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venticinque

Domenica

Entro no shopping, se é que pode chamar assim por causa de seu tamanho pequeno, e vou em direção a praça de alimentação. São apenas dez da manhã, mas Francesca já encheu meu celular de fotos de vestidos e mensagens empolgadas desde às seis, eu realmente não sei como essas garotas conseguiram meu número.

O ponto de encontro é No único quiosque de sorvete do local, e quando entro na praça de alimentação, me surpreendo ao já encontrar as três garotas me esperando. Francesca, Martina e Letitia olham impacientes para mim assim que chego perto delas.

— Finalmente – Martina suspira e joga no lixo o papel que antes devia envolver uma casquinha, às oito da manhã. – Podemos começar.

— Eu nem tomei café. – Resmungo descontente, mas apenas Martina revira os olhos.

— Eu falei para virmos mais cedo.

— Mais? – Fran resmunga e apoia seu braço em meu ombro, a lã de seu casaco grosso faz cocegas em meu pescoço.

— Pensei que iriamos para a cidade vizinha – Letitia comenta, enquanto lambe o dedo sujo de chocolate, o que gera uma cara de nojo em nós três. – Vai ser difícil achar algo bom nesse shopping.

— Pensei que tinha se convidado porque conhece o lugar perfeito para comprarmos os vestidos. – Fran resmunga para Letitia.

— E conheço. – Letitia sorri, limpa os dedos com um guardanapo e após jogar no lixo, se vira para nós, empolgada.

Fico feliz por ela aparentemente estar bem, depois de nossa conversa no Roccia, Letitia pediu para mim a cobrir pelo resto do turno e também o de sexta feira. Pelo menos suas mensagens com mais roupas de bebês continuaram. Cara, nunca pensei que ficaria feliz com elas.

— Se preparem para o melhor dia da vida de vocês. – A loira sai saltitante na frente, nos restando apenas segui-la.

Foi uma porcaria. Letitia nos fez rodar todas as lojas do pequeno shopping, após Martina criticar a loja que ela considerava perfeita. Acabamos tendo que sair do shopping e andar por todas as lojas do centro até achar alguma loja que Martina gostasse.

O único ponto divertido, e eu não esperava por ele, foi quando Martina e Fran se perderam no meio dos vestidos na décima loja e eu e Letitia, fomos escondidas há uma loja de bebês do outro lado da rua. Acabei comprando um sapatinho amarelo e Letitia chorou, não sei se de emoção ou se foram só os hormônios, já que também chorou quando comprou um algodão doce.

Quando finalmente sento na cadeira de um restaurante mexicano perto da última loja, eu retomo o fôlego perdido e me seguro para não tirar meus sapatos. Meu pé lateja de dor e meu dedinho parece que vai cair.

— Isso foi horrível. – Fran fala e vira o copo de água, que já vem incluso e estava em cima da mesa, inteiro goela abaixo.

— Não reclamem, pelo menos vocês tem vestidos perfeitos. – Letitia sorri e abre o cardápio.

— Inclusive, cadê o seu vestido? – Fran pergunta, já que a única coisa que ela havia comprado foram as roupinhas que tive que esconder em minha sacola.

— Ah – Ela tossiu. – Eu não vou.

— Como assim não vai? – Martina ergue as sobrancelhas, até eu estou surpresa, já que ela já havia comprado o vestido.

— Bem... é... – Ela olha ao redor. – Cadê a garçonete?

— Tem algum problema? – Pergunto preocupada.

— Vai ser no dia do meu aniversário. – Arregalo os olhos.

— Sério?

— Mas isso é bom, você devia ir para comemorar. – Martina dá de ombros.

— Não gosto de comemorar essa data – Ela volta o olhar para o cardápio – E aconteceram algumas coisas – Ergue o olhar por breves segundos para mim. – Que me fizeram não querer ir, e não quero falar sobre isso.

— Então, o que vai fazer? – Pergunto.

— Trabalhar – Ela respira fundo e deixa o cardápio sobre a mesa. – O chefe vai me pagar hora extra no dia, e eu preciso desse dinheiro.

— Por quê? – Martina entrefecha os olhos para analisar melhor a situação. Ergo a mão, chamando a garçonete e tentando evitar o assunto.

— Boa tarde – A garçonete, uma mulher morena com cerca de quarenta anos, sorri e tira a tampa da caneta que segura. – O que vão querer?

— Um burrito com feijão, nachos com muito queijo, duas quesadillas e esse taco é muito grande? – Fran pisca, chocada com o pedido de Letitia.

