por todos esses anos minha mãe estava viva? – Ele para de andar, e então, como em câmera lenta, se vira para mim, acho que nunca vi meu pai tão furioso em toda a minha vida.

— O que você disse?

— Você escondeu de mim que minha mãe estava viva e que eu tinha a porra de um irmão. – Minha voz soa alta, quase gritando. Meu pai se vira com raiva em minha direção, as veias em seu pescoço pulsando.

— Eu já falei para não dizer o nome dela nesta casa.

— Foda-se isso – Devolvo com o mesmo tom feroz que ele – Tá na hora de crescer pai, crescer e aceitar que a mamãe te deixou, então pare de agir como uma criança sobre isso. – Grito a última parte e após isso, só resta o silêncio na sala.

Meu pai e eu nos encaramos em silêncio por longos minutos, e eu quase me arrependo pelo tom que usei com ele, no final de tudo, ele é meu pai, meu pai que me enganou e mentiu para mim durante anos, a pessoa que eu mais deveria confiar nesse mundo todo, mentiu para mim a vida toda.

Depois de minutos, ele respira fundo e torna a falar:

— Sua mãe nos abandonou.

— Nos? – Pergunto, mas ele ignora.

— Nos deixou após eu não aceitar mais aquele garoto bastardo nesta casa. – Franzo o cenho.

— O que?

— Oh, não lhe contaram essa parte? – Ele abre um sorriso de divertimento que me gera ânsia de vomito, eu odeio esse lado dele, esse lado que nunca fora direcionado para mim. – Aquele garoto não era meu filho, ela engravidou de um traficante de merda, fingiu que o filho era meu para que nos casássemos e mante-se a criança segura.

— Traficante? – Teorias circulam em minha cabeça, então minhas costas parecem queimar. – Bianchi?

— Daniel Bianchi – Ele trinca o maxilar. – Quando descobri, queria ela e o garoto o mais longe possível daqui.

— Você não a amava? – Sinto minha garganta fechar, mas respiro fundo e continuo. – Você não o amava?

— Sim – Ele assente, tão discreto que poderia dizer que foi tudo fruto da minha imaginação – Mas eu temi por você, temi que esse cara nos visitasse algum dia e isso prejudicasse você, eu fiz isso para te proteger. – Solto uma risada, negando com a cabeça e me afastando dele.

— Me proteger? Você sabe o quão merda foi para mim viver sem ter uma figura materna? Ter que lidar com você a um passo de virar um alcóolatra? Quando eu era só uma criança? – Seguro as lágrimas, cansada de chorar por esse assunto; – Eu entendo o fato de você querer me proteger, mas você tinha que ter me contado, me dado o direito de escolha.

— Você só tinha cinco anos. – Argumenta.

— Eu não tive sempre cinco anos – Rebato – Você tem que parar de sempre querer controlar minha vida. – Me afasto dele, me aproximando do balcão da cozinha onde encontro nossa caixinha de dinheiro de emergência.

— O que está fazendo? – Ele pergunta, me seguindo com o olhar.

— Indo embora. – Pego algumas notas de dinheiro.

— O que? – Ele se aproxima, mas quando o olho como nunca olhei antes, com mágoa e raiva, ele para. – Para onde?

— Minha família materna – Visto meu casaco pendurado no cabideiro ao lado da porta de entrada, nem sei como ele continua aqui após tantos meses.

— Você não... – O interrompo:

— E se você me impedir ou fizer qualquer coisa contra isso, eu juro pai, que não voltarei a pisar nessa casa – Afirmo em tom sério, olhando em seus olhos marejados – Não me decepcione ainda mais – Com um aceno afirmativo de sua cabeça, eu me viro, mas então, decido contar-lhe a terrível novidade. Olho para si por sobre o ombro – E adivinhe? Eu já tô envolvida com esses caras. - Então saio de casa, ou o que costumava ser.

NOTAS FINAIS
Nesses próximos capítulos irão saber mais sobre a família da Ana e do Dean também, mas logo logo a SMD está de volta e junto com ela uma personagem que alguns estavam ansiosos para ver...
É isso meus amores, até as 21hrs.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro