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trentatre

— Deixa eu ver se entendi – A voz de Zoe soa – Vocês precisam dos arquivos da investigação de Luna, uma das garotas que morreu, para descobrir quantas outras morreram e quem eram elas? – Ouço múrmuros de concordância, mas não desvio o olhar do curativo que faço no supercilio de Matteo.

Preferimos não conversar sobre o assunto no jornal, então assim que todos concordaram com Zoe se juntar a equipe, saímos de lá direto para o Nido. O trajeto foi feito com olhares curiosos sobre nós, já que após o início da briga, a fofoca se espalhou e quando saímos do prédio principal, havia mais de cinquenta pessoas ao redor dos Alphas agredidos, e cara, eles estavam ainda piores que Ettore, Matteo e Pietro.

Assim que chegamos ao Nido, Zoe notou a lousa pendurada no suporte e enquanto íamos atrás de algo para cuidar dos ferimentos, ela analisava o que havia escrito ali.

— A gente só tem dados vagos, nada que possa fazer algum sentido na investigação – Ettore explica enquanto pressiona um saco de ervilhas congeladas no rosto, ele está melhor que os outros dois. – Não lembramos os nomes das outras garotas.

— Por que estão fazendo o trabalho da polícia? – Ergo a cabeça, vendo-a ao lado da lousa, seu olhar passando por cada um de nós.

— Porque a gente tá de saco cheio de ser julgados como assassinos – Dante resmunga encostado na parede do canto. – E alguém tem que fazer justiça a essas garotas.

— A polícia deveria cuidar disso.

— Bem, ela veio tentando até agora e não deu em nada – Dante rebate. – Eles têm tão pouco quanto nós.

— Mas tem os nomes. – Pietro argumenta sentado no sofá enquanto Martina cuida do seu rosto, fazendo Dean, no outro canto, contra a parede, bufar.

— Pela última vez, não vamos pedir ajuda ao seu pai.

Olhando agora, eles parecem cercar Zoe, se certificando de que ela não faça nada de errado e caso faça, possam agir rápido. Reviro os olhos e afasto as mãos do rosto de Matteo.

— Pronto? – Matteo sussurra, sentado na cadeira em frente a mim no meio do grande espaço.

— Dei o meu melhor. – Dou de ombros.

— Calma a polícia tá com vocês? – Zoe franze a testa – A polícia tá acobertando vocês, por isso o caso não anda, tudo mostra que vocês são os culpados e como não podem provar o errado, estão acobertando as provas – Ergo as sobrancelhas, surpresa com a rapidez que ela pegou as coisas. – Se elas morreram por overdose, e vocês são os únicos vendedores da cidade...

— Elas não morreram por overdose. – Falo, ao mesmo tempo que Dean afirma:

— Não somos os únicos vendedores. – Olho para Dean, e ele acena, me permitindo falar primeiro. Volto o olhar para Zoe.

— Luna nunca usou drogas, ela não teria uma overdose.

— Mas ela foi encontrada com drogas perto do corpo – Zoe cruza os braços – E provavelmente foi forçada a consumi-las e deixaram as provas para tentar acabar com a gangue Ghostin. – Ela acena com a cabeça.

— Com a declaração de óbito poderemos saber se o consumo foi voluntário ou não – Ettore explica. – E qual foi a ou as drogas que ingeriu e qual foi que desencadeou a overdose, já que no corpo de Letitia tinha furos em seu braço.

— Ok – Zoe respira fundo. – Tudo isso depende dos arquivos certo? Mas tenho más notícias...

— Merda. – Matteo resmunga ao meu lado.

— O que foi? – Pergunto.

— Eu não verifiquei, mas ouvi alguém falar que Luna investigava as mortes, mas os arquivos dela sumiram no semestre passado.

— O que? – Quase grito, me levantando da cadeira. Mais à frente, vejo Dean se afastando da parede.

— Com quem tá os arquivos?

— Eu não sei – Zoe dá um passo para trás. – Acho que outra pessoa que cuida da coluna.

— E quem mais cuida?