— Não. – A garçonete nega.

— Então eu quero três de frango, e sem pimenta, por favor. – A mulher termina de anotar e olha para o resto de nós.

— Ah – Martina tosse – O mesmo? Podemos dividir? – Pergunta para mim e Francesca que apenas damos de ombros. – Então, o mesmo.

— Certo, bebidas? – Fizemos os pedidos e a mulher termina de anotar e sorri. – Volto já com mais água.

— Há quanto tempo você não come? – Martina pergunta assim que a garçonete se afasta. Letitia sorri afetada.

— Estou com muita fome.

— Então... – Mudo de assunto. – Esses bailes são legais?

— Muito – Fran se ajeita na cadeira, entusiasmo tomando conta de si – Normalmente fazem um a cada fim de tremeste, mas o último foi cancelado no dia porque bem... – Ajeita o cabelo – Enfim, no último que fizeram, fora antes de você chegar, na primavera, a decoração cheia de flores e folhas coloridas – Ela suspira. – Era lindo.

— Você pareceu a Letitia falando. – Martina zomba e recebe um resmungo de Letitia.

— Enfim, espero que surpreendam com o tema.

— Difícil superar o da primavera

— É, da última vez foi uma merda.

— O que aconteceu da última vez? – Pergunto.

— Uma Sciame foi encontrada morta no banheiro do baile. – Letitia fala, fazendo um silêncio desconfortável surgir.

— Foi a terceira morte por overdose no campus – Martina emenda.

— Espera, terceira? – Arqueio as sobrancelhas, surpresa. Eu sei que antes de Luna houve outra garota, uma Corvi, seu rosto estava estampado quando cheguei, mas antes dela houve outras mortes?

— Não foi a primeira? – Fran pergunta.

— Não, a primeira foi a líder de torcida – Letitia explica e meu olhar desvia de uma para a outra, em confusão.

— Calma, líder de torcida? – Pergunto – O time não tem lideres de torcida.

— Por isso – Letitia explica – A capitã do time de torcida morreu durante a festa de aniversário dela por overdose, ela era filha de um dos donos da SMD, e quando soube o tanto de drogas que foi encontrada na festa e que alguém fofocou que todas as lideres eram viciadas – Letitia revira os olhos. – Ele acabou com o time.

— E ainda fodeu todos os Corvis – Martina revira os olhos. – A gente nem vendeu drogas para aquela patricinha.

— Ei, ela era minha capitã – Letitia franze o nariz – Apesar de ser insuportável, mas foi uma merda a morte dela, eu até repeti de ano porque os pontos que recebia por ser lider de torcida acabaram – Olho para ela, surpresa. – E não, nem todas eram viciadas.

Queria fazer mais perguntas, mas a comida chega e eu engulo em seco ao ver todas atacarem e mudarem de assunto. Pelo menos quatro garotas morreram por overdose, isso não pode ser uma coincidência, e se os Ghostins forem responsáveis - se, por causa do comentário de Martina -, nenhuma delas falará algo, mas eu sei onde poderei encontrar alguma informação.

Mercoledi

Eu perguntei pelo campus sobre as garotas que morreram nos outros trimestres, mas todas as vezes, as pessoas me olhavam como se eu fosse louca e se afastavam, sem me responder. Eu não soube dizer se era medo, ou se realmente não sabiam de nada. Por isso, na quarta-feira, sai da SMD e fui direto a biblioteca.

O jornal da SMD é o mesmo de toda Suvellié, e se algo foi noticiado, deve estar na biblioteca, já que não encontrei nada nos sites.

Abro a porta da biblioteca, agradecida pelo ar quente que vem de lá de dentro, em minha pressa, esqueci de pegar um casaco. O local está praticamente vazio, apenas algumas pessoas usam a área de computadores, o que é compreensivo, após as provas e até sair às notas, ninguém pisará aqui tão cedo. Sorrio para a bibliotecária e sigo para o local menos visitado da biblioteca: onde estão as prateleiras com os jornais da faculdade.

Paro nos jornais do ano passado e procuro os de novembro, quando o último baile de outono ocorreu, quando os encontro, os folheio, procurando algo como "aluna da SMD morre", "aluna da universidade SMD morre por overdose", ou qualquer outra coisa do tipo, mas não encontro nada.  Como isso é possível? Olho para a próxima prateleira, onde ficam os jornais mais recentes. Folheio os de julho desse ano, procurando algo sobre a morte de Luna, mas não encontro nada também.

Saio do corredor das prateleiras de jornais correndo e vou em direção ao balcão na entrada, onde a bibliotecária fica.

— Com licença – A senhora, que tinha a atenção presa a um livro em suas mãos, ergue a cabeça – Todos os jornais da faculdade estão ali? – Aponto para as cinco grandes prateleiras que abrangem todos os jornais desde que SMD passou aos produzir.

— Sim – Ela assente. Seria mais fácil se o jornal publicasse na internet as notícias, mas eles são tradicionais. – Procura algo?

— Na verdade, sim – Me aproximo mais de si – Procuro alguma reportagem sobre as mortes no campus – A mulher arregala os olhos por trás dos óculos. – Não encontrei nada nos jornais da universidade.

— É porque não tem.

— Como assim? – Franzo o cenho. A mulher suspira, olha ao redor, e se debruça sobre o balcão, se aproximando de mim.

— Nenhum jornal, em toda essa ilha, reportou sobre as mortes.

— E porque não? – Ela dá uma risadinha.

— Porque vivemos em uma cidade que esconde segredos querida, a polícia prefere evitar que todos os descubram.

— Todos aqui sabem sobre isso.

— Todos de Suvellié, mas as outras cidades? Dificilmente. Outros países? Itália? Nada.

Engulo em seco, isso é verdade. Em Ammou, nunca havia visto nenhuma reportagem sobre as mortes, só descobri quando vim para cá. Se Ammou não sabia, imagine outros países? A polícia evitou que isso fosse publicado, a polícia que está do lado dos Ghostin,

— E você acha que é exatamente por quê? – Pergunto.

— Além de que mostraria a não eficácia da polícia? SMD perderia muito dinheiro, imagina ser conhecida mundialmente como a faculdade em que algum aluno morre a cada trimestre.

— Então em cada trimestre, alguém morre? – A senhora revira os olhos, começando a demonstrar impaciência.

— Eu entendo como vocês, jovens, gostam de investigações, mas essa cidade é cheia de segredos, segredos que nem policiais de outras cidades conseguiram resolver, então não é uma jovem curiosa que irá descobri-los – Ela suspira – Se quer meu conselho, esquece esse assunto, acredite em mim, já vi outros tentarem solucionar isso, e acabaram se ferrando.

— Se ferrando?

— Bem, tudo isso não acabou, certo? – Ela volta a pegar o livro, dando o assunto como encerrado.

Retiro as mãos de cima do balcão e me afasto, decepção tomando conta de mim. Ela está certa, policiais tentaram, outros tentaram, e mesmo que eu tenha por onde começar, não irei conseguir. Talvez seja realmente à hora de desistir disso, e rezar para que alguém experiente, algum dia, consiga resolver isso. Espero que Luna me perdoe por ter falhado, mas sozinha, eu nunca irei conseguir.

Por isso, na semana seguinte, fiz o que havia prometido:

Passei em todas as matérias com excelência, o que me deixou aliviada, já que vinha sendo uma péssima estudante nesse trimestre. Quando sexta-feira chegou, dois dias antes do baile, escrevi meu aviso de demissão e deixei em cima da mesa do chefe que quase nunca aparecia, talvez ele descubra sobre minha demissão daqui uma semana.

Fran, Letitia e Lorenzo ficaram confusos quando não levei o uniforme para lavar no final do expediente, como costumávamos fazer as sextas, e argumentaram de toda forma possível para me fazer ficar:

— Que merda de ideia é essa Anabela? – Fran me perguntou quando estávamos sozinhas.

— Eu já tenho o dinheiro para pagar Dean – Dei de ombros, evitando olhar para o salão, onde dois Ghostins conversavam com Letitia sobre a conta. – Não preciso mais desse emprego.

— E pretende se sustentar como? E aquele lance de ser independente? – Soltei um suspiro.

— Vou procurar outro emprego, só... – Olhei para o salão, especificamente para a grande mesa, agora vazia. – Preciso me afastar dessas pessoas antes que eu seja influenciada.

— Influenciada? – Ela franziu o cenho confusa – Pelo que? – Negeguei com a cabeça, não querendo explicar. Fran soltou um suspiro e me abraçou – Não vai se afastar de mim né?

— Não. – Ou talvez sim.

Lorenzo tentou me convencer com fritas grátis pelo resto da vida, mas neguei.