— Hm... Pitty, Wes, Gian e Kaori, apesar de nunca ter a visto por lá. – Ao dizer o último nome, ela olha para mim.

— Merda – Resmungo. – Deve ter sido ela.

— Ótimo, então a gente cerca ela, a ameaça e...

— Ei – Interrompo Martina. – Você não vai bater nela.

— Bem, ela merece, ela deve estar acobertando alguém, por qual outro motivo ela roubaria os arquivos? – Ela ergue as sobrancelhas – E ela roubou seu ex namorado filho da puta.

— Eu não ligo para isso – Resmungo, mesmo que ligue sim. – Não vamos bater nela.

— Bem, já aviso que não vou servir de distração de novo. – Pietro avisa, cutucando um dos outros pontos roxos em seu rosto.

— Primeiro, você que ofereceu essa ideia – Argumento. – Segundo, se os arquivos estão com ela, devem estar no seu quarto, eu posso tentar pegar as chaves dela e alguém procura no quarto dela.

— Roubar chaves. – Zoe murmura.

— Domingo terá jogo dos Alphas contra o time de Gregia, ela é namorada do capitão, ela deverá estar lá – Matteo sugere. – Muita gente junta, se a chave estiver com ela, será fácil pegar.

— Ela sempre está com a chave na bolsa, eu distraio, alguém pega a chave e vai até o quarto, ela sempre guarda coisas secretas em uma mala amarela com fundo falso de baixo da cama – Dante me olha surpreso, possivelmente por eu ser tão especifica. – O que? A gente é amigas há anos, ou era...

— É melhor só tirar fotos, para não correr mais risco dela descobrir.

— Bom Coppola, você será a distração da vez. – Pietro me lança um sorriso irônico, que prefiro apenas ignorar e revirar os olhos.

— Não sei qual o novo quarto dela.

— Eu descubro. – Zoe afirma.

— Eu pego a chave da bolsa. – Martina resmunga.

— A gente procura no quarto. – Dean fala, se referindo a Matteo, ele e Dante. Tenho receio de o deixar procurar o arquivo, mas pelo menos Matteo estará junto.

— Não deixem nada fora do lugar, ou ela notará.

Domenica

Há uma multidão enlouquecida dentro da arena, fica óbvio assim que desço do carro no estacionamento Alpha. Isso não é comum, só ocorre em jogos contra algum time de Gregia, há uma competição entre as cidades, Gregia é considerada a melhor cidade para se morar em Piena, mas Suvellié tem o melhor ensino, e isso gera desavenças, e por isso, os jogos normalmente sem torcedores, se tornam cheios de alunos da SMD gritando pelos Alphas.

Assim que entro na arena, acompanhada de Martina, passamos a procurar Kaori, uma tarefa quase impossível no meio de tanta gente, mas como sempre, as roupas de Kaori se destacam, e a vítima da vez é uma tiara verde neon no meio da multidão vermelha. Ela está na primeira fileira da arquibancada do lado esquerdo, e parece deslocada no meio de todos, ela nunca gostou de frequentar esses jogos, só ia por minha causa que só ia pela desculpa de amuleto que Zach usava.

— Vou dar a volta no campo e chegar pelo outro lado. – Martina grita para mim, o jogo está no fim do segundo tempo. Assinto com a cabeça e quando ela se afasta, respiro fundo e começo a caminhar em direção a Kaori.

Eu não planejei o que dizer, com tanta coisa acontecendo em minha vida, mal lembrei do rancor que ainda sinto por ela. Quando estou perto, uma garota ao seu lado se levanta e me apresso em ocupar aquele lugar. Kaori olha para mim assim que me sento, e arregala os olhos. Ela veste uma blusa vermelha, calça jeans de lavagem clara e segura a bolsa verde da mesma cor da tiara em seu colo, fortemente. Merda, eu vou ter que faze-la soltar.

— Ana? O que faz aqui?

— Eu... – Pense Anabela, pense. – Preciso conversar.

— Agora? – Ela franze a testa.

— Hm... sim? – Um grito da multidão ao nosso redor soa, e eu olho para o campo, vendo quando Zach corre pelo campo, comemorando um gol.