Domenica
giorno del ballo

Fiz minha outra tentativa no sábado: tentei falar com alguém do jornal sobre quem foram as outras pessoas que morreram, mas assim que toquei no assunto, todos fugiram, e pelo medo em seus rostos, deve ter algo a ver com o que a bibliotecária falou.

Kaori é uma possível chance, ela cuida dos arquivos do jornal, e Luna tinha uma coluna investigativa, como ela havia dito, então talvez ela possa descobrir algo. O problema seria engolir o meu orgulho, mas seria minha última tentativa.

— Vestido bonito. – Kaori comenta, quebrando o silêncio no quarto.

Desvio o olhar do espelho, onde terminava de arrumar o cabelo, e a encaro. Letitia havia escolhido aquele vestido para mim, segundo ela, azul caia bem comigo, algo sobre combinar com meus olhos. Então escolhera um vestido azul ombro a ombro, deixando o busto a mostra, as mangas esvoaçantes de um tecido quase transparente e pedrarias na parte superior. O vestido é colado até a área da cintura, onde há um pequeno cinto com as mesmas pedrarias e depois se abre em uma saia evasê, com uma fenda na área da perna direit, e vai até a altura dos tornozelos, exibindo um salto que a loira emprestara de tonalidade parecida com as das pedrarias. O vestido valia o preço, e custara um bocado, mas graças ao racha de semana passada, que só teve Dante de conhecido, consegui comprá-lo sem arrependimentos.

— Obrigada, o seu também é bonito.

Kaori está linda, vestida com um vestido cor púrpura, de modelo parecido com o meu, porém com um decote em x e até a altura dos joelhos, no pé, um salto preto, acho que essa seria a cor estranha da vez.

— Então – Ela pigarreia. Viro-me para frente e termino de usar o babyliss nas pontas do cabelo, preferindo ele solto, enquanto Kaori havia feito um coque elaborado com os fios curtos. – É o fim do trimestre.

— Sim. – Respiro fundo, sabendo onde ela quer chegar.

— Irá pagar Dean?

— Sim – Olho para ela, tomando coragem – Você havia dito que Luna tinha uma coluna investigativa. – Ela suspira.

— Você disse que ia desistir disso hoje.

— Ainda não deu meia noite.

— Sim, ela tinha.

— E você sabe sobre o que ela escrevia exatamente? – Kaori larga o rímel que passava e me encara. Ela sempre fora melhor em maquiagem do que eu, mas essa noite eu estou orgulhosa da maquiagem que fiz: base, sombra, lápis e um batom rosa claro. Simples, mas é o que eu sei fazer.

— Vá direto ao assunto.

— Tem alguma reportagem sobre as outras pessoas que morreram? – Ela desvia o olhar. – Fui à biblioteca e não achei nada.

— É porque não tem – Ela dá de ombros. – Ninguém no jornal gosta de falar sobre isso, mas...

— Mas? – incentivo.

— O último artigo dela, era uma investigação sobre as mortes.

— Ah.

Sinto um arrepio passar por todo meu corpo, e se ela for a quem a bibliotecária se referia? Luna morreu porque tentou vingar as outras garotas? Assim como eu?

— Só ah? Anabela – Kaori respira fundo – Luna pode ter morrido por estar tentando provar quem é o culpado, e se você não parar, você pode ser a próxima. – Desvio o olhar.

— Porque não me falou isso antes?

— Eu descobri alguns dias depois de termos parado de nos falar. Não tive oportunidade de te contar.

— Entendo.

— Você ainda vai desistir né?

Antes que eu possa responder, meu celular vibra em cima da cama. Levanto e o pego, encontrando uma mensagem de Dean, pedindo para encontrá-lo lá embaixo. Reviro os olhos, venho fugindo dele e de todos os outros há dias, até faltei as aulas que tinha com ele e Dante, nos meus últimos dias no RR, sempre que se aproximavam, fugia para o vestiário ou para a cozinha, cheguei até a trocar de lugar com Merlorie, tudo para que deixe de pensar nele da forma... estranha que vinha pensando.

Eu não vou mais insistir na investigação, não tenho mais para onde correr e sinceramente? O medo de ser mais uma garota da lista é maior. Prefiro entregá-lo por contrabando do que por nada, por isso, peguei a mini câmera que Kaori havia feito cópia e estava escondida no azulejo falso e coloquei dentro de um envelope, que levaria comigo quando voltar para Ammou.

Luna sabe que eu tentei o quanto pude, e sei que ela preferiria que eu me afastasse antes que algo pior aconteça, por isso também peguei a única bolsa que tenho e guardei o dinheiro de Dean lá dentro, decidida a acabar com qualquer coisa que havia entre nós, inclusive a maldita dívida.

Respondo um ok para ele e pego a bolsa em que havia guardado o dinheiro para pagá-lo.

— Não gosto que use essa palavra, mas sim, vou.

— Que bom – Ela solta um suspiro e sorri aliviada. – Agora talvez as coisas voltem a ser como era antes.

— Ainda estou chateada Kaori. – Seu sorriso murcha.

— Eu... eu não estou com Zach porque gosto dele.

—E porque está então? – Ela desvia o olhar.

— Não posso dizer. – suspiro.

— Quando puder, talvez a gente possa voltar a se falar. – Abro a porta.

— Ana...

— Kaori – Me viro para ela – Eu sempre te contei tudo, você me perguntava e eu contava, porque eu sempre confiei em você, ou confiava, e eu achava que você agia da mesma forma comigo – Ela desvia o olhar. – Não podemos voltar a ser como antes se não confiar em mim. Desculpe, mas para mim, amizade é assim.

Posso estar sendo egoísta, já que escondi algumas coisas dos Ghostins dela, mas no momento, minha cabeça não consegue lidar com isso.

Fecho a porta atrás de mim, desço as escadas e atravesso o corredor até o hall, onde me surpreendo por encontrar Dean parado lá. Dean ergue o olhar do celular e me encara, perco o ar. Dean está... porra, ele está lindo. Ele está trajando uma roupa social, o que eu nunca pensei que o veria com, apesar de simples. Ele veste um paletó preto que envolve bem seus ombros, por baixo uma blusa social branca, uma calça social e apesar de não estar com os sapatos normalmente usados nesta ocasião, ele continua bonito. Os cabelos estão arrumados em um topete no alto da cabeça, mas não vejo nada de gel, o rosto tem um pouco de barba por fazer, o que parece o deixar mais bonito. Merda, Dean Bianchi está gostoso pra porra.

— Eu sempre soube que azul é a sua cor – Pisco, desviando o olhar de seu cabelo -eu devo admitir, tenho uma queda por cabelos, e Dean definitivamente tem um cabelo lindo- e o olho nos olhos. – Você está linda.

— Eu... – Sinto meu rosto esquentar, mais um motivo para me afastar o mais rápido possível – Obrigada – Olho ao redor, pelo hall vazio, até finalmente me recuperar e voltar a o encarar. – O que você quer?

— E quebrou o encanto – Ele ri e parece tentar levar as mãos até o bolso do paletó, acostumado com a jaqueta, mas muda de caminho e as coloca no bolso da frente da calça social. – Vim lhe acompanhar até o baile.

— Lembro de ter dito-lhe de que não iria ao baile com você.

— Eu só quero te levar até a porta – Ele suspira – Esquece, foi uma ideia de merda. – Ele se vira, indo em direção a saída, mas o impeço.

— Dean – Ele para e olha-me sobre o ombro – Só até a porta – Me aproximo de si, Dean me oferece o braço – Não exagera. – Reviro os olhos.

Eu não sei porque aceitei, talvez porque esse pode ser o último dia que eu o veja solto, e uma pequena, bem pequena parte de mim, fica sentida ao imagina-lo atrás das grades. Por isso, decido que por essa noite, pela última vez, irei esquecer quem ele e seus amigos são, e aproveitar.

Dean esbraveja, mas abre a porta e me dá passagem. Passo por ela e assim que ele a fecha, começamos a caminhar lado a lado. Há vários casais e grupos de pessoas caminhando juntos em direção ao prédio principal, o baile será no ginásio, uma área coberta no último andar no prédio. Todos parecem animados e empolgados para a noite, na última semana, era o único assunto nos corredores.

— Então, foi bem nas provas?

— Vai ter que me aturar por mais um trimestre – Dá um sorriso debochado, e eu apenas reviro os olhos. – Que bolsa é essa?

— Hm? – Olho para a bolsa média que carrego – Uma bolsa? – Ele solta um riso pelo nariz.

— Você nunca usa bolsas. – Encaro-o surpresa.

— Você reparou?

— Reparo em muitas coisas.

Chegamos à entrada do prédio e nos afastamos um pouco mais, apesar de ainda lado a lado, para acompanhar a multidão de alunos que sobem as escadas. Já no corredor, nos afastamos de vez ao ter que dividir um elevador apertado com os outros até o último andar.