— Aconteceu algo? – Volto a olhar para Kaori e engulo em seco. Ela está na defensiva, eu não quis falar com ela por todo esse tempo, e agora, do nada, no meio de um jogo, eu apareço? Vou ter que apelar.

— Eu tenho um irmão. – Kaori arregala seus olhos e parece engasgar com o ar.

— Você tá zoando?

— Não. – Nego com a cabeça e vejo, por cima de seus ombros, Martina surgir no final do "corredor".

— E quem é? – Volto o olhar para ela, que ainda mantem a desconfiança.

— Matteo. – Solto todo o ar, e vejo quando ela acredita em mim. Ela leva uma mão a boca, em choque.

— Seus olhos... mas como? Quando? Por que?

— É uma longa história – E eu não quero contar. Martina está perto o suficiente e aponta para a bolsa ainda agarrada por Kaori – Mas eu fiquei tão perdida e devastada – Forço lágrimas a saírem pelos meus olhos e tento fazer a minha melhor cara de tristeza – Como puderam me esconder isso?

— Oh, Ana – Kaori ergue os olhos para me abraçar e quando passo os braços para retribuir, faço a bolsa cair de seu colo. Kaori tenta se afastar para pegar, mas finjo um soluço e ela desiste, me abraçando com força.

Martina se aproxima e abre a bolsa com pressa, em poucos segundos, ela já tem a chave nas mãos. Ao nosso redor, a multidão grita e um apito avisando o fim do jogo é soado. Nos afastamos e olho para o campo, vendo que os Alphas ganharam.

— Como você está com isso?

— Ah – Volto a olhar para ela, que me olha com verdadeira preocupação, e me sinto um pouco culpada – Foi uma merda no começo, e apesar de ainda não ter perdoado meu pai, fico feliz por ter um irmão. – Ela abre um pequeno sorriso.

— Ainda não faço ideia de como isso pode ter acontecido. – As pessoas começam a esvaziar a arquibancada e eu me levanto.

— Bem, isso é história para outro dia. – Kaori me olha confusa e pega a bolsa do chão, antes de se levantar também.

— Mas...

— Anabela – Ouço meu nome ser gritado e fecho os olhos e praguejo. Quando volto a abrir os olhos, Zach está parado entre nós duas, sua respiração sai entrecortada por todo o esforço e ele está soado, mas isso não impede de que ele beije Kaori, bem ali, na minha frente. Na. Minha. Frente.

Assim que se afastam, Zach sorri para mim e Kaori tem os olhos arregalados, e os desvia, não querendo me encarar.

— Eu deveria saber que você estava aqui, é impossível perder com um amuleto. – Bufo e reviro os olhos.

— Já falei para parar com essa merda.

— Não é uma merda, é verdade.

— Tanto faz, vou indo. – Só consigo dar um passo para trás antes de ele voltar a me chamar.

— Ana – Zach assume uma feição séria – Eu vi você com aqueles traficantes outro dia – Semicerro os olhos em sua direção, e pelo canto do olho, vejo que Kaori me olha com atenção. – Que merda você fazia com eles? Pensei que fosse inteligente.

— Inteligente?

— Sim, você sabe como eles são – Ele afirma – Ou eles estão fazendo algum mal a você? Estão te ameaçando? Te machucando? – A cada pergunta, ele dava um passo na minha direção. Não consigo segurar a risada que me escapa enquanto nego com a cabeça pelas suas palavras.

— Nossa, uau Zach, quanta consideração – Levo uma mão ao peito, fingindo comoção. – Mas não sou burra, eu sei a merda que eles fazem, e sei como me proteger sozinha.

— Só estou dizendo que caso precise de ajuda, é só pedir.

— De você? Prefiro sofrer sozinha – Abro um sorriso. – Tchau casal.

Assim que me viro fecho a cara e solto um "cuzão" que me certifico de que ele tenha escutado, antes de me afastar. Fala sério, ele realmente acha que eu pediria ajuda para ele? O mesmo cara que me traiu, foi um cuzão e pegou a minha ex melhor amiga? Só se eu tiver cara de palhaça.