Eu nunca tinha ido a um baile, nem mesmo no colégio, mas a decoração deste está linda. Toda a decoração é em cores vermelha, marrom, amarelo e laranja escuro, típicas do clima. O teto está revestido com algumas luzes pequenas amarelas entre folhas do outono penduradas, se você esticar as mãos, conseguirá alcançá-las. Nas paredes, panos das cores escolhidas cobrem cada canto das paredes antes cinzas. As mesas, ao redor de uma pista de dança improvisada, redondas para oito pessoas, estão cobertas por toalhas das mesmas cores dos panos, variando entre si, e no centro, enfeites com flores. Apesar de sempre me sentir no inverno, por causa do frio, finalmente me sinto no outono, que durará até dezembro.

— Anabela! – Arregalo os olhos pelo susto, e olho em direção a voz.

Percebo que estou parada na porta de entrada, atrapalhando a passagem das pessoas, e Dean já está sentado em uma mesa com Dante, Matteo, Martina, Ettore e Francesca, que gritara por mim. Olho ao redor antes de ir até eles, e percebo que alguns Ghostins, devidamente vestidos para a ocasião, e quase não os reconheci sem as jaquetas, se enturmam com pessoas de outras casas, acho que nesses momentos, eles esquecem um pouco da rixa. Francesca me abraça quando me aproximo de si, seu vestido vermelho godê cheio de pedras a faz brilhar.

— É, a Letitia acertou na cor. – Dou um sorriso para ela e me sento na cadeira disponível, ao seu lado e ao lado de Dante

— Você está bonita – Dante comenta e eu sorrio em agradecimento. É estranho ver todos eles sem jaquetas. Matteo, a minha frente, desvia brevemente o olhar do celular, em mãos, e o ergue para mim.

— Ah... Azul combina com você

— Com você também – Me sinto constrangida ao notar que o azul da camisa social que veste por baixo do paletó, é da mesma cor do meu vestido, e consequentemente a dos nossos olhos. Matteo sorri, mesmo que tenha parecido forçado, e volta à atenção ao celular, parece que ele espera alguma mensagem importante.

— Onde está Pietro? – Pergunto para Martina. Normalmente, onde ela está, ele está junto.

—Hã... – Ela ajeita o vestido preto tomara que caia, que nos fez sofrer para ela encontra-lo – Virá mais tarde, ele está... fazendo algo importante. – Dean, ao seu lado, tosse.

— Eu tô com tanta fome – Ettore resmunga, e passa a olhar ao redor – Porque escolheram um jantar? Não poderiam fazer uma mesa de petiscos? E esse ponche? – Aponta para a única mesa montada no lugar, com uma tigela gigante de ponche – Eles sabem que todo mundo aqui é maior de idade? – Francesca revira os olhos.

— Deixe de ser insuportável – A música que tocava, antes agitada, muda para uma mais lenta – Vamos dançar. – Ettore tenta reclamar, mas Fran agarra sua mão, o tirando da cadeira e o arrastando até a pista de dança.

— Brega – Martina zomba, e dá um gole no ponche, ela então olha para a porta do salão, e ergue a sobrancelha. – Nojento.

Todos seguimos seu olhar, o que me fez virar para trás, para saber do que ela falara. Parece que todos os caras do time decidiram chegar juntos. Cerca de dez casais passam juntos pela porta, todos bem vestidos, e fico tão surpresa por não os ver com a jaqueta do time quanto fiquei por não ver os Ghostins com a jaqueta de couro, parece que no fim, eles têm bom senso. Entendo a fala de Martina assim que vejo Kaori e Zach de braços dados liderando o grupo de pessoas. Viro-me de volta para frente e noto que todos me encaram.

— O que? Eu tô suja? – Passo a mão na bochecha, o que faz Dante rir.

— Não, só... deve ser estranho. – Matteo toma a frente, e aponta para o casal estranho.

— É – Dou de ombros – Preciso de uma bebida. – Afasto a cadeira e me levanto.

— Daquele ponche? – Martina faz careta.

— É o que tem.

— Finalmente – Dante suspira, vendo garçons começarem a surgir com pratos de comida – Senta essa bunda ai morena, e se encha de comida, com certeza deve estar melhor que aquele ponche.

Uma hora depois, eu estou de barriga cheia. Acabei seguindo o conselho de Dante, e fiquei feliz por todos me acompanharem e não fazerem mais perguntas. Na verdade, estava tudo sendo agradável até agora, parecíamos apenas um grupo de universitários curtindo um baile, fofocando sobre as roupas dos outros e criticando a música que tocava. Fora divertido.