Me apresso para sair da arena e corro em direção ao meu carro, querendo chegar com pressa ao prédio Sciame, onde Dante, Matteo e Dean estavam esperando Martina que a essa hora já deve ter entregado a chave.

Assim que entro no carro, meu celular toca no meu bolso e quando o retiro, franzo o cenho ao ver o nome de Matteo na tela.

— Por favor, não me diga más notícias.

Depende do ponto de vista. – Solto um resmungo.

— O que foi?

Então, assim, hipoteticamente, Kaori perceberia que quebramos um cisne preto de porcelana?

— Porra – Solto um gemido – O cisne não, a mãe dela que deu. – Uma batida soa no vidro ao meu lado e solto um grito quando me viro e vejo Kaori ali.

Ela me olha zangada, e eu sei, na minha alma, que ela descobriu tudo. Kaori não é burra, na verdade, ela é uma das pessoas mais inteligentes que conheço, e na verdade, eu que fui burra por achar que ela cairia no meu teatrinho de desabafo após mal conseguir olhar para o rosto dela por semanas. Respiro fundo e afasto o celular do ouvido, então abaixo o vidro do carro.

— Onde está minha chave? – Mordo o lábio.

— Hm... neste momento? Sendo usada. – Ela bufa.

— Que merda você fez Anabela?

— Eu? Nada, só peguei ela emprestado para um lance.

— Você está atrás dos arquivos né? – Franzo a testa, indignada com o quão rápido descobriu. – Que merda Anabela.

— Merda? Merda foi você roubar os arquivos do jornal – Ergo uma sobrancelha – Sabe, se eu contar para alguém, você pode perder seu estágio. – Ela fecha a cara.

— Você poderia ter me pedido.

— E você teria me dado?

— Não – Reviro os olhos. – Mas porque eu me preocupo com você, porque não quero que você morra tentando solucionar isso.

— Se preocupa tanto comigo que fodeu com meu ex namorado babaca! – Grito, liberando toda a raiva que venho sentido há meses. Kaori engole em seco e dá um passo para trás, parecendo ter levado um tapa – Você sabe a merda que ele me fez, como fez me sentir, você sempre o odiou, para no fim, ser como as outras e dormir com ele!

— Você não entende – Ela murmura.

— Então me faça entender porra – Exclamo com raiva e bato com a mão livre no volante. – Você só diz essa merda e não explica.

— Eu não posso explicar ainda, eu quero te proteger.

— Kaori – Respiro fundo, tentando ficar calma e jogo o celular no banco do passageiro para poder passar as mãos nos cabelos – Você sempre foi minha melhor amiga, uma irmã, e se você fez isso para me proteger, sinto muito, porque aconteceu o inverso e eu nunca me senti tão mal e tão traída em toda minha vida – Ela engole em seco. – Agora se afasta do meu carro antes que eu passe por cima do seu pé.

— Você vai entender – Ela dá um passo para trás, e continua falando, mas a ignoro, ligando o carro: - Só por favor, não me odeie, me perdoe quando for a hora.

— Eu estou cansada de tantas mentiras. – Dou ré com o carro e me afasto.

Respiro fundo e só quando saio do estacionamento, deixando Kaori plantada no meio do local, para trás, lembro da ligação que não terminei com Matteo. Mantenho um olhar na rua e estico a mão para o celular, quando o pego, fico surpresa ao o ver ainda na linha e coloco no viva voz.

— Hm, você ouviu isso?

Ouvi – Não é a voz de Matteo que ouço, e sim de Dean – Sinto muito. – Engulo em seco.

— Eu também – Murmuro. – Me diga que acharam os arquivos.

Achamos os arquivos.

— E me diga que o cisne está em mil pedacinhos – Ouço Dean gargalhar do outro lado da linha, provocando arrepios em meus braços, sua risada é bonita.

Que malvada Bela – Arrepio – Mas não se preocupe, Dante sambou em cima dele quando a ouvimos gritar.

— Obrigada.

Vamos nos encontrar no Nido.

— Estou indo.

Anabela. – Chama antes que eu desligue.

— O que?

Sei que me odeia, mas acho que você precisa relaxar e eu poderia ajudar. – Sinto meu rosto esquentar e quando pergunto, quase gaguejo.

— Como?

Enchendo a cara pra caralho. – Reviro os olhos.

— Quem sabe Bianchi.

Assim que entro no Nido, vejo todos reunidos em frente à pequena lousa, que talvez tenha se tornado pequena para a situação. Fecho a porta atrás de mim e respiro fundo

— A gente deveria tirar isso daí daqui. – Todos os olhares vêm em minha direção, e é Martina que pergunta:

— Por que?

— Kaori sabe que estou investigando – Martina resmunga - E pela boca grande de Zach, deve ter ligado os pontos que todos estamos juntos nessa. Ela sabe como chegar até aqui, não sei o que ela tem haver com tudo isso, mas é melhor garantir.

— Além disso, uma vez invadiram aqui – Dante continua. – Não sabemos quem foi, mas é perigoso.

— Quando a gente for embora a gente leva tudo. – Dean assente. Me afasto da porta e me aproximo do sofá preto, sentando no meio.

— O que tinha nos arquivos?

— Menos do que a gente descobriu – Matteo me responde e todos se afastam, me permitindo ver o que acrescentaram a lousa: Carlota Marchetti, Graziela De Santis, Bianca Ferri, Luna Di Angelo e Letitia Esposito, estes são os nomes de todas as garotas mortas até agora. – Só os nomes das garotas de novo.

— Quando Luna investigava, três garotas haviam morrido, é mais difícil achar algum tipo de padrão.

— Padrão? – Pietro pergunta a Zoe.

— Essas garotas ou morreram no dia do aniversário ou no dia do baile, isso não é coincidência – Ela volta a olhar para a lousa, ela veste o conjunto de moletom rosa que a vi usar para dormir outra noite. – Precisamos de mais.

— Mais? Dá onde? – Dante soa chocado.

— Não sei, precisamos da ficha delas, data de nascimento, signo, onde nasceram, até de quem eram amigas. – Enquanto Zoe fala, franzo a testa tentando pensar.

— Invadindo a secretária da SMD? – Martina opina.

— A gente pode não invadir mais nada? Ainda nem invadimos o hospital – Matteo resmunga.

— Sacro Pettegolezzo. – Respondo. Enquanto os outros me olham confusos, os olhos de Zoe brilham.

— A coluna de fofocas.

— Como merda da coluna de fofocas nos ajudaria? – Dante resmunga, e o ato faz Zoe revirar os olhos.

— Use seu pequeno cérebro pra pensar. – Ergo as sobrancelhas, surpresa pela sua rispidez, e resolvo intervir quando vejo Dante fechar a cara e se preparar para responder:

— Aquela coluna sabe e fofoca sobre tudo, eles até publicaram uma coluna sobre mim semanas antes de eu chegar aqui. – Explico.

— Isso só porque você era namorada do capitão do time de futebol.

— Talvez – Dou de ombros para a fala de Martina. – Talvez não tenha nada da garota Sciame, mas deve ter algo da líder de torcida.

— Vou dar um jeito de conseguir algumas edições da coluna. – Zoe anuncia.

— Ok, e o hospital? – Matteo pergunta.

Suspiro e jogo a cabeça para trás, apesar de tudo isso ser empolgante, tirando o motivo de estarmos tendo que fazer isso, é estressante como ês vezes parece que toda nossa investigação não dá em nada.

— Temos que arrumar uma forma de entrar na área restrita. – Dean fala, o único que permanece de pé, além de Ettore encostado na parede ao fundo.

— Já sei, a gente cerca algum funcionário do hospital, prende em algum lugar, rouba o crachá, se veste dele e...

— Vocês resolvem tudo na porrada? – Pergunto, interrompendo Dante sentado ao meu lado. Ele leva os olhos castanhos para mim e encolhe os ombros.

— É.