Encaro a bolsa em meu colo, onde trouxe o dinheiro para pagar Dean. Eu espero que em algum momento algo seja descoberto, se não, quando eu tiver mais experiência em direito e conhecer pessoas que me ajudem a solucionar isso, eu poderei vingar Luna no futuro. Só... não agora.

— Quer dançar? – Dean perguntou tão baixo que quase não ouvi.

— O que? – Ergo minha cabeça e o encaro. Somos os únicos na mesa. Ettore e Francesca voltaram para a pista de dança após o jantar, Dante fora atrás de uma garota loira e Matteo e Martina apenas saíram, dizendo que precisavam resolver algumas coisas.

— Dançar. – Ele repete, em tom mais alto, mas sem conseguir me encarar diretamente.

— Hã... – Olho para a pista de dança, começara a tocar uma música lenta e vários casais já tomam conta do local – Eu...

— Deixa. – Ele resmunga e cruza os braços, olhando para as flores na mesa, como um garotinho emburrado. Curta a noite Anabela, só curta a noite.

— Eu... não sei dançar. – Seu olhar volta para mim.

— Nem eu – Ele leva a mão à nuca, coçando-a. Reparei que ele faz isso toda vez que a vergonha toma conta de si – Mas não deve ser tão difícil – Ele se levanta, dá a volta na mesa até parar ao meu lado e oferecer-me a mão – Vamos?

Respiro fundo e aceito a sua mão. Assim que nossas mãos se tocaram, sinto uma corrente de eletricidade passar pelo meu corpo, Dean parece ter sentido algo parecido, já que desvia o olhar. Suspiro, afasto a cadeira e levanto-me, colocando a bolsa em cima dela. Dean nos leva até a lateral da pista de dança, a parte mais vazia e olha os casais ao nosso redor.

— Ok – Ele respira fundo e solta minha mão da sua, levando ambas as mãos para minha cintura. Péssima ideia, dançar nos deixará extremamente próximos – Você tem que colocar as mãos...  – Aponta para seus ombros.

— Claro claro – Pigarreio, mas ergo os braços, entrelaçando minhas mãos em seu pescoço. Dean começa a balançar-se para lá e para cá, e eu apenas o imito.

— Tá se divertindo? – Puxa assunto, me fazendo desviar o olhar da banda tocando no palco improvisado, para si. Seu rosto está muito próximo.

— Nada mal para o primeiro baile. – Ele ergue as sobrancelha.s

— Primeiro? Não teve baile no colegial?

— Até tive, mas ninguém me convidou – Dou de ombros. – Então...

— Pensei que você namorava.

— E namorava, mas no dia o panaca do meu ex teve um jogo que garantiria sua vaga aqui, e eu não quis ir sozinha.

— No seu baile de formatura? – Dou de ombros.

— Não era como se alguém fosse lá me ver pegar o diploma.

Não é mentira. Meu pai, naquela época, havia sido dispensado do cargo na policia por sua instabilidade emocional, então passava o dia todo em casa resmungando e enchendo a cara, e bem, eu nunca fui próxima de minha família, então ninguém iria de qualquer forma.

— Entendo, meu pai nunca fora muito presente.

— E mesmo assim aceitou assumir o cargo?

— Pensei que ficaríamos mais próximo – Ele respira fundo. – Os GG's fazem outras coisas além da SMD, porém, como eu iria estudar aqui, ele passou essa parte para mim.

— E funcionou? Ficaram próximos?

— Por um tempo.

— E agora?

— Ele morreu no começo do ano – Arregalo os olhos, tanto pela fala quanto pelo modo que ele disse, como se falasse sobre o tempo. – Por que pediu demissão do RR?

— Eu... – Sou bruscamente interrompida pelos outros.

A música lenta para de tocar, sendo trocada para uma mais animada, e o restante dos que estavam sentados em nossa mesa, voltam a aparecer, ocupando a mesa redonda ao saberem que terá sobremesa. Nem Martina nem Matteo estão entre eles, mas Pietro sim. Tento me acalmar após esse momento, e volto a sentar-me à mesa, junto com Dean e os demais. Dean senta no lugar que antes era de Fran, porcaria.

— Não sabia que dançava. – Dante zomba Dean.

— Cala a boca. – Dean resmunga.

— Dean! – Martina chega gritando, afobada em nossa mesa, completamente ofegante.