— Os pais de Francesca são os donos do hospital – Ettore fala pela primeira vez. – Ela pode arranjar um cartão de acesso.

— Vamos precisar de um mapa do local para não perdermos tempo – Dean acrescenta. Acabo soltando um riso, que atrai seu olhar confuso para mim. – O que?

— Vocês sabem de quem estão falando né? – Ele continua confuso – Eu furei o jantar com ela na sexta-feira e ela me botou contra a parede no meio do corredor perguntando o que estávamos aprontando. Acham que ela vai aceitar ajudar sem contar o que tá rolando para ela? – Minha última pergunta é direcionada a Ettore, que engole em seco.

— Não quero a botar em perigo.

— Ela namora um traficante, isso já é um perigo – Ettore fecha a cara, e sei que o irritei, mas continuo: - Só estou querendo dizer que ela não é burra e nenhuma garota indefesa que precisa ser protegida de tudo, ela deveria decidir se quer embarcar nisso ou não.

— Tá falando de Francesca ou de você? – Fecho a cara.

Ettore me olha com raiva por eu ter o insultado, e mordo a língua, impedindo de o mandar pra puta que pariu. Ele está certo, e é exatamente por isso que sei como Fran vai se sentir quando descobrir que tá ficando fora disso. Dante engole em seco e Matteo, do meu outro lado, manda eu me acalmar quando vê minha mão fechar em punho.

— Os dois – Respondo, minha voz saindo mais baixa, tentando controlar minha raiva. Ele pode estar certo, mas isso não significa que vou aceitar ser insultada – Mas pelo menos meu namorado não desconfiou que eu era uma traidora. – Ettore dá um passo à frente, tentando avançar na minha direção e Pietro, mais próximo de si, se levanta e bota uma mão no peito dele, tentando o acalmar. Apenas observo a cena com a sobrancelha arqueada. – Ela gosta de você, mas se continuar mentindo e não confiando nela você pode destruir o relacionamento de vocês.

— Falou a garota que só teve um relacionamento e foi um fracasso. – Solta um riso de escárnio. Tento me erguer do sofá, mas as mãos de Dante e Matteo agarram meus braços, me impedindo de me mover.

— Chega – Dean exclama, ficando no meio de nós – Isso não é hora de brigar porra, se quisermos chegar a algum lugar, temos que deixar nossas merdas de lado por enquanto – Ele respira fundo e se vira para Ettore – Você que sabe se vai contar para ela ou não, mas peça um cartão e o mapa do local – Ettore bufa, mas assente com a cabeça e se afasta de Pietro – E você – Se vira para mim – Não conte para ela sem a permissão dele. – Solto um riso.

— E ele é o que? O dono dela? – Reviro os olhos quando Ettore passa voando em direção a saída, provavelmente para não me bater, como se eu fosse deixar – Mas ok, se é o que você quer – Abro um sorriso falso – Nem estou surpresa que esse pedido tenha vindo de você.

Dean trinca o maxilar e engole em seco, mas decido ignorar e me levanto. Zoe, sentada no chão, se levanta e se aproxima de mim, seus olhos arregalados.

— Essa garota ainda vai enlouquecer algum de nós – Martina murmura enquanto Zoe e eu vamos em direção a saída.

Você está aqui pelas garotas Ana, pense nas garotas.

NOTAS FINAIS
Olá meus amores, como vão?
O capítulo foi mais curtinho, mas é porque o próximo é meu novo favorito, e não quis tirar nenhum pedacinho dele.

Bem, como eu havia comentado antes, Overdose vai ter um Spin Off, e será uma história de Dante e Zoe! E voces pediram spoiler, e como eu estou em dúvida sobre qual nome colocar, fiz uma votação no twitter, e adoraria se voces pudessem ir lá votar em qual nome preferem para a história. É basicamente o mesmo nome, mas um em italiano e outro não e bem... vou contar mais por lá.

Vou deixar o link da votação aqui nos comentários, também estará no meu mural e também é possivel acessar pelo link do meu perfil.

Espero que tenham gostado, e no capítulo que vem trago mais noticias.

Beijos e obrigada.

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