— Que merda aconteceu com você? – Pietro pergunta, se levantando.

— Dean...e-eu. – Volta a respirar.

— Fala logo garota. – Ettore pede.

— Descobri quem tava sumindo com as drogas. – Sinto o corpo de Dean ficar tenso ao meu lado.

— Quem? – Pergunta, com um tom de voz assombroso.

— Podemos falar em outro lugar? – Martina pergunta, olhando ao redor.

Todos se levantam, e mesmo perdida e não sendo convidada, os imito, não me esquecendo de pegar a bolsa. Fran me olha confusa enquanto seguimos eles em direção a área do ponche, o local mais vazio de todo o lugar.

— Fala logo porra. – Dante pede.

— Olha a boca garoto – Martina o olha feio. – Michel.

— Michel? – Pietro repete o nome dele. – Como pode ter certeza?

— O Thales e o Wen o viram ontem entrando em um dos galpões antes do horário combinado. Depois, foram no quarto dele e descobriram alguns saquinhos escondidos.

— Eu vou matar esse cara. – Dean exclama.

— Impossível, já que ele sumiu.

— O que? – Dean pergunta.

— Sumiu, vazou, escapuliu, sumiu Dean.

Um silêncio se faz presente, restando apenas à música tocada pela banda e as conversas e risadas dos demais.

— Ele não tava pegando a Letitia? – Ettore finalmente quebra o silêncio e todos se olham. – Talvez ela saiba onde ele está.

— Onde está Letitia? – Pietro.

— No RR – Fran responde, e trocamos olhares. – Ela pediu para ficar lá e fechar hoje.

— Vamos atrás dela então. – Dean se vira e eu seguro seu pulso.

— O que vão fazer? – Pergunto

— Só vamos conversar Ana, relaxa. – Dante começa a se afastar, até todos o seguirem. Algo não irá acabar bem.

O RR está completamente escuro assim que descemos dos carros, o que é estranho já que os finais de semana, sem Ghostin's, o Roccia fica lotado de clientes.

— A porta tá trancada. – Fran fala após testar a entrada.

— Podemos ir pelos fundos. – Opino e sigo naquela direção, ouvindo os passos dos demais atrás de mim.

O clima está terrivelmente tenso e silencioso, todos parecem pensar em algo, quase posso ouvir as engrenagens deles funcionando. Paro em frente a porta dos fundos e Fran pega a chave que fica escondida atrás da grande lixeira. Ela toma a frente e abre a porta, entrando no local. Entro atrás dela e tento ligar a luz do corredor.

— Não ta ligando – Resmungo.

— Nem as do salão – Fran fala mais à frente.

O restante do pessoal passa por mim e ligam as lanternas do celular, cada um indo para um lugar, vasculhando o local. Coloco um peso na porta, para mantê-la aberta e tentei abrir a porta do escritório, mas está trancado, tento a da sala de descanso, que está aberta, vasculho a minha bolsa e pego meu celular, ligando a lanterna e iluminando em todas as direções, vazia. Ouço alguma coisa cair no chão da cozinha, e Dante xingar alguém de idiota, reviro os olhos e saio da sala de descanso, indo para a última porta, o banheiro.

A porta está aberta, então a empurro e assim que ilumino o lugar, solto um grito. Sinto minhas pernas falharem e caio sentada no chão, meu celular caindo ao meu lado, meus olhos totalmente arregalados e meu coração batendo a todo o vapor.

Ouço passos em minha direção, mas não consigo desviar o olhar para ver quem é, sinto meus olhos marejarem. Alguém me pergunta o que aconteceu, ao longe, mas não consigo dizer nada, um transe tomando conta de mim, mas então, a pessoa ao meu lado ilumina o banheiro.

Letitia está no chão, ainda de uniforme, virada de barriga para cima, seus olhos arregalados e seus lábios em uma coloração estranha e ao redor parece meio gosmento, ao seu lado, o Luccichio parece brilhar.

Letitia está morta.

NOTAS FINAIS
Alguém esperava por essa?
Me desculpem o atraso, eu esqueci o quão grande e cheio de detalhes era esse capítulo.
Não sei se todos viram o aviso que postei ontem, se não: eu acabei não colocando uma parte do último capítulo, então atualizei ele e lá no final tem uma cena a mais, importante para a história.
Próximo capítulo terá mais uma revelação que TODO mundo vem tentando adivinhar, o que será?

MUITO obrigada pelos 7K meus amores, até sexta feira.

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